domingo, 28 de julho de 2013

Guarda-costa

Lewis Hamilton teve todo o mérito pela vitória hoje em Hungaroring, que o igualou a Michael Schumacher como o maior vencedor da chata pista húngara, que teremos que aturar até, no mínimo 2021. Porém, se a F1 tivesse a tradição do futebol em distribuir bichos pela vitória, Hamilton teria que dar alguma coisa para Jenson Button por o inglês ter segurado Sebastian Vettel por tantas voltas, enquanto Lewis abria uma diferença crucial para sua primeira vitória em 2013 e pela Mercedes, podendo significar uma virada no campeonato, levando em conta que somente agora passamos da metade do campeonato e com a força da equipe germânica no momento, Hamilton poderá ter chances de conseguir perseguir Vettel até o final do ano, mesmo sua missão sendo muito complicada. Já o alemão teve que lidar com o tráfego tantas vezes que perdeu até mesmo o segundo lugar para Raikkonen, que fez uma estratégia espetacular com a sua pouca faminta por pneus Lotus. Hamilton poderia dar seu fictício bicho para os comissários húngaros ao punirem Romain Grosjean de forma inacreditável hoje, quando o francês também teria boas chances de brigar, no mínimo, pelo pódio.

A corrida em Hungaroring seguiu o script usual de muito calor e trenzinhos de carros, mas até que em 2013 tivemos algumas ultrapassagens espetaculares, incluindo duas de Lewis Hamilton sobre Mark Webber praticamente no mesmo ponto que chamaram a atenção e deixou o australiano surpreso pela audácia das duas manobras por fora. Essas duas ultrapassagens demonstraram bem o quanto Hamilton queria essa vitória, provavelmente muito incomodado em ver seu companheiro de equipe com dois triunfos em 2013 e ele nenhum, além do fato de sua saída da McLaren para a Mercedes ter sido muito criticada por muitos no ano passado ao acusarem o inglês de ter pensado unicamente no dinheiro, ao invés da competitividade. Porém, a Mercedes construiu um carro rápido e se ainda sofre com os pneus, o time tenta consertar esse defeito com muito trabalho ao longo de ano sem perder muita velocidade. Hamilton fez uma ótima largada, mas a corrida parecia que seria muito disputada com Vettel e Grosjean, com o trio andando muito próximos no começo da corrida. Como esperado, Hamilton parou primeiro, mas deu sorte de deixar Button rapidamente para trás, o que não aconteceu com Vettel e Grosjean. Lewis aproveitou para abrir uma diferença considerável e que não seria descontada pelos rivais, garantindo a vitória, por sinal, pouco comemorada. Apesar do anúncio da dor de cotovelo pelo fim do namoro, me passou a impressão que Hamilton trata a Mercedes apenas de forma profissional, sem a passionalidade que tinha nos triunfos da McLaren. Se eclipsou Hamilton em algumas oportunidades, Rosberg fez uma corrida pobre na Hungria, onde não foi capaz de igualar em nenhum momento o ritmo do inglês e mesmo sendo tocado por Massa na primeira volta que o fez perder muito tempo, Nico parecia não ter ritmo para brigar até mesmo pelo pódio e ainda viu seu motor explodir no final da prova. O alemão já está um pouco longe de Hamilton no campeonato e parece viver a síndrome de Mark Webber. Nico Rosberg é capaz de andar muito bem em determinadas provas, mas não consegue manter a consistência dos campeões.

Como esperado, a Lotus andou muito bem no forte calor húngaro e Raikkonen aproveitou o bom trato que seu carro tem para com os pneus para garantiu um importante segundo lugar, que lhe garantiu também a mesma posição no campeonato. Porém, o grande nome hoje da equipe aurinegra foi Romain Grosjean. O francês quase ultrapassou Vettel na largada, mas usou um pouco a cabeça e ficou em terceiro, comboiando o alemão e por vezes estando mais em posição de ataque do que de espera. Assim como Vettel, Grosjean ficou empacado atrás de Button, mas quando o alemão fez a ultrapassagem, o francês foi no embalo e acabou tocando na McLaren, causando um furo. Na volta, Grosjean fez a ultrapassagem da corrida sobre Massa, mas os comissários puniram o francês por ele ter colocado os pneus um pouco além da zebra. Apesar de ainda amar a F1, são essas coisas que me fazem gostar mais de futebol, apesar do Ceará me estar fazendo muita raiva esse ano na Série B ultimamente. A F1 sempre procurou as ultrapassagens nos últimos anos. Mudou pneus e inventou a regra da asa móvel. Porém, quando um piloto efetua uma manobra um pouco mais arriscada, mas sem grandes riscos para a integridade física e material, ser punido, é altamente brochante! A FIA só quer seguras ultrapassagens nos finais de reta, sem muita defesa? Isso é matar a F1! O toque em Button e a inacreditável punição estragaram definitivamente a corrida de Grosjean, que poderia fazer uma baita corrida no dia do nascimento do seu primeiro filho. Observando o pouco desgaste dos pneus da Lotus, o francês poderia tentar uma estratégia de duas paradas que elevou Raikkonen para o pódio e, quiçá, brigar lá na frente com Hamilton, ocasionando um final espetacular de corrida. Mas os coxinhas da FIA preferiram outro caminho...

