domingo, 17 de novembro de 2024

Super Jorge

 


Ano passado Jorge Martin perdeu o título para Pecco Bagnaia, mesmo dando a impressão de ter sido o piloto mais rápido da MotoGP, porém, já contando com um título, Bagnaia se mostrou mais completo. Contando com a experiência de ter disputado um título, Martin evoluiu claramente. É muito mais fácil frear um piloto do que acelera-lo. Martin tem a velocidade e bastou a ele domestica-la. O espanhol da Pramac não teve uma temporada livre de erros e ainda teve o grande dissabor de ser novamente escanteado pela Ducati oficial, levando Jorge assinar com a Aprilia para 2025. Martin usou a consistência que tanto lhe faltou em 2023 para derrotar Bagnaia nessa temporada e quebrar vários recordes. Quinto espanhol a vencer na MotoGP, Jorge Martin foi o primeiro piloto desde Valentino Rossi a vencer com uma equipe independente e o primeiro na Era do MotoGP.

O título de Jorge Martin foi conquistado de forma tranquila numa corrida que pode ser adjetivada como monótona em Barcelona, que substituiu o circuito Ricardo Tormo, por causa da tragédia climática que atingiu Valencia poucas semanas atrás. Com o terceiro lugar na Sprint de sábado, Martin precisava apenas de um nono lugar para se sagrar campeão em 2024. Largando em quarto, Jorge saiu muito bem e rapidamente pulou para segundo, logo atrás do seu rival Bagnaia. Atacado por Marc Márquez ainda na primeira volta, Martin não se animou a brigar com o piloto que lhe tirou a vaga na equipe oficial da Ducati de fábrica e deixou Marc se entender lá na frente com seu futuro companheiro de equipe na Ducati. Sem ter muito o que fazer, Bagnaia atacou desde o início e sempre teve a incômoda presença de Márquez lhe fustigando, mas o espanhol talvez não quisesse uma briga mais forte com Bagnaia, onde somente a vitória lhe interessava, além de ajudar seu compatriota Martin, que ficou confortavelmente em terceiro a corrida inteira. Logicamente que há a tensão de uma decisão de título, onde um erro pode ser fatal, mas nada demais ocorreu na prova barcelonesa.

E Martin pôde comemorar seu título sem maiores arroubos nesse domingo. Foi uma conquista baseado, como dito acima, na consistência, mas principalmente, pelos pontos conquistados por Jorge nas Sprints. Invenção da Dorna, as Sprints se tornaram decisivas na medida em que, mesmo os pilotos marcando a metade dos pontos, Martin soube como ninguém aproveitar os constantes erros de Bagnaia nas mini-corridas durante o ano e foi amealhando pontos, enquanto venceu apenas três vezes no domingo. Bagnaia e Martin fizeram um campeonato à parte, onde estiveram sempre na briga pelas vitórias durante toda a temporada, mas os constantes erros e a falta de carisma de ambos deu a sensação de que o campeonato foi marcado pelo nível baixo, o que não é verdade. Martin foi metódico o campeonato inteiro, mostrando sua velocidade quando necessário, principalmente nos sábados, seja na classificação, seja nas Sprints. E Jorge ainda teve a decepção de ter sido dispensado pela Ducati de fábrica pela terceira vez, fazendo o espanhol se mudar para a Aprilia, no lugar do seu amigo e protetor Aleix Espargaró. Para desespero da Ducati, Martin levará o #1 para a Aprilia em 2025, num ano novamente amplamente dominado pela equipe de Borgo Panigale, que só perdeu uma única corrida e dominou tanto o Mundial de Construtores, como as quatro primeiras posições.

O título de Martin passa também pelos erros de Bagnaia. O italiano da Ducati era o grande favorito ao tricampeonato, mas pecou justamente no seu ponto forte: a consistência. No ano passado Bagnaia derrotou Martin com sua força mental e por estar sempre marcando pontos. Nesse ano, Bagnaia venceu onze vezes, se igualando à lendas como Rossi, Agostini, Doohan e Stoner, mas suas quedas e erros, principalmente nas Sprints, machucou demais o campeonato de Pecco, o deixando com o título fora de suas mãos ainda na perna asiática, quando Martin mais administrou o campeonato. Bagnaia terá que melhorar bastante e tratar de errar menos, para não ficar com a pecha de um multi-campeão menor na MotoGP, além de que em 2025, receberá Marc Márquez na equipe. O espanhol lhe deu uma chance arriscada ao deixar a Honda e ir para a menor equipe das satélites da Ducati. Logo Márquez mostrou seu incrível talento na melhor moto do pelotão, lhe rendendo três vitórias no campeonato e o terceiro lugar no campeonato. Tudo indicava que Marc iria para a Pramac e Martin subiria à equipe oficial, mas a recusa de Márquez em mudar-se para outra equipe satélite pegou a Ducati de surpresa e como resultado, causou todo um rebuliço no mercado de pilotos, fazendo com que Márquez ultrapassasse Martin na luta por uma vaga na Ducati Lenovo, numa manobra bem discutível.

Márquez mostrou que já entrará na Ducati como um dos favoritos. Seu talento ainda está lá, mesmo que após tantos machucados, não esteja como nos velhos tempos. Marc lutará com Bagnaia, com quem já bateu no começo do campeonato, o que pode envenenar o ambiente da Ducati de fábrica. Enea Bastianini não teve a desculpa das contusões para mais um campeonato irregular na equipe oficial da Ducati e sem espaço com os italianos, se mudou para a KTM, juntamente com Maverick Viñales, outro piloto que se mostrou on-off. O espanhol foi o único piloto não-Ducati a vencer em 2024, mas foi capaz também de atuações horrorosas, como a de hoje. Por esse motivo, a Aprilia não o quis como segundo piloto, preferindo trazer Marco Bezzecchi, ao lado de Martin em 2025. A KTM teve um ano decepcionante, mas pelo menos revelou Pedro Acosta, mais um piloto espanhol brilhante, que muitas vezes liderou a KTM, mas perdeu o posto de melhor piloto da equipe austríaca para Brad Binder na última corrida. A KTM se livrou de Jack Miller e terá uma equipe forte para o próximo ano, mas necessita melhorar a moto. O australiano conseguiu abrigo na Pramac, onde já correu. Porém, a Pramac não correrá mais com a Ducati, também decepcionada pela escolha por Márquez e assinou com a Yamaha, que assim como a Honda, tentará uma ressurreição após uma temporada tenebrosa das montadoras japonesas.

A MotoGP finalizou seu campeonato com um campeão digno das belas corridas que nos mostrou ao longo de 2024, porém, ficam algumas dúvidas para o futuro da categoria. A entrada da Liberty Media, que comprou a Dorna, pode dar uma guinada na categoria. A F1 viu sua popularidade crescer bastante com a Liberty, mesmo que desagradando muitos puristas. A MotoGP teve boas corridas, como sempre, mas seus dois protagonistas nem de longe tem o carisma de outros campeões que a categoria já teve. Mesmo em disputa renhida, Bagnaia e Martin trocavam elogios, frustrando quem esperava uma briga franca dentro e fora das pistas. A Liberty já deu o recado que não quererá a 'espanholização' trazida pela Dorna e por Carmelo Ezpeleta, que pode estar de saída. Faltou uma maior exploração das belas corridas e do campeonato apertado que tivemos. Isso é fato. Talvez a Liberty corrija isso, mas tomara também que não mexa em certos valores que a MotoGP tem e terão que ser mantidos. Para o bem de todos.

domingo, 10 de novembro de 2024

Logano é tri!


 Num dia de luto para a Nascar, a categoria principal realizou sua etapa decisiva em Phoenix, tradicional oval no Arizona. Desde a chegada dos famigerados play-offs, quatro pilotos chegam à última corrida com chances de ser campeão. Joey Logano, o atual campeão Ryan Blaney, William Byron e Tyler Reddick disputariam entre si quem seria o campeão de 2024. Reddick fez uma corrida opaca, onde em nenhum momento brigou pela vitória, numa prova marcada por uma mancada histórica, quando o piloto do safety-car bateu na entrada dos pits, num dos acidentes mais bizarros dos últimos tempos.

Byron contou com a ajuda do seu companheiro de Hendrick Kyle Larson, mas a dupla da Penske se mostrou fortíssima no final. Com a queda de rendimento de Christopher Bell, que mesmo não estando entre os quatro contendores liderou boa parte da prova, Logano emergiu na frente na última relargada e de lá não saiu mais. Blaney teve que superar Larson e Byron para uma tentativa desesperada de manter o título, mas Logano sua experiência para conter o companheiro de equipe nas voltas finais e conquistar seu terceiro título na Nascar Cup, se colocando entre os grandes da categoria. Considerado um prodígio nas categorias de baixo, Logano só desabrochou quando mudou da Gibbs para a Penske em 2013, quando muitos imaginavam que Joey seria uma eterna promessa.

