quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

História: 30 anos do Grande Prêmio da Argentina de 1980


Mesmo com o pouco tempo de diferença entre a última corrida de 1979 e a primeira de 1980, não deixaram de acontecer novidades na F1, principalmente envolvendo os brasileiros. Com a aposentadoria de Niki Lauda, Nelson Piquet assumia a posição de primeiro piloto da Brabham, que demonstrava algum potencial com o motor Ford-Cosworth, em substituição ao pesado Alfa Romeo que tanto atrapalhou a equipe de Bernie Ecclestone nas temporadas anteriores. Ricardo Zunino, que substituiu Lauda no Grande Prêmio do Canadá de 1979, continuaria na equipe. A equipe Fittipaldi faz uma audaciosa aposta quando comprou por inteiro a equipe Wolf, saindo de Interlagos e levando a sede da equipe para a Inglaterra. A compra da Wolf, que havia conseguido um vice-campeonato três anos antes vindo do nada, trouxe junto no pacote o agressivo e promissor Keke Rosberg e o gênio Harvey Postlethwaite, que já ganhava fama no paddock pelos seus bons carros projetados. A equipe brasileira parecia ter uma combinação que parecia finalmente levar o time a voos maiores num futuro próximo.

Nas outras equipes, poucas mudanças. Com a Williams demonstrando ter um carro competitivo na segunda metade da temporada de 1979, a equipe conseguiu atrair Carlos Reutemann para 1980, mas Alan Jones, que havia chegado ao time em 1978 e tinha sofrido todas as arguras de quando a Williams era apenas um time pequeno, tinha a preferência da dupla Frank Williams e Patrick Head. Para o lugar de Reutemann, a Lotus trouxe o jovem Elio de Angelis, que poderia fazer uma boa mescla com o veterano Mario Andretti. A campeã Ferrari mantinha seus dois pilotos com o qual tinha conquistado a dobradinha em 1979, enquanto a McLaren trouxe uma jovem revelação, com o apoio da Marlboro, que tinha acabado de conquistar o Campeonato Europeu de F3: Alain Prost.

Uma das virtudes do Autódromo Oscar Galvez era a versatilidade de circuitos, com várias possibilidades de traçados. Para a corrida inaugural de 1980, a organização escolheu o circuito número 15 e preocupados com as reclamações com as ondulações, os argentinos recapearam alguns trechos da pista, mas o resultado foi terrível, com a curva Umbu tendo problemas com o asfalto se soltando, causando várias rodadas. Jody Scheckter e Emerson Fittipaldi chegaram a esboçar um boicote, mas os pilotos resolveram correr com algumas condições, mas isso acabou por provocar uma cena curiosa e perigosa. Fiscais ficavam na beira da pista, varrendo restos de asfalto na pista, enquanto o próximo carro não vinha. Confirmando a boa fase da Williams, Alan Jones conseguiu a pole com facilidade, mas para tristeza da torcida portenha, seu ídolo Carlos Reutemann ficou apenas na 10º posição. Assim como havia acontecido em 1979, a Ligier iniciou o ano em ótima forma, com Laffite e o estreante Pironi ficando logo atrás de Jones, enquanto Piquet mostrava que poderia fazer um bom papel como 1º piloto da Brabham, ficando em 4º. A Ferrari foi muito discreta, com Villeneuve em 8º e Scheckter apenas em 11º, enquanto o novato Alain Prost já aprontava das suas, ao ser 1s mais rápido do que seu experiente companheiro de equipe John Watson e ficar em 12º, logo à frente de Keke Rosberg, que havia colocado 2s4 sobre Emerson Fittipaldi, que amargaria a última posição.

