segunda-feira, 29 de setembro de 2014

MotoGP nas Nações

Nesse final de semana foi realizado o tradicional Motocross das Nações, vencido brilhantemente pela França. O torneio, realizado anualmente após o final dos Campeonatos Mundial e Americano de Motocross, engloba a nata do Motocross num campeonato de equipes, onde os principais países da modalidade escolhem uma equipe de três pilotos que disputam três baterias num dia (dois pilotos por país em cada bateria) e a nação vencedora é a que amealhar mais pontos.

Ano passado fiz uma brincadeira com um torneio imaginário envolvendo os principais pilotos de automobilismo num torneio semelhante. E se houvesse um campeonato nesses moldes utilizando os principais pilotos do motociclismo mundial? 

Os principais países do mundo da motovelocidade escolheriam seus principais pilotos para um torneio de três baterias utilizando as motos da Superbike, para não influenciar muito nos contratos desses pilotos. As equipes seriam essas:

Espanha: Marc Márquez (MotoGP-Honda), Jorge Lorenzo (MotoGP-Yamaha) e Daniel Pedrosa (MotoGP-Honda)
Itália: Valentino Rossi (MotoGP-Yamaha), Andrea Doviziozo (MotoGP-Ducati) e Andrea Iannone (MotoGP-Ducati)
Alemanha: Stefan Bradl (MotoGP-Honda), Sandro Cortese (Moto2-Honda) e Jonas Folger (Moto2-Honda)
Grã-Bretanha: Cal Cruthlow (MotoGP-Ducati), Scott Redding (MotoGP-Honda) e Tom Sykes (Superbike-Kawasaki)
Japão: Hiroshi Aoyama (MotoGP-Honda), Takaaki Nakagami (Moto2-Honda) e Hiroki Ono (Moto3-Honda)
EUA: Nicky Hayden (MotoGP-Honda), Josh Herrin (Moto2-Honda) e Kenny Noyes (Moto2-Honda)
França: Sylvain Guintoli (Superbike-Aprilia), Loriz Baz (Superbike-Kawasaki) e Johann Zarco (Moto2-Honda)
República Tcheca: Karel Abraham (MotoGP-Honda), Miroslav Popov (Moto2-Honda) e Karel Hanika (Moto3-KTM)
Austrália: Bryan Staring (Superbike-Kawasaki), Anthony West (Moto2-Honda) e Jack Miller (Moto3-KTM)
Irlanda: Michael Laverty (MotoGP-Kawasaki), Eugene Laverty (Superbike-Suzuki) e Jack Kennedy (Superstock-Honda)
Finlândia: Mika Kallio (Moto2-Honda), Nicklas Ajo (Moto3-Husqvarna) e Joonas Kylmäkorpi (Speedway)
Suíça: Dominique Aegerter (Moto2-Honda), Thomas Luthi (Moto2-Honda) e Randy Krummenacher (Moto2-Honda)

Mesmo tendo que se adaptar às motos da Superbike, dificilmente a Espanha perderia esse Torneio das Nações, com a boa possibilidade de conseguir a dobradinha nas três baterias! Destaque também para o fortíssimo time da Itália e da Grã-Bretanha, com Alemanha e França correndo por fora. Estados Unidos, que já tiveram Wayne Rainey, Eddie Lawson e Kevin Schwantz dominando o Mundial de Motovelocidade em outras épocas, teria um dos times mais fracos desse campeonato imaginário...

Isso não passa de uma exercício de imaginação. Mas que seria um baita campeonato, não tenho a menor dúvida!

domingo, 28 de setembro de 2014

Derrubado pela confiança

Por duas curvas, Marc Márquez não venceu em Aragón. Por duas míseras curvas, o espanhol da Repsol Honda não fez o que era lógico no final da corrida em sua casa: parar para trocar a sua moto por causa da chuva. Porém, o confiante Márquez preferiu arriscar e ficar na pista molhada com os pneus slicks, já que o segundo colocado Jorge Lorenzo tinha acabado de entrar nos boxes para trocar sua Yamaha acertada para o seco para uma Yamaha acertada para o molhado. Se tivesse continuado naquela volta, talvez Lorenzo tivesse destino o mesmo destino de Márquez. Na segunda curva da antepenúltima volta, Márquez perdeu o controle de sua Honda e caiu, estragando o sonho de vencer em casa, além de entregar de mão beijada a primeira vitória de Lorenzo em 2014.