Logano era perseguido por alguns pilotos mais durões por ser protegido, mas o americano não baixava sua guarda e aos poucos, conquistou o respeito dos demais sendo bastante agressivo nas pistas, tornando Logano um dos pilotos mais odiados da Nascar. Porém, após conquistar o título em 2018 e 2022, Logano bateu Blaney e com apenas 35 anos de idade, um menino para os padrões da Nascar, Joey poderá aumentar ainda mais sua estatística, mesmo que isso não lhe traga mais popularidade.

Que pena...


 A NASCAR está de luto com o falecimento de Bobby Allison, aos 86 anos de idade. Piloto histórico da categoria, Allison fez parte da chamada Alabama Gang, além de participado da mítica 'The Fight', após a Daytona 500 de 1979, onde cenas de pugilato colocaram a Nascar em evidência. Campeão da Cup em 1983 e vencedor da Daytona 500 três vezes, Bobby Allison foi um dos gigantes da Nascar. 


Você tem um sonho?

 


Sonhar faz parte da vida do homem, independentemente da idade ou do momento da vida. Sempre estamos sonhando. Muitas vezes temos sonhos que não são tangíveis, como ser feliz ou ser independente. Outras vezes temos sonhos materiais: comprar uma casa ou obter aquele carro de luxo. Vivemos, trabalhamos e lutamos para realizar alguns desses sonhos. Eu mesmo já realizei alguns desses sonhos, mas havia um, bem particular, que eu tinha: assistir uma corrida de F1 in loco.

Desde que me entendo por gente acompanho a F1 e me via em algum momento sentindo a emoção de ver tantos os carros como os pilotos de perto. Haviam alguns empecilhos, pois vivo no Ceará e o Grande Prêmio do Brasil se realiza bastante longe de onde moro. Outro era o preço, proibitivo enquanto você ainda somente estuda. Como falei, nós batalhamos para realizar alguns dos nossos sonhos. Nos últimos anos comecei a me programar para ver a F1 na pista, só não contava com a dificuldade que era conseguir um ingresso, mesmo tão caro. Quando ouvia falar do início da venda de ingressos para o GP Brasil do ano seguinte, rapidamente se esgotavam. Em certo momento já me conformava em ver, como sempre faço desde o final da década de 1980, as corridas em Interlagos da mesma forma como as demais etapas do calendário da F1: pela TV. No entanto, uma combinação de situações me pôs em contato com uma excursão de Pernambuco e em 2024 finalmente pude colocar meus pés no templo sagrado de Interlagos.

Já havia assistido corridas de forma presencial no surrado e resiliente circuito do Eusébio (outro autódromo correndo risco de desaparecer), tendo visto corridas de F3 e da Truck. Como me falou Márcio Madeira, para quem curte automobilismo, vale a pena ver uma corrida no autódromo pelo menos uma vez na vida para sentir toda a emoção do automobilismo. Porém, a F1 é muito diferente de tudo que já havia presenciado. O ronco do motor de um F1 está longe de arrebatar corações, mas quando me aproximava do portão do setor A de Interlagos e a primeira sessão de treinos livres já havia iniciado, escutei um carro passar. Senti o primeiro arrepio do final de semana. Quando finalmente entrei, quase quebrei uma regra, pois como criança, queria correr para ver a pista, não me importando muito se havia um procedimento para uma pessoa iria ingerir bebidas alcoólicas ou não. Então, vi uma Mercedes passando na minha frente. A sensação de velocidade era absurda, saindo do Café em direção a reta dos boxes. Parei e apenas curti. Como já havia experimentado em outros tipos de corridas, há uma mistura de sentidos quando um carro de competição passa na sua frente. Há a sensação de velocidade, há o som do carro e também o cheiro de gasolina de competição no ar. Mas com todo respeito aos F3 que havia assistido muitos anos atrás, não dá para comparar com um F1. Fiquei esperando passar cada carro de cada equipe, identificando um a um. Sim, tudo que havia visto pela TV estava passando na minha frente. O colorido dos carros e os capacetes, mesmo escondidos pelo Halo, eu também pude identificar. Para a minha sorte, as equipes não mudaram muito as cores dos carros, então vi o vermelho Ferrari, o preto/prata da Mercedes e por aí vai.

Fiz um cálculo de cabeça e provavelmente os carros passavam a mais de 300 km/h por ali. Fui explorar outros setores. Aproveitei minha altura e enxerguei outras partes da pista. A velocidade em que os carros fazem o Laranjinha é impressionante, com os bólidos no limite da aderência. Um fato que me chamou atenção foi a entrada dos boxes. Algo que pela TV é banal, ao vivo é algo que você respeita o que esses caras fazem. Os carros entram muito rápido e então freiam forte e vocês escuta as marchas baixando. Os estalos do motor. Então os carros fazem o Esse de alta antes de adentrar os pits. Acabou o treino. Adrenalina ainda a mil. Tirei algumas fotos, peguei algumas dicas de quem já havia vindo à Interlagos outras vezes. Uma delas falava do clima maluco que faz ali. Para quem vem do Ceará, frio não é algo comum, ainda mais com o sol forte que fazia no momento em que chegamos, mas já sabia que havia previsão de chuva para os três dias. Estava despreparado para o que viria. Na sexta à tarde, o tempo mudou radicalmente. Se não choveu, começou a ventar e esfriou repentinamente a ponto do cearense da gema aqui ficar com os braços cruzados. Fiquei mais próximo da pista, a velocidade dos carros é incrível.


No sábado pela manhã, o céu em São Paulo era tão limpo que até brinquei: Se o dia amanhece assim no Ceará, não chove de jeito nenhum. Mas estava a mais de 2.000 km da minha terrinha e a previsão de chuva era forte para mais tarde. Para a minha sorte, o hotel havia dado de brinde aos participantes da excursão uma capa de chuva. Levei por precaução. Não me arrependeria, pois a fama das quatro estações do ano aparecerem num mesmo dia em Interlagos é bastante real. Na largada da Sprint Race, com o sol ainda forte, fiz o que me disseram: fica perto do grid. Foram as melhores cenas que presenciei em muito tempo. Colado ao alambrado, nas últimas filas, vi as equipes esperarem os carros chegarem antes do grid e serem colocados em skates rumo ao seu respectivo colchete. Estava a pouco mais de dez metros de um carro de F1. Nesse momento também vi alguns personagens. Bottas e seus mullets chegando de patinete em alta velocidade. Ocon ficou bem próximo de mim, acenou para nós e me impressionei com a sua altura. O mesmo, só que inversamente, Tsunoda. Como é pequeno o japonês! Vi passar Ju Cerasoli e James Hinchcliffe através do grid, além de Jonathan Wheatley conversando animadamente com a turma da Racing Bulls, com Laurent Meckies ao lado. Quando os carros estavam para sair, Helmut Marko foi falar com Pérez e Tsunoda, nas últimas filas. Os carros saem para a volta de apresentação, mas o som está longe de ser ensurdecedor. Para quem ouviu os V10s, se dizia que o mundo parecia que iria acabar no momento da largada. E antes da largada da Sprint, outro momento especial. Os carros saem da curva do Café bem lentos e de repente, arrancam. O cheiro de gasolina de competição se misturava à borracha queimada.


Com dois telões, dá para ver a corrida muito bem, apesar de preferir ver o que se passava na pista. A torcida vaiava Verstappen, vibrava com Hamilton, mas a torcida argentina foi um capítulo à parte. Os vendedores ambulantes falavam em castelhano enquanto uma turba de argentinos passavam. A brincadeira que se fazia era que se Franco Colapinto for mesmo para a Red Bull em 2025, Interlagos teria mais argentino do que brasileiro. E como sabem torcer os argentinos! Vibravam quando Franco passava, mesmo o portenho tendo tido seu pior final de semana em sua curta carreira na F1. Será que os brasileiros farão o mesmo com Bortoleto ano que vem?

Depois da Sprint, o sol foi se escondendo aos poucos, mas nada dizia que uma tempestade de avizinhava. Na corrida da Porsche, que por sinal tem um ronco mais bonito que o da F1, o céu escureceu de uma vez e uma tromba d'água se abateu sobre Interlagos. Só depois soube que São Paulo havia parado. De longe dava para ver que a Curva do Lago fazia jus ao seu nome. Vai ter treino? Não vai? O chefe da excursão preferiu não arriscar e chamou todo mundo de volta. Sábia escolha. 


