terça-feira, 30 de setembro de 2008

Enquanto isso, em Motegi...


Que o título de Valentino Rossi era iminente, não se discute. Mas a forma como Vale conquistou seu oitavo título Mundial na carreira é que surpreendeu. Vindo de duas derrotas nas duas últimas temporadas, sendo que ano passado acabou o campeonato da MotoGP em terceiro, Rossi dominou nesse ano da mesma maneira que fez nos seus tempos auréos. Contudo, o piloto da Yamaha contou com os variados problemas dos seus principais rivais, Stoner e Pedrosa.

O atual campeão sofreu para fazer com que sua Ducati fosse competitiva no início e não repetia o mesmo desempenho do ano passado. A Ducati continuava com um chassi regular, mas o motor, grande destaque do ano passado, não parecia o mesmo canhão de 2007 e Stoner não conseguia sobressair. No entanto, a Ducati achou o caminho das pedras e Stoner conseguiu uma impressionante seqüência de sete poles e três vitórias, mas quando se aproximava de Rossi, três quedas seguidas praticamente definiram o título a favor do italiano, fora uma estranha contusão ter se manifestado, que o australiano tinha sofrido a... cinco anos! Já Pedrosa sofreu com a indefinição da Honda, que ainda parece perdida desde a saída de Rossi no final de 2003. A Honda tem um ótimo chassi e um bom motor, mas parece lhe faltar alguém para colocar ordem na casa japonesa. Pedrosa ainda sofreu um sério acidente na Alemanha que o deixou de molho por algumas provas, mas provando a confusão que reinava na Repsol Honda, a equipe decidiu trocar de fornecedora de pneus no meio da temporada, indo para a campeão Bridgestone, à essa altura o melhor pneu da MotoGP.

Apesar disso tudo, o talento de Rossi é indiscutível e foi mostrado nessa temporada. Se aproveitando dos erros dos rivais, tanto fora, como dentro das pistas, Valentino ainda bateu recordes, como o de vitórias na principal categoria do Mundial de Motociclismo, incluindo 500cc e MotoGP. A forma como conquista seus títulos e vitórias se traduz em fãs em todo o mundo e Rossi caminha para se tornar, se já não ou é, uma lenda do esporte a motor.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Figura(CIN): Fernando Alonso

Apesar do carro ruim que tem nas mãos. Apesar dos problemas que vem enfrentando em 2008. Apesar de tudo conspirar contra, Fernando Alonso fez o favor aos amantes do automobilismo de mostrar seu talento e sua garra para vencer uma corrida impossível, em que largava como azarado do sábado e terminava como o sortudo do domingo. Surpreendentemente a Renault estava dando um excelente carro a Alonso e o espanhol não perdeu a oportunidade de mostrar que sua grande velocidade estava intacta, liderando dois dos três treinos livres no belo circuito de Marina Bay. Porém, por uma dessas coisas da vida, Alonso teve um problema em seu carro no seu melhor final de semana durante a segunda parte da Classificação e sua imagem de desespero rodou o mundo. "Nano" sentia que a sua melhor chance tinha ido embora, mas domingo seria outro dia. Alonso fez uma estratégia interessante, onde largou com pouco combustível e fez algumas ultrapassagens. Porém, não podemos deixar de dizer que Alonso contou com a sorte quando seu companheiro de equipe Nelsinho Piquet bateu e trouxe o safety-car. Tendo já feito sua primeira parada, Alonso teve a vantagem dos líderes se atrapalharem (ou serem atrapalhados...) e partiu impávido rumo a vigésima conquista de sua carreira na F1. Com essa vitória, ficou provado o motivo de que tantas equipes brigam pelo passe do espanhol. Ele faz mesmo a diferença!

Figurão(CIN): Ferrari

É preciso falar alguma coisa para explicar o porquê da Ferrari estar aqui?

domingo, 28 de setembro de 2008

Alonso e os Trapalhões


Quando era criança, o final das tardes de domingo eram sagradas para assistir os Trapalhões na Rede Globo. Em 2008, os Trapalhões ainda passa na Globo, só que em horários diferentes, personagens diferentes e, vejam só, nacionalidades diferentes! Ao invés do Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, temos Domenicalli e Smedley. E o Sargento Pincel agora se chama Felipe Massa, pois assim como militar careca, normalmente é ele quem sai perdendo nas trapalhadas dos protagonistas. Em Cingapura, Pincel... ops... Massa foi vítima, mais uma vez, das trapalhadas dos boxes da Ferrari e colocou em risco um campeonato que aos poucos se encaminhava para as mãos do brasileiro. Quem não tem nada a ver com isso era o espanhol Fernando Alonso, que venceu pela primeira vez no ano e se não dominou como Vettel em Monza, também mereceu vencer, pois foi o mais rápido em dois dos três treinos livres e tinha carro para brigar lá na frente, mas assim como teve azar ontem, teve muito sorte hoje.

A corrida em Marina Bay foi animada e teve, sim, algumas ultrapassagens. Além da corrida debaixo dos potentes refletores, outro fato que chamou a atenção foi o desgaste provocado pela pista, ondulada e suja. No final da prova, os pilotos pareciam extenuados, com destaque para Trulli e Rosberg. Quando o piloto da Toyota chegou aos boxes para abandonar, deu até a sensação de que Trulli tinha saído da corrida por conta do cansaço, enquanto Rosberg suava em bicas na entrevista coletiva. Raikkonen também tinha o macação empapado de suor, enquanto lamentava mais um abandono. Ao contrário de Valência, Cingapura trouxe um verdadeiro circuito de rua, que provoca erros, cansa os pilotos, quebra os carros e traz um tipo de emoção que só as corridas urbanas podem trazer.

Após as cenas de desespero de ontem, com o carro quebrado na Q2, Alonso chegou a dizer que a corrida dele estava acabada para ele. E se a corrida tivesse o seu andamento normal, o espanhol tinha razão. Largando em décimo quinto num traçado urbano e com Ferrari, McLaren e BMW liderando, marcar pontos já era uma questão difícil de acontecer. Mas Alonso mostrou garra enquanto pressionava a Williams de Nakajima e inovou na estratégia, ao largar mais leve saindo de trás, ao invés de sair com o tanque cheio até a tampa, na tentativa de ter a sorte de entrar um safety-car no meio da corrida. Quando o safety-car apareceu e mudou a prova, Alonso foi frio (ao contrário do seu engenheiro) e rápido o suficiente para vencer uma corrida de certa forma fácil, apesar do susto de uma nova entrada de safety-car no final da prova. Com essa vitória, comemorada timidamente na minha opinião, fica a velha questão que atormenta a F1 desde a primeira corrida: Para onde vai Alonso? O espanhol sabe que se não fossem os trapalhões vermelhos, dificilmente sairia vencedor hoje, mas o carro da Renault evolue e, quem sabe, usando o seu talento e sua velocidade, Fernandinho leve a Renault de volta aos tempos de glória. Por sinal, Alonso teve a ajuda providencial do seu companheiro de equipe. Afinal, se não fosse o acidente provocado por Nelsinho Piquet, o safety-car não teria entrado na pista e mudado a cara da corrida...

Corrida essa que era de Felipe Massa. O piloto da Ferrari largou muito bem e abria vantagem constantemente para Hamilton. Com o acidente de Piquet, nunca saberemos ao certo qual era a estratégia de Massa, mas para mim estava claro que ele pararia, pelo menos, duas voltas antes de Hamilton. Para melhorar ainda mais o cenário para o brasileiro, Raikkonen se aproximava rapidamente da McLaren do seu rival. Aí, entrou em cena os trapalhões de vermelho. A Ferrari até acertou em não trazer Massa aos boxes de sopetão, como fez Williams e BMW com Rosberg e Kubica. Quando Massa fez sua parada sem grandes problemas, o nervoso dedo do mecânico-chefe apertou no verde e Felipe arrancou satisfeito com o trabalho de sua equipe. Só que ele não sabia que trazia a reboque a mangueira de reabastecimento da Ferrari, numa cena similar ao de Christijan Albers ano passado em Magny-Cours. A sorte de Massa é que ele foi avisado e parou seu carro no final do pit e esperou todos os carros saírem e os mecânicos da Ferrari correrem desesperados para tentar tirar a mangueira de reabastecimento. A corrida estava perdida. Massa voltou em último, recebeu uma penalidade e ainda provocou um acidente. Diga-se de passagem, a Ferrari terá que trabalhar nos bastidores, pois é proibido as equipes trabalharem fora do seu pit e volta de Massa à pista após sua rodada foi muito perigosa, tanto que provocou o acidente de Adrian Sutil e a nova entrada do safety-car. Uma punição de dez posições no grid do próximo GP não seria totalmente injusta, mas nunca se sabe.

