terça-feira, 12 de janeiro de 2010

História: 35 anos do Grande Prêmio da Argentina de 1975


Após uma das temporadas mais emocionantes de sua história, a F1 seguiu o lema do futebol de que 'em time que se está ganhando não se mexe' e por isso poucas equipes grandes mudaram suas duplas de pilotos. O atual bicampeão mundial Emerson Fittipaldi teria um novo companheiro de equipe com a aposentadoria de Denny Hulme, entrando em seu lugar o alemão Jochen Mass. Com a saída da Yardley, a McLaren teria dois carros como as demais rivais. Ferrari, Lotus, Tyrrell e Brabham iniciavam 1975 com os mesmos pilotos de 1974, mas Ronnie Peterson estava descontente na Lotus e o sueco estava forçando sua saída da equipe e quando os treino iniciaram, ainda haviam dúvidas se o sueco correria pela Lotus ou pela emergente Shadow.

Para o Brasil, mais importante do que o início da temporada do seu maior ídolo no esporte nacional, com a aposentadoria (temporária) de Pelé, era o início da aventura da família Fittipaldi como equipe de F1. Wilsinho sempre viveu a sombra do irmão mais famoso, mas desde o final de 1973 ele havia colocado em prática o sonho de uma equipe fundada pela família Fittipaldi e apoiado pela Copersucar e com um projeto de Ricardo Divila, o Copersucar FD-01 foi a Buenos Aires para a primeira corrida de um carro genuinamente brasileiro na F1. Wilsinho Fittipaldi seria o chefe de equipe e piloto único. Na Argentina, ainda havia a expectativa de um carro argentino fabricado por Orestes Berta também estreasse em solo portenho e o nativo Nestor Garcia-Veiga chegou a ser inscrito, mas o carro acabou não indo a pista. E nunca mais apareceria...

Numa temporada que foi dominada por McLaren, Ferrari, Tyrrell e Lotus, foi um verdadeiro choque ver o novo Shadow de Jean Pierre Jarier conseguir a primeira pole de ambos, com uma boa diferença de quatro décimos em cima do segundo colocado, o brasileiro José Carlos Pace. Realçando a força que a Brabham tinha mostrado na última corrida de 1974, Carlos Reutemann largaria em terceiro, tentando vencer na frente dos seus fanáticos torcedores pela primeira vez. O campeão Emerson Fittipaldi largaria num discreto quinto lugar, enquanto seu irmão amargaria a última posição, com um tempo exatamente 11s pior do que o pole Jarier e quase 6s atrás do penúltimo colocado.

Grid:
1) Jarier (Shadow) - 1:49.21
2) Pace (Brabham) - 1:49.64
3) Reutemann (Brabham) - 1:49.80
4) Lauda (Ferrari) - 1:49.96
5) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:50.02
6) Hunt (Hesketh) - 1:50.26
7) Regazzoni (Ferrari) - 1:50.71
8) Depailler (Tyrrell) - 1:50.80
9) Scheckter (Tyrrell) - 1:50.82
10) Andretti (Parnelli) - 1:51.06

O dia 12 de janeiro de 1975 estava quente e ensolarado, como normalmente acontece nessa época do ano em Buenos Aires, com os pilotos até mesmo acostumado ao forte calor que faz na corrida argentina. Jarier deveria estar gozando de sua primeira pole enquanto estava no grid, pensando de qual forma faria a primeira curva e de como seguraria atrás de seu surpreendente Shadow os melhores pilotos do mundo. No entanto, o momento de regogizo do francês duraria menos do que o imaginado. Enquanto completava a volta de apresentação, a caixa de cambio do carro de Jarrier não funcionava como deveria. Houve um tremor. Por fim, a transmissão do Shadow havia quebrado na volta de apresentação, para desespero de Jarier e alegria da dupla da Brabham, que largariam na frente em dobradinha.

Porém, isso ainda não era suficiente para a torcida argentina que lotava o autódromo Oscar Galvez. Carlos Reutemann faz uma excelente largada e ultrapassou seu companheiro de equipe e xará ainda antes da primeira curva, com os portenhos indo a loucura e não parando de gritar 'Lole', para incentivar Reutemann a disparar na ponta, à frente de Pace, Lauda, Hunt e Fittipaldi. Enquanto Scheckter e Mass se tocavam na primeira volta e tinham que ir aos boxes, perdendo muito tempo para almejar algo na corrida, a dupla da Brabham abria uma boa vantagem sobre os demais, com Lauda segurando Hunt e Emerson. Finalmente na oitava volta o inglês pôde ultrapassar o piloto da Ferrari e partiu para cima de Pace, com Fittipaldi a atacar Lauda. Na 13º volta, Wilsinho Fittipaldi estava somente à frente do atrasado Mass, quando o brasileiro perdeu o controle do seu Copersucar e bateu forte na barreira de proteção, rompendo o tanque de combustível. Apesar da pancada, Wilsinho saiu do carro sem problemas, mas o modelo FD01 queimou até um carro do caminhão de bombeiros chegar. Foi um enorme frustração para os brasileiro envolvidos e não faltou lamentação no box tupiniquim.

Para aumentar a tristeza brasileira, José Carlos Pace rodou na volta seguinte praticamente no mesmo local em que Wilson havia batido, após ultrapassar Reutemann na mesma volta com o argentino perdendo rendimento, e cai de 2º para 7º. Hunt se aproximava gradualmente de Reutemann, trazendo consigo Lauda e Fittipaldi, que brigavam na pista desde o início da corrida. Na volta 23, finalmente o brasileiro ultrapassa a Ferrari, enquanto Hunt encostava de vez em Reutemann. Correndo em casa, o argentino mostrou raça, mas seu Brabham tinha claros problemas de equilíbrio e foi ultrapassado por Hunt e Emerson em voltas consecutivas, nas voltas 26 e 27. Imediatamente Fittipaldi passou a atacar Hunt, que usou sua garra habitual para segurar o atual bicampeão, que tinha uma McLaren frente ao seu Hesketh. Na volta 35, o brasileiro assumiu a liderança da corrida.

Com a ponta da corrida na mão, Emerson passou a dominar a prova, aumentando sua diferença para Hunt, que por sua vez não tinha que se preocupar com Reutemann, já um distante 3º colocado, com as duas Ferraris brigando com o Brabham de Pace nas voltas finais. Mais equilibrado e mostrando que tinha carro para conseguir a vitória, Pace ultrapassou as duas Ferraris, com Regazzoni já à frente de Lauda, mas seu motor o trai nas últimas voltas, entregando o 4º lugar a Regazzoni, com Depailler ainda ultrapassando Lauda nas voltas finais. Assim como tinha acontecido quando havia defendido seu título de 1972, Emerson inicia a temporada seguinte com uma boa vitória na Argentina, dando a pinta que continuaria vencendo na temporada. O tempo mostraria que aconteceria a mesma história de 1973. Para os brasileiros da Copersucar, só restava construir um novo carro para Wilsinho Fittipaldi para a corrida caseira em Interlagos.

Chegada:
1) E.Fittipaldi
2) Hunt
3) Reutemann
4) Regazzoni
5) Depailler
6) Lauda

Um comentário:

  1. ola amigo

    voltei a ativa com o De Gennaro Motors....após um periodo de férias.

    forte abraço

    Fernando Gennaro

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