sábado, 21 de fevereiro de 2015

A menor das diferenças

Esse inglês é mais conhecido por ter vencido a corrida com a menor diferença da história da F1. Peter Gethin foi um piloto popular na 'Ilha da velocidade' na década de 1960, mas ainda assim, fez poucas corridas na F1, já na década de 1970, correndo por McLaren e BRM. Filho de um jóquei (nascido em 21 de fevereiro de 1940), Peter entrou no automobilismo logo que completou os estudos, correndo com um Lotus Seven e na nova F3, se tornando um dos principais pilotos da categoria na Inglaterra. Correndo pela equipe McLaren, Gethin conquistou o primeiro Campeonato Inglês de F5000 em 1969, mas foi somente com a morte do fundador da equipe, Bruce McLaren em meados de 1970, que Gethin teve a chance de estrear na F1, no trágico Grande Prêmio da Holanda daquele ano, marcado pela morte de Piers Courage.

Mesmo sendo amigo de Bruce McLaren e ter estado presente no circuito de Goodwood no dia do acidente fatal do neozelandês, Gethin não tinha um bom relacionamento com o chefe da equipe McLaren Teddy Mayer e isso acabou com o inglês trocando a McLaren pela BRM bem no meio da temporada de 1971 da F1. Gethin não tinha marcado nenhum ponto até então naquele ano e sem conhecer muito o seu novo carro, Peter foi para Monza disputar o Grande Prêmio da Itália. A BRM vivia seu irrefreável declínio, mas o time inglês contava com ás para o velocíssimo circuito italiano: o possante motor V12. Monza era um circuito que proporcionava corridas muito parecidas com as provas em ovais, onde os carros andavam muito próximos uns dos outros, utilizando bastante o vácuo. 

Mesmo usando um motor potente, Peter Gethin foi apenas 11º no grid, mas não demoraria a entrar na briga pela vitória, num pelotão que tinha François Cevert, Ronnier Peterson, Mike Hailwood, Howden Ganley e Chris Amon. Dos seis, Chris Amon era o mais experiente e todos apostavam no neozelandês como possível vencedor da prova, mas o azar, velha companheiro do piloto da Matra, se fez presente mais uma vez. E de forma bizarra. Na volta 46, Amon foi retirar uma sobreviseira, já suja de óleo e borracha, mas Chris acabou por tirar sobreviseira e viseira! Com a visão embaçada, o neozelandês perderia rendimento e saía da briga pela vitória.  Faltando cinco voltas, a corrida estava indefinida, com cinco pilotos que nunca haviam vencido uma corrida de F1 andando juntos na perigosa pista de Monza. Na volta 52 Gethin seria o oitavo piloto a liderar uma volta naquele dia ao ultrapassar Hailwood, mas na passagem seguinte, a última, Ronnie Peterson retomava a ponta. Quando os carros se aproximaram da Parabólica pela última vez, Cevert pôs seu Tyrrell por dentro, mas Peterson freou muito tarde, permanecendo em primeiro, mas sem o impulso necessário para ter uma boa velocidade na reta dos boxes. Cevert passa Peterson na saída da última curva, mas Gethin, por dentro e mais embalado, usa a potência do motor BRM para conseguir sua única vitória da F1. Peter Gethin não marcaria mais pontos no campeonato de 1971 e os nove pontos da sua vitória representou mais de 80% do cartel do inglês, pois ele só marcaria outros dois pontos na carreira. Aquela corrida em Monza foi a mais rápida da história e Henri Pescarolo havia conseguido a volta mais rápida da história da F1 com uma média absurda de 247 km/h, que só seria batida mais de trinta anos depois por Juan Pablo Montoya também em Monza, com uma F1 infinitamente mais segura do que naquela época.

Por ironia do destino, o dono da BRM, sir Louis Stanley, estava interessado em contratar Cevert para 1972 e quase fechou com o francês em Monza, mas com essa vitória, Gethin ficou mais um ano na BRM, mas sem o mesmo destaque. Após algumas corridas eventuais em 1973 e 1974 na F1, Gethin passou a se dedicar à F5000 e a Can-Am, nos Estados Unidos, antes de retornar à Inglaterra para ser chefe de equipe da Toleman, na época de Ayrton Senna. Peter Gethin morreu em 5 de dezembro de 2011, aos 71 anos de idade.

2 comentários:

  1. Apenas uma correção, a última vitória da BRM na realidade foi no ano seguinte no Grande Prêmio de Mônaco, com o já falecido Jean-Pierre Beltoise.

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