domingo, 28 de novembro de 2021

Godspeed, sir Frank

 


A manhã desse último domingo sem F1 antes da grande decisão do campeonato de 2021 nos reservou uma enorme tristeza. Para quem ama e acompanha a F1, a sensação que existe foi que um parente bem afastado, mas especial e com uma história incrível nos deixou. Pela idade, a gente até poderia adivinhar que isso poderia acontecer a qualquer momento, mas nesses momentos somos todos egoístas e não queremos encarar a triste realidade. Nesse 28 de novembro de 2021 a equipe Williams anunciou o falecimento de Sir Frank Williams, aos 79 anos de idade. Amado, reconhecido e respeitado por toda a sua história, Frank Williams construiu um império vindo do nada, não sem antes sofrer bastante para realizar o seu sonho. Desde novo Frank foi obcecado pelas corridas, começou como mecânico e depois se aventurou como piloto de F3, mas rapidamente ficou claro que o lugar de Williams não era atrás de um volante, mas no pit-wall, comandando tudo.

Inicialmente ele conheceu um contemporâneo bem mais talentoso do que ele e com dinheiro para começarem uma equipe de F2, chamado Piers Courage. O inglês era um dos pilotos mais promissores na segunda metade dos anos 1960 e em 1969 estreou na F1 pela equipe de Frank Williams com um Brabham cliente, onde conseguiu dois segundos lugares. Porém, tudo parecia ir abaixo quando Courage morreu em 1970, bem no dia da final da Copa do Mundo daquele ano. Frank Williams ficou arrasado e falam que a morte do seu amigo Courage fez com que Frank tivesse um tratamento tão frio com seus pilotos posteriormente. Frank nunca teria um bicampeão e isso não é uma simples coincidência. Ele não queria ficar tão próximo do seus pilotos. No entanto Frank ainda tinha um sonho a realizar e foi atrás dele, não importando quão custoso isso seria. As histórias de Frank Williams para permanecer na F1 chegaram a entrar no folclore da categoria, como o conto onde pagou um mecânico que estava com o salário atrasado com um relógio que usava. Foram tempos difíceis, onde até mesmo correr com Frank Williams era sinônimo de cilada. Em 1976 ele se juntou ao milionário Walter Wolf e o que parecia ser a garantia de bons tempos se transformou em pesadelo quando os dois brigaram e Frank teve que sair da própria equipe. Sem pestanejar, Frank criou outra equipe em 1977, que a chamou de Williams Grand Prix Engineering. 

Frank tinha ficado impressionado com um jovem engenheiro chamado Patrick Head e o contratou para a sua 'nova' equipe. Sim, Frank Williams já chefiou a Iso Marlboro, a Politoys, a De Tomaso. Todas fracassaram. Muitas pensavam que esse 'novo' empreendimento seria outro furo n'água na história de Frank. Ledo engano. Após anos de luta, Frank conseguiu o chamado bilhete da loteria quando conseguiu o contato com empresários sauditas, que passaram a patrocina-lo. A Williams se tornava uma das equipes com mais dinheiro na F1, mas ainda existia a desconfiança de todos. Frank daria conta? Além de Head, Frank Williams contratou um piloto, assim como ele, considerado marginalizado dentro do paddock: Alan Jones. Os primeiros resultados iriam começar a aparecer. Jones conseguiu o primeiro pódio em 1978 e para a temporada seguinte, Frank teria dinheiro suficiente para ter um segundo carro, contratando o veterano Clay Regazzoni. O novo carro da Williams demoraria a ficar pronto pelas mudanças ocorridas na época, com a consolidação do carro-asa, mas quando o FW07 ficou pronto, as vitórias não demoraram a aparecer. Ao contrário do esperado, o primeiro vencedor não foi Jones, mas Regazzoni no GP da Inglaterra de 1979 em Silverstone. Jones venceria outras quatro corridas e a Williams se tornava favorita para 1980, contudo, haveria uma pedra no caminho da Williams que logo se juntaria ao time: Nelson Piquet. Jones e Piquet brigaram o campeonato todo, mas em Montreal Jones apareceu com um intimidador macacão verde escuro e deu um chega pra lá em Piquet na largada que praticamente decidiu o campeonato para ele. Após dez anos de lutas inglórias, Frank Williams conquistaria seu primeiro título na F1.

Os anos seguintes seriam de consolidação para Frank e seu time. A Williams se tornaria uma gigante na F1 e o sonho de Frank parecia realizado, mas tudo poderia ter chegado ao fim abrupto em fevereiro de 1986. Voltando de um teste em Paul Ricard, Frank sai da estrada com seu carro e o capota, comprimindo seu pescoço. Sua situação era tão desesperadora, que chegou-se a sondar que desligassem seus aparelhos. Sua família foi contra e alguns meses depois, Frank Williams entrava em Silverstone de cadeira de rodas para liderar sua equipe. Pela briga entre Piquet e Mansell, o título de pilotos foi perdido em 1986, mas o de Construtores foi ganho e no ano seguinte a dobradinha foi conquistada. A Williams continuava na F1 e ainda seria forte por bons anos.

Frank Williams permaneceu mais 25 anos no comando da sua equipe, conquistando outros quatro títulos de pilotos (Mansell, Prost, Hill e Villeneuve), seguindo os campeonatos conquistados por Jones, Rosberg e Piquet. O baque pela morte de Ayrton Senna foi grande, mas não diminuiu a gana de Frank, que se manteve competitivo até 2003, ano em que Juan Pablo Montoya esteve na luta pelo título. Com o fim da parceria com a BMW no final de 2005, a Williams iniciou um caminho até o momento sem volta para o final do pelotão, retornando aos tempos em que a Williams lutava não por vitórias, mas por alguns pontos. No GP da Espanha de 2012 Pastor Maldonado conquistou a 114º e última vitória da Williams na F1. Frank deixou a equipe aos cuidados de sua filha Claire, mas após vários anos de declínio, ela vendeu o time em 2020.

A equipe Williams aprendeu com seu fundador em nunca desistir. Nesse ano contou com o talento de George Russell para conseguir resultados acima do potencial do carro. Quem, como eu, começou a acompanhar a F1 no final dos anos 1980, ver Frank Williams na sua cadeira de rodas acompanhando as corridas se transformou em sinônimo da F1 e perseverança em como uma pessoa pode liderar uma equipe mesmo com limitações. Frank Williams foi um dos últimos garagistas, terminando uma era belíssima da F1, que encaminhou a categoria para o que ela é hoje. Respeitado por sua história, sua determinação, sua tenacidade e seu amor pelas corridas, sir Frank Williams estará para sempre nos corações de todos que acompanham a F1.

Vá com Deus, sr Frank! 

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Figura(CAT): Fernando Alonso

 Foram sete anos. Sete anos de escolhas erradas, declarações polêmicas e explosivas, homenagens, novas experiências e a certeza de que Fernando Alonso, no alto dos seus quarenta anos, ainda é um dos grandes pilotos da F1. O espanhol foi gigantesco na nova pista do Catar, onde andou muito forte o final de semana inteiro e agraciado pelas punições de Max e Bottas, Alonso largou em terceiro. De forma esperada Fernando não teve como se defender da dupla da Red Bull, mas ao arriscar uma estratégia de uma parada, onde outros pilotos viram seus pneus estourarem, Alonso conseguiu segurar um miraculoso terceiro lugar e subir ao pódio na F1 pela primeira vez desde 2014. Apesar de um começo lento, estar enfrentando uma novíssima geração que o viu correr quando crianças e estar limitado por um carro inconsistente como o da Alpine, Alonso se mantém como um piloto de ponta.

Figurão(CAT): Red Bull

 O segundo lugar de Max Verstappen foi tudo o que o neerlandês poderia conseguir num final de semana dominante da Mercedes de Lewis Hamilton, mas tudo ficou mais difícil para Max com a sua punição recebida depois da classificação, quando não tirou o pé no final do Q3 com o carro de Pierre Gasly parado próximo da entrada dos boxes e a dupla bandeira amarela sendo mostrada para quem quiser ver. Concentrado e andando em alta velocidade, Max também poderia tirar o pé, mas não tinha quem lhe avisasse que havia uma bandeira amarela no terceiro setor? A Red Bull pecou nesse quesito, mas por sorte não foi decisivo para Max, pois o segundo lugar era o máximo que ele poderia conseguir nesse domingo, porém, num campeonato tão apertado e que pode ser decidido nos detalhes, erros assim podem causar grandes estragos. Por fim, o comportamento de Christian Horner e Helmut Marko foi mais do mesmo, mas nem por isso menos reprovável a ponto de Horner ter que se explicar à direção de prova pelas abobrinhas ditas.

domingo, 21 de novembro de 2021

Fim de duas eras

 Nesse final de semana foram decididos dois campeonatos mundiais, em duas e quatro rodas. Se no WRC não houve nenhuma novidade com o oitavo título de Sebastien Ogier, no Mundial de Superbike uma era pode estar chegando ao fim com o primeiro campeonato de Toprak Razgatlioglu, derrotando o hexacampeão Jonathan Rea.


