O catalão pode ser arrogante e nada simpático, mas não há como não admirar Jorge Lorenzo. O piloto da Yamaha conseguiu o vice-campeonato na temporada passada mesmo com todo o domínio da Honda de Casey Stoner e na primeira corrida de 2012, Lorenzo conseguiu a pole e se aproveitou do desgaste dos pneus de Stoner para começar este ano com o pé direito.
Lorenzo é do tipo de piloto que lembra um pouco seu conterrâneo Fernando Alonso, que tira tudo de sua máquina e consegue resultados superiores ao real potencial do seu equipamento. A Honda ainda tem uma moto melhor do que a Yamaha mesmo com a mudança de 800cc para 1000cc neste ano, mas Lorenzo não ligou muito para essa desvantagem para conseguir uma vitória categórica, derrotando os dois pilotos da Repsol Honda. Logo na largada Lorenzo, Stoner e Daniel Pedrosa dispararam na ponta e passaram a prova inteira andando próximos uns dos outros, com uma vantagem inicial de Lorenzo, mas Stoner logo tomou a ponta. Todos lembraram de como isso acontecia em 2011 e o final era uma vitória tranquila de Stoner. Porém, o australiano nunca teve uma vantagem superior a 2s sobre Lorenzo, que era pressionado por Pedrosa.
O diferencial deste ano para a temporada anterior são os novos pneus Bridgestone, projetados para aquecer mais rápido e diminuir o número de quedas por falta de aderência devido a problemas de pneus frios, ainda pelos reflexos da morte de Marco Simoncelli. Isso teria uma contraindicação e foi o desgaste dos pneus. E foi exatamente isso que aconteceu. Stoner perdeu rendimento de forma repentina nas voltas finais e foi superados pelos dois espanhóis de forma inapelável, não tendo como se defender. Após a corrida, Stoner não escondia seu descontentamento. Ao contrário de Lorenzo, que parecia mais feliz do que em outras vitórias e ainda foi cumprimentado pelo seu arquirrival Daniel Pedrosa antes do pódio.
Com o trio se destacando, os outros pilotos se tornaram coadjuvantes. Cal Cruthlow, que conseguiu um surpreendente terceiro lugar, largou mal e passou a corrida inteira pressionando seu companheiro de equipe Andrea Doviziozo, só conseguindo o quarto lugar nas voltas finais. Stefan Bradl, que estreava na MotoGP após seu triunfo na Moto2, fez uma boa corrida, mas teve problemas parecidos com o de Stoner e foi engolido por Nicky Hayden e Alvaro Bautista. O americano foi amplamente superior a Valentino Rossi em todo o final de semana, já levantando debates da real motivação de Rossi na MotoGP, ainda mais com a iminente venda da Ducati. A performance de Rossi só não foi mais constrangedora do que Ben Spies, companheiro de equipe de Lorenzo, mas levando quase um minuto do espanhol, sendo o último dos pilotos com motos protótipos, ficando poucos segundos da primeira CRT do veterano Colin Edwards.
Ao contrário das provas da Moto2 e Moto3, que estreou este ano com vitória do maior favorito desse ano, Maverick Viñalez, a MotoGP teve uma prova sem tantas emoções, mas nem por isso sem um final empolgante, com a queda de rendimento de Stoner. A Honda deve começar a pensar em como lidar com o desgaste de pneus, já que Bradl também teve o mesmo problema, enquanto Pedrosa só se salvou pelo pouco peso que tem. Jorge Lorenzo soube manter um ritmo forte e ainda assim se manter perto das Hondas e se sobressaiu a Pedrosa e um decepcionado Stoner. Pode ser o início da briga de um homem (Lorenzo) contra a máquina (Honda). E essa briga promete!
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