Com o tênis encharcado, meias idem e com o preço da capa de chuva pulado de dez para setenta reais, me preparei para a corrida. Mas será que vai ter corrida? O domingo amanheceu chuvoso, mas bem longe do toró de sábado. Por sinal, não parou mais de chover em São Paulo até a minha viagem de volta. E então tive a sorte de ver uma das melhores exibições individuais da história da F1. A classificação, no domingo muito cedo, foi tão atribulada que ainda assisti o final, com Norris na pole e Verstappen, ainda punido, saindo em 17º. Parecia que o campeonato iria ficar ainda mais aberto. Como escreveu muito bem Lucas Giavoni, vimos que mesmo a F1 sendo uma competição onde muitas vezes o resultado ainda depende do equipamento, o piloto ainda faz muita diferença e Max Verstappen fez um recital. Para quem estava no autódromo, era impressionante a facilidade com que o piloto da Red Bull deslizava nas condições traiçoeiras de Interlagos, enquanto Norris literalmente naufragava. A dupla da Alpine se destacou demais, mesmo que no momento de maior chuva, Ocon deu uma destracionada na minha frente que pensei que ele iria aquaplanar ali mesmo! Verstappen parecia de outra categoria, com ultrapassagens incríveis na freada para o Esse do Senna. E falando nele, outro arrepio que tive no final de semana foi quando Hamilton deu uma acelerada no miolo com o McLaren MP/5B depois da classificação. Muita gente chorando enquanto Lewis passava e passava rápido com a McLaren de Senna, muito presente em Interlagos. Pena, que nada se falou sobre os 50 anos do bicampeonato de Emerson Fittipaldi...

Quando Max tomou a liderança, ele começou a marcar volta mais rápida em cima de volta mais rápida. No começo, ninguém se impressionou muito, mas na medida em que ele passava e o telão mostrava outra volta mais rápida, começaram a surgir os 'oh'. Eu mesmo exclamei: ele agora tá só brincando! Os apupos se transformaram em aplausos de respeito quando Max Verstappen cruzou na nossa frente pela última vez. Fora uma exibição de gala. E eu estava lá!


Ao falar para o pessoal da excursão que era a minha primeira vez na F1, muita gente falou que eu iria me viciar que voltaria sempre. A organização da excursão foi espetacular e a turma de Caruaru foi muito receptiva, porém, a organização do Grande Prêmio... Por estar no autódromo, tive pouco acesso às redes sociais e por isso não vi as reclamações, mas era flagrante as falhas. Uma fila quilométrica fez que muita gente no sábado não visse nenhum carro de F1. Apenas um portão no Setor A funcionava, mas o que mais me preocupava era a saída. Um efeito funil e um portão estreito me causava calafrios caso precisasse uma evacuação de emergência. Dentro de Interlagos, o desconforto era totalmente desproporcional ao preço que você paga para estar lá. As arquibancadas não tem assento e por isso, você fica a maior parte do tempo em pé. Tudo extremamente caro. Uma camisa oficial de uma equipe custava 'módicos' 800 reais. Um boné? 500 pilas. Para comer e beber, além de caro, faltava opção e por isso, fiquei sem almoçar os três dias de evento. Não sei se foi algo específico desse ano, mas soube depois que as reclamações foram gigantescas e no domingo, pelo menos abriram um portão a mais e a fila foi menos traumática...

No entanto, o último arrepio que senti e esse foi o mais forte, foi quando saía de Interlagos depois da corrida (Não arrisquei invadir a pista...). Eu tinha conseguido realizar meu sonho. Aqueles carros e pilotos que via apenas pela TV, tinha visto com meus próprios olhos. Senti o que era a velocidade de um carro de F1 e até senti seu cheiro. Pelo investimento feito, talvez o perrengue era grande demais, mas isso não importava muito. Indico demais para todo fã de F1 que, se puder, vá pelo menos uma vez à Interlagos. 

Vale a pena!

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Teremos Brasil


 Após um hiato de sete anos, o Brasil voltará a ter um representante full-time na F1. Foram semanas de muita especulação e mesmo com a Sauber sendo a pior equipe da F1 atual, sua vaga era a única que Gabriel Bortoleto poderia sonhar em correr na F1 em 2025. Foi uma disputa que envolveu vários pilotos, mas a lógica prevaleceu e Gabriel será o 33º piloto brasileiro a correr de F1.

A chegada de jovens pilotos impressionando em suas corridas iniciais na F1 certamente ajudou a causa de Bortoleto. Bearman, Lawson e Colapinto impressionaram em suas estreias na F1, indicando que a categoria passa por uma benvinda renovação e que mesmos pilotos que não foram multi-campeões nas categorias de base podem fazer a diferença. Já Bortoleto é um piloto consagrado nas categorias de baixo. Campeão em sua estreia na F3, Gabriel começou sua carreira na F2 impressionando a todos, incluindo uma vitória histórica em Monza, largando de último rumo à primeira posição. Contratado pela McLaren, Gabriel sabia que dificilmente encontraria lugar na equipe de Zak Brown, mesmo tendo uma carreira que lembra bastante Oscar Piastri, dito e havido como o próximo talento geracional da F1.

Mesmo apadrinhado por Alonso, Bortoleto sabia que a vaga de Aston Martin nunca seria sua, por causa do encosto chamado Lance Stroll. Restou ao brasileiro olhar para as demais equipes e rapidamente surgiu o cockpit da Sauber. Pelo terceiro ano contando com os insossos Valtteri Bottas e Guanyu Zhou, o time que foi comprado pela Audi passa por um momento complicado, apenas um ano antes da equipe mudar de nome definitivamente para a montadora alemã. Já tendo contratado o experiente Nico Hulkenberg, era evidente que o outro piloto dos alemães seria um jovem, mas o surgimento de Colapinto, além da eterna (e será assim, pelo jeito) Mick Schumacher colocavam dúvidas para quem acompanhava a negociação entre Sauber e Bortoleto, sem contar o vínculo com a McLaren.

Sem querer atrapalhar o pupilo, a McLaren liberou Bortoleto para assinar com a Sauber, algo anunciado nessa manhã. Certamente uma vitória para o automobilismo brasileiro e para Gabriel, que felizmente não passará pelo suplício de Felipe Drugovich, campeão de F2 e sem chances na F1. Porém, a torcida brasileira terá que ter bastante paciência com o primeiro ano de Bortoleto. A Sauber não dará um pulo de uma hora para outra e provavelmente ficará no pelotão intermediário em 25. Não poderá faltar apoio para Bortoleto, mesmo com resultados tímidos no início, mas também Gabriel precisará de resultados acima do normal, como fizeram os jovens que estrearam mais cedo, para impressionar e solidificar sua chegada à F1. E que sua estadia seja bem longa na F1!  


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Figura(BRA): Max Verstappen

 O que dizer de um piloto que largou em 17º e venceu com 20s para o segundo colocado? Ah, Max teve sorte com a bandeira vermelha. Sim, a sorte dos campeões! Verstappen quebrou uma seca de dez corridas para vencer numa exibição histórica em Interlagos, onde não colocou a roda fora do lugar em nenhum momento das 69 voltas da corrida, imprimindo um ritmo inacreditável, colocando o neerlandês não apenas no caminho do tetracampeonato, como colocando Max Emilian Verstappen em outro patamar dentre os gigantes da história da F1.

Figurão(BRA): Lance Stroll

 Mesmo Lando Norris merecesse estar por aqui por causa da rateada na corrida, que lhe custou o campeonato e muito provavelmente sua grande chance de ser campeão, Lance Stroll conseguiu ser ainda mais presepeiro em Interlagos. O canadense destruir carros para que seu pai conserte já é algo normal na F1 atual, mas em Interlagos Lance se superou numa pane mental histórica, que já lhe jogou no folclore do Grande Prêmio do Brasil. Depois de ter batido seu Aston Martin na caótica classificação realizada no domingo, Stroll saiu com seu carro consertado para a volta de apresentação e na freada para a curva do Lago, perdeu o controle do seu carro. Isso por si, já seria mais do que suficiente para deixar Stroll aqui, mas o que veio a seguir foi o motivo dele estar por aqui. Tentando colocar seu carro na pista, Lance resolveu passar por cima de uma caixa de brita. Mesmo molhada, uma caixa de brita é mais do que suficiente para atolar o carro. Algo óbvio e banal. Não para Stroll, que atolou seu carro de forma ridícula na frente da torcida, que não perdoou a presepada e gritou 'Drugo', enquanto Lance olhava todo o trabalho dos seus mecânicos ir embora por um erro inacreditável. Por mais que sejam bem pagos, os mecânicos da Aston Martin tem a certeza de algo que muitos já sabem: Lance Stroll não pertence à F1.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Figura(MEX): Carlos Sainz

 Nas últimas semanas Carlos Sainz declarou que ainda queria uma vitória pela Ferrari nessas últimas provas com o time italiano. Além de querer sair por cima, Sainz sabe muito bem que dificilmente terá chances de vitória em condições normais nos próximos dois anos, com a Williams. E o espanhol cumpriu o prometido com categoria! Sainz esteve sempre entre os mais rápidos nos treinos e conseguiu uma pole enfática no sábado. Uma má largada, somada a agressividade desmedida de Max Verstappen deixou Sainz em segundo, mas numa manobra audaciosa, o espanhol ultrapassou Max e rumou para uma vitória enfática. Pela primeira vez na carreira Carlos Sainz venceu mais de uma corrida de F1 numa mesma temporada, indicando que merecia algo melhor do que um lugar na Williams em 2025.