Nas motos o turco Razgatlioglu, pupilo da lenda Kenan Sofuoglu, conseguiu um lugar na equipe oficial da Yamaha em 2021 e com um pilotagem agressiva, enfrentou a lenda Rea e sua Kawasaki. Os dois praticamente dividiram as vitórias ao longo do ano, mas no fim o piloto da Yamaha conseguiu superar Rea com mais constância e chegou à última etapa na Indonésia com uma bela vantagem. Para aumentar o drama, choveu forte e uma das corridas foi suspensa, mas Razgatlioglu só precisou de um segundo lugar na primeira bateria para acabar com o longo reinado de Rea. Com 25 anos de idade, Toprak Razgatlioglu chegou a ser cogitado a uma mudança para a MotoGP para o lugar de Rossi e todos vêm no turco um nome a ser observado nos próximos anos, além de consolidar um excelente ano para a Yamaha, campeã na MotoGP e no Mundial de Superbike. Rea ficará outro ano no Superbike e tentará resgatar seu título, mas terá forte oposição de Toprak e Scott Redding.

No WRC o veterano Ogier conquistou a 200º vitória da França na categoria e seu oitavo título no dia de hoje, ficando apenas um do seu compatriota e xará Loeb. Falo no passado pois Ogier, mesmo ainda em forma, já anunciou que fez em 2021 sua última temporada completa do WRC. Com apenas doze etapas esse ano, o WRC viu o domínio da Toyota, que venceu nove etapas, sendo cinco com Ogier. Com apenas dois triunfos, o galês Elfyn Evans foi o grande rival de Ogier até a última etapa realizada nesse domingo na Itália, usando partes do circuito de Monza, mas a experiência de Ogier falou mais alto e o francês entrou no olimpo do esporte a motor.


Mesmo não tendo o mesmo carisma de Loeb, Ogier só tem um título a menos do que o compatriota e foi piloto dominante dos anos 2010 no WRC. Para os gauleses, foi o fim de um domínio avassalador, onde conquistaram nada menos do que dezessete títulos nos últimos dezoito anos, acabando com a fama dos finlandeses como os grandes especialistas nos ralis. Contudo, se Loeb deixou Ogier como seu substituto, nenhum francês veio no vácuo de Ogier, mas não faltam novos nomes no rali. Campeão de 2019, Ott Tanak tentará superar os azares que lhe tiraram muitas vitórias nesse ano, além da falta de confiabilidade do Hyundai, algo que também afetou bastante o belga Thierry Neuville. Porém, a Toyota virá forte com Evans e Kalle Rovanpera, jovem piloto de 21 anos e filho do antigo piloto da Peugeot no WRC Harri Rovanpera. Kalle venceu duas etapas, se tornando o mais jovem no WRC a consegui-lo e é um dos pilotos mais promissores dos ralis na atualidade.

Os campeonatos vão terminando em 2021 e no caso do WRC e da Superbike, significando o fim de duas eras em modalidades importantes. 

Virada definitiva?

 


A temporada 2021 da F1 vem se caracterizando pela incrível alternância de forças entre Mercedes e Red Bull. Ao final da corrida no México, Max Verstappen vencia pela segunda corrida consecutiva, além de resultados mais forte do que seu rival Hamilton e já se falava que o neerlandês poderia ser campeão por antecipação. A cara de Lewis no pódio da Cidade do México indicava que a sua situação saía do controle aos poucos, mas veio Interlagos e um novo motor da Mercedes para inverter tudo. Hamilton teve um final de semana histórico em Interlagos e passado apenas uma semana, a F1 voou para o Oriente Médio para a corrida no novo circuito de Losail, há anos na MotoGP, mas estreando na F1. Parecia um circuito Red Bull. Parecia. A Mercedes e Lewis Hamilton deram uma resposta e tanto no Catar e Hamilton venceu com o pé nas costas no oriente, diminuindo a desvantagem que ainda tem para Max, porém, ninguém duvida que o momento é totalmente favorável à Lewis Hamilton.


Poucas horas antes da corrida houve a confirmação da punição à Max Verstappen e Vallteri Bottas por terem desrespeitado as bandeiras amarelas no final do Q3, quando o pneu de Gasly estourou na entrada dos boxes. O que mais me causa espanto foi a FIA demorar tanto em algo que, eu estando a milhares de quilômetros de distância e tendo apenas a TV na minha frente vi a infração na hora, e os comissário da FIA, treinados, no local do incidente, com dezenas de telas à disposição vendo a situação demorarem horas para constatar o óbvio. É mais uma prova do quão assustado está Michael Masi em meter seu bedelho na briga pelo título, tendo o australiano punido pilotos e equipes seguidas vezes ao longo de 2021 por variadas situações em que o melhor seria ficar quieto e agora por questões idênticas, Masi é cobrado a agir. Com Bottas em sexto e Verstappen em sétimo no grid, a largada ganhou um temperou adicional de tensão, tendo Gasly na primeira fila e Fernando Alonso, um exímio largador, em terceiro. Porém, Lewis Hamilton acabou com qualquer tipo de tensão ao largar bem, apontar sua Mercedes em primeiro na largada e praticamente colocar o braço para fora para vencer com imensa facilidade a corrida inaugural no Catar. Hamilton não foi ameaçado em nenhum momento, administrando a corrida a sua bel prazer, não dando chances à Verstappen. Verstappen? Sim, o neerlandês nem ligou para a sua punição e ainda na primeira volta já aparecia em quarto, só não subindo para terceiro quando teve sua porta fechada com vontade por Alonso. Max não teve dificuldades para ultrapassar Alonso e Gasly para se estabelecer na segunda posição, mas sem chances de atacar Hamilton e defender sua agora diminuta vantagem. O piloto da Red Bull se mostrou resignado após a corrida, pois era claro que não tinha qualquer chance contra Hamilton. O problema é que faltam duas corridas e a maré está inteiramente à favor do piloto inglês.


Se Max permanecia frio frente à nova situação, era claro a tensão de Helmut Marko e Jos Verstappen debaixo do pódio. O novo motor Mercedes deu uma vantagem que pode ser decisiva para Hamilton e o inglês aproveitou isso com a segunda vitória consecutiva nessa reta final de campeonato. A pergunta que se começa a fazer é se vale a pena a Honda colocar um novo motor no carro de Max (acarretando em uma nova punição) e conseguir uma nova reviravolta no campeonato. Enquanto a turma da Red Bull e da Honda queimam as pestanas, a Mercedes se vê com a mão superior nessas jogadas finais.


Apesar de todo o protagonismo de Lewis e Max, não se pode deixar de destacar o pódio de Fernando Alonso. O espanhol começou o ano devagar, mas logo estabeleceu seu alto nível, só sendo limitado pelo carro que tem. No entanto, em algumas oportunidades víamos a genialidade de Alonso e nesse domingo o espanhol deu outro show. Numa pista em que Fernando logo se apaixonou, o piloto da Alpine aproveitou-se dos pneus macios para ultrapassar Gasly e se estabelecer em terceiro, não ligando pelo rolo compressor chamado Max Verstappen. Alonso sabia que seu principal rival usava um carro da Red Bull, mas não era Max. Mais atrás Sergio Pérez se recuperava de sua classificação bisonha e com ultrapassagens seguras o mexicano foi se aproximando do pelotão dianteiro e após a primeira rodada de paradas, ultrapassou Alonso para o que seria um bom terceiro lugar para o mexicano, contudo, a Red Bull resolveu chamar Pérez para uma segunda parada, deixando Alonso novamente em terceiro e Fernando havia decidido: não pararia mais. Não foi uma decisão fácil e confortável. No fim da corrida muitos carros começaram a ter furos de pneus, particularmente o dianteiro esquerdo. Eram carros que estavam na mesma estratégia de Alonso. Vários carros diminuíram o ritmo e Pérez foi ultrapassando quem via pela frente. Porém, um dos carros que furaram o pneu, Latifi, abandonou seu carro na pista, trazendo um controvertido Virtual Safety Car. Era mesmo necessário? Alonso bradou aos céus! Foram praticamente duas voltas de intervenção e como Pérez não poderia tirar a diferença, quando a corrida voltou não houve tempo para Checo atacar e Alonso conseguiu seu primeiro pódio em sete anos. Pérez estava menos de 3s atrás e provavelmente ultrapassaria sem o VSC. Bendito VSC!


