A Indy sempre foi caracterizada pela competitividade de suas corridas e campeonatos. Mesmo com muita diversidade de pistas, o fato de termos carros e pneus iguais faz da Indy uma categoria com vários vencedores diferentes e certames decididos na última prova. Não foi o que aconteceu em 2025. Alex Palou conseguiu um ano beirando o perfeito, com oito vitórias, incluindo as 500 Milhas de Indianápolis e o campeonato decidido com rara antecipação de três provas. O espanhol da Ganassi transformou um campeonato normalmente disputado num verdadeiro desfile de talento e qualidade.
A última corrida em Nashville, realizada nesse domingo, mostrou o quão dominante Palou está na Indy atual. O espanhol teve um pneu furado quando liderava e rapidamente foi aos pits, cuja janela de paradas mal tinha se iniciado. Palou se manteve na briga pela vitória até as últimas voltas, superado pelo vencedor Josef Newgarden nas últimas voltas, mas sempre se mantendo próximo. Palou pode não vencer todas as corridas, algo que beira o impossível num campeonato de alto nível, mas sempre marca bons pontos quando não vence. Não ganhou em Nashville? Terminou em segundo. Assim como aconteceu semana passada em Milwakee e em outras corridas em 2025, quando não venceu. Apenas um abandono em Detroit e mais de 160 pontos na frente do vice-campeão Pato O'Ward, ou seja, mais de três corridas de vantagem. Um passeio poucas vezes vistas na Indy, cuja história de Alex Palou foi um dos poucos pontos altos.
A categoria teve um ano esquecível em vários sentidos. Após mais de trinta anos na Indy, a Honda pode estar saindo da categoria, deixando a Chevrolet sozinha. Uma das reclamações da Honda é porque a Ilmor, que prepara os motores da Chevrolet tem como um dos sócios Roger Penske, dono da categoria e do Indianapolis Motor Speedway. Constantes escândalos de desclassificações e punições técnicas marcaram a Indy, inclusive com a Penske sendo desclassificada dos treinos em Indianápolis, que viu o segundo e terceiro colocados desclassificados depois da prova. A chegada da Fox Sports americana deu um 'up' na transmissão de TV e na divulgação, mas a teimosia dos líderes da Indy fez com que a Nascar chegasse ao México antes da Indy, mesmo a categoria de monopostos ter um dos seus principais pilotos o chicano Pato O'Ward. A chegada dos motores híbridos aumentou os custos da categoria e visualmente não trouxe grande evolução de desempenho. Pilotos pagantes como Nolan Siegel e Devlin DeFrancesco tiraram lugares de pilotos mais abonados de talento e não de dinheiro. Após mais de vinte anos, a Indy voltará a ter um game oficial, algo que todo esporte tem. E por último, a chegada do novo carro, sempre adiada, se tornou uma novela e trazendo várias polêmicas.
Mesmo com domínio de Palou, vimos Scott Dixon vencer em Mid-Ohio e continuar sua incrível sequência de vitória que remonta a 2006, com pelo menos uma vitória por ano. Contando com 45 anos de idade, Dixon vai mostrando os sinais da idade e com Palou assumindo o protagonismo dentro da Ganassi, com Kyffin Simpson, também piloto pagante, se mostrando uma grata revelação, conseguindo bons resultados e seu primeiro pódio. A McLaren trouxe Christian Lundgaard para o time e o nível subiu, mesmo que ainda falte ao dinamarquês uma maior consistência em ovais. No entanto, Pato O'Ward continuou como o primeiro piloto da equipe e mesmo sendo vice-campeão, esteve longe de uma disputa real com Palou pelo título. E é isso que falta à O'Ward para se garantir ainda mais entre as grandes estrelas da Indy, pois carisma não lhe falta. O ano da McLaren só não foi perfeito pela inacreditável escolha de Tony Kanaan em Nolan Siegel como terceiro piloto. O jovem americano nem de longe anda próximo de O'Ward e Lundgaard, sofrendo inúmeros acidentes ao longo do ano a ponto da McLaren ver o seu terceiro carro fora dos vinte melhores que garantem premiação no final da temporada. Sendo que Tony tinha Theo Porchaire nas mãos, um piloto muito mais promissor do que Siegel. A sorte de Kanaan foram as boas temporadas dos outros dois pilotos.
Falando em boa temporada, a Penske esteve longe de fazer uma. Não bastasse os vários problemas extra pista, a equipe teve sua pior temporada em anos, conseguindo apenas duas vitórias já no final da temporada. Newgarden e McLaughlin tiveram inúmeros problemas e estiveram longe da briga pelo título, sendo que Josef amargou uma péssima 16º posição no campeonato. O melhor piloto da Penske foi Power, vencedor em Portland, mas de saída da equipe após mais de quinze anos de bons serviços à equipe, muito provavelmente substituído por David Malukas, que fez boas provas ao longo do ano, principalmente em ovais. A Foyt fez as vezes de segunda equipe Penske e não raro andou na frente da equipe principal, com Malukas e o irascível Santino Ferrucci. Com a confirmação da equipe Cadillac na F1 usando a estrutura da Andretti, o time comandado por Dan Towriss teve um ano bem abaixo, mesmo com Kyle Kirkwood tendo vencido duas corridas e brigado com O'Ward pelo vice-campeonato. Novamente Colton Herta deixou a desejar, mas muito se fala que o americano, considerado o jovem americano mais talentoso dos monopostos, estaria de saída da Indy, indo correr na F2 em preparação para a F1. Marcus Ericsson fez um campeonato tão ruim, que quase teve seu contrato reincidido.
Das equipes intermediárias, destaque para Carpenter, que viu Christian Ramussen vencer pela primeira vez, em Milwakee. Em ovais, Conor Daly fez ótimos trabalhos com a Juncos, que sofre com problemas financeiros, algo que afeta também a Dale Coyne, mas Rinus Veekay fez um ótimo trabalho levando o time nas costas. A Rahal continuou seus problemas com ovais, o único brilhareco da estreante Prema foi a miraculosa pole de Robert Shwartzman em Indianápolis e a Meyer&Shank conseguiu bons resultados em classificação, mas Marcus Armstrong e Felix Rosenqvist deixaram a desejar em ritmo de corrida.
A Indy encerra sua temporada 2025 ainda em agosto, em outro erro estratégico da categoria, pois passaremos oito meses sem falar da categoria. No Brasil, fala-se que com a saída da F1 da Band, a Indy estaria saindo da TV Cultura e retornando a Band. Tomara que levem o ótimo Geferson Kern junto! Palou entrou para a história do automobilismo americano, mas o espanhol corre o risco de ter o destino parecido com o de Sebastian Bourdais nos anos 2000, quando dominou a Champ Car mais por falta de quórum do que por outra coisa.
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