Figurão(MEX): Sergio Pérez

 Está difícil tirar Checo dessa parte da coluna... Correndo em casa, Sérgio Pérez teria sua enésima chance de convencer a cúpula da Red Bull e cumprir o contrato com ele para o próximo ano, no mínimo, mas Checo teve outro final de semana calamitoso e nem mesmo o apoio da torcida e do seu principal mecenas, Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, adiantou. Logo de cara Pérez caiu no Q1 na classificação, fazendo-o largar das últimas filas, aumentando de antemão seu trabalho no domingo, só que Pérez piorou sua situação ainda mais ao estacionar seu carro fora do colchete no grid de largada, lhe rendendo de cara uma punição de 5s. Para completar, Pérez se envolveu num incidente polêmico com Liam Lawson, seu pretenso sucessor no cockpit da Red Bull, demonstrando até mesmo um certo desespero quando se viu em disputa com o neozelandês. Pérez forçou uma ultrapassagem para lá de otimista e tudo que conseguiu foi toques com Lawson e danificar seu carro, fazendo com que Pérez terminasse sua prova caseira em último. Depois da corrida, Christian Horner admitiu o óbvio, de que a 'F1 é baseado em desempenho e que medidas duras teriam que ser tomadas'. Recado mais claro que esse, impossível.

domingo, 27 de outubro de 2024

Cumprindo promessas

 


Com o final do ano se aproximando e da mesma forma alguns contratos na F1, os pilotos começam a se preparar para despedidas. Nas últimas semanas, Carlos Sainz falou algumas vezes que queria uma vitória nessas últimas provas que está fazendo com a Ferrari. O espanhol sabe que sua ida à Williams em 2025 significará o fim do seu período como piloto de uma equipe de ponta e Sainz quer sair por cima da Ferrari. No Circuito Hermanos Rodríguez, Carlos Sainz cumpriu sua promessa. O espanhol venceu com autoridade o Grande Prêmio da Cidade do México, ajudando a Ferrari no Mundial de Construtores, numa corrida marcada por outra briga polêmica entre Verstappen e Norris.


Havia alguma perspectiva de chuva para a hora da corrida e em alguns momentos o céu ficou bem escuro, mas não caiu nenhum pingo no bairro de Granjas México. Mesmo com a pouca aderência por causa do baixo downforce devido a altitude, todos falavam em parar apenas uma vez e afora um ou outro piloto, praticamente todo o grid partiu para a tática de uma única parada. Com a primeira curva bem distante do lugar da largada, combinado com uma reta bem larga, a largada no México sempre foi dos momentos mais tensos da corrida chicana. O pole Carlos Sainz não saiu muito bem e mesmo Verstappen saindo do lado sujo da pista, o neerlandês se colocou ao lado do espanhol no aproche da primeira curva. Norris também largou bem, mas se posicionou mal para a freada, ficando logo atrás de Verstappen, bem por dentro da primeira curva. Sainz já havia demonstrado sua força em todo o final de semana mexicano e queria manter seu bom posicionamento e mesmo por fora, freou forte, mas Verstappen alargou a primeira curva e jogou Sainz para fora da pista, que foi pela grama para evitar o toque. O espanhol da Ferrari passou reto na primeira chicane e teve que devolver a posição para Verstappen. Era mais um episódio do que foi bastante falado na semana entre Austin e Cidade do México: a pilotagem de Max Verstappen.


O piloto da Red Bull nunca foi 'dócil' nas disputas de posição, mas inferiorizado tecnicamente no momento, Verstappen passou a jogar duro, principalmente nas disputas com Lando Norris, seu mais próximo perseguidor pelo título de 2024. O incidente entre Tsunoda e Albon na primeira curva trouxe o único safety-car do dia, mas na relargada ficou claro que Sainz tinha bem mais ritmo do que Max. E querendo dar o troco na disputa na primeira curva, Sainz efetuou uma manobra audaciosa na mesma curva em que foi trancado por Verstappen. Com o DRS liberado e ainda longe de Max, Sainz jogou seu carro por dentro, não dando maiores chances de defesa à Max, que pareceu surpreso. Ou ardiloso. O terceiro colocado era Lando Norris e Max teria outra oportunidade em se impor sobre seu rival. Rapidamente Lando encostou em Verstappen e na curva 3, espremeu de forma descarada Norris a ponto do piloto da McLaren sair da pista e voltar na frente de Sainz. Devolvida à posição ao ferrarista, Norris pretendia fazer o mesmo com Max, mas o piloto da Red Bull jogou seu carro num local de dificílima ultrapassagem, resultando nos dois saindo da pista e Leclerc completando a dobradinha da Ferrari. Norris ficou uma arara com a defesa de posição tresloucada de Verstappen, mas a FIA precisava de respostas depois das críticas pela não-punição de Verstappen na primeira curva de Austin. E não se pode acusar a FIA de ter aliviado para Max no México. Pelas duas situações onde Lando foi parar fora da pista pelas manobras de Verstappen, o piloto da Red Bull tomou 20s de punição, terminando qualquer chance para Max de almejar algo a mais na corrida, em condições normais. Verstappen terminou num longínquo sexto lugar, um minuto atrás do vencedor Sainz e, mais preocupante ainda, apenas 4s na frente da Haas de Magnussen. As manobras fortes de Verstappen serão mais uma motivo de discussão na F1, mas será que Max já está indo longe demais em suas disputas com Lando?


Com toda esse melê entre Max e Lando, Carlos Sainz e Charles Leclerc se isolaram ainda mais na ponta. Norris ficou todo o primeiro stint atrás de Verstappen, provavelmente não querendo arriscar outra situação perigosa contra Max, mas isso finalizou qualquer chance de Norris vencer. Quando os pilotos pararam e Max ficou parado quase eternamente para cumprir sua penalização, Norris se tornou o piloto mais rápido do grid e paulatinamente foi recortando sua desvantagem para Leclerc. Sainz estava tão tranquilo na frente que chegou a estranhar o ritmo forte imposto por Charles, em sua tentativa de escapar de Norris. Nas últimas voltas, Lando encostou de vez em Charles, mas nem precisou brigar pela posição, pois Leclerc fez o serviço sozinho ao quase bater na última curva e ceder de graça a segunda posição, fazendo com que Norris ganhasse mais alguns pontos para Verstappen no campeonato, diminuindo a desvantagem para menos de cinquenta pontos. Leclerc ainda salvou a lavoura com a melhor volta da corrida ao fazer um pit-stop para colocar pneus macios, mas nada poderia eclipsar a vitória de Sainz. O espanhol dominou a corrida com autoridade, mesmo que levantando a hipótese do motivo de Sainz não ter mais corridas como a de domingo. Apesar de perder a dobradinha no final da corrida, a Ferrari não tem do que reclamar desse final de semana, pois os italianos não apenas tiraram a Red Bull do segundo lugar do Mundial de Construtores, como encostaram na McLaren. E como o ritmo que a Ferrari está impondo nas últimas corridas, não seria surpresa os tifosi comemorando pelo menos um título no final do ano.


Lando tirou alguns pontos no campeonato, mas ver a Ferrari tão forte nesse momento pode lhe atrapalhar em sua caçada em cima de um cada vez mais agressivo Max Verstappen. Com a queda de Piastri no Q1 na classificação, Lando não pôde contar com os préstimos do australiano, que finalizou a corrida apenas em oitavo, depois de uma discreta corrida de recuperação, também não ajudando muito a McLaren em sua luta, agora, com a Ferrari. Pelo menos Andrea Stella pode olhar para Christian Horner e dizer nesse final de semana que eles estavam junto, pois Sergio Pérez teve uma corrida pífia, onde largou fora do colchete, lhe garantindo logo de cara 5s de punição, se envolveu num incidente de corrida com Lawson que se fosse em outros países lhe garantiria mais uma punição, além de outro toque com Stroll em situação parecidíssima com Liam. Mesmo com todas essas passadas de mão na cabeça, Checo não teve ritmo para sequer pontuar e sendo o único a fazer três paradas, terminou na última posição em sua corrida caseira. Um claro revés em sua tentativa de se manter na Red Bull, algo que mesmo com contrato renovado, não deve se materializar para Pérez. A Mercedes teve uma corrida solitária entre seus dois pilotos, onde Hamilton largou melhor do que Russell, mas foi ultrapassado pelo compatriota. Depois da parada dos dois, a asa dianteira de George sofreu um dano, permitindo a aproximação de Lewis, que demorou várias voltas para efetuar a ultrapassagem que lhe garantiu o quarto lugar, bem longe do pódio.


Desde a chegada da Toyota a Haas vai se consolidando como a melhor do resto, com seus dois pilotos não perdendo tanto rendimento em ritmo de corrida. No primeiro stint, Magnussen e Hulkenberg acompanharam de perto a dupla da Mercedes e o danês chegou relativamente próximo de Verstappen na bandeirada e não permitindo qualquer ataque de Piastri nas voltas finais. Um ótimo avanço para a Haas para ser sexta colocada no Mundial de Construtores, ainda mais com a Racing Bulls não marcando pontos. Tsunoda tocou duas vezes com Albon antes de dar uma pancada com mais força na Williams e bater forte na primeira curva. Lawson tentou emular a tática de Austin, mas não contou com o toque recebido pela Williams de Colapinto nas voltas finais, que lhe rendeu uma troca de asa dianteira. O argentino foi um dos últimos a fazer o pit-stop, mas não teve fôlego para buscar pontos. Dessa vez Gasly se manteve entre os dez primeiros depois de largar no top-10, marcando o último ponto do dia e terminando um longo jejum da Alpine, que não marcava ponto a mais de três meses. Fernando Alonso comemorou seu 400º GP de forma nada gloriosa, abandonando ainda no começo da corrida com problemas em seu Aston Martin.