Como já aconteceu outras vezes, Pérez deixou para trás uma classificação ruim com uma corrida cheia de ultrapassagens e só não subiu ao pódio pelo tardio VSC. Falando em pneus furados, um dos afetados foi Bottas. O finlandês largou na frente de Max, mas em nenhum momento atrapalhou o adversário de sua equipe. Na verdade, Bottas perdeu várias posições na largada e ficou algumas voltas empacado, fazendo com que Toto Wolff praticamente o obrigasse a ultrapassar carros nitidamente mais lentos que o seu. Foi outra corrida ruim de Bottas, que agora vê Pérez se aproximar na luta pelo terceiro lugar no Mundial de Pilotos e para saber quem será o melhor coadjuvante das equipes gigantes de 2021. O terceiro lugar de Alonso foi uma ótima exibição da Alpine, com Ocon chegando em quinto e praticamente colocando a montadora francesa na quinta posição do Mundial de Construtores num péssimo dia para a Alpha Tauri, zerada mesmo com seus dois pilotos terminando a prova. Assim como ocorrera na Hungria, quando Alonso segurou Hamilton para garantir o lugar de Ocon rumo à vitória, hoje foi a vez do francês segurar Pérez quando estes se encontraram na pista durante a perseguição do mexicano. As curvas lado a lado com Ocon podem ter custado o tempo para que Pérez chegasse ao pódio hoje. As Ferraris não brilharam e ainda foram surpreendidas pela estratégia de uma parada de Lance Stroll, que terminou num bom sexto lugar após um final de semana opaco do canadense. Sainz e Leclerc chegaram juntos e juntos se aproximam de Lando Norris no Mundial de Pilotos. Após ficar boa parte do campeonato em terceiro lugar no Mundial de Pilotos, Norris vê o quinto lugar ameaçado pela dupla da Ferrari, com a montadora italiana já praticamente se garantindo como terceira colocado no Mundial de Construtores, com a queda da McLaren e com Ricciardo não conseguindo andar ao nível de Norris de forma constante. Vettel marcou o último ponto da noite, mas o alemão acabou eclipsado por Stroll. A dupla da Alfa Romeo também não brilhou, enquanto os pilotos da Williams tiveram seus pneus furados no fim. A Haas teve vários problemas com o carro de Mazepin e talvez isso explique um pouco o russo ter tomado mais de um minuto de Mick Schumacher. Claro, sem contar a diferença de talentos entre eles...


Após uma cansativa rodada tripla, a F1 terá um leve respiro antes das duas corridas finais, que prometem tirar o fôlego dos fãs, apesar do que os palcos não sejam os mais apropriados. Após surgirem dúvidas se de fato a corrida em Jeddah ocorreria, surgiram fotos do circuito de rua praticamente pronto. Uma verdadeira incógnita, apesar de haver um longa zona de aceleração. Ponto para a Mercedes e seu novo motor. Porém, num ano com tantas reviravoltas em pouco tempo, é difícil cravar algo. O certo é que Max Verstappen já poderá ser campeão na Arábia Saudita, tendo seu primeiro match point na vida. Nesse final de semana faltou alguém da Red Bull dizer ao Max para tirar o pé no final do Q3. Seria já falta de experiência do Max? A maré hoje está toda a favor de Hamilton e seu novo motor, mas num campeonato tão imprevisível, isso pode mudar facilmente. 

sábado, 20 de novembro de 2021

Dando asas

 


A famosa propaganda da Red Bull sobre seu energético fala que tomando o líquido com gosto de chiclete, você ganha asas. Ironicamente, a vitória em Interlagos deu 'asas' à Lewis Hamilton, que no circuito de Losail esmagou justamente o representante da Rd Bull Max Verstappen e conquistou uma pole dominante, quase meio segundo na frente do neerlandês na pista que debuta na F1 com vários elogios, mas com todo jeito que não agradará muitos os fãs.

Construído para a MotoGP e a muitos anos na categoria, Losail lembra um pouco o circuito também desértico de Sakhir no Bahrein, com uma reta muito longa e um conjunto de curvas no miolo. A diferença para o traçado barenita é que Losail não tem a reta oposta, é bem mais estreito e se para as motos as curvas são de baixa, a F1 as transformou em curvas de média e até mesmo alta! Isso agradou em cheio os pilotos com a seletividade das curvas, porém, essa ação traz como reação, principalmente num traçado notoriamente estreito no miolo, a dificuldade em se ultrapassar, algo que amanhã poderemos confirmar ou, tomara, não. Outro fator foi a altura das zebras, que causou alguns incidentes com o assoalho dos carros e no final do Q3 quebrou a asa dianteira de Gasly. Isso pode ser um fator na corrida.

Antes de Interlagos olhava-se para Losail como uma pista da Red Bull, mas ocorreu justamente o contrário. Se a força do novo motor Mercedes não se mostrou tão evidente como em Interlagos, ainda garantiu uma vantagem na longa reta catari e Hamilton fez todo o resto no miolo do circuito, numa voltaça no Q3 onde enfiou meio segundo goela abaixo de Verstappen, que largará na primeira fila. Como já se mostrou comum, Bottas fez ótimos treinos, mas na hora H o nórdico ficou abaixo e não brigou pela pole, mas ao menos Valtteri não prestou o papelão de Pérez. Checo em nenhum momento se mostrou à vontade no Catar mesmo sendo um dos poucos pilotos a conhecer a pista e até ter vencido lá. O mexicano voltou a ter um momento bem ruim e ficou no Q2 de maneira até mesmo humilhante, pois Pérez, com pneus macios, foi superado pela Ferrari de Sainz com pneus médio. Algo preocupante para a Red Bull amanhã, pois Verstappen estará na conhecida situação de enfrentar os dois carros da Mercedes sozinho, mesmo que Gasly ainda tenha conseguido o quarto lugar. 

A corrida pode ser definida na largada pela dificuldade de se ultrapassar e na clara intenção das equipes de parar apenas uma vez amanhã. Depois da vitória no México, parecia que Max vinha mais forte para esse fim de ano, mas o triunfo em Interlagos, com todo o contexto, trouxe um up para Hamilton que pode fazer a diferença. O inglês está por cima agora, mas com tantas mudanças e reviravoltas ao longo do ano, isso pode facilmente mudar. Uma dessas formas de mudança se dará no grid de amanhã, onde teremos mais uma vez a tensão de ter Lewis e Max novamente na primeira fila e pelo histórico desse ano, podemos esperar muita coisa dos dois contendores ao título em outro capítulo dessa emocionante temporada 2021.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Figura(BRA): Lewis Hamilton

 Não podia ser outro! A temporada de altíssimo nível de Lewis Hamilton vem se mostrando um divisor de águas na percepção do lugar do inglês na história da F1, mas em Interlagos o piloto da Mercedes exagerou em exuberância e carisma. Com a Mercedes pensando em deixar Lewis numa situação cada vez melhor no campeonato, os alemães resolveram trocar o motor do seu primeiro piloto, garantindo uma punição de cinco posições no grid no domingo. Porém, as coisas piorariam bastante na sexta. Após marcar a pole para a Sprint Race, veio uma punição por uma montagem incorreta do DRS, jogando Hamilton para último, ou seja, vinte posições abaixo. Lewis entrou numa vibe de recuperação e de não desistir. Talvez inconscientemente, Hamilton entrou no mesmo modo de Ayrton Senna quando ele foi desclassificado em Suzuka/89 e debaixo de um aguaceiro em Adelaide, destruiu seus oponentes enquanto esteve na pista. Senna queria mostrar seu recado e dar na pista o que lhe foi tirado fora dela. Hamilton encarou o resto do final de semana dessa maneira. No sábado Lewis conseguiu nada menos do que quinze ultrapassagens e é de se registrar que ele estava próximo da briga pela terceira posição. Isso, em 24 voltas. O que o inglês poderia fazer em 71? A resposta foi dada num domingo brilhante de Hamilton, que chegou à terceira posição após largar em décimo em menos de cinco voltas e logo partiu para cima dos dois carros da Red Bull. Se a luta contra Pérez já tinha sido renhida, o que seria com Max Verstappen? Conforme expectativa, Hamilton e Verstappen deram outro show de pilotagem, mas usando a potência do seu motor, Hamilton precisou lutar muito para ultrapassar um aguerrido Max e vencer a corrida em São Paulo, que pode lhe dar o gás necessário rumo as três corridas que faltam para finalizar o campeonato. Em 405 km de disputa em Interlagos, Hamilton ultrapassou cada um dos seus dezenove adversários do grid da F1. Lembram de Senna? Ídolo confesso do tricampeão, Hamilton resolver utilizar os mesmo artifícios do brasileiro para transformar Interlagos num caldeirão de emoções e as cenas vistas em Interlagos ficarão para sempre marcados na história do tradicional circuito, na F1 e na carreira desse incrível Lewis Hamilton.