Hamilton teve uma sorte de campeão hoje. Se tudo acontecesse nos conformes, o inglês terminaria em terceiro, já que a ultrapassagem de Kimi era iminente na primeira parada dos boxes. Lewis chegou realmente em terceiro, mas atrás de dois carros que estão a léguas de disputar o campeonato e abriu valiosos pontos para Felipe Massa no campeonato, que se aproxima do seu final e tem a Ferrari como o carro do momento. Hamilton ainda teve a sorte ao seu lado quando ultrapassou David Coulthard após a volta de Nico Rosberg. Como fez a segunda parada junto com o escocês, dificilmente Hamilton voltaria à frente do piloto da Red Bull, apesar do erro na prada de Coulthard. Com esses resultados, Hamilton só precisa chegar em segundo lugar nas próximas etapas para ser campeão, mas, ao contrário, de Massa, não poderá contar com a ajuda do seu companheiro de equipe. Kovalainen mostrou hoje que não é um piloto do nível de Hamilton, quiçá da McLaren. O finlandês foi praticamente nulo em toda a corrida e chegou num obscuro décimo lugar. Já o seu etílico compatriota fazia uma boa corrida, mas Raikkonen foi prejudicado pelo desastroso pit de Massa e caiu para as últimas posições. Ao contrário de Massa, que tinha tudo a perder, Raikkonen fez ultrapassagens e estava em quinto lugar no final da prova e com chances de ultrapassar Glock, mas foi vítima da famosa chicane da curva 10 e acabou no muro, completando uma infeliz série de quatro corridas sem marcar pontos.

Outro destaque da corrida ficou para Nico Rosberg. O alemão foi o primeiro piloto a fazer uma ultrapassagem na pista ao deixar o sempre largo Jarno Trulli para trás numa forte freada. O piloto da Williams era mais rápido do que Heidfeld, mas a Williams lembrou os bons tempos, quando perdia vitórias por causa dos boxes. A equipe chamou Nico no momento em que o safety-car entrava na pista e a punição era esperada para o alemão, mas como Rosberg era o líder e tinha pista livre, o filho de Keke andou muito forte e se aproveitou do carro mais pesado de Trulli e a lentidão da Force India de Fisichella. O resultado foi uma enorme diferença que pode não ter lhe rendido a vitória, mas o fez repetir o melhor resultado da sua carreira com a segunda posição. Para melhorar, Kazuki Nakajima fez uma bela prova, em que foi agressivo, sem se tornar uma ameaça e conseguiu mais um pontinho para a Williams no Mundial de Construtores.

Glock se aproveitou novamente de uma entrada do safety-car para tirar proveito da estratégia e conseguir um ótimo quarto lugar. Após um início vacilante de campeonato, o alemão mostra que veio mesmo para ficar na F1 e já supera claramente seu experiente companheiro de equipe Jarno Trulli. O italiano tentou dar o pulo do gato ao parar apenas uma vez, mas era claramente um dos carros mais lentos do circuito e foi ultrapassado por vários carros até parar no final da prova com problemas mecânicos. A outra equipe nipônica foi relativamente bem se vermos como a Honda está atualmente. Button conseguiu um excelente nono lugar, mas Barrichello ameaçou xingar todo mundo da equipe após o seu misterioso abandono, quando tinha tudo para marcar pontos por causa da estratégia.

Vettel mostrou que sua forma exuberante não se deveu as condições molhadas de Monza e terminou a prova num bom quinto lugar, ainda mais se comparando com a décima segunda posição de Sebastien Bourdais, que deveria andar bem em Cingapura, pois vivia ganhando corridas em circuitos de rua nos Estados Unidos. Enquanto Webber abandonou quietamente, Coulthard marcou seus últimos pontos da carreira ao chegar em sétimo após uma prova correta. Suportou bem a pressão de Hamilton e não fez nenhum loucura quando foi ultrapassado, mas sua fama já está tão enraizada na F1, que se não fosse a saída de Rosberg à sua frente, Hamilton estaria atrás do escocês até agora! A BMW pode ter jogado as últimas esperanças de Kubica fora ao chamar o polonês na hora errada e ter provocado a punição do seu piloto. Se Rosberg tinha pista livre, Kubica estava empacado atrás da Force India de Fisichella e isso lhe rendeu a última posição, mas se faltou gana para ultrapassar o italiano, não faltou garra para ultrapassar um problemático Massa e Bourdais. Heidfeld, devagar e sempre, chegou em sexto. Mesmo andando um tempo em terceiro, Fisichella levou a Force India para o lugar de sempre: último.

Pela segunda corrida consecutiva, um vencedor inesperado está comemorando nesse exato momento. Mesmo longe da briga pelo título, Alonso é digno vencedor da primeira corrida noturna da história e do Grande Prêmio de número 800. Hamilton e Massa disputam um título marcado pelos erros ferraristas, mas nunca devemos nos esquecer de 2007. Hamilton era líder disparado, enquanto um ferrarista estava a léguas de distância. O resto da história já conhecemos, só resta saber se ela se repetirá.

sábado, 27 de setembro de 2008

Noite de luto


Aparentemente, o tempo que deu a pole para Felipe Massa pode estar mais relacionada a quantidade de combustível no reservatório do carro da Ferrari. Mas a forma como Rob Smedley gaguejava quando falou com Felipe a respeito da pole e o "Storming lap" dito pelo próprio engenheiro, mostram que Massa fez mesmo uma volta respeitável. A primeira volta rápida de Massa e Hamilton no Q3 mostrou um certo equilíbrio entre ambos, para que o ferrarista fazer uma volta incríveis seis décimos mais rápido do que o representante da McLaren e marcar uma importante pole.

Ao contrário do que muitos podiam imaginar, a Ferrari parece mais a vontade no travado circuito da Cingapura e nem a noite, acarretando uma temperatura mais fria e diminuindo o aquecimento dos pneus, calcanhar-de-aquiles ferrarista, foi capaz de parar a equipe italiana, que mostra que tem o melhor carro do ano. Se Raikkonen, que abandonou o treino livre de sábado de forma estranha, não está muito inspirado em 2008, restou a Massa fazer as honras da casa e conquistar uma bela pole-position e ser o favorito destacado para amanhã. Normalmente erro nas minhas previsões, mas acho que somente uma tempestade tropical tira a vitória de Massa amanhã.

Hamilton parecia incomodado em algo no seu carro e o susto que levou na Q2, quando foi o décimo colocado e por pouco não ficou de fora pela segunda vez consecutiva do Q3, mostraram que o inglês não se sentia muito à vontade ao voltante do MP4/23. Lewis estava andando mais do que o carro, quase tocando o muro e fritando os pneus e numa pista em que os erros podem ser fatais, isso pode atrapalhar bastante o inglês amanhã. E falando no circuito, o breve comentário que faço sobre o novo traçado é que ele é bastante travado, mas me chamou mais atenção do que Valência. Dá para dizer que Cingapura fez um circuito de rua real, lento e travado. Deverá haver raras ultrapassagens, mas os muros colados ao traçado e uma corrida que deverá ser extremamente longa tanto para os pilotos, como também para os equipamentos, deverá trazer alguma emoção deste tipo amanhã. Pelos erros de Raikkonen e Fisichella no treino livre de hoje, o safety-car deverá entrar amanhã, trazendo tempero a uma corrida que será marcado para sempre como um evento único, "a luz de velas".

A BMW finalmente voltou a andar bem e colocou um dos seus carros à frente da McLaren de Kovalainen. Ainda com chances de título, Kubica superou Heidfeld e irá largar em quarto, duas posições à frente do companheiro de equipe. Numa corrida que promete ser dura, Kubica poderá se aproveitar bem dos erros e quebras alheias. Algo que sabe fazer como ninguém. Vettel aproveitou a boa fase que está passando e largará em sétimo, logo atrás das favoritas, mas os outros carros da Red Bull não foram nada bem, inclusive com Bourdais, que produziu belas imagens com suas atravessadas, ficando logo na Q1. Alonso tinha tudo para ser um fator na Classificação, mas o seu renault ficou parado no início do Q2, para desespero do espnhol, que saiu do carro uma arara. Nelsinho Piquet, outro que ficou no Q1, também estava descontente com a equipe. Mas quem não deve estar muito satisfeita é a Honda com Barrichello. Button foi mais rápido do que o companheiro de equipe em todo o final de semana, enquanto o brasileiro foi atrapalhado por uma BMW e também ficou no Q1. Porém, uma renovação de contrato parece cada dia mais distante para o brasileiro.