Sainz venceu pela segunda vez em 2024 e pela primeira vez consegue mais de uma vitória num ano. Carlos sabe que dificilmente, em condições normais, vencerá nos próximos dois anos e por isso o espanhol queria tanto a vitória. A Ferrari tem a faca e o queijo na mão para conquistar o Mundial de Construtores, mesmo com seus dois pilotos oscilando tanto. Novamente Verstappen mostrou-se um piloto acuado e para se manter por cima no campeonato, se vale de manobras agressivas em cima dos rivais, principalmente Norris, que chega num momento crucial da carreira, onde precisa de impor em algum momento sobre Max, sem arriscar um abandono que pode ser crucial em sua luta pelo título. Esse final de campeonato será bem interessante. 

Algumas verdades

 


O Grande Prêmio da Tailândia da MotoGP mostrou algumas verdades para a categoria já para 2025. Afinal, para perder o título de 2024, Jorge Martin terá que vacilar de forma inacreditável. E olhando o histórico de vacilos do espanhol, isso não é algo a ser descartado...

Na molhada pista de Buriram, Francesco Bagnaia mostrou toda a força da Ducati, talvez uma das melhores motos da história da categoria rainha do Mundial de Motovelocidade. Bagnaia venceu pela nona vez em 2024, mais do que em seus dois títulos na MotoGP, mas ainda mantém uma desvantagem de dezessete pontos no campeonato. A verdade foi que Pecco se escorou na potência da Ducati e a força da equipe oficial para se manter na briga pelo título. O italiano cometeu erros demais para um bicampeão da MotoGP e piloto oficial da montadora dona da melhor moto do pelotão. Bagnaia poderá entrar para a história como um dos multi-campeões menos respeitados do Mundial de Motovelocidade.

Jorge Martin se aproveitou dessa situação otimizando sua pilotagem bem mais exuberante que Bagnaia. O espanhol foi bem mais cerebral do que ano passado, quando perdeu o foco quando era claramente o piloto mais rápido do pelotão. Martin chegou em segundo lugar após perder a ponta por causa de um erro e teve paciência em ficar pressionando Márquez até o compatriota cair. Martin poderá ser campeão com uma equipe satélite pela primeira vez desde 2001 com Valentino Rossi. No entanto o não-passo para a Ducati oficial ocasionou uma série de fatos que poderá atrapalhar todo esse feito. Ao ser preterido por Márquez, Martin assinou com a Aprilia, que não vem em boa fase e a Pramac saiu da Ducati para a Yamaha, que ainda tenta lembrar dos bons tempos. O ano seguinte dos campeões, caso Martin não pise no tomate nas provas finais, tende a ser muito complicado.

E por último, Marc Márquez, mesmo caindo pela enésima vez na temporada, mostra que é o favorito ao título de 2025. Quando estiver de vermelho da equipe oficial, Márquez terá todo o apoio da Ducati e pelo que vem mostrando com a Gresini e a moto do ano anterior, Marc terá todas as condições de bater Bagnaia na outra Ducati oficial, além de sobrepujar um fragilizado Jorge Martin. Marc é diferenciado, o mesmo valendo para Pedro Acosta, terceiro colocado hoje e melhor piloto da KTM, derrotando os dois pilotos oficial da montadora nas voltas finais. Essas verdades já podem ser confirmadas na próxima etapa, quando Martin poderá se sagrar campeão antecipado em Sepang.   

sábado, 26 de outubro de 2024

Ferrari cresce com o piloto errado

 


O ano de 2024 mal havia começado e Carlos Sainz sabia que estava fora da Ferrari para 2025, precisando procurar um lugar e para isso, mostrou muito serviço, principalmente no primeiro terço da temporada, contudo, rendendo apenas um lugar na Williams para a próxima temporada. Nas últimas semanas o espanhol externou sua vontade de sair da Ferrari com mais uma vitória antes da despedida e na Cidade do México, Sainz mostrou todo o crescimento da Ferrari com uma bela classificação e uma demonstração de força frente à Leclerc, piloto que ficará com os italianos no próximo ano.

A classificação no Circuito Hermanos Rodríguez teve início com muita festa para Sergio Pérez, mas dezoito minutos depois o mexicano já estava fora do carro, lamentando outro resultado horroroso. Mesmo com seus mecenas anunciando que Checo estará com a Red Bull em 2025, a situação do mexicano se complica mais e mais. Esse revés na frente de sua torcida é apenas mais um capítulo da carreira de Sergio Pérez se desmilinguindo na frente de todos. Menos mal para Checo é que ele teve companhia ilustre, com a desclassificação de Oscar Piastri, depois do australiano ter liderado o TL3, mas um erro de Oscar o fez amargar outra eliminação no Q1. Max Verstappen teve uma sexta-feira para esquecer, com problemas no motor e no freio do seu Red Bull, mas o neerlandês ia se mantendo na luta pela volta mais rápida, que tinha a Ferrari muito bem, mas com Sainz mais rápido do que Leclerc. 

O Q3 viu uma briga equilibrada entre Ferrari, Verstappen e Norris, com Max tendo o dissabor de ter sua primeira volta no Q3 deletada pelos track limits. Leclerc não conseguia acompanhar Sainz, que melhorou ainda mais seu tempo para uma pole forte, enquanto Max tirava tempo não se sabe de onde para ficar com a primeira fila, superando mais uma vez Lando, apenas terceiro. A longa reta antes da freada da primeira curva pode deixar a luta pelo melhor posicionamento no primeiro stint bem imprevisível, mesmo com a Ferrari crescendo nesse último terço de campeonato.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Figura(EUA): Liam Lawson

 O neozelandês já havia mandado seu recado quando substituiu Daniel Ricciardo por algumas corridas no ano passado, mas de forma inacreditável, a cúpula da Red Bull decidiu manter Liam Lawson na reserva de Ricciardo na nova Racing Bulls. A esperança de Horner era que o australiano performasse a ponto de convencer o resto da cúpula da Red Bull a trazer Ricciardo para o lugar de Pérez na equipe principal da Red Bull, mas a realidade é que se Checo não está fazendo por onde estar na Red Bull, Ricciardo foi ainda pior e apenas perambulava no meio do pelotão, dando a pinta de ser um 'ex-piloto em atividade'. A demissão de Ricciardo até demorou, principalmente com o que Lawson fez em Austin. O jovem oceânico marcou o terceiro melhor tempo do Q1 e tendo que largar em último por troca de motor, Lawson fez uma corrida de recuperação de manual, escalando o pelotão com pneus duros e fazendo um enorme undercut que surpreendeu até mesmo seu companheiro de equipe Tsunoda, fazendo com que Liam retornasse à F1 na zona de pontuação e mostrando que a Racing Bulls perdeu bastante tempo fazendo aposta no café requentado que foi Ricciardo. 

Figurão(EUA): FIA

 Novamente a dona FIA aparece nessa parte da coluna por aqui. E novamente pela falta de critério em distribuir penalizações aos pilotos, além de modificar o resultado da pista e como consequência, mudar o panorama do campeonato. O pior dessas situações é que na maioria das vezes as situações são semelhantes, mas os resultados são tão díspares, que fazem todos os envolvidos na F1 clamar por algum critério nas punições (ou não-punições) aos pilotos ao longo das corridas, mas se há um critério entre os comissários de pista da FIA é... não ter critério!

domingo, 20 de outubro de 2024

Dois pesos, duas medidas

 


Lando Norris largou da pole muito bem e se colocou por dentro na primeira curva, mas Max Verstappen foi mais por dentro ainda numa manobra bastante agressiva do neerlandês da Red Bull. A manobra de Max o fez espalhar e levar Norris consigo, ambos indo para fora da pista, mas com Verstappen tendo a vantagem, mesmo que significasse que Leclerc assumisse a ponta da corrida rumo à uma vitória enfática, com Sainz completando a dobradinha da Ferrari. Cinquenta e três voltas depois, Norris vinha com mais ritmo com pneus duros e tendo parado depois de Verstappen. Após tentativas infrutíferas quando teve o DRS à disposição, Lando se colocou por fora e chegou ao grampo da curva 11 na frente, mas Verstappen freou tarde, fazendo com que os dois saíssem da pista. A diferença entre as duas manobras foi que Max saiu ileso da manobra da primeira curva e Norris tomou 5s por ter completado a ultrapassagem por fora, fazendo Lando sair do pódio. Mais uma polêmica entre os dois com a sensação de julgamentos distintos em situação parecidas, num dia dominado pela Ferrari.