Figurão(BRA): Yuki Tsunoda

 O japonês da Alpha Tauri, protegido da Honda, vai terminando sua temporada de estreia com a certeza de que estará novamente na F1 em 2022. Se é justo ou não, são outros quinhentos. Tsunoda até estreou bem na F1 ao marcar pontos na sua primeira corrida, sendo o primeiro nipônico a fazê-lo, mas o pequenino japonês não conseguiu evoluir como piloto e os acidentes se amontoaram ao longo da temporada, fazendo até mesmo que Tsunoda se mudasse da Inglaterra para a Itália, próximo à fábrica da Alpha Tauri. Mesmo com Pierre Gasly sendo um dos pilotos mais sólidos do grid atualmente, Tsunoda nem de longe consegue andar no mesmo ritmo do companheiro de equipe e seu ritmo de corrida não é nada demais, fazendo com que Gasly, praticamente sozinho, ainda mantenha a Alpha Tauri na briga pela quinta posição no Mundial de Construtores, já que Tsunoda dificilmente marcar pontos para ajudar a causa do time satélite da Red Bull. Em Interlagos tivemos uma síntese como está sendo a temporada de Tsunoda. Na classificação o japonês ficou atrás de Gasly e largando no meio do pelotão, Tsunoda sempre está propenso em se envolver em confusões. Numa manobra para lá de otimista no Esse do Senna, Yuki tentou ultrapassar Lance Stroll e acabou atingindo a lateral do canadense, que dessa vez não teve culpa da privação de sentidos de Tsunoda. Após alguns característicos palavrões via rádio, Tsunoda teve que trocar sua asa dianteira, estragando sua corrida e ficando longe dos pontos. Mais uma vez a Alpha Tauri ficou na dependência dos pontos amealhados por Gasly para permanecer empatada com a Alpine, que marca pontos com seus dois pilotos. Algo bem diferente da Alpha Tauri. Se não melhorar muito em 2022, será difícil ver Tsunoda ir para uma terceira temporada na F1, ainda mais com a saída da Honda.

domingo, 14 de novembro de 2021

O que mais podemos falar?

 


Somos privilegiados por estarmos presenciando esse momento da F1 e ainda tem gente que fala que a F1 morreu ou esta morrendo. Morreu quando? Morreu por quê? Sim, estamos em meio ainda a um domínio absoluto da Mercedes e mesmo com a força de Max Verstappen e a Red Bull em 2021, a turma de Toto Wolff ainda é o campeão reinante, mas alguém pode reclamar das corridas dos últimos anos. Sim, no plural. Mesmo com o domínio da Mercedes, as corridas de F1 se mantém ótimas, não ver quem não quer. A grande diferença de 2021 é que o percentual de corridas ruins (que sempre existiram em TODAS as temporadas de F1) é mínimo e estamos vendo dois grandes piloto se digladiando como verdadeiros guerreiros nas pistas semana sim, semana não. Interlagos foi palco de mais um show de Max Verstappen e, principalmente, Lewis Hamilton. O inglês escreveu com letras douradas uma obra-prima não apenas na corrida, mas em todo o final de semana em São Paulo rumo a uma vitória épica.


Ao contrário de outros anos, o clima foi bastante sólido em Interlagos nos três dias de atividade e no domingo o sol veio forte em São Paulo, afastando qualquer possibilidade de chuva. Com o ritmo imposto por Hamilton na Sprint Race, estava claro que a corrida seria outro eletrizante mano a mano entre Lewis e Max Verstappen, que ao contrário de ontem, se colocou muito bem na largada e tomou a posição do pole Valtteri Bottas numa manobra agressiva na primeira curva, deixando o nórdico à mercê de Sergio Pérez, que completou a dobradinha da Red Bull ao final da reta oposta. Hamilton? Ele mostrou suas credenciais com uma ultrapassagem por fora no Laranjinha em cima de Pierre Gasly. Ali não havia DRS ou vantagem do motor novo da Mercedes. Hamilton usou seu talento absurdo em efetuar uma ultrapassagem fora do comum num lugar inimaginável em cima de um piloto muito bom. A escalada de Hamilton não tardou a coloca-lo em quarto lugar, que virou terceiro quando Bottas só faltou puxar o freio de mão ao final da reta dos boxes. O Safety-Car veio ainda nas primeiras voltas no toque de Tsunoda em cima de Stroll, espalhando detritos em todo o Esse do Senna. De certa forma, o japonês deu uma bela ajuda à Hamilton, que não precisou se esforçar muito para encostar em Pérez. 


Na relargada Hamilton foi para cima de Pérez, que empolgado com sua pilotagem de semana passada em casa deu trabalho ao piloto da Mercedes. Foi preciso Hamilton ultrapassar duas vezes Checo para chegar ao segundo lugar e nem quinze voltas haviam-se passado desde que Lewis largara em décimo. Porém, a vantagem de Verstappen chegava a bons 4s, que se manteve até a primeira parada, quando Hamilton parou primeiro e com pneus novos, cortou mais 2s de Max para iniciar uma eletrizante corrida de perseguição pelas curvas de Interlagos, com o público indo ao delírio. Com o novo motor Mercedes debitando muita potência, estava claro que no momento em que Hamilton tivesse à sua disposição o DRS e saísse da Junção ou do Sol próximo de Max, a ultrapassagem seria inevitável. Porém, quem disse que Verstappen entregaria a posição sem uma luta? Pensando racionalmente, Verstappen nem precisaria de tanto risco para se conformar com a segunda posição e conseguir bons pontos no campeonato, mas todo o contexto de punições à Hamilton daria tanto moral ao inglês em caso de vitória que Max não aliviou em nenhum momento. Num lance de esperteza de Hamilton, ele colocou ligeiramente de lado na primeira curva, fazendo Verstappen não fazer a trajetória ideal e deixando o piloto da Red Bull na alça de mira no caminho até a forte freada ao final da reta oposta. De forma até mesmo irregular, o neerlandês fez um zigue-zague na reta oposta e Hamilton chegou na frente por fora, mas Max forçou a barra e ambos saíram da pista. Lewis nem reclamou alguma punição. Ele tinha uma missão: ultrapassar Max na pista, sem se beneficiar de qualquer vantagem fora da pista. A vitória tinha que ser limpa, na pista. E Hamilton fez a mesma manobra, incrivelmente o frio Verstappen caiu na mesma armadilha e Hamilton entrou colado na reta oposta. Mais rápido pelo motor e pelo DRS, Hamilton nem esperou a freada para cortar Verstappen de forma impositiva, meio que dizendo: se tu vier de novo, não vou tirar o carro. Max não foi. E Hamilton venceu!


Venceu uma corrida histórica, onde esses dois grandes pilotos fizeram um verdadeiro recital por mais de sessenta voltas em Interlagos, que explodiu em emoção. Hamilton foi punido duas vezes nesse final de semana. Ganhou quinze posições na Sprint Race. Novamente punido, ganhou mais dez posições no domingo. Vinte e cinco no total. Hamilton ultrapassou cada um dos outros dezenove pilotos nesse final de semana de 405 km em Interlagos. No fim, a emoção. Como seu ídolo Ayrton Senna, Hamilton pegou uma bandeira brasileira e desfilou pela pista que consagrou duas vezes Senna, transformando Interlagos num verdadeiro caldeirão de emoções. Ao contrário do México, que tinha Sérgio Pérez para torcer e fez uma belíssima festa na Cidade do México, a torcida brasileira não tinha ninguém para torcer. Gostos apenas pontuais por este ou aquele piloto, mas nada que repetisse as cenas do circuito Hermanos Rodríguez. Mas Interlagos viu o autódromo explodir em emoção com a recuperação e vitória do inglês Lewis Hamilton, que subiu ao pódio enrolado na mesma bandeira brasileira. No meio daquele mar de gente, não havia muitos ingleses, mas, sim, apaixonados pela F1 que vibraram como nunca com uma corrida épica.