Quando a pista estava seca, mesmo com o tempo nublado indicando uma chuva iminente, a disputa pela liderança entre Márquez, Lorenzo e Pedrosa foi empolgante, mesmo com Márquez parecer ainda ter uma pequena reserva e puder disparar a qualquer momento. À essa altura, o quarteto fantástico tinha se transformado em trio quando Valentino Rossi sofreu uma queda espetacular e inicialmente preocupante, com o italiano pegando a zebra molhada e capotar até próximo do guard-rail. A imagem mostrou um Rossi sentindo dores no braço esquerdo, mas quando ele pareceu mover sem problemas os dois braços logo depois na maca, a preocupação passou a ser a disputa pela ponta. Lorenzo e Márquez chegaram a trocar de posições na ponta, mas quando o piloto da Honda reassumiu a liderança e começava a disparar, a esperada chuva começou a cair em Aragón. Primeiro uma garoa, que logo se transformou em chuva ele e depois em chuva forte. Márquez tirou a mão e deixou Lorenzo passar, que logo em seguida diminuiu ainda mais seu ritmo para deixar o compatriota passar. Sem ninguém querendo ficar na ponta, pois seria o primeiro a enfrentar uma pista mais molhada, dependendo do local onde estivesse chovendo mais forte, Daniel Pedrosa também assumiu a liderança.

Os dois pilotos da Honda já destacavam na frente quando os primeiros pilotos foram aos pits trocarem de moto. Importante para o final da corrida, o primeiro a fazê-lo foi Aleix Espargaró. Faltando poucas voltas, os líderes resolveram ficar na pista, o que acabou sendo um grave erro de avaliação para os pilotos da Honda, principalmente para Márquez, que uma volta antes de sua queda, viu Pedrosa cair praticamente no meio da reta, quando acionou o freio para a primeira curva. Usando sua experiência de mais de cem GPs, Lorenzo parou na volta certa e conseguiu sua primeira vitória em 2014, além de entrar para a história como o vencedor da corrida número 800 da principal categoria do Mundial de Motovelocidade. Aleix Espargaró ganhou sua aposta de ser o primeiro a parar para trocar de moto e conseguiu um inédito pódio para ele e para uma moto da classe aberta, o que garantiu muita emoção para a equipe Forward. Em terceiro, mais surpresa. Com a queda de Dovoziozo, que no momento em que a chuva apertou, já estava próximo do terceiro colocado Lorenzo, o demitido Cal Cruthlow, numa temporada esquecível com a Ducati, usou sua experiência em piso molhado e chegou em terceiro, cruzando a bandeirada se esfregando em Espargaró. Porém, sua recepção pela equipe Ducati, no qual Cruthlow criticou não faz muito tempo, foi bem mais fria do que no caso do espanhol da Forward.

Mesmo com o revés, que lhe garantiu apenas um décimo terceiro lugar, Marc Márquez ainda saiu lucrando de Aragón, pois aumentou em um ponto sua vantagem sobre Pedrosa e pode garantir o campeonato em Motegi, casa da Honda, próxima etapa do Mundial. Foi uma corrida maluca, onde a experiência de Lorenzo prevaleceu sobre a confiança de Márquez.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Encontro em família

Em Curitiba, Nelson Piquet e Pedro Piquet dando algumas voltas num carro da Porsche Cup brasileira.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Figura(CIN): Lewis Hamilton