Grid:
1) Jones (Williams) - 1:44.17
2) Laffite (Ligier) - 1:44.44
3) Pironi (Ligier) - 1:44.64
4) Piquet (Brabham) - 1:45.02
5) De Angelis (Lotus) - 1:45.46
6) Andretti (Lotus) - 1:45.78
7) Patrese (Arrows) - 1:46.01
8) Villeneuve (Ferrari) - 1:46.07
9) Jabouille (Renault) - 1:46.15
10) Reutemann (Williams) - 1:46.19

O dia 13 de janeiro de 1980 estava quente e ensolarado em Buenos Aires, com temperaturas superiores a 30ºC em todo o final de semana. Alan Jones era o grande favorito para a corrida pelo desempenho demonstrado nos treinos, mas ainda havia na mente de todos o domínio exercido pela Ligier um ano antes, na mesma pista de Buenos Aires. O australiano da Williams não decepcionou na largada e chegou em primeiro no final da reta, com Piquet tendo feito uma largada excepcional, pulando de 4º para 2º, deixando para trás Laffite. Pironi larga mal e acaba atrapalhando De Angelis, com o francês acabando por abandonar ainda na 2º volta, com problemas no motor, juntamente com a decepcionante equipe Renault, com Jabouille ficando sem embreagem e Arnoux batendo na curva Horquilla.

Alan Jones imprimia um ritmo avassalador, colocando 6s sobre Piquet apenas na 5º volta, com Laffite colado no brasileiro, mostrando o equilíbrio do seu Ligier. Após muita pressão, Laffite ultrapassa Piquet definitivamente na nona volta e começa a andar ligeiramente mais rápido do que Jones, mas na 10º volta, a vantagem do australiano sobre francês já era de 12s. Enquanto Rosberg fazia uma boa corrida e estava na espreita de entrar na zona de pontuação, Emerson Fittipaldi vai aos boxes na volta 13 para trocar a bateria do seu carro, acabando com a corrida do veterano campeão. O piloto da casa Carlos Reutemann fazia uma corrida discreta, andando sempre em 4º, mas acaba tendo problemas de suspensão e roda na chicane, acabando por abandonar na volta 12. Muito à frente dos demais, Jones surpreende a todos quando entra nos boxes na volta 17 ainda na liderança. O australiano constata que a temperatura do seu motor estava muito alta e após uma rápida inspeção, um mecânico tirou um saco plástico do radiador do lado esquerdo do carro de Jones.

Problema solucionado, Jones voltava rapidamente à pista, sabendo que tinha o melhor carro daquele dia. Retornando em quarto, o piloto da Williams tinha apenas 10s de desvantagem para o líder Laffite, mas ainda assim Jones sabia que tinha que atacar logo para conseguir a esperada vitória. Porém, o seu primeiro obstáculo era um reconhecido osso duro de roer. Gilles Villeneuve já tinha travado brigas históricas com Jones em 1979 e o canadense era um dos poucos pilotos a quem Jones respeitava ao extremo. Rapidamente o australiano encostou da Ferrari de Villeneuve, mas Jones preferiu esperar pelo melhor momento para efetuar a ultrapassagem, por isso esperou oito voltas para assumir a 3º posição. Com Piquet logo à frente, Jones só demorou duas voltas para conseguir a ultrapassagem e agora partia para cima de Laffite. Porém, o francês começava a ter problemas de motor e na volta 30, cinco voltas depois de ter ocupado a 4º posição, Jones reassumia a liderança da prova, com Laffite abandonando na volta seguinte.

Enquanto isso, Piquet e Villeneuve brigavam pela 2º colocação, com a Ferrari claramente mais rápida que a Brabham. Os dois pilotos eram considerados as grandes promessas daquele início da década de 1980 e todos admiravam a diferença de pilotagem entre o estiloso Piquet e o agressivo Villeneuve. Finalmente na volta 35, com Piquet lutando muito, Villeneuve assumiu a 2º posição, mas com Jones já 10s à frente. Porém, o instito de Villeneuve não lhe permitia relaxar e o canadense continuou andando forte, mas isso acabou lhe custando um forte acidente na curva do Tobogã. Piquet reassumia a 2º posição, seguido de longe pelo campeão Scheckter, que fazia uma corrida discretíssima, mas uma quebra nas voltas finais do sul-africano pôs a grande surpresa do dia no pódio. Keke Rosberg conseguiu levar seu Fittipaldi com inteligência até o final e sua paciência o premiou com um inesperado pódio. Com um hat-trick, Jones mostrava que a Williams era uma das favoritas para a temporada, mas Piquet seria um adversário perigoso. A se destacar, o ponto consquistado pelo novato Alain Prost. Era o primeiro de 798,5 pontos...

Chegada:
1) Jones
2) Piquet
3) Rosberg
4) Daly
5) Giacomelli
6) Prost

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