A temporada 2021 da F1 vem se caracterizando pela incrível alternância de forças entre Mercedes e Red Bull. Ao final da corrida no México, Max Verstappen vencia pela segunda corrida consecutiva, além de resultados mais forte do que seu rival Hamilton e já se falava que o neerlandês poderia ser campeão por antecipação. A cara de Lewis no pódio da Cidade do México indicava que a sua situação saía do controle aos poucos, mas veio Interlagos e um novo motor da Mercedes para inverter tudo. Hamilton teve um final de semana histórico em Interlagos e passado apenas uma semana, a F1 voou para o Oriente Médio para a corrida no novo circuito de Losail, há anos na MotoGP, mas estreando na F1. Parecia um circuito Red Bull. Parecia. A Mercedes e Lewis Hamilton deram uma resposta e tanto no Catar e Hamilton venceu com o pé nas costas no oriente, diminuindo a desvantagem que ainda tem para Max, porém, ninguém duvida que o momento é totalmente favorável à Lewis Hamilton.
Poucas horas antes da corrida houve a confirmação da punição à Max Verstappen e Vallteri Bottas por terem desrespeitado as bandeiras amarelas no final do Q3, quando o pneu de Gasly estourou na entrada dos boxes. O que mais me causa espanto foi a FIA demorar tanto em algo que, eu estando a milhares de quilômetros de distância e tendo apenas a TV na minha frente vi a infração na hora, e os comissário da FIA, treinados, no local do incidente, com dezenas de telas à disposição vendo a situação demorarem horas para constatar o óbvio. É mais uma prova do quão assustado está Michael Masi em meter seu bedelho na briga pelo título, tendo o australiano punido pilotos e equipes seguidas vezes ao longo de 2021 por variadas situações em que o melhor seria ficar quieto e agora por questões idênticas, Masi é cobrado a agir. Com Bottas em sexto e Verstappen em sétimo no grid, a largada ganhou um temperou adicional de tensão, tendo Gasly na primeira fila e Fernando Alonso, um exímio largador, em terceiro. Porém, Lewis Hamilton acabou com qualquer tipo de tensão ao largar bem, apontar sua Mercedes em primeiro na largada e praticamente colocar o braço para fora para vencer com imensa facilidade a corrida inaugural no Catar. Hamilton não foi ameaçado em nenhum momento, administrando a corrida a sua bel prazer, não dando chances à Verstappen. Verstappen? Sim, o neerlandês nem ligou para a sua punição e ainda na primeira volta já aparecia em quarto, só não subindo para terceiro quando teve sua porta fechada com vontade por Alonso. Max não teve dificuldades para ultrapassar Alonso e Gasly para se estabelecer na segunda posição, mas sem chances de atacar Hamilton e defender sua agora diminuta vantagem. O piloto da Red Bull se mostrou resignado após a corrida, pois era claro que não tinha qualquer chance contra Hamilton. O problema é que faltam duas corridas e a maré está inteiramente à favor do piloto inglês.
Se Max permanecia frio frente à nova situação, era claro a tensão de Helmut Marko e Jos Verstappen debaixo do pódio. O novo motor Mercedes deu uma vantagem que pode ser decisiva para Hamilton e o inglês aproveitou isso com a segunda vitória consecutiva nessa reta final de campeonato. A pergunta que se começa a fazer é se vale a pena a Honda colocar um novo motor no carro de Max (acarretando em uma nova punição) e conseguir uma nova reviravolta no campeonato. Enquanto a turma da Red Bull e da Honda queimam as pestanas, a Mercedes se vê com a mão superior nessas jogadas finais.