Na entrevista pós-corrida, Lewis Hamilton disse que sonhava com um final de semana como o de Cingapura. Mesmo a Mercedes tendo o melhor carro de longe, a equipe anglo-alemã ainda não melhorou a confiabilidade do seu carro e foi Hamilton quem mais sofreu com esses problemas, com dois abandonos devido à problemas mecânicos, além de dois treinos prejudicados pela confiabilidade (ou inconfiabilidade) do carro da Mercedes. Após sua vitória em Monza, Lewis veio forte para Cingapura, onde havia vencido anteriormente e no sábado derrotou Nico Rosberg pela menor das margens na classificação, mais especificamente por 0.007s ou 33 cm, se ambos tivessem largado iguais. Era esperado mais uma briga titânica entre os dois pilotos da Mercedes, mas um problema no volante de Nico Rosberg forçou o alemão aos segundo abandono do ano e deixou Lewis Hamilton livre para conquistar a vitória, contudo, o inglês não teve uma corrida limpa. Um safety-car na hora 'errada' ameaçou o domínio de Lewis. Tendo usado apenas os pneus supermacios durante a prova e com seus rivais mais próximos tendo feito o que seriam as suas paradas finais, Hamilton teria metade da prova para disparar na frente, com seus pneus supermacios já desgastados, e tentar voltar à frente do segundo colocado Vettel para então fazer uma parada obrigatória para colocar o segundo composto de pneu, o macio. Hamilton teve certa facilidade em abrir uma boa diferença nas primeiras voltas pós-safety-car, mas logo o desgaste dos pneus de banda vermelha apareceu e Lewis teve que andar forte e se equilibrar em um pneu ruim, em condições até perigosas. Faltando apenas oito voltas e após Hamilton ter passado mais tempo na pista com aquele tipo de pneu do que o recomendado pela Pirelli, o inglês fez sua parada e retornou à pista logo atrás de Vettel, mas com um carro bem melhor e pneus novos, não demorou muito para Hamilton retomar seu lugar de direito e vencer pela sétima vez no ano. Com o abandono de Rosberg, Hamilton subiu para primeiro lugar no campeonato, mesmo que por apenas três pontos. Lógico que Lewis Hamilton não irá admitir isso, mas o seu sonho incluía um abandono de Nico Rosberg para com uma vitória dominante, reassumir a ponta do Mundial de Pilotos. Mas essa parte do sonho de Hamilton ficará apenas para ele...

Figurão(CIN): FIA

"Agora o que eu faço? Ando feito um demônio ou economizo os pneus?", argumentou Nico Rosberg durante o Grande Prêmio da Hungria para o seu engenheiro via rádio após uma de suas paradas. A mensagem do piloto da Mercedes foi ouvida por todo mundo naquele dia de agosto na transmissão da TV e criou uma polêmica involuntária. Com tantas informações para serem dadas a respeito do carro, da corrida e da estratégia, a comunicação piloto-engenheiro estaria transformando as principais estrelas do circo da F1, os pilotos, em robôs guiados do pit-wall. Ao contrário de Bernie Ecclestone, a FIA pareceu ligada com as reclamações dos fãs via Rede Sociais e fez uma reunião após o Grande Prêmio de Monza, decidindo que boa parte das informações via rádio seriam cortadas devido ao regulamento da F1 em que diz relata que o piloto não pode receber ajuda externa. Houve comemoração dos fãs, mas os pilotos e engenheiros ficaram de cabelo em pé. O carro da F1 tem tanta tecnologia embarcada, ainda mais com as novas unidades de potência, que algumas regulagens tem que ser feitas pelos pilotos no volante dos seus carros através de mensagens dos boxes, graças às informações que os engenheiros recebem on-line da telemetria. Cortar esse fluxo de informação de forma abrupta, alegaram pilotos e engenheiros, poderia prejudicar a segurança dos pilotos, incluindo com os carros pegando fogo devido ao calor dos freios ou do turbo devido a regulagens erradas. Nova reunião foi feita antes da corrida em Cingapura e foi decidido que alguns pontos, principalmente no que tange as regulagens do carro, seriam liberadas. Porém, o que se viu em todo o final de semana e, principalmente, na corrida foi uma 'espionagem' do que pilotos e engenheiros poderiam ou não falar no rádio. Pode falar que o piloto poderia acelerar? Pode falar que o piloto tem que evitar as zebras para não piorar um problema no carro? Foi um verdadeiro caos! A atitude da FIA foi até louvável, pois os pilotos tem que, além de acelerar o máximo que podem, também tem de administrar as corridas e até mesmo sua estratégia previamente delineada ou até mesmo muda-la, se for o caso, não tendo 'babás' no seu ouvido dizendo se os pilotos podem ou não ultrapassar quem está na sua frente. Contudo, a forma como a FIA tomou essa medida foi de forma tão atabalhoada, que causou mais dúvidas na cabeça de pilotos, engenheiros e, os que queriam essa mudança, os fãs. O timing, já no final do campeonato, também não foi dos melhores. Queremos pilotos mais autônomos, não restam dúvidas, mas fazer isso de forma planejada, com tempo para todos se acostumarem e no começo da temporada seria bem mais lógico.

domingo, 21 de setembro de 2014

Neto de peixe

Após se aventurar na Nascar, o neto de Emerson Fittipaldi, Pietro, se mudou para a Europa a pedido do avô. Emerson queria ver se o neto tinha jeito com os monopostos. Pelo título conquistado hoje na F-Renault Inglesa, parece que Pietro tem. 