Contudo, o fato mais marcante de hoje foi a triste notícia do ator Paul Newman. Além de ter vencido um Oscar, Newman era um apaixonado por corridas. Minha infância, que foi muito marcada pela F-Indy, me vem a cabeça a sua imagem comandando a Newman-Hass ao lado de Carl Hass. Por sinal, foi muito bonita a homenagem feita pela Globo durante a Classificação, mostrando imagens do ator e também não omitindo o nome da tradicional equipe que compete pela categoria rival da F1. Após Phil Hill, os americanos perderam outro ícone do automobilismo local e que dificilmente será esquecido. Seja pelo seu charme, seja por sua velocidade, a imagem de Paul Newman no paddock das corridas será lembrada para sempre.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

História: 15 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1993


Com 25 pontos de vantagem, Prost já vinha administrando o campeonato rumo ao título faz tempo. Com um carro nitidamente superior aos demais, a Williams tinha condições de colocar Damon Hill na briga com Ayrton Senna pelo vice-campeonato, com o inglês conseguindo três vitórias seguidas nas últimas três etapas. Tudo o que Prost precisava fazer era chegar à frente de Hill e Senna para comemorar o tetracampeonato. Porém, algo ainda mais significativo estava para acontecer. Todos sabiam que Senna negociava com a Williams para 1994 e Prost sabia que enfrentar o seu velho rival dentro duma mesma equipe era desgastante demais. Após conseguir cinco vitórias na temporada, Prost apenas fazia o necessários para conquistar o seu título o mais rápido possível. A sua velocidade já não era a mesma. Então, na véspera dos treinos, Prost anunciou que estava se aposentando da F1 após uma carreira de quatorze anos recheada de glórias e polêmicas.

Ainda fora das pistas, Michael Andretti fez do seu pódio em Monza a sua última aparição na F1 e voltou para a Indycar. Mika Hakkinen, piloto de teste da McLaren desde o início do ano, foi o escolhido para substituir o americano e correria ao lado de Senna para o resto da temporada. O finlandês tinha feito uma ótima temporada em 1992 e era forte candidato a ser piloto titular na McLaren em 1994. Por sinal, a equipe de Ron Dennis estava desesperada para conseguir um motor mais forte do que o Ford. O carro de 1993 era muito bom, mas a usina de força deixava sempre a desejar. O resultado era que Dennis fez um teste secreto com a Lamborghini, para logo depois anunciar que assinara com a... Peugeot! Tentando imitar o sucesso da rival Renault, a Peugeot entrava com tudo na F1. E os franceses poderiam ter sucesso com Hakkinen, pois o finlandês surpreendeu ao superar o ás das Classificações, Senna, e largar em terceiro. Afinal, tirar a Williams da primeira fila era pedir demais!

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:11.494
2) Prost (Williams) - 1:11.683
3) Hakkinen (McLaren) - 1:12.443
4) Senna (McLaren) - 1:12.491
5) Alesi (Ferrari) - 1:13.101
6) Schumacher (Benetton) - 1:13.403
7) Patrese (Benetton) - 1:13.863
8) Berger (Ferrari) - 1:13.933
9) Warwick (Footwork) - 1:14.388
10) Blundell (Ligier) - 1:14.577

O dia 26 de setembro de 1993 estava perfeito para uma corrida de F1 e algo histórico. Prost corria de olho no campeonato e tudo ficaria mais fácil bem antes do que o Professor imaginava. O pole Damon Hill, de certa forma favorito, ficou parado na saída para a volta de apresentação e teria que largar em último. Prost seria um inesperado pole-position, mas isso não garantiu vida fácil ao francês. Hakkinen queria mostrar que merecia a vaga na McLaren em 1994 e partiu para cima de Prost na primeira curva. Senna e Alesi vieram por fora. Os quatro estavam quase lado a lado e Prost pensou, como sempre, no campeonato. Preferiu deixar que os outros pilotos disputassem a liderança e Alesi foi o beneficiado, subindo para a primeiro, seguidos pelas duas McLarens.

Senna ultrapassou Hakkinen na primeira volta, demonstrando que não foi apenas Schumacher que se aproveitou de ordens de equipe para vencer. Porém, Senna não conseguia tirar a ponta de Alesi, que liderava com categoria. Mais atrás, o citado alemão fazia uma corrida conservadora e permanecia impávido atrás de Prost, numa discreta quinta posição. Hill fazia uma corrida incrível de recuperação e na volta oito já aparecia em décimo! Quando as coisas pareciam ficar levemente piores para Prost, a McLaren de Senna encosta com o motor quebrado! O título de Prost estava a caminho!

Alesi foi um dos primeiros a fazer sua parada programada e assim Prost assumia a liderança seguido por... Hill! O inglês estava numa fase explendorosa e tinha acabado de ultrapassar Schumacher, que permanecia na dele, fazendo uma corrida de espera. Pelas voltas que tinham parado, Schumacher, Alesi e Hakkinen fariam duas paradas, enquanto as duas Williams parariam apenas uma vez. Quando Prost e Hill fizeram suas paradas, Schumacher emergiu na frente, seguido por Alesi. Prost voltou em terceiro, com Hill em quinto, colado em Hakkinen. O piloto da McLaren fazia uma grande prova, mas na saída na última curva ele errou e acabou batendo no muro. Era o fim de uma bela estréia pela McLaren. Berger inaugura a segunda sessão de paradas e faz sua parada de forma normal. Quando trazia a sua Ferrari de volta à pista, o austríaco sofreu um acidente esquisito, perdeu o controle do seu carro bem na saída do pit, quase atingiu a Footwork de Warwick e abandonou a corrida bizonhamente.

Prost esperava pacientemente a segunda parada de Schumacher para garantir o título com uma vitória. Só que o alemão não parava! Logo ficou claro que o alemão tinha decidido não parar mais! Usando a potência do seu Williams, Prost encostou em Schumacher, trazendo consigo Hill. Seria um final de corrida eletrizante! Com apenas 24 anos de idade, Schumacher segurou Prost como um veterano, usando os retardatários como obstáculo para conseguir retardar a chegada de Prost para conseguir sua segunda vitória na carreira. Menos de 1s depois, Prost comemorava algo mais importante. Era o quarto título mundial do francês! Prost comemorou muito e parecia estar aliviado. O dever estava comprido. Ele tinha sido trazido pela Williams para vencer o título e assim o fez. Agora abria caminho para Senna, mas ao mesmo tempo, para uma era de jovens pilotos que dominariam a F1 nos próximos cinco anos. Com Schumacher, Hill, Hakkinen...

Chegada:
1) Schumacher
2) Prost
3) Hill
4) Alesi
5) Wendlinger
6) Brundle

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

História: 25 anos do Grande Prêmio da Europa de 1983


O funil de um dos grandes campeonatos da história da F1 ficava cada vez mais estreito. Quatro pilotos ainda lutavam pelo título, mas os pilotos da Ferrari, Arnoux e Tambay, ficavam mais para trás. A disputa se aglutinava cada vez mais em Nelson Piquet e Alain Prost. O francês tinha liderado praticamente todo o Mundial, mas Piquet vinha numa fase muito boa, inclusive com uma boa vitória na última etapa em Monza. O mercado de pilotos pegava fogo e neste final de semana foi anunciado a saída de Tambay da Ferrari, sendo substituído pela grande esperança italiana Michele Alboreto. Eddie Cheever também estava de saída da Renault e tudo indicava que o americano seria substituído por Tambay.

Inicialmente, a penúltima etapa do ano seria realizada nas ruas de Nova Iorque, mas com o cancelamento da prova, a corrida foi trasferida para uma velha conhecida do circo da F1: Brands Hatch. Desde que a Lotus passou a utilizar os motores turbo da Renault, a equipe só fez crescer e no final do ano, em meio a luta entre Brabham, Renault e Ferrari, Elio de Angelis conseguiu sua primeira pole na F1 e corroborando com a boa fase da Lotus, Nigel Mansell largaria em terceiro. Brabham e Renault trariam novas asas traseiras muito parecidas com as que a Ferrari usou o ano inteiro e quem se adaptou melhor foi a equipe inglesa, com Patrese e Piquet completando as duas primeiras filas. As filas seguintes seriam dominadas por Ferrari e Renault, enquanto a McLaren colocava seus motores TAG-turbo entre os dez primeiros e a Williams ainda esperaria mais um pouco para utilizar o motor Honda turbo.

