quinta-feira, 14 de agosto de 2014

História: 20 anos do Grande Prêmio da Hungria de 1994

A triste temporada de 1994 estava ganhando outro adjetivo após o, literalmente, quente Grande Prêmio da Alemanha: polêmico. Descobriu-se que a Benetton retirava um filtro de segurança da mangueira de reabastecimento e com isso ganhava segundos preciosos nos pit-stops dos seus pilotos ao longo da temporada, mas poderia ocasionar um incidente como o de Verstappen em Hockenheim. O time de Flavio Briatore estava sendo bombardeado por acusações de todos os tipos sobre irregularidades no carro que vinha dando uma temporada quase perfeita à Michael Schumacher, porém, soube-se que outras equipes, as mesmas que acusavam à Benetton de trapaceira, também utilizavam de algumas irregularidades, culpa de um regulamento mal elaborado pela FIA para 1994. Outra novidade era que Mika Hakkinen, por ter provocado o acidente da primeira curva em Hockenheim, estava suspenso na Hungria e em seu lugar na McLaren estaria o veterano Philippe Alliot.

Os treinos contou com uma novidade: chuva. Pela primeira vez desde que a Hungria entrou no calendário da F1 em 1994, a chuva se fez presente em Budapeste, mas somente as sessões de sexta-feira foram afetadas e no sábado, o sol voltou e Michael Schumacher conquistou mais uma pole, com Damon Hill, como era usual naquele ano, fechando a primeira fila. Tamanho era o protagonismo dos dois pilotos em 1994, que o terceiro colocado no grid David Coulthard, no cockpit da Williams por causa de compromissos de Mansell na Indy, estava 2s atrás do alemão. Mais impressionante era o desempenho de Jos Verstappen, apenas 12º e quase 3s mais lento que o seu companheiro de equipe.

Grid:
1) Schumacher (Benetton) - 1:18.258
2) Hill (Williams) - 1:18.824
3) Coulthard (Williams) - 1:20.205
4) Berger (Ferrari) - 1:20.219
5) Katayama (Tyrrell) - 1:20.232
6) Brundle (McLaren) - 1:20.629
7) Irvine (Jordan) - 1:20.698
8) Frentzen (Sauber) - 1:20.858
9) Panis (Ligier) - 1:20.929
10) Barrichello (Jordan) - 1:20.952

O dia 14 de agosto de 1994 estava ensolarado novamente em Budapeste, impedindo que o Grande Prêmio da Hungria fosse realizado com pista molhada, algo totalmente novo até então. Uma das acusações de irregularidade da Benetton era sobre um sensor de largada que fazia o carro de Schumacher voar quando a luz verde aparecia. Se esse sensor existia, ou se a Benetton ficou receosa de tantas acusações, o fato foi que Schumacher não largou bem pela primeira vez em 1994, mas o alemão deu mostras do seu 'instinto assassino' quando não teve muito escrúpulo em fechar Hill quando esteve prestes a perder a primeira posição para o inglês na corrida até a primeira curva. Mais atrás, Katayama mostrava velocidade, mas também impetuosidade ao extremo e o japonês acabou se envolvendo num incidente na curva dois que tirou não apenas Ukyo da corrida prematuramente, como também a dupla da Jordan e atrasou os franceses Alesi e Panis na primeira curva.

O desespero de Schumacher em se manter na primeira posição a qualquer custo ficou clara no ritmo imposto pelo alemão nas primeiras voltas. Em nove voltas, Schumacher já tinha quase 5s de frente sobre Hill. Era claro que Michael faria uma parada a mais, mesma estratégia usada por ele outras vezes em 1994. Porém, Schumacher teve que antecipar seus planos quando o alemão encontrou Christian Fittipaldi na volta 14 e perdeu tempo, fazendo com que o alemão fosse aos boxes duas voltas mais tarde, caindo para segundo, ficando logo à frente de Coulthard. Porém, Hill ficou encaixotado nos mesmos retardatários que atrapalharam Schumacher, que corria livre e novamente num ritmo alucinante, e quando o inglês fez sua parada na volta 26, tinha apenas 10s de vantagem para Schumacher e para piorar, o inglês da Williams voltou à pista em terceiro, atrás da Ferrari de Berger que não tinha feito sua parada ainda. Hill logo ultrapassa o austríaco, mas Damon não era capaz de igualar o ritmo fortíssimo de Schumacher, que faz sua segunda parada na volta 37 e retorna à pista ainda com 11s de frente sobre Hill.

Estava claro pelas voltas em que Schumacher fez seus dois primeiros pit-stops e pelo ritmo imposto na pista, que o alemão estava numa estratégia de três paradas, fazendo por isso uma corrida alucinante, onde cada uma das 77 voltas do Grande Prêmio da Hungria eram 77 voltas de classificação. Poucos pilotos foram capazes disso na história da F1 e como estava começando a nos brindar, Michael Schumacher era um deles. Quando Hill fez sua segunda e última parada na volta 51, Schumacher tinha absurdos 50s de vantagem sobre seu rival, permitindo ao alemão fazer sua terceira e última parada com folga e vencer o Grande Prêmio da Hungria com facilidade. Era sua sétima vitória em 1994 e naquele momento, poucos poderiam negar não apenas o talento extraordinário de Schumacher, como também que ele seria o campeão daquele ano. Hill chegou 20s depois, incapaz de emular tamanho desempenho. Porém, na terceira colocação estava uma zebra. Coulthard passou a maior parte da corrida em terceiro, mas pressionado pela McLaren de Martin Brundle, o escocês pagou pela inexperiência e saiu da pista já nas voltas finais. Contudo, Brundle teria azar na última volta quando tem problemas no alternador e entrega o terceiro lugar à Jos Verstappen. O jovem holandês tinha superado o trauma de Hockenheim após seu espetacular incidente nos boxes quinze dias antes com seu primeiro pódio na F1! Porém, a temporada 1994 tinha seu protagonista (Schumacher) e coadjuvante (Hill) bem definidos e seriam eles a brigar pelo campeonato.

Chegada:
1) Schumacher
2) Hill
3) Verstappen
4) Brundle
5) Blundell
6) Panis

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