Reféns da tecnologia

Quando se preparava para a volta de apresentação, Nico Rosberg se viu numa situação desesperadora, pois seu volante high-tech não funcionava a contento e a primeira marcha não entrava. Virou o volante para um lado, para o outro e nada. Tendo que largar dos boxes, Nico colocou um novo volante e o problema permaneceu, com o volante passando duas marchas de uma vez, fazendo com o piloto da Mercedes abandonasse sem nenhum problema mecânico. A tecnologia embarcada nos carros atuais da F1 é tão dominante, que os pilotos viraram reféns de engenheiros e circuitos eletrônicos, criando a situação chata de uma chamada pelo rádio se tornar tensa, pois o engenheiro poderia estar falando demais ao seu piloto, graças a nova regulamentação do quanto se pode falar com o piloto durante a corrida ou não. A confusa medida nada fez para atrapalhar a vitória praticamente de ponta a ponta de Hamilton, que com o abandono de Rosberg, reassumiu a ponta do campeonato, mesmo que por apenas três pontos.

A corrida em Cingapura não foi das mais emocionantes, principalmente no seu início. Porém, a prova asiática já tem, sim, seu charme e sua cara. Correndo de noite, com forte calor e ainda mais umidade e num circuito travado, a corrida em Cingapura nunca é fácil para os pilotos, que tem que pilotar em condições extremas, mesmo que de noite, por duas horas completas, pois a corrida em Cingapura nunca acaba antes disso. Com Rosberg alijado da disputa praticamente antes da largada, a vida de Lewis Hamilton foi bastante facilitada, ainda mais com a boa largada do inglês. Mesmo com as demais equipes ficando próximas da Mercedes na Classificação no sábado, em ritmo de corrida a equipe alemã ainda está léguas à frente e sem a tensão da frenética disputa entre seus pilotos, a Mercedes apenas controlou a corrida de Hamilton, que só não foi totalmente limpa devido à entrada do safety-car pouco depois da metade da corrida. Como Hamilton só tinha usado os pneus supermacios e teria que faze um pit-stop obrigatório para colocar os pneus macios, o inglês teve que abrir uma diferença para os demais, mesmo que usando os pneus supermacios, que se desgastam bastante. Lewis conseguiu a proeza de correr trinta voltas com os pneus de faixa vermelha e abrir uma vantagem boa suficiente para sair de sua parada final ainda em segundo, colado em Vettel. A ultrapassagem não demorou mais do que algumas curvas e Hamilton pôde vencer e subir para primeiro na classificação acirrada do campeonato. Vendo Hamilton ter vários problemas ao longo do ano, Rosberg se vê num momento ruim no campeonato, pois provocou uma grande confusão com a Mercedes em Spa, ganhou a antipatia da maioria dos fãs com isso a ponto de ser vaiado nos pódios em que participou, foi derrotado de forma inapelável em Monza e agora nem teve chance de fazer algo em Cingapura. Já são quatro corridas sem vencer e Nico ainda tem Hamilton muito forte nessa reta final de campeonato. Pode ser decisivo...