Claro que as ações de Hamilton trouxeram reações. Max Verstappen foi vaiado no pódio. Talvez por ser o antagonista de Hamilton, talvez por ser 'aliado' à Nelson Piquet, eterno rival de Ayrton Senna e que ganhou de maneira espiritual através de Lewis Hamilton. Mas a corrida incrível de Lewis Hamilton não aconteceria sem outra pilotagem sublime de Max Verstappen. O neerlandês simplesmente não tinha carro para bater de frente com Hamilton, mas ainda assim ele liderou a corrida por três quartos a disputa e só foi ultrapassado no final. O novo motor da Mercedes colocou uma pulga na orelha da Red Bull e da Honda. Estaria na hora de trocar o motor de Max? O novo circuito de Jeddah tem uma zona de aceleração absurda e com a usina que Hamilton tem nas mãos, se a corrida fosse hoje Max tomaria um binóculo do piloto da Mercedes, que de sua vez, vê a tão falada confiabilidade alemã indo embora com outro motor Mercedes com problema, dessa vez com a McLaren de Ricciardo. Como chegará o motor de Hamilton para as três corridas finais? Qual mapa foi usado debaixo de um calor escaldante hoje? Se nesse final de semana se esperava a Red Bull superior, a Mercedes 'quebrou o saque' e venceu em território energético. São detalhes, pequenos detalhes, que estão fazendo uma diferença enorme num campeonato que já tem a tarja de histórico ao lado do seu nome.


Com tanta coisa acontecendo lá na frente, mais do que natural que os demais dezoito pilotos se tornassem instantâneos coadjuvantes. Após ser ultrapassado por Hamilton, Pérez esteve longe de acompanhar a disputa, mas tinha uma vantagem interessante sobre Bottas, mas o nórdico acabou beneficiado quando um SC Virtual apareceu bem no momento de sua segudna parada, fazendo com que Valtteri ganhasse a posição e completasse o festivo pódio, além de conseguir pontos importantes para a Mercedes no Mundial de Construtores. Pérez ainda tirou um potinho de Hamilton ao marcar a volta mais rápida na última passagem. A Ferrari abriu mais pontos para a McLaren, que logo na largada viu Lando Norris ter um pneu furado após um toque com Carlos Sainz e o inglês ainda foi capaz de marcar um único ponto, mas bem longe das Ferraris, que fecharam em quinto e sexto com Leclerc na frente de Sainz. Gasly marcou bons pontos numa corrida discreta, mas sólida, colocando a Alpha Tauri empatada com a Alpine praticamente sozinho, pois Tsunoda simplesmente é um peso morto dentro da equipe, enquanto a equipe francesa marcou pontos com seus dois pilotos. Vettel, outro que praticamente corre sozinho dentro da equipe, ficou na beira de marcar pontos, enquanto Stroll foi o segundo abandono do dia. Alfa Romeo e Williams mal apareceram na corrida, enquanto que na Haas, Mazepin só chegou na frente de Mick Schumacher por causa de um toque do piloto alemão, que trouxe o SC Virtual.


Com o campeonato contornando sua curva final e indo para a bandeirada, é difícil achar palavras para o que estamos vendo nas corridas e o quanto Lewis Hamilton e Max Verstappen estão andando. Os detratores de Hamilton diziam que ele era campeão sem concorrência e a sensação que existia era que Hamilton nem usava todo o seu potencial para empilhar títulos e recordes. Nesse ano Hamilton achou a motivação necessária para subir seu sarrafo ao máximo no desafio que é bater Max Verstappen e a Red Bull. O ainda jovem neerlandês sequer tem um título, mas suas atuações seriam assinadas sem sobras de dúvida pelos grandes campeões da F1. Até mesmo pelo seu sogro Nelson Piquet. Num campeonato que deverá ser decidido nas minúcias, as próximas três corridas serão incógnitas, pois Catar só recebeu corridas da MotoGP, Jeddah estreará seu circuito de rua com a F1 e Abu Dhabi recebeu grandes reformas em suas curvas, tentando salvar um circuito sem alma. Porém, dificilmente o público nesses três países árabes com muito dinheiro farão festas como nas corridas americanas, principalmente nas latinas. Hamilton ou Verstappen? Verstappen ou Hamilton? Não dá para dizer que vencerá o melhor, pois ambos merecem demais o título desse ano.

The Last Dance

 


A série da Netflix contando a história da última temporada de Michael Jordan no Chicago Bulls se tornou referência para as grandes despedidas nos últimos anos. A última dança. No baile da vida, a MotoGP viu seu maior piloto dizer 'ciao' numa das despedidas mais emocionantes e apoteóticas do esporte. Para quem tem mais de trinta anos e acompanhou a carreira de Valentino Rossi, foi difícil não se emocionar com a corrida em Valencia e seu final. 

Não adianta muito querermos entrar no mérito se Rossi foi o melhor piloto da MotoGP. Agostini, Hailwood, Rainey, Márquez... Todos eles tem méritos para bater de frente com Valentino na história, mas o que o italiano de Tavulia fez em impressionantes vinte e anos de carreira entrou para os livros do esporte. Sim, comparar Rossi com os citados acima seria como comparar Senna com Fangio, Schumacher ou Hamilton na F1. Não há dúvidas quem tem mais títulos e dominou mais, mas o carisma de Senna o faz ser incomparável em certos aspectos e por isso muitos o colocam como o maior da história da F1. Rossi é dessa estirpe. Não da mesma forma de Senna, que era extremamente tenso em sua luta diária para ser o melhor. Valentino era exatamente o oposto de Ayrton. Rossi parecia estar sempre relaxado, brincando e fazendo tudo ao natural. O próprio italiano falou que só foi treinar fora das motos quando chegou nas 500cc, onde  havia uma maior necessidade de preparo físico. E Rossi sorria. Sorria muito!

Porém, por trás daquela simpatia toda, havia um piloto implacável e que destruiu vários rivais dentro das pistas, principalmente em seu auge nos anos 2000. Muitas vezes tinha dó de Sete Gibernau, que liderava a corrida inteira para ser ultrapassado por Rossi nas últimas voltas. E Rossi fez isso várias vezes e não apenas com Gibernau, mas com Biaggi, Barros, Capirossi, Lorenzo...

A virada para a década de 2010 trouxe novos pilotos inspirados em Rossi, surgindo uma tríade que realmente começou a bater o italiano: Casey Stoner, Daniel Pedrosa e Jorge Lorenzo. Usando um pouco a metodologia de Rossi, mas nunca chegando perto do seu carisma, esses três pilotos conquistaram vários títulos em cima de Rossi, que teimava em se manter competitivo mesmo passando dos trinta anos. Foi então que surgiu outro piloto tão ou mais talentoso do que Valentino e com uma mentalidade nova, mais agressiva e usando o limite do limite de sua moto: Marc Márquez. O espanhol surgiu como um furacão com sua Honda e derrotou a turma que veio na esteira de Rossi. Em 2015 Valentino teve sua última temporada realmente competitiva, mas acabou cedendo à pressão dos espanhóis Lorenzo e Márquez, perdendo a chance de conquistar seu décimo título.

Não apenas a turma de Rossi, mas a geração posterior a de Rossi começava a se aposentar. Praticamente todos os pilotos que surgiam na MotoGP tinha uma foto quando criança ao lado do italiano. Sem contar alguns que nem eram nascidos! O campeão da Moto3 Pedro Acosta nasceu em 2004, quando Rossi já estava em sua nona temporada do Mundial de Motovelocidade e conquistava o seu quatro título seguido da MotoGP, a primeira com a Yamaha. O recém coroado campeão da Moto2 Remy Gardner, tendo garantido seu título hoje numa prova dramática, nasceu em 1998, primeiro ano de Rossi nas 250cc após conquistar seu primeiro título mundial nas 125cc no ano anterior. E até mesmo o atual campeão da MotoGP Fabio Quartararo ainda estava no berço quando Rossi conquistou seu segundo título mundial, em 1999. Rossi tem quase o dobro da idade de Fabio!