Grid:
1) De Angelis (Lotus) - 1:12.092
2) Patrese (Brabham) - 1:12.458
3) Mansell (Lotus) - 1:12.623
4) Piquet (Brabham) - 1:12.724
5) Arnoux (Ferrari) - 1:13.113
6) Tambay (Ferrari) - 1:13.157
7) Cheever (Renault) - 1:13.253
8) Prost (Renault) - 1:13.342
9) Winkelhock (ATS) - 1:13.679
10) Watson (McLaren) - 1:13.783

O dia 25 de setembro de 1983 estava ensolarado e claro. Perfeito para uma corrida de F1. A largada em Brands Hatch era sempre difícil por causa da famosa Paddock Bend, mas desta vez a primeira volta transcorreu sem grandes incidentes. Patrese larga melhor do que seu compatriota e deixa De Angelis para trás. Mansell e Piquet permaneceram nas mesmas posições, mas Arnoux largou mal, fazendo com que Prost largasse pior ainda e ambos atrapalharam claramente Watson. O resultado era a subida de Cheever e Winkelhock, que largaram nas posições ímpares. Patrese e De Angelis imprimiam um ritmo forte e se distanciavam dos demais. Mansell não rendia a mesma coisa e tentava segurar os demais, mas logo o inglês foi ultrapassado, um a um, por seus adversários. Numa clara ordem de equipe da Renault, Prost ultrapassou Cheever e assumia a quarta posição.

Quando Piquet assumiu a terceira posição, a briga pela primeira posição pegava fogo entre os italianos Patrese e De Angelis. O piloto da Lotus tentava ultrapassar de todas as formas e parecia ter um carro melhor do que Patrese, mas o piloto da Brabham segurava como podia. Então, na décima volta, Elio de Angelis colocou de lado e tentou frear mais forte, mas acabou perdendo o controle do seu Lotus e atingiu a Brabham de Patrese, jogando os dois para fora da pista. Piquet assumia a liderança da prova, com Patrese, que rapidamente voltou à pista, em segundo. De Angelis tem problemas com seu motor por causa da rodada e abandonaria pouco tempo depois. Com Patrese mais lento, Prost começou a ser aproximar da Brabham. A equipe de Bernie Ecclestone pediu para que Patrese segurasse o máximo possível, mas o piloto da Renault conseguiu uma bela ultrapassagem na Paddock Bend na volta 14.

Agora era um mano a mano entre Piquet e Prost, mas o brasileiro estava com uma bela liderança e parecia administrar a prova. Mais atrás, o terceiro colocado no campeonato René Arnoux sofria para ultrapassar Cheever, que pressionado pela Ferrari, se aproximou rapidamente da Brabham de Patrese. Os três passaram a andar colados, mas, de repente, a TV mostrava apenas Cheever e Patrese. Onde estaria Arnoux? O placar eletrônico de Brands Hatch mostrava a imagem de um Arnoux bem lento com a legenda "Arnoux has spun off" (Arnoux rodou!) Sozinho, o piloto da Ferrari perdeu o controle do seu carro e caiu para as últimas posições, praticamente sepultando sua chances no campeonato.

Daí em diante, a corrida fica morna. Apenas as paradas podiam modificar o status quo da prova. E quase mudou! Durante o ano, a Brabham se caracterizou por ser a equipe mais rápida nos pit-stops, sempre ganhando segundos preciosos para os seus pilotos. Piquet foi um dos últimos a parar e o pit-stop de Patrese já tinha sido problemático. O brasileiro da Brabham chegou aos boxes, mas o mecânico responsável pelo pneu traseiro esquerdo se atrapalhou com sua pistola pneumática e a parada de Piquet durou eternos 20s. Porém, esse foi o único susto de Piquet durante a prova.

Ainda durante as paradas, Tambay se aproveitou dos abandonos de Patrese e Cheever para assumir a terceira posição. Porém, o piloto da Ferrari começou a ter problemas de freios e perdia rendimento continuamente. Logo um enorme pelotão de carros se formou atrás da Ferrari, liderados por Mansell. O inglês só confirmou a ultrapassagem nas últimas voltas e logo depois Tambay passou reto no cotovelo da Druids e bateu nas barreiras de pneus, acabando matematicamente as chances de ser campeão. Piquet seguiu tranqüilo rumo a bandeirada, com Prost logo atrás. Apesar de Arnoux ainda ter escassas chances matemáticas, o título seria decidido mesmo entre Piquet e Prost. E a guerra começou logo após a corrida, nas entrevistas. Prost foi diplomático: "Eu ainda estou liderando o campeonato por dois pontos e acho que isso é o mais importante, mas se eu vencer por apenas um ponto, será o suficiente." Piquet foi mais agressivo e foi curto e grosso: "Eu vou dizer agora o que já disse antes. Se não pararmos (nos boxes) será muito difícil alguém nos derrotar". A briga seria emocionante até o fim!

Chegada:
1) Piquet
2) Prost
3) Mansell
4) De Cesaris
5) Warwick
6) Giacomelli

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

História: 35 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1973


Com Jackie Stewart tendo conquistado o seu terceiro título mundial em Monza, a F1 partia para o Grande Prêmio do Canadá de forma bastante relaxada e naquele momento, a única coisa em disputa era o título de construtores entre Lotus e Tyrrell. As duas equipes haviam dominado toda a temporada, mas Emerson Fittipaldi estava injuriado com a equipe por não ter exercido uma ordem de equipe no Grande Prêmio da Itália, quando estava logo atrás do seu companheiro de equipe Ronnie Peterson. O brasileiro estaria negociando com a McLaren, enquanto o boato de que Stewart estaria se aposentando no final do ano crescia cada vez mais.

Peterson mostrava seus dotes de velocista ao marcar mais uma pole no ano e teria ao seu lado o piloto que seria substituído por Emerson na McLaren, o americano Peter Revson. Jody Scheckter estaria de volta com a terceira McLaren, enquanto Arturo Merzario alinhava a única Ferrari nas últimas posições, mostrando o quanto a fase era ruim para a scuderia.

Grid:
1) Peterson (Lotus) - 1:13.697
2) Revson (McLaren) - 1:14.737
3) Scheckter (McLaren) - 1:14.758
4) Reutemann (Brabham) - 1:14.813
5) E.Fittipaldi (Lotus) - 1:15.035
6) Cevert (Tyrrell) - 1:15.118
7) Hulme (McLaren) - 1:15.319
8) Lauda (BRM) - 1:15.400
9) Stewart (Tyrrell) - 1:15.641
10) W.Fittipaldi (Brabham) - 1:16.112

O Grande Prêmio do Canadá era realizado em seu início no final do ano, o que significava muito frio e algumas provas debaixo de chuva. O dia 23 de setembro de 1973 não era diferente e uma chuva incessante causou o atraso em uma hora da largada, quando a chuva já tinha diminuído bastante. Pensando que a pista secaria rapidamente, Peterson larga com pneus slicks e permanece na liderança ao final da primeira volta. Atrás dele, duas surpresas. Jody Scheckter conseguiu levar sua McLaren ao segundo posto, enquanto um austríaco desconhecido, mas que já tinha começado a mostrar seu talento aparecia em terceiro após largar em oitavo: Niki Lauda. Ainda na terceira volta, Lauda levou seu raquítico BRM a liderança, se aproveitando da ótima performance dos pneus de chuva da Firestone.

Na medida em que a pista não secava tão rápido do que esperava, Peterson foi perdendo rendimento e foi ultrapassado por Scheckter na décima volta. Atrás deles, Emerson e Stewart mostravam que andavam muito bem em piso molhado e já encostavam no pelotão da frente. Outro que crescia muito durante a prova era o brasileiro José Carlos Pace, levando seu Surtees a sexta posição. Porém, a performance de Lauda chegava a impressionar e na volta 15, o austríaco tinha 23s para o segundo colocado. Então, a corrida começaria a ficar marcada na história pelo caos que se seguiria.

De repente, a pista secava rapidamente e isso permitiu a subida de Ronnie Peterson a segunda posição, mas o sueco acabou sofrente um acidente na volta 17. Percebendo que a pista melhorava a cada segundo, os pilotos resolveram ir aos boxes colocar pneus slicks. Sempre lembrando que naquela época não existia paradas programadas nos pits e muitas vezes as equipes passavam meses sem realizar pit-stops. Tentando aproveitar a vantagem que tinha, Lauda é um dos primeiros a parar, mas a BRM demora demais e o austríaco cai vários postos. Então, vários pilotos vão aos boxes ao mesmo tempo, causando um verdadeiro caos dentro dos pits. Emerson Fittipaldi liderava a prova, seguido por um surpreendente Jackie Oliver e Stewart. Atrás deles, Cevert e Scheckter disputavam a quarta posição.

O sul-africano já estava ficando conhecido pela sua agressividade excessiva e Cevert provou isso da pior maneira possível, quando os dois se enroscaram e bateram forte. Ambos saíram ilesos, mas Cevert saiu do seu Tyrrell uma arara e partiu para cima de Scheckter, querendo briga! Porém, os dois carros deixaram muitos detritos na pista e algo precisava ser feito. O safety-car era usado de forma constante nos Estados Unidos e alguns testes já tinham sido feitos para o carro madrinha aparecer numa corrida de F1. Essa era a oportunidade ideal, pensaram os organizadores. Mal sabiam eles... Emerson tinha acabado de trocar seus pneus e quando o carro de segurança sai dos boxes, ele fica esperando pela Tyrrell de Stewart, que teoricamente era o líder. Teoricamente, pois nessa mesma volta o escocês resolve ir aos boxes trocar os pneus...