O sol apareceu forte em Austin e mesmo a pista texana tendo parte do seu traçado recapeado, se falava abertamente em duas paradas para todo mundo, ainda mais com o aumento de temperatura. A Ferrari tinha mostrado na Sprint de sábado um ritmo fortíssimo de corrida, mas como normalmente acontece na F1 atual, o posicionamento faz toda a diferença e se Max manteve a ponta na largada da Sprint rumo à vitória, Norris tentaria algo semelhante, mesmo a McLaren não sendo tão forte em Austin como fora em outras pistas. Lando largou bem, afastando um poucos alguns fantasmas que lhe atormentavam, mas o dilema do inglês é ter que enfrentar um peso-pesado da história da F1 como Max Verstappen. O piloto da Red Bull efetuou uma manobra agressiva, indo ainda mais por dentro do que Lando, que se aproximava do apex da primeira curva já com seu McLaren bem à esquerda. Pela física, a manobra de Max Verstappen o faria 'embarrigar' a curva e com Lando ao seu lado, o neerlandês levaria o seu rival consigo para fora da pista. Não houve toque, mas com ambos fora da pista, o quarto colocado do grid Charles Leclerc viu uma avenida se abrir à sua frente para assumir a ponta da corrida. Sainz só não seguiu a mesma avenida, pois se viu preso atrás da dupla que lidera o campeonato, mas o espanhol ainda teve como ultrapassar Lando, deixando o inglês que largara na pole em quarto, sendo seguido por Piastri, que a muito custo segurou a quinta posição dos ataques de Pierre Gasly.

O primeiro safety-car na F1 em dez corridas trazido por um irreconhecível Lewis Hamilton não mudou o panorama da prova, mesmo que Leclerc tenha relargado com Verstappen mais próximo do que o desejável pela cúpula ferrarista. Rapidamente Charles abriu uma boa vantagem sobre Max, corroborando com as expectativas de que a Ferrari tinha um ritmo muito forte em Austin. Sainz chegou a relatar problemas e até um cheiro de combustível no cockpit, mas se manteve sempre próximo de Max, enquanto a dupla da McLaren fazia uma corrida para lá de discreta. Enquanto haviam algumas brigas no pelotão intermediário, os primeiros colocados se mantinham estáticos, esperando para a primeira rodada de paradas, onde o undercut em Austin faria muita diferença. Como sempre acontece nesses casos, parar cedo demais poderia ser cobrado um preço mais à frente, mas Sainz parou já nas proximidades da metade da corrida e como o espanhol saiu dos pits com pneus duros, a estratégia para todos era clara: uma única parada.


Traumatizado pelas costumeiras bobagens que a Ferrari fez, Leclerc se preocupou com a sua parada, mas nada pôde impedir a vitória do monegasco, que se igualou à Norris com três vitórias no campeonato e ainda sonha com o vice-campeonato. A parada mais cedo de Sainz valeu a pena, pois com Verstappen mais preocupado em marcar Norris parando mais tarde, o espanhol emergiu confortavelmente na frente de Max e completou uma bela dobradinha da Ferrari na tarde texana. Porém, o último lugar do pódio ainda teria disputa. A dupla da McLaren retardou ao máximo sua parada e quando Norris saiu dos pits 6s atrás de Max, essa vantagem evaporou-se rapidamente. Verstappen não tinha o mesmo desempenho com os pneus duros e a aproximação de Norris indicava para uma ultrapassagem tranquila do inglês. Matematicamente, chegar uma posição atrás de Norris não faria tanta diferença para Verstappen, mas assim como acontecera na Áustria, Max queria marcar território na luta contra Norris e transformou as últimas voltas do Grande Prêmio dos Estados Unidos nas mais tensas das últimas semanas. Inicialmente Norris tentou usar o DRS ao seu favor, mas Verstappen se defendia perfeitamente, colocando seu carro no lugar certo e cortando a frente de Lando em defesas fortes, mas longe de serem desleais. Norris tinha mais carro, mas lhe faltava o 'instinto assassino' de outros grandes campeões, mas a chance veio finalmente na volta 53, quando Lando apontou na reta oposta mais próximo. Se na primeira volta Max não teve pudor em ficar no limite da curva por dentro, Norris preferiu usar a força do motor e do DRS para tomar a posição por fora. Um erro até mesmo juvenil. Verstappen freou tarde e como na primeira curva, 'embarrigou' a curva e ambos saíram da pista. Com mais ação, Norris completou a ultrapassagem, mas ficou a dúvida: Lando deveria ou não devolver a posição? A McLaren resolveu deixar como estava, enquanto a Red Bull contou com uma carta dentro da manga: Norris já tinha excedido os limites mais de três vezes. Antes da bandeirada, sem muito tempo para Norris abrir os 5s suficientes, foi anunciado a punição ao representante da McLaren, que desceu uma posição e perdeu mais alguns pontinhos preciosos no campeonato. Além de criar mais uma polêmica entre Max e Lando. Porém, fica mais um ponto: será que Max não poderia ter recebido o mesmo castigo de Lando pela manobra da primeira volta?


No campeonato, Max Verstappen sorri com a sua vantagem aumentando no momento mais agudo do campeonato e o neerlandês não demorará a fazer contas de quando poderá conquistar o Mundial de Pilotos. A Red Bull melhorou, sim, no final de semana em Austin, mas isso não fez com que Sérgio Pérez evoluísse suas atuações apáticas dos últimos meses, com o mexicano perdendo a sexta posição para Russell na última volta. Com a dobradinha da Ferrari e Oscar Piastri chegando logo atrás de Norris, a Red Bull viu sua desvantagem para a McLaren ficar estável, mas tem a Ferrari meros dez pontos atrás. Com os italianos embalados e uma dupla muito mais homogênea que a Red Bull, literalmente carregada nas costas por Max Verstappen. Russell largou dos boxes pelo acidente na classificação e mesmo recebendo uma punição para lá de questionável, o inglês subiu para sexto, num final de semana muito melhor que o de Hamilton, que esteve simplesmente irreconhecível.


Na famosa luta pelo melhor do resto, Nico Hulkenberg garantiu o oitavo lugar e bons pontos para Haas em casa, na semana em que a Toyota anunciou uma parceria técnica com os americanos. Ainda longe do envolvimento da gigante japonesa no começo desse século, mas não deixa de ser uma volta da Toyota à F1. Depois do veterano alemão, a turma jovem fez a festa. Liam Lawson fez em uma corrida o que Daniel Ricciardo não fez dezoito. Largando em último pela troca de motor, Lawson saiu com pneus duros, escalou o pelotão com galhardia e ultrapassando seu novo desafeto Alonso com maestria e quando colocou pneus médios, voltou à frente de Tsunoda, que ficou incrédulo com o undercut do neozelandês, que em sua primeira corrida em 2024, colocou a Racing Bulls nos pontos, à frente da sensação portenha Franco Colapinto, que ontem já tinha atropelado Alexander Albon na classificação e na corrida mostrou um ritmo bem melhor e com uma estratégia parecida com a de Lawson, garantiu o pontinho derradeiro do dia. O veterano Alonso se viu ultrapassado por dois pilotos com praticamente a metade da sua idade e com a Aston Martin esperando o mago Adrian Newey, se viu completamente perdido em Austin. Com um carro camuflado de McLaren, a Alpine teve esperanças com a boa classificação de Gasly, mas um péssimo pit-stop e a falta de ritmo significou mais uma corrida fora dos pontos. A Sauber... bom, a Sauber fez mais do mesmo, mas a verdade é que Colapinto está fazendo muito para estar nessa vaga, restando à Bortoleto vencer a F2.


 Em mais uma corrida com polêmicas fora das pistas, a Ferrari surpreendeu a todos com um ritmo dominador e venceu mais uma em 2024, completando a primeira dobradinha nos Estados Unidos em dezoito anos. Leclerc está mais perto de Norris, do que Lando estar na briga pelo título, ainda mais se a McLaren não se recuperar de um final de semana onde esteve longe da vitória. No campeonato, mesmo não vencendo desde junho, Max Verstappen deu mais um passo decisivo rumo ao tetracampeonato. 

sábado, 19 de outubro de 2024

Salvo por George

 


O final da classificação em Austin prometia ser bem interessante e redentor para Max Verstappen. O neerlandês tinha marcado o tempo mais rápido para a Sprint e dominado a mini-corrida, indicando que a Red Bull, após longo inverno, parecia voltar aos tempos em que brigava por vitórias. Já a McLaren tinha seu pior final de semana em muito tempo e Lando Norris ainda perdera o segundo lugar na Sprint por um inspirado Carlos Sainz na última volta, minando ainda mais o psicológico do inglês. Porém, Lando liderava o Q3 no momento em que os pilotos partiam para as suas voltas finais e Verstappen era claramente o mais rápido, mas uma saída de pista de Russell salvou a pole de Lando.