E o fim chegou numa corrida dominada pela Ducati, uma das motos pilotadas por Rossi e curiosamente a única onde o italiano não obteve sucesso. Passados dez anos da passagem de Valentino, a Ducati construiu uma moto onde não apenas a potência do motor é o ponto forte da máquina. Bagnaia conseguiu sua quarta vitória no ano, se colocando como um dos favoritos para 2022. Jorge Martin conquistou com justiça o título de Novato do ano e mantém a sina de jovens pilotos espanhóis surgindo a todo momento na Motovelocidade. O sempre desastrado Jack Miller completou o pódio da Ducati, na primeira vez em que a marca italiana consegue esse feito na MotoGP. Uma mostra do quão forte a Ducati irá para 2022.

Quartararo foi apenas quinto com sua Yamaha, levada nas costas pelo francês em 2021, mas o próprio Fabio já cobra uma maior potência de sua moto se quiser enfrentar a força da Ducati. Franco Morbidelli não mostrou a que veio no momento em que assumiu seu lugar na equipe oficial da Yamaha, mas melhor fisicamente e mais entrosado, o ítalo-brasileiro tentará andar no nível de Quartararo. Nem de longe Joan Mir conseguiu defender seu título e a Suzuki, que tem uma moto inspirada na Yamaha, também procurará mais potência, além de um piloto que caía menos. Alex Rins ficou fora do top-10 do campeonato pelas constantes quedas ao longo do ano, como a de hoje. Viñales saiu de forma polêmica da Yamaha e conseguiu abrigo na Aprilia, que no próximo ano correrá como equipe de fábrica após muitos anos e terá que desenvolver sua moto praticamente sozinha. Viñales terá ao seu lado Aleix Espargaró, um ótimo acertador, mas nada além disso. E Viñales tentará resgatar sua carreira, com um arranhão imenso pela forma como saiu da Yamaha. A KTM teve um ano de altos e baixos, com duas vitórias esse ano, mas terminando a temporada mal conseguindo se sustentar no top-10. A Honda luta contra a sua Márquez-dependência, mas não restam dúvidas que o espanhol ainda faz muita diferença para a marca nipônica. Porém, as estripulias de Márquez já começam a cobrar um preço. O espanhol não participou da corrida de hoje ainda pelo problema do seu acidente semana passada. E sem Márquez, a Honda fica literalmente vendida.

Como não poderia ser diferente, hoje houveram muitas despedidas hoje, como a de Danilo Petrucci e Tom Luthi, mas nada que chegue perto de Rossi. Em mais de 400 corridas no Mundial, Valentino Rossi transformou a categoria num evento ainda mais grandioso, o elevando de patamar. O cruel tempo chega para todos, até mesmo para lendas. A MotoGP continuará seu rumo com vários talentos surgindo e se consagrando em corridas de tirar o fôlego. Porém, não teremos mais o número 46 no grid e sua grande torcida nas arquibancadas. É o fim de um ciclo, que acontece em todos os lugares. Nesse caso, só podemos dizer:

Muito obrigado, lenda, Valentino Rossi!  

sábado, 13 de novembro de 2021

Bastidores quentes


 A final da Sprint Race em Interlagos teve como vencedor Valtteri Bottas, após uma belíssima largada do nórdico, onde não tomou conhecimento do pole Max Verstappen, além de usar muito bem os pneus macios frente aos médios do piloto da Red Bull. Usando o mesmo composto de Bottas, Carlos Sainz largou ainda melhor, pulou de quinto para terceiro e ainda ultrapassou Verstappen na final da reta oposta, antes de levar o troco do neerlandês e segurar por vinte voltas Sergio Pérez, garantindo um importante terceiro lugar para o ferrarista. Mais atrás Hamilton dava um show ao recuperar quinze posições em apenas 24 voltas, mostrando muita agressividade, além de indicar que o novo motor da Mercedes debita muita potência.

Porém, tudo isso ficou em segundo plano em outra quente batalha entre Mercedes e Red Bull por causa de um incidente aparentemente inocente na sexta-feira. Desde os tempos de Michael Schumacher, é comum os pilotos ficarem olhando os carros dos adversários após as sessões de classificação e da corrida. Uma olhadinha aqui, uma puxadinha acolá e os pilotos tentavam entender o motivo de estarem em desvantagem. Ainda antes do primeiro treino livre a Mercedes anunciou a troca do motor de Hamilton, deixando o inglês com cinco posições de débito do que conseguisse na Sprint Race, mas a performance de Lewis na classificação de sexta impressionou a todos. Num território Red Bull, Hamilton meteu quatro décimos em Verstappen e novamente surgiram rumores de que a Mercedes teria um truque na asa traseira. Após a classificação, Verstappen foi dar uma olhadinha mais de perto e deu um, dois toques no apetrecho, enquanto a Red Bull reclamava da flexibilidade da asa traseira. Os austríacos miraram numa coisa e acertaram noutra! No fim das contas, o DRS da asa traseira de Hamilton estava abrindo mais do que o normal. Questão de milímetros, mas o suficiente para deixar o carro ilegal e iniciando mais uma batalha que demoraria horas.

Logo depois do episódio da asa de Hamilton, surgiram imagens de Verstappen mexendo na asa traseira de Hamilton no período de parque fechado. Teoricamente ilegal, mesmo que seja corriqueiro. A grande verdade foi que reuniões, encontros e conversas aconteceram antes da esperada desclassificação de Hamilton, enquanto se discutia o que se faria com Max. Punir por algo que sempre ocorreu nos últimos vinte anos? Punir para equilibrar a briga pelo título? No fim, uma multa de 50 mil euros resolveu a parada para Verstappen, que largou na pole na Sprint Race, mas acabou ultrapassado por Bottas na largada. O nórdico fez bem seu papel e venceu a mini-corrida, tendo Verstappen no seu encalço. Max ainda foi ultrapassado por Sainz, mas rapidamente deu o troco e foi para cima de Valtteri, mas com Hamilton atrás, Max não fez nada demais para atacar Bottas, garantindo mais dois pontinhos e saindo na primeira fila amanhã. 

Apesar de gostar de Pérez, não há como negar os fatos. Verstappen ultrapassou Sainz com certa facilidade e meteu mais de 20s no espanhol, que largara com pneus macios, contra os médios da dupla da Red Bull. Era esperado que Sainz perdesse rendimento, mas Pérez ficou empacado atrás da Ferrari a corrida praticamente inteira, tendo que se conformar com um pálido quarto lugar. Logo atrás de Checo, veio Hamilton. Mordido e com um motor novinho em folha, Hamilton deu um show de ultrapassagens e ganhou quinze posições em meras vinte quatro voltas. Lewis ainda perderá as posições e sairá em décimo amanhã, mas seu ritmo de corrida foi impressionante e mesmo com toda essa desvantagem, Hamilton ainda tentará fazer uma graça nesse domingo, como ele bem prometeu depois da Sprint Race pelo rádio.

Se alguns pilotos usaram pneus macios hoje, dificilmente os farão amanhã, até pelo horário da corrida principal, sendo realizada mais cedo e com mais calor. Bottas tentará fazer seu papel para defender a honra da Mercedes e até mesmo segurar Max, enquanto Verstappen estará numa posição mais tranquila, ao mesmo tempo que Hamilton virá com tudo amanhã. Surgiram informações de que a Mercedes teria dito que o toque de Verstappen na asa traseira de Hamilton teria tornado o aparato irregular, deixando o ranzinza  Helmut Marko irritadíssimo. Desde o caso do Spygate em 2007 não se via tanta beligerância entre duas equipes como agora entre a Mercedes de Toto Wolff e a Red Bull de Christian Horner, o que é mais um fator nesse caldeirão da incrível temporada 2021 da F1. Amanhã teremos mais, sem contar que dificilmente temos corridas completamente normais em Interlagos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Figura(MEX): Max Verstappen

 Se a corrida de ontem foi decidida na largada em praticamente todos os escalões do pelotão da F1, é justo colocar quem melhor largou aqui na parte da coluna. Verstappen saiu do circuito Hermanos Rodríguez no sábado decepcionado com o resultado adverso. Com a Red Bull favorita absoluta à corrida no México, ver a dupla da Mercedes ficar com a primeira fila do grid foi um tremendo reverso para Max e sua equipe, mas tudo se resolveu na largada. Verstappen saiu junto dos dois carros da Mercedes, com o pole Bottas no meio e Hamilton indo por dentro. Max pegou o vácuo de Bottas e inteligentemente se colocou por fora, com os três carros lado a lado rumo a freada da primeira curva. Por mais que Hamilton estivesse por dentro, também estava no lado sujo da pista, enquanto Verstappen estava na linha de corrida. Max freou o mais tarde possível e emergiu na frente dos dois carros da Mercedes na primeira curva, conseguindo a primeira posição e de lá não mais saindo com um pilotagem segura e impositiva. Uma vitória importante, que pode dar a Max uma vantagem crucial nesse final de campeonato.

