Após o assombro que foi o Grande Prêmio da Suécia de 1978, a F1 se perguntou que, após se refazer do susto do carro-asa da Lotus, agora teria que lhe dar com o carro-ventilador da Brabham. Após a vitória dominante em Anderstorp, onde Bernie Ecclestone chegou a pedir para Niki Lauda maneirar para que a surra fosse menor, as equipes protestaram contra a nova cria de Gordon Murray e o CSI, órgão regulamentador da época, proibiu o modelo BT46B a partir do Grande Prêmio da França, mas manteve a vitória da Brabham na Suécia. Conta a lenda que nesse reunião também ficou acordado que as equipes não investiriam em novas tecnologias para não aumentar os custos que só subiam naquele momento e por isso, não se aliariam a nenhuma grande montadora, principalmente para desenvolver o dispendioso motor turbo. Ecclestone foi o principal incentivador de tal manobra... porque já tinha um contrato com a BMW para desenvolver um motor turbo dali a três anos.
Meio que querendo mostrar que a sua vitória na Suécia não foi em vão, os pilotos da Brabham estavam muito rápidos com o modelo BT46 convencional. Watson marcou o tempo mais rápido logo no começo da sessão, superando Andretti por cinco centésimos. Quando o americano voltou à pista para tentar bater o tempo do irlandês, acabou rodando e abandonando a Classificação, mas permanecendo na primeira fila. James Hunt surpreendeu ao se meter na briga particular entre Brabham e Lotus em Paul Ricard colocando seu problemático McLaren M26 na segunda fila, à frente de Peterson. Os pneus Michelin pareciam não ter se adaptado ao circuito de Le Castellet e as Ferraris não estavam na briga pela ponta, enquanto também correndo em casa a Renault estava fora do top-10.
Grid:
1) Watson (Brabham) - 1:44.41
2) Andretti (Lotus) - 1:44.46
3) Lauda (Brabham) - 1:44.71
4) Hunt (McLaren) - 1:44.92
5) Peterson (Lotus) - 1:44.98
6) Tambay (McLaren) - 1:45.07
7) Scheckter (Wolf) - 1:45.20
8) Reutemann (Ferrari) - 1:45.35
9) Villeneuve (Ferrari) - 1:45.55
10) Laffite (Ligier) - 1:45.68
O dia 2 de julho de 1978 estava quente e ensolarado em Paul Ricard, também conhecido como Le Castellet, com o clima de verão que sempre caracteriza os Grandes Prêmios da França. Uma novidade no pelotão era um segundo carro da Renault e um capacete bem familiar. Largando na última posição, Jackie Stewart largou com um Renault para fazer filmagens para a BBC. Com certeza muita gente ficou emocionado com a cena, esperando mais do 'Vesgo', mas o escocês só participou da volta de apresentação, enquanto os demais pilotos participavam normalmente da largada, com Watson ficando tranquilamente à frente de Andretti, enquanto Patrick Tambay, andando muito forte através dos seus conhecimentos da pista, pula de sétimo para terceiro, à frente de Lauda.
Ainda durante a primeira volta, Mario Andretti encosta na Brabham de Watson na longa reta Mistral, pega o vácuo e numa ultrapassagem clássica, assume a liderança da corrida. Mesmo tendo andado muito forte nos treinos, Watson parecia não ter ritmo para acompanhar Andretti e rapidamente seria atacado por Lauda e Peterson, após esses terem ultrapassado Tambay, também na reta Mistral. Na oitava volta Watson deixa o companheiro de equipe Lauda passar, mas endurece o jogo para Peterson, mas o sueco não demora mais do que algumas curvas para ficar em terceiro, no encalço de Lauda, mas com ambos já um pouco longe de Andretti, líder isolado da corrida. Porém, a vida da equipe Lotus fica ainda mais tranquila quando Lauda abandona ainda na décima volta com problemas elétricos, quase ao mesmo instante em que a Michelin tinha o pesadelo de ver seus dois principais carros, da Ferrari, irem aos boxes trocarem os pneus devido ao alto desgaste. Pensam que só a Pirelli sofre com isso?
A dupla da Lotus lidera tranquilo na frente, com Andretti 4s à frente de Peterson. Falou-se muito que Peterson tinha totais condições de se aproximar e ultrapassar o americano, mas por força de contrato, Peterson preferiu se manter em segundo, resguardando o seu lugar de segundo piloto da Lotus. Enquanto isso, 10s após o sueco, Watson era atacado por Hunt, demonstrando a falta de ritmo da Brabham. O inglês assumiria o terceiro lugar ainda no terço inicial da corrida, o que era um bom resultado para Hunt e McLaren, que vinham em má fase em 1978.
E a corrida praticamente terminou aí. Os dois carros da Lotus disparam na frente com Andretti mantendo uma distância regulamentar para Peterson, que nada pode fazer até mesmo por força de contrato. Hunt se mantém calmamente em terceiro, sabendo que pouco pode fazer para enfrentar o poderio dos carros-asa da Lotus, enquanto o pole Watson tem que se conformar com um distante quarto lugar. Alan Jones, que havia largado muito bem e feito uma prova sólida, terminou em quinto com seu Williams, enquanto Scheckter e Laffite foram os únicos a brigarem por alguma coisa no final, com vantagem para o sul-africano, que acabou por marcar um ponto. A Ferrari sofreu com os pneus Michelin, mas com borracha nova no final da corrida, Carlos Reutemann ainda teve tempo de bater o recorde do circuito de Paul Ricard, mas o argentino estava cinco voltas atrasado... Com essa vitória, o título de Andretti estava muito encaminhado, até por que mesmo tendo Peterson apenas nove pontos atrás, o americano sabia que não seria atacado pelo companheiro de equipe.
Chegada:
1) Andretti
2) Peterson
3) Hunt
4) Watson
5) Jones
6) Scheckter
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