A classificação em Austin, com as equipes pudendo experimentar muito pouco pelo final de semana mais curto por causa da Sprint, teve a surpreendente eliminação de Hamilton ainda no Q1, que com sua má volta ainda deletada pelos famigerados 'track limits', deixou o inglês na última fila. Mais um final de semana decepcionante para Lewis, que viu Russell ir facilmente ao Q3, mesmo que o desempenho da Mercedes esteja aquém no final de semana texano. Destaque para a ótima volta de Liam Lawson, que retornou à F1 no lugar de Daniel Ricciardo na Racing Bulls. Depois de um entrevero com Alonso na Sprint, o neozelandês conseguiu um P3 no Q1, superando por muito Tsunoda. Um desempenho que Ricciardo não conseguiu em 2024.

Verstappen fazia um final de semana que lembrava, como ele mesmo falou, 'os velhos tempos', quando dominou com a Red Bull. O neerlandês vinha dominando a classificação da mesma forma como fizera na Sprint mais cedo, mas Norris surpreendia ao ser o mais rápido na primeira rodada do Q3. Max estava mais rápido, mas Russell bateu forte em sua volta e a bandeira amarela resultante praticamente terminou o treino ali. Norris ficou com a pole, mas Verstappen nem parecia muito triste. O ritmo de corrida da McLaren não parece promissor e muito provavelmente o maior rival de Max seria a Ferrari, que completou a segunda fila, com Sainz superando Leclerc. Com Verstappen largando na primeira fila e com um ritmo melhor do que Lando, demonstra a pole de Norris foi garantida mais por Russell.   

O que estou fazendo aqui?


 Nesse sábado, o turco Toprak Razgatlıoğlu conquistou seu segundo título do Mundial de Supebike com um segundo lugar na primeira corrida de Jerez, em corrida vencida pelo vice-campeão Nicolo Bulega, da Ducati. Dono de uma tocada impressionante, Toprak chegou a fazer um teste com a Yamaha na MotoGP quando foi campeão na montadora japonesa e pelo o que se falou, não chegou a impressionar. O turco se mudou para a BMW de forma surpreendente e logo no primeiro ano, conquistou o primeiro título da montadora bávara no WSBK pilotando o fino. Aparecem notícias aqui e ali de uma mudança para a MotoGP de Toprak Razgatlıoğlu, algo que pelo o que anda e o fato de estar um nível acima dos pilotos da Superbike, deve ser algo breve.

domingo, 6 de outubro de 2024

Big One histórico

 Big One sempre acontece nas corridas com placa restritora nos super-ovais da Nascar, mas o de hoje em Talladega entrou para a história, onde basicamente 90% do pelotão se envolveu. 


Que vença o menos pior

 


A MotoGP está vivenciando um dos campeonatos com nível mais baixo dos últimos tempos. Sim, os protagonistas são os mesmos do ano passado, mas o atual bicampeão Francesco Bagnaia e o desafiante Jorge Martin disputam um campeonato onde erros e quedas serão fatores preponderantes para definir o título de 2024 e não ritmo de corrida e velocidade. Bagnaia chegou à oitava vitória na temporada em Motegi, tendo mais vitórias do que no ano do seu título e ainda assim o italiano ainda tem dez pontos de desvantagem para Martin. O motivo é bem simples, com Pecco sofrendo várias quedas ao longo do ano, minando sua defesa do campeonato. E Martin só não está mais à frente por ter caído um pouco menos. Em Motegi, o espanhol caiu na classificação, mas numa corrida de recuperação, Martin chegou logo atrás de Bagnaia, que dominou desde a primeira curva rumo à vitória. O pole Pedro Acosta caiu na Sprint e na corrida principal. Que vença o menos pior...

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Vinte anos do campeonato de Tony


 Num dia 3 de outubro, Tony Kanaan coroava uma temporada próxima da perfeição na Indy, vinte anos atrás. Quando abandonou a CART e se mudou para a IRL em 2003, contratado pela Andretti Green, Kanaan imediatamente se tornou um piloto de ponta na categoria, num momento em que a IRL só corria em ovais e ganhava mais e mais vantagem sobre a antiga categoria rival, que nem se chamava mais CART. Tony havia sido o melhor piloto da AGR em 2003, com um quarto lugar no campeonato. Se houve uma certa paridade entre os motores Honda e Toyota em 2003, para 2004 a Honda obteve uma vantagem decisiva, elevando suas principais equipes, Andretti Green e Rahal Letterman, a dominarem o campeonato. Tony teve como principal adversário seu companheiro de equipe Dan Wheldon, além de Buddy Rice da Rahal, vencedor da Indy500 daquele ano. Kanaan usou da regularidade como principal aliada, conquistando algo extremamente raro num certame de alto nível: Tony completou todas as voltas do campeonato. O pior resultado de TK foi um oitavo lugar na primeira etapa em Homestead e logo em seguida, venceu sua primeira corrida no ano em Phoenix, seguido de triunfos em Texas e Nashville. Na penúltima etapa do ano, em Fontana, Tony precisou de um segundo lugar para conquistar o seu único título da Indy e o último do Brasil na categoria. 

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Figura(SIN): Nico Hulkenberg

 Muitos criticaram o retorno do já veterano Nico Hulkenberg à F1, mas o alemão vem mostrando na Haas que ele não perdeu o jeito e mesmo contando com 37 anos de idade, Nico vai liderando a equipe americana rumo à Audi em 2025. Mesmo com um carro de uma equipe com o menor orçamento da F1, Hulk vai conseguindo boas corridas e amealhando pontos, com a corrida em Singapura sendo apenas mais um exemplo. Hulkenberg conseguiu colocar seu carro no Q3 e mesmo tendo a volta deletada, Leclerc não conseguiu um tempo melhor do que Nico. Na corrida, Hulkenberg não foi páreo para a dupla da Ferrari, mas só foi superado pela Aston Martin (com um budget bem superior à Haas) de Alonso apenas na tática dos boxes. No segundo stint, Hulkenberg segurou sem maiores problemas a poderosa Red Bull de Sérgio Pérez rumo a dois pontinho que o igualam à Lance Stroll na décima posição no campeonato. Longe do piloto promissor da década passada, Hulkenberg vai se tornando uma bola de segurança que fez a Audi ir atrás dele para 2025. E Hulk vem fazendo por onde ter mais esse voto de confiança.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Figurão(SIN): FIA

 O presidente da FIA Mohammed Ben Sulayem já deu algumas amostras de querer aparecer mais do que o necessário e mais uma vez o emiradense trocou os pés pelas mãos ao se meter um algo banal. Sulayem criticou os pilotos da F1 por falarem palavrões demais, até fazendo uma comparação infeliz com rappers. No que parecia apenas mais uma declaração desnecessária do dirigente, poucos dias depois Max Verstappen soltou um 'Fuck' durante a entrevista pré-treinos livres e mesmo pedindo desculpas imediatamente, o neerlandês não escapou do escrutínio da FIA e foi punido a pagar por 'serviços de interesse geral'. Isso caiu como uma bomba entre os pilotos da F1 e a reação de Max foi ainda melhor, boicotando a entrevista pós-classificação com respostas monossilábicas para logo depois dar sua entrevista de verdade fora da sala da FIA. Mais um vez o presidente da FIA saiu como vilão numa situação banal, apenas aumentando a antipatia contra Ben Sulayem.

domingo, 22 de setembro de 2024

Festa centenária amarga


 A Ducati armou a festa praticamente em casa para a sua centésima vitória na MotoGP. Mesmo com oito motos no grid, o nome do favorito era gritado das arquibancadas de Misano: Pecco! Pecco! Pecco!

Porém, se houve festa, não foi do piloto favorito. Largando da pole, Bagnaia se manteve na frente do seu rival Jorge Martin, mas era nítido que o espanhol tinha mais ritmo e não demorou muito para Martin efetuar a ultrapassagem. Para piorar as coisas, Bastianini também ultrapassou Bagnaia, que precisou baixar o ritmo para um ataque final. Mesmo Martin usar uma Ducati, sua negociação complicada com a marca acabando por resultar em sua saída para a Aprilia, deixava para a Ducati a sensação que a festa seria com o piloto errado. No entanto, Bagnaia aumentava seu ritmo nas voltas finais e partia para cima da dupla da frente, mas acabou errando e somando mais uma queda na temporada.

Martin aumentaria ainda mais a sua vantagem no campeonato, mas esqueceram de avisar à Bastianini. Numa manobra agressiva na última volta, Enea deu um chega pra lá em Martin para completar a ultrapassagem vencedora. Mesmo de saída da Ducati também, Bastianini é italiano e da equipe oficial, diminuindo o amargor da festa que estava armada para Bagnaia, que apenas assistia a tudo pela TV. Martin reclamou da manobra de Enea, mas o erro de Bagnaia coloca o espanhol numa boa posição no campeonato. 