A cara de Vettel e Christian Horner ao final da prova mostraram uma sensação agridoce para o futuro próximo. O terceiro lugar de Sebastian para o campeonato foi muito bom, pois Alonso não fez uma boa corrida e houve uma troca de vice-líder, mesmo que a diferença para Raikkonen tenha diminuído ainda seja confortável. Porém, o crescimento da Mercedes nessa fase do campeonato poderá tirar a tranquilidade de Vettel e cia, já que ainda temos mais nove corridas pela frente e como a própria Red Bull demonstrou ano passado, grandes diferenças podem ser tiradas. Webber fez uma interessante corrida de recuperação, invertendo a estratégia em comparação aos líderes e isso o elevou ao quarto lugar, mas houve desconfiança de que a Red Bull teria dado uma ordem de equipe para que Webber, com pneus macios novos e tanque vazio, não atacasse Vettel, com pneus médios. Será? O certo é que a Ferrari está cada vez mais entrando em suas famosas crises quando ficou claro que hoje o time de Maranello é a quarta força do campeonato. Alonso vê seu sonhado terceiro título cada vez mais longe e de forma impotente. O espanhol largou muito bem, quase pulou para terceiro, mas foi fechado por Grosjean e ficou mesmo em quarto. Porém, Alonso em nenhum momento pôde acompanhar o ritmo dos líderes e um exemplo disso foi quando encostou em Grosjean quando este estava empacado atrás de Button, mas quando o inglês da McLaren fez sua parada, rapidinho o espanhol ficou para trás numa taxa impressionante. Foi desalentador para Alonso o seu quinto lugar, mesma posição em que largou, além do fato de ter perdido o segundo lugar no campeonato e estar vendo Hamilton, vindo muito forte, cada vez mais próximo. Se com Alonso as coisas não foram fáceis, não seria de se estranhar se com Massa fosse diferente. Felipe se envolveu num toque com Rosberg ainda na primeira volta que destruiu a corrida do alemão, além de ter afetado sua asa dianteira. Depois Massa só apareceu levando a grande ultrapassagem de Grosjean e se arrastar até o oitavo lugar. Muito pouco para quem ainda tem sua renovação de contrato pendente.

Jenson Button e a McLaren usou a já tradicional opção de parar menos vezes e com isso subir posições. O inglês ajudou sobremaneira a vitória do seu antigo companheiro de equipe ao segurar por várias voltas Vettel e cia bela enquanto esticava sua primeira parada. Depois, sem a competitividade do mal nascido carro da McLaren, o inglês pouco apareceu, mas ainda teve o mérito de ter ficado confortavelmente à frente de uma Ferrari e marcar pontinhos que poderão ser importantes para o time, pois Sérgio Pérez marcou dois pontos com o nono lugar e a McLaren se aproximou bem da Force India, que andou para trás na Hungria e seus pilotos pouco fizeram nesse final de semana, para brigar pelo quinto lugar no Mundial de Construtores. Muito pouco para a tradição da McLaren, mas é o que se pode fazer no momento atual da equipe. E falando em tradição, a Williams marcou seu primeiro pontinho com o décimo lugar de Pastor Maldonado. O venezuelano caminhava para a terceira 11º posição no ano quando se beneficiou pelo abandono de Rosberg nas voltas finais e finalmente marcou um ponto, mas assim como acontece com a McLaren, comemorar um ponto no campeonato já no meio da temporada é muito pouco para a tradição da Williams. Assim como a Force India, a Toro Rosso deu um passo para trás com os novos pneus e mesmo Daniel Ricciardo largando entre os dez novamente, o time filial da Red Bull esteve completamente fora do ritmo em Hungaroring, o mesmo acontecendo com a Sauber, que faz uma de suas piores temporadas nos últimos tempos, mas ao menos foi salvo pelo dinheiro russo em sua sobrevivência. As pequenas ficam cada vez mais para trás. Se em alguns circuitos a diferença entre elas e as equipes ditas consolidadas é pequena, no curto circuito da Hungria essa diferença subiu a 2s. Muita coisa!

Um pequeno parêntese para a transmissão de hoje. Com a visita do Papa a Globo não passou a corrida, mas ao menos liberou a transmissão da SporTV. Porém, o trio Sérgio Maurício, Lito Cavalcanti e Max Wilson mostrou que, apesar de não ser perfeita, a transmissão da Globo é bem melhor e tem mais qualidade. Talvez sentindo a responsabilidade, Sérgio Maurício, que dava show nas transmissões da MotoGP, foi muito mal, errando um bocado e imitando Murray Walker ao dizer 'Raikkonen saiu dos boxes à frente de Raikkonen'. Lito não tem consistência em suas opiniões, mudando-as com desculpas esfarrapadas, enquanto Max Wilson não acrescentou muita coisa em sua visão de piloto. Menos mal que não usaram Mariana Becker, que participou da transmissão com suas obviedades de sempre. A gente reclama da Globo, mas quando muda, pedimos sua volta!

A corrida de hoje não foi das mais emocionantes, mas houve algumas ultrapassagens e pode ter sido um marco para o resto da temporada. Claro que a vantagem de Vettel e da Red Bull ainda é grande, mas a Mercedes mostrou que seu forte investimento pode estar se pagando aos poucos com um trabalho nos principais defeitos rendendo dividendos, além de Hamilton demonstrar que é mesmo um piloto de altíssimo nível. 

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