Figurão(MEX): Lance Stroll

 Podem-se passar cinco, dez, quinze anos. Lance pode ter quantos coaches à disposição, quantos F1 antigos para correr e se desenvolver. O papai Lawrence comprar Red Bull, Mercedes e até a Ferrari toda. Mesmo assim, Lance Stroll nunca será um piloto realmente de ponta. O canadense teve um final de semana no México que beirou o constrangedor com um acidente completamente sua culpa no sábado e no domingo continuou saindo da pista, mostrando sua pouca ou nenhuma habilidade na tinhosa pista mexicana. O forte acidente na classificação foi um caso à parte. Stroll saiu da poeirenta última curva e sem maiores avisos ou quebras, perdeu o controle do seu carro sozinho e se estatelou no muro. Uma strollada clássica, que colocou o jovem canadense na última posição e no pelotão do desespero, simplesmente Lance se envolveu em mais saídas de pista e esteve longe, bem longe de marcar pontos. Com 23 anos de idade, ainda há tempo de Lawrence colocar seu filho em alguma diretoria e ele aprender algo em um dos seus negócios, pois em F1 Lance, já em sua quinta temporada, já mostrou que sempre será um medíocre, com um resultado bom aqui e acolá, mas se seu pai não tivesse despejando milhões em sua carreira, Lance Stroll já estaria correndo de GT em algum campeonato obscuro por aí.

Pelo menos houve justiça

 


Sim, pode ser cansativo, mas mesmo já tendo passado quase vinte anos, o Play-Off da Nascar nunca me convenceu e provavelmente não irá convencer jamais. Nesse final de semana houve mais uma 'grande final' da Nascar em Phoenix, após anos com a corrida final em Homestead. Apenas quatro pilotos poderiam ser o campeão de 2021. O atual campeão Chase Elliott tentaria o bi, o mesmo acontecendo com Martin Truex Jr, que por muito pouco ficou de fora na penúltima corrida do ano. Denny Hamlin partiu para mais uma final em busca do seu esperado título. E havia Kyle Larson.

O promissor piloto americano recebeu um verdadeiro choque ano passado quando, no auge da primeira onda da pandemia, usou uma palavra racista durante uma corrida on-line e viu seu mundo desabar. Larson, um dos pilotos jovens mais talentosos da Nascar, viu seu patrocínio lhe deixar, foi demitido da Ganassi e a Nascar o suspendeu por tempo indeterminado. Claro que Larson se desculpou, foi para um 'rehab' obrigatório, foi perdoado pela Nascar, mas sua carreira parecia rumo ao esquecimento quando Rick Hendrick resolveu apostar em Kyle, com a aposentadoria de Jimmie Johnson. Para ter ideia do tamanho da aposta, Hendrick praticamente colocou dinheiro do seu bolso para bancar um carro para Larson, que começou o ano de 2021 como o quarto piloto da equipe.

Contra todas as expectativas, Larson voltou à Nascar ainda mais forte de antes da suspensão e começou uma campanha impressionante em 2021. Num campeonato tão competitivo, conseguiu nove vitórias no ano sobressaindo bem quem era o melhor piloto do ano. Mas há esse bendito Play-Off...

Mesmo vencendo as duas últimas corridas, Larson corria o risco de perder um título que sempre mereceu. A corrida em Phoenix viu os quatro contendores na briga pela vitória, que com certeza daria o título de 2021. Na última rodada de paradas a equipe Hendrick colocou Larson em primeiro e nas últimas voltas o piloto de 29 anos mostrou toda a competência que se viu nessa temporada para uma merecida décima vitória, à frente de Truex, Hamlin e Elliott.

Larson chorou bastante, externando tudo o que ele passou no ano passado, mas o americano passou por cima de tudo e com uma pilotagem muito forte ao longo de toda a temporada, conquistou seu primeiro título da Nascar. Mas precisava essa palhaçada de Play-Off? Todo o esforço de Larson poderia cair por terra por um mero erro ou até mesmo um toque de um piloto que nem está mais na luta, como aconteceu semana passada em Martinsville e a quase desclassificação de Hamlin. Como explicar que um piloto tão dominante como Larson poderia perder o título desse ano? A Nascar vem tendo sorte nessas decisões, mas queria saber o que a entidade irá fazer se um big-one nas primeiras voltas vitimar os quatro que estão na briga pelo título...

Com dez vitórias em 36 provas, Kyle Larson deu a volta por cima em grande estilo e passou por cima de qualquer tentativa efêmera de entretenimento barato para ser o grande campeão da Nascar em 2021. 

domingo, 7 de novembro de 2021

Valeu pela festa

 


Muito provavelmente hoje tivemos a corrida mais morna da temporada 2021, onde não houveram grandes disputas nas primeiras posições, mas nem por isso a festa foi pequena no circuito Hermanos Rodríguez. Sergio Pérez não foi o vencedor, mas a torcida mexicana fez uma belíssima fiesta para Checo que com seu terceiro lugar conseguiu a melhor posição de um piloto chicano em casa. A vitória ficou com Max Verstappen, numa belíssima largada que o colocou na ponta ainda na primeira volta e por lá ficou a corrida inteira, dominando a prova e conseguindo abrir uma já boa vantagem sobre Lewis Hamilton, que teve que se conformar com a segunda posição e ver o sonho do octa ficar cada vez mais complicado.


Como dito anteriormente, hoje o Grande Prêmio do México destoou do que vem sendo a temporada 2021. Dá para dizer que a vitória foi decidida na largada, quando Max Verstappen conseguiu uma saída digna dos gigantes da F1. O neerlandês saiu muito bem no apagar das luzes vermelhas, pegou o vácuo do pole Valtteri Bottas, emparelhou com o nórdico, que ficou ensanduichado entre os protagonistas do campeonato. No longo caminho até a forte freada para a primeira curva, Hamilton estava por dentro, mas no lado sujo da pista, enquanto Max estava por fora, só que na linha ideal. Sem querer maiores problemas para si, Bottas freou mais cedo, o contrário fazendo Verstappen, que chegou na primeira curva em primeiro, com Hamilton em segundo. Bottas ficou numa situação complicada, ainda mais com Ricciardo arriscando muito na primeira curva. O australiano acabou acertando Bottas, que rodou no meio do pelotão. Pérez saiu pela grama para evitar ser atingido por alguma sobra do incidente e com isso voltou à pista ao lado de Hamilton, mas o mexicano logo teve que ceder a posição sem briga, para não ser punido por qualquer vantagem ganha. No meio da confusão, Esteban Ocon fez um verdadeiro strike ao bater em Tsunoda e Mick Schumacher, tirando-os da corrida com as seus respectivas suspensão quebradas. Incrivelmente, Ocon saiu sem maiores prejuízos, enquanto Tsunoda e Mick ficaram pelo caminho, trazendo o que seria o único safety-car da corrida.

E ponto.


A partir do posicionamento após a largada, a corrida aconteceu praticamente sem maiores brigas. Sem ter o trabalho de ultrapassar os dois carros da Mercedes durante a prova, Max Verstappen imprimiu o ritmo esperado da Red Bull para dominar a corrida de forma impositiva, sem maiores chances para Lewis Hamilton, que apenas lamentou pelo rádio não ter carro para enfrentar o neerlandês e viu sua desvantagem no campeonato chegar aos perigosos dezenove pontos, quase uma corrida de diferença. Porém, Hamilton ainda teve mais com que se preocupar com a pressão imposta por Pérez em alguns momentos da corrida. Empurrado pela torcida, que fez uma festa incrível, Pérez não deixou Hamilton quieto em nenhum momento e chegou menos de 2s atrás do inglês, mas nem por isso os mexicanos vibraram menos. Depois da corrida e no pódio, Pérez parecia que tinha vencido o título, numa festa poucas vezes vistas e até mesmo Verstappen se aproveitou. O dia da Mercedes ficou ainda pior com outra corrida medíocre de Bottas, que passou a tarde inteira vendo a traseira de Ricciardo após ambos terem parado. Impotente para ultrapassar a McLaren na pista, a Mercedes trocou a tática de Bottas, mas uma parada horrorosa estragou ainda mais a corrida de Bottas, que no fim cumpriu uma última missão: tirar o ponto da melhor volta de Verstappen. Valtteri só conseguiu isso após duas paradas e dois jogos de pneus macios, mas que no fim salvou a liderança da Mercedes no Mundial de Construtores, pois foi justamente esse pontinho que mantém a Mercedes na frente da Red Bull no campeonato.