A Red Bull conseguiu colocar seus dois pilotos no pódio hoje, sendo que desta vez Vettel superou seu companheiro de equipe Ricciardo. O alemão corria solto em terceiro, mas deu muita sorte quando colocou os pneus macios um pouco antes da entrada do safety-car. Como Alonso fez sua parada, Vettel ficou em segundo e se não fizesse mais paradas, poderia ficar bem na corrida. Inicialmente Sebastian não gostou muito da ideia, mas como se fizesse uma terceira parada, ele perderia várias posições, o alemão resolveu arriscar e ficou na pista até o final. Vettel ainda tomou a ponta de Hamilton quando este fez sua parada, mas o alemão da Red Bull não foi capaz de segurar um Hamilton com um carro muito melhor que o seu e com pneus novos. No fim, Vettel, que nesse ano não está gerindo tão bem os pneus, ainda foi pressionado por Ricciardo, mas pela primeira vez conseguiu chegar à frente do australiano. Ricciardo poderia ter complicado um pouquinho mais a vida de Hamilton se ele ultrapassasse o inglês na saída dos pits, mas o australiano estava mais preocupado com Alonso, que tinha pneus mais novos e no fim, ainda perturbou um pouco a vida do seu companheiro de equipe, mas o terceiro lugar ficou de bom tamanho para Daniel, pois ele relatou um problema em seu carro durante a corrida. A largada de Alonso, fritando tudo por fora da primeira curva, na tentativa de ultrapassar os dois Red Bulls, mostrou bem a gana do espanhol, mas tendo que devolver a posição para Vettel, Alonso ficou o primeiro stint em terceiro, tomando o lugar de Vettel na primeira parada. Quando o safety-car deu o ar da graça, Alonso tentou uma estratégia de tentar tirar a vitória de Hamilton, mas como os dois carros da Red Bull pensaram da mesma maneira, o espanhol passou o resto da corrida atrás de Ricciardo, perdendo um pódio que parecia ser facilmente dele. Porém, quem arrisca pode ganhar tudo. Ou ficar com nada. Kimi Raikkonen foi outro que demonstrou que a Ferrari ainda sofre com problemas de velocidade de ponta, pois o finlandês ficou praticamente a corrida inteira atrás de um carro, primeiro de Massa, depois de Button, sem conseguir efetuar a ultrapassagem, só passando Button quando este abandonou e Bottas quando este errou na última volta, mas como Raikkonen ficou perto de Alonso o final de semana inteiro, sua sétima posição foi amarga.

Felipe Massa fez uma corrida tática e se deu muito bem, conseguindo um bom quinto lugar, principalmente se lembrarmos da situação da Williams na sexta-feira. Massa não tinha chance de brigar com Mercedes, Ferrari e Red Bull, mas sua agressividade na luta com a McLaren na primeira volta o deixou numa situação boa na corrida, segurando Raikkonen após a primeira rodada de paradas e depois conseguindo levar seus pneus macios por praticamente quarenta voltas no calor de Cingapura. Não restam dúvidas que Massa foi ajudado por Bottas, que com problemas na direção hidráulica, mas com muita velocidade final, segurou um verdadeiro trenzinho atrás de si, fazendo com que Massa conseguisse abrir uma boa diferença quando Bottas foi ultrapassado nas voltas finais. O finlandês acabou errando na última volta e ultrapassado por vários pilotos, ficou sem pontos e não ajudou muito a causa da Williams no Mundial de Construtores, mesmo os ingleses permanecendo em terceiro no Mundial, à frente da Ferrari. Vergne finalmente fez uma corrida digna para quem precisa mostrar serviço e ser contratado por alguém no próximo ano, mas mostrando que o francês não está com muita sorte, uma punição de 5s fez com que ele caísse para nono, após cruzar a bandeirada em sexto, após bela corrida no stint final, algo que Kvyat, que chegou a dizer pelo rádio que estava morto devido ao calor, não fez.

Quem saiu ganhando com a punição de Vergne foi Sérgio Pérez, que fez uma espetacular corrida de recuperação após ser tocado por Adrian Sutil e com sua asa dianteira espalhada pela pista, trazer o safety-car para a pista. Obviamente tendo que trocar a asa dianteira e ficar nas últimas posições, o mexicano da Force India começou uma baita corrida de recuperação, principalmente quando colocou os pneus supermacios e, ao mesmo tempo em que gerenciava os pneus para durarem o máximo possível, Pérez foi ultrapassando quem via pela frente para chegar em sétimo na pista e sexto, com a punição de Vergne. Sérgio Pérez, aos poucos, volta a mostrar a bela pilotagem que fez na Sauber em 2012 e chamou a atenção da McLaren, enquanto que Nico Hulkenberg fez uma prova discreta e mesmo pontuando, não teve o mesmo ímpeto do companheiro de equipe. A McLaren vinha na briga com a Williams, particularmente com Button, que pressionou fortemente Bottas, mas acabou tendo um problema no final da prova e abandonou. Por sinal, o inglês parece ter sofrido de problema parecido com o de Rosberg, com a tela LED no seu volante apagando e depois reiniciando, como se o PC de Button tivesse travado e ele precisasse apertar o velho Ctrl+alt+delete. Magnussen ainda marcou pontos, mas não escapou dos puxões de orelhas dos comissários quando passou Massa, na primeira volta, utilizando o lado de fora da pista. A Lotus, com Maldonado à frente, parecia a ponto de pontuar, mas quando os carros que pararam à sua frente os alcançou nas voltas finais, nem o venezuelano e nem Grosjean puderam fazer nada para impedir de serem ultrapassados. A Sauber só apareceu em dois momentos nada agradáveis. O primeiro foi o toque de Sutil em Pérez que trouxe o safety-car, para desespero da bela namorada do alemão. E depois com Gutierrez chutando tudo após outro abandono. As pequenas fizeram o papel de sempre, com destaque para o abandono de Kobayashi ainda na volta de apresentação, mostrando que se a Caterham virar 2015, será uma surpresa enorme.