Apesar de todo o protagonismo de Lewis e Max, não se pode deixar de destacar o pódio de Fernando Alonso. O espanhol começou o ano devagar, mas logo estabeleceu seu alto nível, só sendo limitado pelo carro que tem. No entanto, em algumas oportunidades víamos a genialidade de Alonso e nesse domingo o espanhol deu outro show. Numa pista em que Fernando logo se apaixonou, o piloto da Alpine aproveitou-se dos pneus macios para ultrapassar Gasly e se estabelecer em terceiro, não ligando pelo rolo compressor chamado Max Verstappen. Alonso sabia que seu principal rival usava um carro da Red Bull, mas não era Max. Mais atrás Sergio Pérez se recuperava de sua classificação bisonha e com ultrapassagens seguras o mexicano foi se aproximando do pelotão dianteiro e após a primeira rodada de paradas, ultrapassou Alonso para o que seria um bom terceiro lugar para o mexicano, contudo, a Red Bull resolveu chamar Pérez para uma segunda parada, deixando Alonso novamente em terceiro e Fernando havia decidido: não pararia mais. Não foi uma decisão fácil e confortável. No fim da corrida muitos carros começaram a ter furos de pneus, particularmente o dianteiro esquerdo. Eram carros que estavam na mesma estratégia de Alonso. Vários carros diminuíram o ritmo e Pérez foi ultrapassando quem via pela frente. Porém, um dos carros que furaram o pneu, Latifi, abandonou seu carro na pista, trazendo um controvertido Virtual Safety Car. Era mesmo necessário? Alonso bradou aos céus! Foram praticamente duas voltas de intervenção e como Pérez não poderia tirar a diferença, quando a corrida voltou não houve tempo para Checo atacar e Alonso conseguiu seu primeiro pódio em sete anos. Pérez estava menos de 3s atrás e provavelmente ultrapassaria sem o VSC. Bendito VSC!
Como já aconteceu outras vezes, Pérez deixou para trás uma classificação ruim com uma corrida cheia de ultrapassagens e só não subiu ao pódio pelo tardio VSC. Falando em pneus furados, um dos afetados foi Bottas. O finlandês largou na frente de Max, mas em nenhum momento atrapalhou o adversário de sua equipe. Na verdade, Bottas perdeu várias posições na largada e ficou algumas voltas empacado, fazendo com que Toto Wolff praticamente o obrigasse a ultrapassar carros nitidamente mais lentos que o seu. Foi outra corrida ruim de Bottas, que agora vê Pérez se aproximar na luta pelo terceiro lugar no Mundial de Pilotos e para saber quem será o melhor coadjuvante das equipes gigantes de 2021. O terceiro lugar de Alonso foi uma ótima exibição da Alpine, com Ocon chegando em quinto e praticamente colocando a montadora francesa na quinta posição do Mundial de Construtores num péssimo dia para a Alpha Tauri, zerada mesmo com seus dois pilotos terminando a prova. Assim como ocorrera na Hungria, quando Alonso segurou Hamilton para garantir o lugar de Ocon rumo à vitória, hoje foi a vez do francês segurar Pérez quando estes se encontraram na pista durante a perseguição do mexicano. As curvas lado a lado com Ocon podem ter custado o tempo para que Pérez chegasse ao pódio hoje. As Ferraris não brilharam e ainda foram surpreendidas pela estratégia de uma parada de Lance Stroll, que terminou num bom sexto lugar após um final de semana opaco do canadense. Sainz e Leclerc chegaram juntos e juntos se aproximam de Lando Norris no Mundial de Pilotos. Após ficar boa parte do campeonato em terceiro lugar no Mundial de Pilotos, Norris vê o quinto lugar ameaçado pela dupla da Ferrari, com a montadora italiana já praticamente se garantindo como terceira colocado no Mundial de Construtores, com a queda da McLaren e com Ricciardo não conseguindo andar ao nível de Norris de forma constante. Vettel marcou o último ponto da noite, mas o alemão acabou eclipsado por Stroll. A dupla da Alfa Romeo também não brilhou, enquanto os pilotos da Williams tiveram seus pneus furados no fim. A Haas teve vários problemas com o carro de Mazepin e talvez isso explique um pouco o russo ter tomado mais de um minuto de Mick Schumacher. Claro, sem contar a diferença de talentos entre eles...
Após uma cansativa rodada tripla, a F1 terá um leve respiro antes das duas corridas finais, que prometem tirar o fôlego dos fãs, apesar do que os palcos não sejam os mais apropriados. Após surgirem dúvidas se de fato a corrida em Jeddah ocorreria, surgiram fotos do circuito de rua praticamente pronto. Uma verdadeira incógnita, apesar de haver um longa zona de aceleração. Ponto para a Mercedes e seu novo motor. Porém, num ano com tantas reviravoltas em pouco tempo, é difícil cravar algo. O certo é que Max Verstappen já poderá ser campeão na Arábia Saudita, tendo seu primeiro match point na vida. Nesse final de semana faltou alguém da Red Bull dizer ao Max para tirar o pé no final do Q3. Seria já falta de experiência do Max? A maré hoje está toda a favor de Hamilton e seu novo motor, mas num campeonato tão imprevisível, isso pode mudar facilmente.
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