A essa altura ninguém sabia quem era o líder e o Porsche 924 amarelo passeava pela pista atrás do líder. Peter Macintosh, membro da organização que estava no carro, perguntava desesperado quem era o líder e a torre informa: Carro número 25. Era a mesma coisa do que dizer que o líder era Adrian Sutil da Force India. O 25 era a Williams do neo-zelandês Howden Ganley, que fica várias voltas sem entender o que estava acontecendo. E ninguém entendia mesmo. Sem perceber, o safety car havia deixado três pilotos passarem: Revson, Oliver e Beltoise. O trio alinha atrás do pelotão, uma volta à frente dos outros. Naquele momento, porém, ninguém sabia que eles eram os líderes e, durante um bom tempo, continuariam sem saber. Para o público e para os organizadores, o líder era Ganley.

Enquanto Revson, Oliver e Beltoise brigavam pela liderança lá atrás, Ganley "liderava" felizmente, mas era alcançado por Emerson Fittipaldi. Andando como poucas vezes na carreira, o piloto da Lotus vinha que nem um foguete para cima do Williams, ultrapassando o carro poucas voltas depois. O público pensava que o brasileira era o líder. E os organizadores também! O nome de Emerson aparecia em primeiro no placar do circuito, mas ele estava em quarto, uma volta atrás dos líderes. Numa prova sensacional, Emerson começa a diminuir a diferença para os demais e era o mais rápido na pista. Ele ultrapassou Oliver e Beltoise na ante-penúltima volta e vinha como o vencedor da corrida. Porém...

Todos tinha esquecido de Revson, que tinha superado os demais e liderava a corrida sem saber. Fittipaldi recebeu a bandeirada como vencedor, inclusive com Chapma comemorando a beira da pista. Só que ninguém sabia quem tinha realmente vencido! Após quatro horas de muita briga, os organizadores deram a vitória para Revson. A Lotus tentou entrar com um recurso, mas acabou desistindo. Graças a sua grande performance, Fittipaldi sempre achou que tinha vencido a prova, tanto que no especial da Quatro Rodas feito quatro anos atrás por causa dos 30 anos do seu bicampeonato, Emerson falou que havia vencido o Grande Prêmio do Canadá de 1973. O safety-car ficou vinte anos na garagem e só voltaria a uma corrida de F1 vinte anos depois no Grande Prêmio do Brasil de 1993. Quando a organização era um pouco melhor...

Chegada:
1) Revson
2) E.Fittipaldi
3) Oliver
4) Beltoise
5) Stewart
6) Ganley

terça-feira, 23 de setembro de 2008

História: 40 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1968


Após a corrida em Monza, a temporada 1968 da F1 entrava na sua reta final com uma longa passagem pela América do Norte. A primeira parada seria no Canadá, um ano depois do primeiro Grande Prêmio realizado por lá, mas, ao contrário de 1967, a etapa seria realizada no circuito de Mont Trembland, próximo a Quebec. Por cortar densas florestas e ser muito rápido, o circuito foi bastante elogiado pelos pilotos, que logo o apelidaram de "mini-Nürburgring".

Um dos campeonatos mais mortíferos da história da F1 era também um dos mais emocionantes e equilibrados. Quatro pilotos chegavam com chances reais de se tornarem campeões e esses quatros homens tinham razões diferentes para fazerem de tudo para chegarem lá. Graham Hill era o velho campeão que queria mostrar que ainda tinha o talento necessário para ser campeão como seis anos antes e ainda dar um pouco de alegria para a Lotus, após perder Jim Clark numa corrida de F2. O atual campeão Denny Hulme queria revalidar seu título e dar o primeiro triunfo para a equipe McLaren do seu amigo e compatriota Bruce McLaren. Jackie Stewart, à bordo do seu Matra, queria confirmar tudo o que se esperava dele desde o início de sua carreira na F1. Já a sensação Jacky Ickx queria levar a Ferrari ao olimpo quatro anos após o título de John Surtees e mostrar que o título de novato do ano não lhe servia. Ele queria ser campeão do mundo! Fora a Ferrari, os demais pilotos corriam com o motor Ford-Cosworth, evidenciando o quanto o motor americano era melhor que os demais. No campeonato, os quatro estavam separados por apenas seis pontos, com Hill à frente. Era uma briga de titãs!

Os treinos começaram muito mal para Ickx. Após ter um problema em seu acelerador, o belga sofreu um forte acidente e acabou quebrando a perna. Suas chances de título diminuíam de vez! Lá na frente, Jochen Rindt mostrava o equilíbrio da temporada ao marcar a pole com seu Brabham, com Siffert e Amon completando a primeira fila. O melhor colocado entre os favoritos era Hill, em quinto, com Hulme em sexto e Stewart num longuínquo décimo primeiro lugar. Ickx não largaria por motivos óbvios.

Grid:
1) Rindt (Brabham) - 1:33.8
2) Amon (Ferrari) - 1:33.8
3) Siffert (Lotus) - 1:34.5
4) Gurney (McLaren) - 1:34.5
5) Hill (Lotus) - 1:34.8
6) Hulme (McLaren) - 1:34.9
7) Surtees (Honda) - 1:34.9
8) McLaren (McLaren) - 1:35.0
9) Oliver (Lotus) - 1:35.2
10) Brabham (Brabham) - 1:35.4

O dia 22 de setembro de 1968 amanheceu claro e com sol em Quebec. Ao contrário do ano anterior, os pilotos não teriam que enfrentar uma pista encharcada e uma chuva torrencial. Rindt não consegue uma boa largada e é ultrapassado por Amon e Siffert. Gurney e Hill mantém suas posições, mas quem vem feito um foguete é Hulme, que pula de décimo primeiro para sexto ao final da primeira volta!

A corrida se mantém estática, com os seis primeiros mantendo suas posições. Na décima segunda volta, Hill consegue ultrapassar a terceira McLaren de Dan Gurney e sobe para quarto. O americano liderava o trio da equipe McLaren e como não havia ordens de equipe na época, Hulme e McLaren ficaram atrás de Gurney até o americano abandonar na volta 27 com o radiador quebrado. Quase que ao mesmo tempo, o suíço Jo Siffert abandona com um vazamento de óleo em seu Lotus particular, pertencente a Rob Walker. Quem se aproveita é a Lotus de fábrica de Hill, que subia para terceiro praticamente sem esforço. E se as estatísticas favorecessem o inglês, ele logo assumiria a liderança. O então líder Chris Amon começava, aos poucos, a formar a fama de azarado, enquanto Rindt teve sérios problemas de confiabilidade com seu Brabham.

Porém, Hill era perseguido de forma implacável pelas duas McLarens, com Hulme sempre à frente. Quando Rindt abandonou na volta 39 com um problema no motor Repco, Hill assumiu brevemente a segunda posição, pois a Lotus do inglês começou a ter sérios problemas de vibração. Hill vai aos boxes e perde várias posições, praticamente entregando a corrida para as McLarens. Pois Amon abandonou quando liderava na volta 73, faltando apenas dezessete para o final. Nessa altura Hulme já tinha se distanciado de McLaren e ponto de colocar uma volta no seu patrão e garantir uma vitória que seria importantíssima para o campeonato, pois Hill foi o único que marcou pontos com a quarta posição, mas a quatro voltas do líder graças ao seu problema. Stewart fez uma corrida super-discreta, onde terminou marcando um pontinho com a sexta posição, mas a infinitas sete voltas de Hulme. A McLaren atingia se tornava uma equipe de ponta com sua primeira dobradinha da história e Hulme empatava com Hill no campeonato. O campeonato estava pegando fogo!

Chegada:
1) Hulme
2) McLaren
3) Rodriguez
4) Hill
5) Elford
6) Stewart

domingo, 21 de setembro de 2008

Kiki


O mineiro é conhecido pelo seu jeito discreto e determinado de ser. Essas duas qualidades podem muito bem exemplificar quem é Cristiano da Matta. Filho de um dos grandes pilotos da década de 70 no Brasil, Kiki se tornou um excelente piloto e se não conseguiu uma grande performance na F1, muito por culpa do carro, Da Matta foi o grande destaque da CART em seus momento agonizantes. Após um enorme susto após sua frustrada passagem pela F1, Cristiano volta aos poucos ao automobilismo, sua grande paixão, juntamente com o rock e o ciclismo. Completando 35 anos nessa semana, vamos conhecer um pouco mais da carreira dessa grande estrela, mas de coração simples.

