sexta-feira, 1 de agosto de 2014

To the limit

O automobilismo é cheio de histórias não apenas sobre corridas emocionantes ou de novas tecnologias, mas também de histórias humanas e algumas vezes com final trágico. Acabei de assistir um baita documentário na ESPN, da série 30 for 30, sobre o piloto Tim Richmond.

Desconhecido por mim à primeira vista, Tim Richmond tinha o apelido de 'Hollywood' na década de 80, onde correu pela Nascar. Vindo de uma família muito rica, Richmond era um playboy e não tinha vergonha nenhuma de se portar como tal, aproveitando a vida e cometendo vários excessos que o dinheiro poderia lhe trazer. Porém, Tim era um esportista nato, a ponto de sua escola ter aposentado a camisa que ele usou nos campeonatos de futebol americano. Richmond adorava velocidade e quando criança andava de kart apenas por diversão, mas aos 21 anos ele teve os primeiros contatos com corridas de verdade e usando a sua fortuna, Richmond foi galgando terreno até chegar à Indy em 1979. Apesar de ser aparentemente um pay-driver como sempre existiu no automobilismo, Tim Richmond demonstrava muito talento e o ponto culminante veio nas 500 Milhas de Indianápolis de 1980, quando ele foi o melhor novato da corrida e ainda ganhou uma carona do vencedor Johnny Rutherford após a corrida. Porém, um forte acidente em Michigan ainda em 1980 fez Tim abandonar a Indy e se mudar para a Nascar.

Naquele início dos anos 80, a Nascar era povoada por pilotos considerados durões, que usavam grandes chapéus e se comportavam como verdadeiros cowboys. Tim Richmond era completamente diferente do biotipo de um piloto da Nascar comum. Como falou uma jornalista no documentário, Tim Richmond era uma pessoa cosmopolita e a Nascar nunca teve um piloto cosmopolita. Bonito, carismático e brincalhão, Tim Richmond chegou até a atuar num filme em 1983, mas demorou a conquistar espaço da Nascar mesmo sendo reconhecidamente talentoso, só o fazendo quando foi contratado por Rick Hendrick em 1986. Numa equipe ascendente e ao lado de um chefe de mecânicos, Harry Hyde, competente e considerado da velha-guarda, Richmond começou a se destacar na então Winston Cup. Dale Earnhardt, cujo apelido Intimidador é bem explicativo, foi o campeão de 1986 da Nascar, mas teve em Tim Richmond um rival à altura e um verdadeiro antagonista, pois Dale Sr era exatamente o oposto de Richmond fora das pistas. Tim ganhou sete corridas em 1986, sendo o piloto que mais venceu na temporada, e mesmo ficando em terceiro lugar no campeonato, foi escolhido o piloto do ano. Contudo, havia algo de errado com Tim Richmond.

Mesmo vencendo corridas, Tim constantemente ficava doente e uma insistente tosse não o abandonava nem mesmo nas entrevistas. Havia boatos dentro da Nascar que um dos excessos fora das pistas de Tim Richmond poderia ser com drogas. Ainda no final de 1986, Richmond foi a um médico que o diagnosticou com Aids. Foi um choque para o piloto e sua família, mas Richmond resolveu permanecer com a doença em segredo e hoje, não se pode repreender a posição de Tim. Pouco se sabia sobre Aids e uma pessoa diagnosticada com a doença era imediatamente segregada pela sociedade, além de ser considerado homossexual pela visão estreita e sem conhecimento da época.

Vindo de uma temporada espetacular, a Nascar ficou chocada quando Tim Richmond anunciou que estava com pneumonia e por isso não participaria das 500 Milhas de Daytona de 1987, primeira etapa do ano e mais importante corrida da Nascar. Tim Richmond fez um emocionante retorno ainda em 1987 e logo em sua primeira corrida, em Pocono, Tim venceu e saiu dos carros aos prantos. Richmond venceria ainda em Riverside, mas logo a saúde de Richmond lhe trairia e ele tem abandonar novamente as corridas, reincidindo seu contrato com a equipe Hendrick. Haviam rumores dentro da Nascar de que a verdadeira doença de Tim Richmond fosse Aids, mas nada poderia se provado e o piloto negava isso. Nas 500 Milhas de Daytona de 1988, Richmond tentou outro retorno, mas a Nascar exigiu pela primeira vez um exame antidoping. Tomando vários remédios, Richmond é pego no exame e é suspenso pela Nascar, mas foi provado mais tarde que o exame havia sido mal feito e por isso o exame foi considerado inválido.

Porém, esse baque foi grande demais para Tim Richmond. Ele já estava morando na casa dos pais, na Florida, e ficou cada dia mais recluso à medida que a sua doença o consumia. Em meados de 1989, Tim Richmond foi internado num hospital e na Nascar, todos desejavam que Tim se recuperasse rapidamente de... sua queda numa moto! Porém, em 13 de agosto de 1989, Tim Richmond morreria aos 34 anos de idade. Poucos dias depois sua família anunciou que o real motivo da morte de Tim fora complicações devido a Aids. Houve uma polêmica de quando Tim Richmond fora infectado pelo vírus, mas saindo com várias mulheres ao mesmo tempo no auge de sua fama, a suspeita foi que o talentoso e promissor piloto tenha sido infectado numa dessas farras. 

Uma triste história do automobilismo sem disputas na pista.

Quem estiver com o inglês afiado, segue abaixo o documentário na íntegra. 


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