Faltou o Safety-Car

 


Nos últimos catorze anos, o Grande Prêmio de Singapura se caracterizou pela corrida cansativa para os pilotos e as entradas do Safety-Car, de forma lícita ou não. Em sua décima quinta edição, a corrida singapuriana trouxe como novidade a não entrada do SC e se os pilotos saíram dos carros exaustos, quem assistiu também esteve, pois foi bem cansativo permanecer alerta as sessenta e duas voltas de corrida, onde muito pouco aconteceu. Lando Norris teve seu Grand Chelem cancelado por Daniel Ricciardo, mas o piloto da McLaren dominou a corrida em Singapura e voltou a vencer, mesmo que dando alguns sustos em sua equipe. Para o campeonato, o problema foi que da mesma forma que Norris se estabeleceu na ponta, Max Verstappen não teve maiores problemas em assegurar a segunda posição, tornando a corrida na cidade-estado asiática numa prova de contenção de danos.


Após mais de cem corridas e duas vitórias, finalmente Lando Norris completou a primeira volta na liderança da corrida, depois de uma largada sem maiores arroubos, onde o piloto da McLaren tracionou muito bem para permanecer à frente de Verstappen. Já o neerlandês se viu atacado por Hamilton, que largou com pneus macios, mas Lewis nitidamente respeitou a situação do campeonato e não foi mais incisivo no ataque à Max, mantendo o terceiro lugar. Houveram algumas saídas de pista na primeira chicane, mas todos sobreviveram a primeira volta sem ferimentos, iniciando a longa procissão singapuriana. Ainda na segunda volta Norris abriu 1s de Verstappen, evitando qualquer ataque do representante da Red Bull. Na realidade, Lando destruiu a concorrência, mas o inglês esteve longe de efetuar uma corrida perfeita. Por três oportunidades Norris desconcentrou-se e quase jogou a vitória pela janela, com destaque da escapada de pista na volta anterior ao seu pit-stop, onde por muito pouco quebrou a asa dianteira, mas afortunadamente nesse momento Lando tinha 28s de frente a um solitário Verstappen. Claro que a vitória foi muito importante para Norris pensando no campeonato, mas para seu azar, Max esteve impecável nesse final de semana, levando seu carro nas costas rumo a um segundo lugar, mitigando a nítida desvantagem que o carro da Red Bull tem hoje para a McLaren. Max ainda tem duas corridas de vantagem no campeonato e só restam seis corridas e três sprints para o término do certame. Verstappen faz uma nervosa contagem regressiva ao tetracampeonato, mas qualquer vacilo, Lando tem todas as ferramentas para encostar de vez.


A briga pela terceira posição foi um pouco mais animada. Hamilton saiu com pneus macios talvez pensando em atacar na largada, mas mantendo a mesma posição no apagar das cinco luzes vermelhas, logo ficou claro que a sua estratégia não tinha sido das melhores. Um dos primeiros a fazer o pit-stop, Hamilton teria que economizar no ritmo com os pneus duros, para desespero do inglês, que novamente reclamou bastante via rádio. Russell vinha logo atrás de Hamilton no primeiro stint e rapidamente tinha mais ritmo do que o companheiro de equipe, mas George sabia que seu maior rival não seria Hamilton. Piastri não largou muito bem, chegando a ser ultrapassado por Hulkenberg e sabendo que ficar atrás do alemão poderia destruir sua corrida, o australiano deu o troco em Hulk ainda na primeira volta. Ficando atrás do duo da Mercedes, Piastri estendeu seu stint ao máximo, só parando depois da metade da corrida. Mesmo colocando os mesmos pneus duros da dupla da Mercedes, Piastri tinha mais borracha para gastar e por consequência, mais ritmo. Piastri ultrapassou Hamilton e Russell de forma bastante parecida, por fora na freada após a reta oposta, garantindo mais um pódio e consolidando ainda mais a primeira posição da McLaren no Mundial de Construtores. A corrida de Pérez foi condicionada por sua posição de largada pobre e após ficar bastante tempo atrás de Colapinto, o mexicano se livrou do argentino na rodada de pit-stops, mas acabou preso atrás de Hulkenberg no final da prova, só marcando um pontinho.


A sorte da Red Bull foi que da mesma forma que Checo teve uma classificação para esquecer, a Ferrari também vacilou no sábado. Leclerc ficou o primeiro stint inteiro atrás de Hulkenberg e Alonso, se sentindo frustrado, pelas próprias palavras do monegasco. Quando Alonso parou, Leclerc aumentou seu ritmo, ultrapassou Hulkenberg e ao fazer sua parada, Charles partiu para cima da dupla da Mercedes, emulando o que fez Piastri. Se com Hamilton Leclerc não teve maiores dissabores, Russell defendeu muito bem a quarta posição, terminando logo à frente de Leclerc, no que foi a única briga séria no final da prova. Com isso, a Ferrari perdeu pontos para a Red Bull no Mundial de Construtores, mesmo com Sainz se recuperando de uma largada ruim e finalizando a prova em sétimo. Mesmo com as quatro equipes grande tendo um abismo para as demais, Alonso e Hulkenberg fizeram corridas valentes, chegando à frente de Pérez e amealhando alguns pontinhos. Com o nono lugar, Hulk entrou no top-10 do Mundial de Pilotos, de certa forma, dando razão à Sauber/Audi sua contratação. O mesmo não vale para Bottas, que terminou atrás até mesmo do seu fraco companheiro de equipe Guanyu Zhou. Ainda no pelotão intermediário, destaque para outra corrida de gente grande de Franco Colapinto, logo atrás de Checo e por muito pouco fora da zona de pontos, além do que pode ter sido a última corrida de Daniel Ricciardo. 


Podendo perder Liam Lawson via contrato, a Red Bull deverá dispensar Ricciardo de forma imediata, ou seja, podemos ter visto o simpático australiano pela última vez num carro de F1. Daniel fez outra corrida medíocre, mas ainda se mostrou um team player ao sacrificar ainda mais sua corrida para garantir a melhor volta da corrida e tirar o ponto de Lando Norris, que poderá fazer muita falta lá na frente. Verstappen agradeceu a cortesia, mas a emoção de Daniel Ricciardo em sua entrevista tocou a todos que gostam de F1 e mesmo que o tempo de Ricciardo tenha passado, o australiano foi um piloto de ponta quando esteve na Red Bull na década passada, além de ter ganhado vários fãs pela sua simpatia e sorriso contagiante.

Não foi uma boa corrida de se assistir e mesmo com Lando Norris tentando dar 'emoção' à prova com algumas saídas de pistas que devem ter deixado Zak Brown de cabelo em pé, pode-se afirmar que a edição de 2024 do Grande Prêmio de Singapura não deixará muitas saudades. Para o campeonato, Max Verstappen iniciou uma marcação homem a homem em Lando Norris, em sua contagem regressiva rumo ao título. 

sábado, 21 de setembro de 2024

Marcando colado


 Os treinos livres em Singapura indicavam um Lando Norris dominador e a Red Bull sofrendo até mesmo para ir ao Q3. O time austríaco ainda sofre com os problemas que vem enfrentando em sua queda livre, mas para sorte de Horner, Marko e seus blue caps, a Red Bull ainda conta com o talento de Max Verstappen, onde claramente andando mais do que o carro, o neerlandês completou a primeira fila, superado por Norris, o favorito à pole.

A classificação na escaldante cidade-estado foi bem convencional, sem maiores surpresas. Na Racing Bulls, novamente Daniel Ricciardo ficou de fora do Q2 no que pode ter sido a última classificação do australiano na F1, já que se fala que na próxima corrida quem estará no cockpit do carro será Liam Lawson. A Sauber ficou com a última fila, enquanto surge a notícia de que Bottas terá seu contrato renovado para o próximo ano, acabando com o sonho sul-americano de Bortoleto e Colapinto. Mais do que a não presença dos dois jovens no grid da F1 em 2025, ter um piloto como Bottas, claramente em declínio e sem acrescentar nada ao time quando ainda se chamava Alfa Romeo, na equipe que será Audi mostra bem a falta de ambição de Mattia Binotto e explica ele ter saído da Ferrari pela porta dos fundos de Maranello.

Ao contrário do esperado, Max Verstappen sempre apareceu bem na classificação, andando próximo dos líderes, enquanto Sergio Pérez ficou pelo caminho novamente. A única bandeira vermelha foi causada pelo pole do ano passado (Sainz), iniciando um Q3 de pesadelo para a Ferrari. Leclerc fez um tempo abaixo de Hulkenberg e ainda teve sua volta deletada, significando uma quinta fila toda rossa . Muito, muito abaixo pelo desempenho mostrado pela Ferrari até ali. Norris confirmou o favoritismo e com Piastri bem longe de mostrar o ritmo em Baku, a notícia ruim da McLaren foi vem Max tirando leite de pedra para ser segundo. Sem a pretensa ajuda de Piastri, Norris terá que fazer algo que ainda não teve oportunidade em sua carreira, que é completar uma primeira volta na ponta. Ainda mais tendo Verstappen ao seu lado. Norris precisará dar uma resposta nessa corrida e derrotar Max é o mínimo que se espera de um piloto que aspira o campeonato.