Cristiano Monteiro da Matta nasceu no dia 19 de setembro de 1973 em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Como não poderia deixar de ser, o gosto pelo automobilismo de Cristiano começou bastante cedo, mas no seu caso, houve um algo mais. Filho da lenda Toninho da Matta, Kiki passou sua infância e adolescência se inspirando no pai, que vencia seguidos campeonatos de turismo pelo Brasil. Quando tinha 15 anos, Da Matta tinha decidido que queria ser piloto de corridas, mas Toninho estava reticente. Ele sabia mais do que ninguém que correr no Brasil era muito difícil e tentava outros esportes para o pequeno Cristiano. Da Matta insistiu tanto que seu pai comprou um kart e formou uma equipe para que Cristiano pudesse correr e logo em sua estréia, Kiki venceu sua primeira prova! No final do ano Da Matta venceria o Campeonato Mineiro de kart e iniciaria um prodigiosa carreira no kartismo nacional.

Mesmo com relativa pouca experiência, Cristiano pulou para a F-Ford nacional em 1993. Eram tempos em que o automobilismo brasileiro tinha várias categorias de base revelando jovens pilotos para a F1. Era uma época sortida de grandes pilotos com chance de sucesso. Diferente de hoje... Graças aos seus ótimos resultados no kart, Kiki pôde estrear na tradicional equipe Texaco/Petropólis, onde teria que enfrentar pilotos como Renato Russo e Max Wilson. Assim como aconteceu em sua curta carreira, Da Matta mostrou serviço logo de cara e conquistou o campeonato com quatro vitórias e quatro poles. Seguindo o ritmo natural em sua carreira, Da Matta subiu para a F3 Brasileira, que estava em crise graças a separação com a F3 Sul-Americana. Mesmo com poucos carros na pista, Da Matta teria que enfrentar grandes pilotos que teriam muito sucesso no futuro, como Hélio Castroneves, Ricardo Zonta e Bruno Junqueira.

Da Matta corria pela equipe Cesário e durante o ano o seu principal adversário seria Castroneves, que corria pela Amir Nasr. Foi uma disputa de alto nível e novamente Da Matta mostrava o seu ritmo avassalador com mais um título com quatro vitórias e sete poles. De repente, o automobilismo brasileiro tinha ficado pequeno demais para Cristiano e, ao contrário do seu pai, resolveu tentar a vida na Europa, pulando para a conceituada F3 Inglesa. Com 21 anos e correndo numa equipe pequena, pela primeira vez em sua carreira no automobilismo Cristiano não se torna campeão, terminando o certame em oitavo, mas com uma vitória. Mesmo podendo ficar mais um ano na ilha e tentar ser campeão inglês de F3, Kiki resolve dar mais um passo na carreira e sobe para a F3000. Patrocinado por Xandy Negrão, Da Matta escolhe a equipe Pacific, que tinha acabado de desistir da F1. Foi um ano complicado, pois Cristiano não conhecida a maioria das pistas e o seu time ainda não tinha se recuperado totalmente dos problemas que tinha enfrentado nos tempos de F1. Cristiano largava constantemente entre os dez primeiros, mas dificilmente completava as corridas e seu melhor resultado seria um quarto lugar nas ruas de Pau.

Cansado de militar na Europa, Cristiano vê outra possibilidade no outro lado do Atlântico. A F-Indy estava no seu auge e trazia consigo a Indy Lights. Seus antigos rivais Hélio Castroneves e Tony Kanaan já estavam na categoria e base e em 1997 Da Matta resolve percorrer o mesmo caminho. O sonho de chegar a F1 estava adiado. Por enquanto. Correndo pela equipe Brian Stewart, Da Matta teria como maiores adversários justamente Castro-Neves (ainda se escrevia assim...) e Kanaan. Como se voltasse aos bons tempos, Cristiano vence logo em sua terceira corrida de estréia, no oval de Nazareth, surpreendendo a todos. Porém, a equipe Marlboro Tasman de Kanaan (que seria o campeão) e Castroneves dominou o ano e Cristiano teve que se conformar com a terceira posição e o conceituado título de Rookie of the year, com mais duas vitórias em Vancouver e Laguna Seca.

Em sua segunda temporada na Indy Lights, Cristiano se torna um dos favoritos do ano e agora correndo pela poderosa Tasman, o resultado foi um domínio poucas vezes visto na categoria. Da Matta pegou a ponta do campeonato com uma vitória em Long Beach para nunca mais largá-la e com oito pódios e mais três vitórias de ponta a ponta (Nazareth, Trois-Rivieres e Vancouver), Da Matta conquistou o campeonato com duas provas de antecedência! Foi um ano impressionante e o caminho natural de Cristiano era a CART, que estava mais forte do que nunca. Porém, nenhuma equipe de ponta se interessou em Cristiano e o mineiro teve que ir para a pequena Arciero-Wells, que corria com os fracos motores Toyota, mas essa associação com a marca japonesa traria dividendos mais tarde para Da Matta.

Primeiramente, Cristiano procurava se tornar o Rookie of the year de 1999, mas o brasileiro encontrou pela frente o alucinado Juan Pablo Montoya e o colombiano não apenas foi o novato do ano, como conquistou o título! Correndo numa equipe pequena, Da Matta teve que se acostumar, pela primeira vez na vida, a largar no pelotão de trás e mesmo tendo como companheiro de equipe o experiente Scott Pruett, Cristiano pouco pôde fazer, a não ser conseguir um surpreendente quarto lugar em Nazareth, uma pista que já provava ser especial para ele. No entanto, graças a Montoya, Da Matta pôde dar o pulo do gato e se tornar protagonista no automobilismo americano. A Toyota procurava derrotar a Honda, que há anos dominava a F-Indy e para isso ofereceu uma montanha de dinheiro para a Chip Ganassi usar seus motores no ano 2000. Para não fazer feio, a Toyota investiu muito no seu motor e ao longo do ano os japoneses se igualaram a Honda, trazendo consigo Cristiano. Ainda pela equipe Arciero e tendo como companheiro de equipe o espanhol Oriol Servia, Da Matta fez um ótimo campeonato, levando a pequena equipe a posições até então impossíveis. Sempre andando na frente, Cristiano conseguiu uma emocionante primeira vitória em Chicago e conseguiu ficar entre os cinco primeiros oito vezes, terminando o ano em décimo lugar.

Não restavam dúvidas de que Cristiano da Matta era um dos melhores pilotos do momento e quando Michael Andretti saiu da Newman-Hass no final do ano 2000, Kiki foi o escolhido para o substituir. Naquele momento, o Brasil vivia um momento mágico na categoria, com o campeão Gil de Ferran tendo ao seu lado Hélio Castroneves na Penske, a tradicional Newman-Hass tendo, além de Da Matta, Christian Fittipaldi e a Chip Ganassi trazendo da Europa Bruno Junqueira, que acabava de ser campeão da F3000. Era um momento único do automobilismo brasileiro! Assim como tinha sido em toda a sua carreira, Cristiano mostrou serviço logo de cara ao vencer sua primeira corrida pela Newman-Hass em Monterrey, calando a boca da Texaco, que quase quebrou o contrato com a Newman-Hass quando soube da contratação de Cristiano. Contudo, o campeonato foi extremamente disputado e após liderar por algumas provas, Da Matta foi caindo de produção e não chegou a brigar pelo título. No final do ano, Cristiano venceu as duas últimas corridas do ano em Surfers Paradise e Fontana, terminando o campeonato num bom quinto lugar. Por sinal, Da Matta declararia que a vitória em Fontana foi a mais emocionante de sua carreira, após uma forte briga com o italiano Max Papis nos momentos finais.

No entando, nos bastidores, a CART passava por uma forte crise e o belo campeonato de 2001 seria a última temporada realmente forte da categoria. No final de 2001 a Penske anunciou que estava se mudando para a IRL e quando as equipes se preparavam para a temporada 2002, apenas 20 carros estavam inscritos. E cairia para 18 durante o ano... Com a saída da Penske, a Newman-Hass e a Chip-Ganassi se tornavam as favoritas para aquele campeonato. Christian Fittipaldi já pensava em se mudar para a Nascar e Da Matta tomou as rédeas da equipe. Logo na primeira corrida, Cristiano venceu com enorme facilidade, iniciando um domínio poucas vezes visto na categoria. Foram sete vitórias e o título conquistado com enorme antecipação. Desde Alessando Zanardi que a CART não via tamanho domínio e assim como aconteceu com o italiano, a F1 ficou de olho em Cristiano da Matta. A Toyota tinha estreado em 2002 na F1 com o maior orçamento da categoria, mas com dois pilotos medianos no volante (Mika Salo e Allan McNish). Com um ano de experiência, a Toyota precisava de dois pilotos fortes para a segunda temporada. Primeiramente trouxe o experiente Olivier Panis da BAR. Graças aos anos prestados pela Toyota, Da Matta foi contratado para 2003. Infelizmente, Da Matta entrou para a história como o último campeão da CART, pois no final de 2002 a categoria mudou de mãos e continuou sua longa agonia.

