sábado, 13 de novembro de 2021

Bastidores quentes


 A final da Sprint Race em Interlagos teve como vencedor Valtteri Bottas, após uma belíssima largada do nórdico, onde não tomou conhecimento do pole Max Verstappen, além de usar muito bem os pneus macios frente aos médios do piloto da Red Bull. Usando o mesmo composto de Bottas, Carlos Sainz largou ainda melhor, pulou de quinto para terceiro e ainda ultrapassou Verstappen na final da reta oposta, antes de levar o troco do neerlandês e segurar por vinte voltas Sergio Pérez, garantindo um importante terceiro lugar para o ferrarista. Mais atrás Hamilton dava um show ao recuperar quinze posições em apenas 24 voltas, mostrando muita agressividade, além de indicar que o novo motor da Mercedes debita muita potência.

Porém, tudo isso ficou em segundo plano em outra quente batalha entre Mercedes e Red Bull por causa de um incidente aparentemente inocente na sexta-feira. Desde os tempos de Michael Schumacher, é comum os pilotos ficarem olhando os carros dos adversários após as sessões de classificação e da corrida. Uma olhadinha aqui, uma puxadinha acolá e os pilotos tentavam entender o motivo de estarem em desvantagem. Ainda antes do primeiro treino livre a Mercedes anunciou a troca do motor de Hamilton, deixando o inglês com cinco posições de débito do que conseguisse na Sprint Race, mas a performance de Lewis na classificação de sexta impressionou a todos. Num território Red Bull, Hamilton meteu quatro décimos em Verstappen e novamente surgiram rumores de que a Mercedes teria um truque na asa traseira. Após a classificação, Verstappen foi dar uma olhadinha mais de perto e deu um, dois toques no apetrecho, enquanto a Red Bull reclamava da flexibilidade da asa traseira. Os austríacos miraram numa coisa e acertaram noutra! No fim das contas, o DRS da asa traseira de Hamilton estava abrindo mais do que o normal. Questão de milímetros, mas o suficiente para deixar o carro ilegal e iniciando mais uma batalha que demoraria horas.

Logo depois do episódio da asa de Hamilton, surgiram imagens de Verstappen mexendo na asa traseira de Hamilton no período de parque fechado. Teoricamente ilegal, mesmo que seja corriqueiro. A grande verdade foi que reuniões, encontros e conversas aconteceram antes da esperada desclassificação de Hamilton, enquanto se discutia o que se faria com Max. Punir por algo que sempre ocorreu nos últimos vinte anos? Punir para equilibrar a briga pelo título? No fim, uma multa de 50 mil euros resolveu a parada para Verstappen, que largou na pole na Sprint Race, mas acabou ultrapassado por Bottas na largada. O nórdico fez bem seu papel e venceu a mini-corrida, tendo Verstappen no seu encalço. Max ainda foi ultrapassado por Sainz, mas rapidamente deu o troco e foi para cima de Valtteri, mas com Hamilton atrás, Max não fez nada demais para atacar Bottas, garantindo mais dois pontinhos e saindo na primeira fila amanhã. 

Apesar de gostar de Pérez, não há como negar os fatos. Verstappen ultrapassou Sainz com certa facilidade e meteu mais de 20s no espanhol, que largara com pneus macios, contra os médios da dupla da Red Bull. Era esperado que Sainz perdesse rendimento, mas Pérez ficou empacado atrás da Ferrari a corrida praticamente inteira, tendo que se conformar com um pálido quarto lugar. Logo atrás de Checo, veio Hamilton. Mordido e com um motor novinho em folha, Hamilton deu um show de ultrapassagens e ganhou quinze posições em meras vinte quatro voltas. Lewis ainda perderá as posições e sairá em décimo amanhã, mas seu ritmo de corrida foi impressionante e mesmo com toda essa desvantagem, Hamilton ainda tentará fazer uma graça nesse domingo, como ele bem prometeu depois da Sprint Race pelo rádio.

Se alguns pilotos usaram pneus macios hoje, dificilmente os farão amanhã, até pelo horário da corrida principal, sendo realizada mais cedo e com mais calor. Bottas tentará fazer seu papel para defender a honra da Mercedes e até mesmo segurar Max, enquanto Verstappen estará numa posição mais tranquila, ao mesmo tempo que Hamilton virá com tudo amanhã. Surgiram informações de que a Mercedes teria dito que o toque de Verstappen na asa traseira de Hamilton teria tornado o aparato irregular, deixando o ranzinza  Helmut Marko irritadíssimo. Desde o caso do Spygate em 2007 não se via tanta beligerância entre duas equipes como agora entre a Mercedes de Toto Wolff e a Red Bull de Christian Horner, o que é mais um fator nesse caldeirão da incrível temporada 2021 da F1. Amanhã teremos mais, sem contar que dificilmente temos corridas completamente normais em Interlagos.

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