Pierre Gasly fez uma corrida solitária e convincente, chegando num excelente quarto lugar. Com Ricciardo atrasado pelo toque com Bottas na primeira curva, a McLaren só conseguiu um pontinho no México com o décimo lugar de Lando Norris, enquanto a Ferrari marcava bons pontos com Leclerc e Sainz em quinto e sexto. Só ficou incompreensível a troca de posições entre eles, pois as duas Ferraris também correram sozinhas, mas com o resultado de hoje abriu boa margem sobre a McLaren na luta entre as tradicionais equipes pelo terceiro lugar no Mundial de Construtores. Fechando a zona de pontuação, uma trinca sênior com Vettel, Raikkonen e Alonso, os três marcando bons pontos para as suas equipes. Williams não teve ritmo algum no México e nem mesmo o talento de George Russell salvou a equipe de um zero na terra dos astecas, enquanto Mazepin ficou com a última colocação que lhe é habitual.


A corrida foi longe de ser das mais empolgantes, mas até mesmo temporadas espetaculares como a de 2021 pode nos proporcionar corridas sem graça. Menos pros mexicanos, que vibraram as 71 voltas com Sérgio Pérez, mesmo ele ficando apenas em terceiro. A Red Bull parece conseguir o embalo necessário para conquistar o título desse ano com Max Verstappen, que deu uma tacada de mestre na largada e praticamente não teve trabalho para vencer no México e abrir boa diferença no campeonato.

Títulos secundários


 Na grande maioria dos campeonatos de esporte a motor, o título mais importante sempre é o de pilotos, porém, há muitas vezes outros campeonatos em disputa e no belíssimo circuito de Portimão um segundo título foi conquistado na MotoGP após a confirmação de Fabio Quartararo como o grande campeão de 2021. A Ducati mostrou a sua força em Portugal com dois pilotos no pódio e Pecco Bagnaia liderando de ponta a ponta rumo a mais uma vitória na temporada. Com esses resultados, a Ducati sagrou-se campeã de construtores com a Yamaha, que foi levada nas costas por Quartararo, tendo que se conformar com a segunda posição.

A corrida em Portimão não foi das mais animadas, levando-se em conta o alto nível de competitividade da MotoGP. Bagnaia marcou uma bela pole no sábado e mesmo não sendo o mais rápido na largada, rapidamente reassumiu a ponta para não mais larga-la numa corrida sem erros do italiano, que nesse embalo já vai se tornando um dos sérios candidatos ao título de 2022. O campeão do ano passado Joan Mir deu o ar de sua graça nesse final de semana após várias corridas apagadas. O espanhol da Suzuki conseguiu um lugar na primeira fila e na largada superou a segunda Ducati oficial de Jack Miller e ficou num confortável segundo lugar, não ameaçando Bagnaia, sequer sendo ameaçado. Se houve uma disputa de fato foi pela terceira posição, com um personagem inesperado. Alex Márquez saiu da mediocridade habitual e numa corrida onde seu irmão mais velho não correu por um acidente mal explicado nos treinos, o mais novo dos irmãos Márquez fez uma bela corrida, trocando de posições com Miller na segunda metade da corrida e quando a bandeira vermelha apareceu, o espanhol parecia mais rápido do que Miller.

O incidente que trouxe o pano encarnado e encerrou a prova ocorreu na antepenúltima volta num acidente entre o piloto da casa Miguel Oliveira e o desastrado Iker Lekuona, com o espanhol atropelando o português num fogo amigo da KTM. A marca austríaca não teve um ano para celebrar muito na MotoGP, mas tem muito o que comemorar nas classes menores. Na Moto2 a dupla da Red Bull KTM dominou inteiramente o campeonato e com a vitória de hoje, Remy Gardner só perderá o título se algo muito extraordinário acontecer em Valencia semana que vem. Na Moto3 a sensação Pedro Acosta teve mais trabalho do que o esperado, após um começo de ano explosivo, viu a ascensão de Denis Foggia nas últimas corridas e foi com ele que o espanhol da KTM batalhou até o fim na prova de hoje. Porém, Foggia foi atingido por Daryl Binder na abertura da última volta numa verdadeira diarreia mental do australiano, que acabaria desclassificado justamente pela asneira, enquanto Acosta, de apenas 17 anos, se encaminhou para a vitória e o título, se igualando à Loris Capirossi como estreante campeão na classe menor do Mundial de Motovelocidade. Já garantido na equipe oficial da KTM na Moto2, Acosta parece ser outro gênio em desenvolvimento vindo da Espanha. Já Dary Binder ascenderá de forma inexplicável à MotoGP em 2022...

O campeão Quartararo teve uma corrida opaca hoje, parecendo não querer se arriscar na disputa que teve com os pilotos da Pramac Ducati pela quinta posição. Um erro derrubou o francês no seu primeiro abandono do ano, mas como o próprio Quartararo já pediu, a Yamaha precisa de mais velocidade de ponta se quiser enfrentar a potência da Ducati, que hoje se garantiu como campeão de construtores e segue embalada para o próximo ano. 

sábado, 6 de novembro de 2021

Olha ele!


 Nos últimos tempos, mesmo quando a Mercedes matava seus rivais na unha, tinha uma pista em que a Red Bull sempre andou bem: circuito Hermanos Rodríguez. E o motivo não é exatamente o traçado do tradicional circuito mexicano, mas sua localização em grande altitude, que ajuda o sempre eficiente aerodinamicamente Red Bull projetado por Adryan Newey. Após uma vitória arrebatadora em Austin, a Red Bull chegou com jeito de favorita ao México, ainda mais tendo a torcida ao lado torcendo para Checo Pérez, mas como o 2021 na F1 não está sendo nada previsível, foi a Mercedes quem ficou com a primeira fila, porém, não foi Hamilton que aumentou seu incrível cartel de pole e, sim, Valtteri Bottas que foi lá e conseguiu a pole, tirando o doce da boca de Horner, Marko, Verstappen, Pérez e seus blue caps.

O treino no México foi atrasado por um acidente de Lance Stroll ainda no começo do Q1. Podem passar dez anos de desenvolvimento dedicado à Lance, Lawrence comprar a Mercedes, Ferrari e Red Bull ao mesmo tempo, que o canadense ainda não se tornará um piloto de ponta. O acidente de Stroll seria facilmente assinado por Eliseo Salazar ou Alex Yoong. Com vários pilotos punidos, a classificação teve vários asteriscos, pois muita gente irá para o final do pelotão, como Norris, Ocon, Tsunoda e Russell. Ferrari chegou a ameaçar surpreender como a McLaren o fez em Monza, mas tudo não passou de uma promessa e os italianos ficaram em seus lugares habituais, junto com a McLaren, que teve Ricciardo andando constantemente na frente de Norris o final de semana todo. Gasly levou seu Alpha Tauri nas costas e ficou na frente das duas tradicionais equipes, podendo ser um fator de ajuda à causa da Red Bull no domingo.

De certa forma a Red Bull vinha confirmando o favoritismo na classificação, mas no Q3 os carros azuis não foram páreo à Mercedes, que conseguiu extrair tudo do seu carro, mas talvez com o piloto errado. Desde que anunciou seu futuro está claro que Bottas melhorou bastante e no México o nórdico superou Hamilton com uma ótima volta, surpreendendo a todos. Talvez até mesmo a Mercedes... A Red Bull teve que se conformar com a segunda fila, com Verstappen sendo atrapalhado por Pérez e Tsunoda, que saíram da pista à sua frente, na sua volta final. Um tremendo golpe para o neerlandês, que precisará de toda ajuda possível de Pérez nesse domingo, que terá uma torcida participativa o apoiando. Com nada podendo ser apostado nesse 2021 inesquecível da F1, a corrida amanhã deverá ser tensa e tática como Austin, com o diferencial que os coadjuvantes estarão à espreita, ficando a singela pergunta: Bottas, demissionário da equipe, aceitará de bom grado ser ultrapassado por Hamilton se a Mercedes pedir?