Cristiano da Matta entrou na F1 como indicação clara da parte japonesa da equipe, indicando um dos grandes empecilhos da Toyota até o momento. A parte européia da equipe queria um piloto que tenha, ao menos, corrido na Europa e as partes entraram em conflito. Em 2003 várias regras novas entraram em vigor, como a única volta lançada na Classificação e Cristiano logo se entendeu tanto com o carro como com o regulamento. Após errar feio em sua estréia na Austrália, Da Matta começava a conquistar resultados importante e marcou seus primeiros pontos com um sexto lugar no Grande Prêmio da Espanha, dando um sufoco na poderosa Williams-BMW de Ralf Schumacher no final. Em Silverstone, pista que conhecia dos tempos da F3 Inglesa, Da Matta conseguiu seu primeiro grande feito na F1 ao liderar a corrida graças a uma estratégia diferente, marcando pontos novamente. Foi essa corrida em que o Padre irlandês fez sua primeira aparição pública... Com mais alguns pontos, Da Matta terminava o campeonato na frente de Panis e conquistava o prêmio de Novato do Ano da revista F1 Racing.

Da Matta partia para o seu segundo ano na F1 de forma esperançosa e a contratação de Mike Gascoyne por parte da Toyota era uma certeza de uma ótima temporada. Mas acabou sendo um grande pesadelo! O carro deu um enorme passo para trás e Cristiano começava a se desentender com Gascoyne, que na época tinha a fama de ser a estrela da Toyota. Mesmo após uma boa exibição em Monte Carlo, onde conquistou seus últimos pontos na F1, Da Matta rescindiu seu contrato com a Toyota após o Grande Prêmio da Alemanha. Foi uma enorme decepção e numa entrevista, Cristiano diria que se arrependeu de ter ido para a F1.

Tendo que recomeçar a carreira, Da Matta voltou aos Estados Unidos para correr na Champ Car em 2005, na época uma pálida sombra da forte CART que Cristiano tinha deixado três anos antes. Correndo na equipe PKV do seu amigo Jimmy Vasser, Da Matta não foi um protagonista naquele ano dominado por Sebastien Bourdais, mas conquistou sua última vitória na categoria em Portland, graças a uma estratégia diferente dos líderes. Já pensando na sua vida pós-automobilismo, Da Matta fez um teste na Stock Car brasileira no final de 2005, mas preferiu ficar mais um ano na Champ Car em 2006, agora na pequena equipe Dale Coyne. Após bons resultados durante o ano, Kiki se mudou para a forte equipe RuSport. No dia 3 de agosto de 2006, durante testes em Elkhard Lake, sua pista preferida, Cristiano sofreu o seu pior acidente na carreira. Numa curva cega, Cristiano atingiu um cervo e o animal atingiu em cheio sua cabeça. Da Matta foi levado imediatamente ao Theda Clark Medical Center em Neenah, Wisconsin, em estado grave, onde foi feita a cirurgia que retirou um pedaço do crânio para aliviar a pressão. Foi ainda induzido ao coma. Toda a comunidade automobilística ficou apreensiva, inclusive na Toyota, que fez uma oração envolvendo várias personagens da F1 na época em prol de Cristiano. Numa recuperação lenta e emocionante, Da Matta sobreviveu e hoje está 100% fisicamente.

Cristiano mantém sua forma discreta de ser, pouco aparecendo na mídia e participando de trilhas de mountain-bike. Porém, sua maior paixão não tinha sido esquecida e ainda nesse ano fez seu retorno às pistas na Gram-Am, já que os médicos o aconselharam a não correr mais em monopostos. Da Matta vive feliz em Belo Horizonte e mesmo não ter tido o sucesso que merecia na F1, o acho o melhor piloto que a Toyota contratou, mas graças a política reinante na equipe, os japoneses deixaram o talento de Da Matta ir embora. Apesar da simplicidade e a timidez, Cristiano tem opiniões fortes. Quando todos pensavam que ele iria para a IRL em 2002, ele disse que "não queria correr em pistas como o Texas". Conta a lenda que numa discurssão com Mike Gascoyne, Da Matta teria dito que "podem me demitir. Vocês me trouxeram dos Estados Unidos para correr nessa carroça?". Kiki, como é chamado carinhosamente, foi um dos grandes pilotos dessa década e marcou uma era do automobilismo brasileiro.

Parabéns!
Cristiano da Matta

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Enquanto isso, em Indianápolis...


Se a chuva trouxe uma surpresa para lá de agradável em Monza, em outro santuário do esporte a motor as fortes precipitações trouxe várias dores de cabeça para os organizadores do primeiro Grande Prêmio de Indianápolis da história do Mundial de Motociclismo. Mas se na Itália, Vettel entrou para a história, no outro lado do Atlântico um representante da bota se confirma cada vez mais na história.

Debaixo de muita chuva, Valentino Rossi ganhou mais uma e se aproxima a passos largos do seu oitavo título mundial, sexto da principal categoria. Rossi venceu como de costume. Largou muito mal, estudou rapidamente seus adversários nas primeiras voltas e cozinhou o primeiro colocado por algumas voltas. Como se tudo estivesse escrito, Rossi faturou a primeira posição com facilidade e somente um cataclisma poderia tirar sua vitória. Que quase veio em forma de uma tempestade que quase levou as motos ao chão unicamente pelo vento. A bandeira vermelha foi mostrada e Rossi pôde faturar mais um triunfo e bater outro recorde, com a vitória de número 69, batendo o recorde de Giacomo Agostini.

Para melhorar as coisas para Rossi, seus principais adversários enfrentam variadas dificuldades. Stoner sofre com uma antiga contusão e dificilmente completará a temporada, pois a cirurgia parece ser o seu destino. Já Pedrosa parece mais perdido do que japonês em forró, pois no meio da temporada, numa pista completamente desconhecida, simplesmente trocou de fornecedor de pneus e correu nos Estados Unidos com a Bridgestone. Quem agradeceu foram os coadjuvantes. Após muito tempo sem andar bem, Nicky Hayden usou o fator casa para chegar em segundo após liderar boa parte da prova. Após seis temporadas na Honda, o americano anunciou que irá para a Ducati, para ser companheiro de equipe de Stoner. Sempre achei Hayden um pouco injustiçado, pois a Honda sempre privilegiou Pedrosa. Hayden foi campeão. Pedrosa não...

Se a corrida das 125cc já tinha sido suspensa antes do final por conta da chuva, a corrida das 250 foi cancelada devido ao temporal que caiu após a corrida das 125 e a grande ventania que se abateu em Indianápolis após a corrida da MotoGP. Perdemos então o que deveria ser uma das corridas mais esperadas dos últimos tempos, pois Barberá se tornou um verdadeiro alvo dos italianos após a corrida em Misano quinze dias atrás.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Figura(ITA): Sebastian Vettel

Não podia ser outro! O que Sebastian Vettel fez em Monza entrou para a história da F1 e não foi apenas pelos recordes de precocidade batidos. Quem se lembra de uma vitória vindo da pole-position de um piloto montado atrás de um volante de um carro pequeno? Vitória eventuais existiram e um exemplo recente foi a vitória de Fisichella no Brasil em 2003. Mas Fisico não largou na pole. Não dominou a corrida. Não liderou praticamente de ponta a ponta. Não dominou pilotos bem mais experientes e com carros mais fortes. Pois Vettel fez tudo isso com apenas 21 anos de idade e com um carro que há três anos atrás era uma Minardi, que dominava a última dos grids e era a piada do paddock. Mas agora quem ri é Vettel e a Red Bull, que terá nas mãos, pelo menos nos próximos anos, um jóia rara que deverá ser campeão um dia.

Figurão(ITA): David Coulthard

Esse foi pelo conjunto da obra. Desde o começo do ano o escocês vem partindo para despedida melancólica, pois além de ser bem mais lento do que Mark Webber, suas trapalhadas nas corridas já estão se tornando rotineiras. Até demais! O incrível é que nos seus tempos de McLaren, Coulthard era conhecido justamente por ser discreto demais em certas ocasiões, mas juntamente em sua despedida o piloto da Red Bull vem aparecendo muito. Mas de uma forma nada agradável! Com uma média de um toque por corrida, em Monza Coulthard se superou ao bater duas vezes, um no início da prova, com Fisichella, e outra no final, com Nakajima. Apesar de simpático e carismático, David Coulthard caminha para ser lembrado como um trapalhão que apenas atrapalha os outros e que não está nem aí com os outros.

domingo, 14 de setembro de 2008

A história acontecendo!