Mesmo com a Mercedes dando chance para as rivais na Classificação, em ritmo de corrida as Flechas de Prata ainda estão bem à frente das demais. O problema ainda é a confiabilidade do carro. Contando com o abandono de hoje de Rosberg, é a quinta vez que um carro da Mercedes fica pelo caminho, mas como a maioria dos infortúnios tinham acontecido com Hamilton, desta vez o inglês não tinha do que reclamar, ainda mais agora com a liderança do campeonato em mãos. Faltam ainda cinco provas (seis, já que a última tem o dobro de pontos). A Mercedes ainda tem o melhor carro do pelotão e seus pilotos, apesar da aparente trégua, ainda são rivais próximos no campeonato. Um belo final de campeonato se avizinha, mas já está na hora dos alemães garantam que os dois carros recebam a bandeirada, para alegria dos fãs.

sábado, 20 de setembro de 2014

Apertado

Quando os dez pilotos completaram suas primeiras tentativas no Q3, vimos um cenário bem diferente do que estamos acostumados em 2014. Felipe Massa era o primeiro colocado, seguido por Daniel Ricciardo e Fernando Alonso. Mercedes? Em quinto e sexto! E sem nenhum erro aparente dos pilotos da Mercedes ou problemas na pista ou nos carros! Porém, quando todos colocaram os pneus supermacios novos para uma última tentativa, a equipe prateada fez valer a verdade desse ano, mas com um grid bem apertado, com pouca diferença entre os seis primeiros e apenas sete milésimos de segundo separando Hamilton, que chegou a errar no começo de sua volta final, e Rosberg.

Ao contrário do domínio mercediano em 2014, o treino em Cingapura viu as flechas de prata ainda na primeira fila, mas com Red Bull, o que era esperado, e Ferrari, não muito esperado, ficando bem próximo no grid. Alonso andou entre os primeiros em todo o final de semana, mas no pega pra capá ficou com sua usual quinta posição no grid. A Red Bull, reconhecida por ter construído o melhor chassi do pelotão, ficou com a segunda fila, com novamente Daniel Ricciardo colocando tempo em Sebastian Vettel, que começa a sentir a pressão de ser superado pelo seu companheiro de equipe, como demonstrado na reclamação acintosa para com Daniil Kvyat durante o Q2, sem muitos motivos. O alemão superou Alonso também por poucos milésimos. A Williams surpreendeu ao colocar seus dois carros no Q3 após uma sexta-feira nada positiva e Massa chegou a sonhar com a pole, mas com pneus novos o brasileiro acabou apenas em sexto, mas se serve de consolo, ao menos superou Bottas, que deve ter errado em sua volta final, pois nem superou Raikkonen, impossibilitado de fazer uma segunda tentativa devido a problemas em seu motor Ferrari.

No final de um treino apertado e interessante, a Mercedes ainda foi capaz de colocar seus dois pilotos na primeira fila com Hamilton e Rosberg praticamente empatados. Com os dois rivais na primeira fila, novamente se levantará a questão de como se comportarão os dois durante a prova, justamente na primeira corrida sem um auxílio maior do rádio. Promete-se tensão para amanhã, com Hamilton e Rosberg protagonizando esse duelo épico pelo título desse ano, com a diferença para as demais corridas, que a dupla da Mercedes poderá ter companhia na luta pela vitória.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Mudança