Apesar da pista molhada, o resultado do Grande Prêmio da Itália não foi tão surpreendente, pois o pole se aproveitou da largada atrás do safety-car, disparou nas primeiras voltas, fez suas paradas na hora correta e de modo perfeito e venceu sem grandes sobrassaltos. Porém, estamos falando de um alemãozinho de apenas 21 anos de idade que estava à bordo de um carro que um dia foi a Minardi. Muitos pilotos já venceram provas de forma circunstancial, seja por mudanças climáticas ou pilotos quebrando à sua frente. Mas não foi o caso desta vez!
Vettel dominou a prova como se fosse um veterano com o melhor carro da corrida e da mesma forma que choveu para ele, também choveu para todos. A Toro Rosso, que um dia fechava o grid em todos as corridas por vários anos quando se chamava Minardi, tem seu dia de glória suprema, que só não foi perfeita pelo golpe de azar de Sebastien Bourdais, que ficou parado na volta de apresentação. Esta vitória também representa o primeiro triunfo da marca Red Bull na F1, que investe a vários ano na categoria e agora com duas equipes na categoria, vê um pouco de retorno. Por sinal, com os resultados de hoje, a Toro Rosso ultrapassou a Red Bull no Mundial de Construtores, mostrando o bom trabalho de Gerhard Berger no comando da equipe italiana. O desempenho de Vettel foi tão merecido, que ele marcou, pelo menos até a TV mostrar os tempos pela última vez, a segunda volta mais rápida da corrida, superado apenas por Raikkonen e à frente de Massa e Hamilton. Claro que está muito cedo para dizer o que acontecerá com Sebastian Vettel, mas ele dá mostras, sem medo de errar, que será um dos grandes protagonistas da F1 a médio prazo, juntamente com Kubica e Hamilton, os outros dois protagonistas da corrida de hoje.

Provando que o acontecido de ontem foi um erro estratégico, Hamilton deu mais um show de habilidade e coragem e salvou um pouco o que parecia um final de semana perdido. A vantagem para Massa pode ter diminuído, mas ele mostrou que pode levar sua McLaren a grandes vôos e suas ultrapassagens em cima de adversários respeitáveis demonstra quem é o melhor piloto da atualidade. Pena que tudo pode mudar nessa F1 onde ultrapassar se tornou proibido. As disputas com Glock e Webber podem mudar o resultado da corrida mais uma vez e se não tivesse sido punido semana passada, o inglês merecia, no mínimo, um puxão de orelhas na disputa com Webber, pois podia ter causado um sério acidente naquele momento. Vamos ficar de olho nas próximas horas!

Claro que o campeonato será disputado entre Massa e Hamilton, mas Kubica mostra que pode se aproveitar do menor dos vacilos dos pilotos à sua frente. Numa pista que lhe é especial, o polonês conseguiu mais um pódio nesse ano e está num próximo terceiro lugar, já deixando Raikkonen mais para trás. Kubica tem um estilo elegante de correr, em que não comete erros, apesar de andar sempre forte. Numa corrida em que a BMW se destacou, Heidfeld conseguiu uma boa quinta posição, apesar dos ataques de Massa e Hamilton no final da prova. O alemão foi forte nas divididas e não se entregou em nenhum momento, mas outra vez foi superado por Kubica na briga interna da BMW e com a porta da Ferrari fechada para Alonso, seu lugar é um dos mais visado no momento do espanhol.

Por sinal, Alonso foi o piloto mais esperto do dia, ao ser o primeiro piloto de ponta a colocar os pneus intermediários e voar na pista, enquanto os demais ainda discutiam se trocavam ou não de pneus. Com esses resultados, Alonso vai entregando praticamente sozinho a quarta posição no Mundial de Construtores para a Renault, já que Nelsinho pouco faz para equipe, apesar de sempre largar mais pesado.

Kovalainen fez uma corrida forte e começa a se aproximar de Heidfeld e Raikkonen na briga pela quarta posição do Mundial de Pilotos. O finlandês vem evoluindo prova a prova, mas acho que deve ter ficado um gosto amargo na boca. Afinal, com Hamilton largando lá atrás e Kova na primeira fila, era a grande chance do finlandês conseguir uma vitória convincente, mas Heikki não teve chances contra o furacão Vettel. Já seu compatriota Raikkonen fez mais uma prova difícil de ser contada. Largando mais pesado, ficou muito tempo no pelotão intermediário, mas Hamilton estava ainda mais pesado e passou todo mundo a sua frente até com certa facilidade. Então, com num estalo na cabeça fria do finlandês, Kimi passou a marcar volta mais rápida em cima de volta mais rápida e ultrapassou quem vinha pela frente. Pena que a corrida estava acabando e mais uma vez o piloto da Ferrari ficou fora dos pontos e agora, praticamente de forma oficial, fora da disputa pelo título do ano que vem.

Mesmo com a Toro Rosso tendo motor Ferrari, a marca de Maranello tem pouco a comemorar neste domingo. Massa tinha tudo para sair líder do campeonato, mas se o brasileiro não fez uma prova considerada "bundão", foi abaixo do esperado. Falta a Massa uma corrida como a de Hamilton hoje, em que ele é o destaque, o chamariz, as imagens da Tv estejam só nele. Tirando a bela ultrapassagem sobre Rosberg, Felipe só apareceu correndo de forma burocrática, talvez pensando na sua aversão por chuva, que por sorte não foi tão forte como ontem. Agora apenas um ponto atrás de Hamilton, Massa terá que andar mais forte do que nunca se quiser conquistar o campeonato este ano e agora deverá ter a ajuda de Raikkonen. Sem bem que da forma como Kimi está andando atualmente, isso não será uma tão grande assim...

Webber fechou a zona de pontuação após ter ficado boa parte da prova em terceiro, mas o australiano provocou o momento de maior apreensão ao disputar a freada da primeira curva com Hamilton e dois terem se tocado. Na hora, achei Webber um pouco afoito, que freou bem mais tarde que Hamilton, mas não percebi se o piloto da McLaren mudou a trajetória. Se Lewis tiver mudado... Para a Red Bull fica a sensação de que está sendo superada dentro da própria casa pela Toro Rosso, mas a equipe pode dizer que os motores são diferentes e isso pode ser a diferença. Pode até ser, mas os pilotos também podem estar influenciando, pois Coulthard bateu o ponto mais uma vez, ao bater em outro carro mais uma vez. Desta vez a vítima foi Kazuki Nakajima. Comemorando seu GP de número 500, a Williams merecia melhores resultado, apesar da boa performance de Rosberg no início da corrida, mas parece que a equipe acertou os carros para chuva forte, o que acabou não ocorrendo e o resultado foi uma queda acentuada do alemão no final da prova.

A Toyota perdeu a grande chance de conquistar um bom resultado quando não colocou pneus intermediários na única parada dos seus pilotos. Vendo o rendimento de Alonso, que parou bem próximo aos pilotos da marca nipônica, Glock e Trulli poderiam ter chegada mais à frente, mas eles tiveram que se conformar em brigar por posições mais atrás, com destaque para Glock, que no decorrer da temporada está batendo seu companheiro de equipe mais experiente. Barrichello só apareceu quando foi o primeiro piloto a colocar pneus intermediários, mas Ross Brawn deve ter perdido a manha nesse ano de férias e os dois pilotos tiveram que parar novamente no final da corrida. Porém, isso pouco influenciaria, pois tanto Barrichello, como Button, estavam fora da zona de pontuação. A Force India podia ter feito a grande corrida do ano, mas desperdiçou com o erro de Fisichella, após bela briga com Raikkonen, e os erro estratégicos com Sutil, que no final da prova ainda colocou pneus slicks.

Na transmissão de hoje, Galvão Bueno e Reginaldo Leme se vestiram de "Cavalheiros da Justiça" e a todo momento ficaram apontando irregularidades de Hamilton nas agressivas ultrapassagens do inglês. Mas quando Massa estava brigando, o "fulano tinha que quebrar o galho...'' E o pior é que aqui não se pega rádio transmitindo F1...

Numa prova que teve apenas um abandono, o campeoanto ficou praticamente inalterado, mas alguns pontos devem ser destacados daqui para frente. Hamilton se consolida como melhor piloto do ano, apesar das dificuldades e o bom momento de Massa, que numa situação em que não se sente a vontade, conseguiu marcar pontos valiosos. Raikkonen começa a ver o campeonato ir para o brejo e até a quarta posição dele está ameaçada por Kovalainen e Heidfeld. Enquanto a McLaren encosta na Ferrari no Mundial de Construtores, a Renault se consolida na quarta posição, obra única de Alonso. Mas o crescimento da Toro Rosso nos fez enxerguar melhor o talento de Sebastian Vettel, que definitivamente entrou para a história e pelo que vem apresentando no momento, fará ainda mais!