Após sair da pista de rua em São Paulo por desistência do Grupo Bandeirantes de promover a corrida, a Indy retornará ao Brasil no próximo ano, em março, em Brasília, cujo autódromo está caindo aos pedaços e terá que sofrer uma ampla reforma para receber a Indy e, dizem, a MotoGP num futuro próximo. Para quem não lembra, a etapa em São Paulo da Indy foi confirmada em cima da hora e mesmo com um problema aqui e outro acolá, realizou-se a primeira corrida em 2010. Não duvido que a reforma prometida em Brasília, mesmo dividida em três, para ficar totalmente pronta em 2017, deixe o autódromo pronto para a edição de 2015. Minhas dúvidas são a respeito de quanto tempo a Band, que promove a Indy no Brasil, irá se segurar em Brasília. E Deodoro? Vai sair?

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Panca da semana

A F-E começou sua trajetória com vitória brasileira com Lucas di Grassi proporcionada por esse incrível acidente provocado por Nicolas Prost, que do pai, só tem o sobrenome mesmo...

domingo, 14 de setembro de 2014

Vitória do tamanho de Valentino

Misano fica à poucos quilômetros de Tavullia, cidade natal de Valentino Rossi. Muito provavelmente Valentino deu suas primeiras aceleradas num circuito de verdade em Misano. Mesmo com seus histórico de tragédias, Misano tem um lugar especial dentro do cuore de Valentino Rossi e desde os treinos livres o italiano da Yamaha pareceu andar mais do que a sua moto no quintal de casa. Sempre andando entre os ponteiros, Rossi conseguiu pela primeira vez no um lugar na primeira fila em 2014 e demonstrando um desejo digno de um piloto que começou agora no motociclismo, Rossi venceu em Misano na frente dos seus ensandecidos fãs.

Com Jorge Lorenzo na pole e o espanhol sendo o melhor largador do pelotão, não foi surpresa ver o representante da Yamaha na ponta na saída da apertada primeira chicane. Rossi provou ali também que seu objetivo era a vitória ao pular para segundo, enquanto Márquez, vendo a necessidade de largar bem para tentar vencer, não repetiu suas largadas apagadas e pulou para terceiro. Imediatamente a corrida tinha seus três protagonistas destacados na frente, cada um querendo a vitória por um motivo diferente. Lorenzo queria acabar com seu jejum pessoal. Rossi queria ganhar em casa e mostrar que ainda era o mesmo piloto vencedor de dez anos atrás. Márquez queria continuar dominando. O trio fez um início de prova frenético, mas a forma como Rossi se defendeu de Márquez e depois atacou Lorenzo indicava que a vitória dificilmente não seria do italiano, que ficou ainda mais aparente com o pequeno erro de Márquez, ainda na primeira metade da corrida, que fez o espanhol cair devagarinho, mas como sua Honda demorou a pegar, tirou o líder do campeonato de qualquer chance de algo maior na corrida em Misano.

Com Rossi já tendo 2s de vantagem sobre Lorenzo, o italiano pôde apenas administrar sua vitória até a bandeirada e comemorar de forma apoteótica sua vitória, a primeira em 2014 e também a primeira na frente dos seus fãs desde 2009. Lorenzo, até o ano passado a referência da Yamaha, viu mais uma vez Valentino Rossi sobressair-se e mesmo bem mais novo do que o italiano, enxerga Rossi cada vez mais líder da equipe Yamaha. Daniel Pedrosa fez outra corrida sem-vergonha. Após uma má largada, o espanhol chegou ao terceiro lugar com a queda do seu companheiro de equipe e passou o resto da tarde segurando os ataques de Andrea Doviziozo, que tentava um pódio para a Ducati em casa, mas acabou mesmo em quarto, enquanto Pedrosa ficou mesmo em terceiro, diminuindo bastante sua desvantagem para Márquez, que ainda marcou um pontinho com a queda na última volta de Aleix Espargaró.

Valentino Rossi conseguiu apenas sua segunda vitória em quatro anos e mesmo ficando apenas um ponto atrás de Pedrosa no campeonato, ainda é terceiro no campeonato e dificilmente impedirá o bicampeonato de Marc Márquez. Porém, sua vitória hoje em Misano tem um valor maior do que muitas de suas vitórias em seu auge, pois Rossi mostrou que aos 35 anos de idade, ainda é capaz de vencer e derrotar pilotos de outras gerações. Uma vitória gigante de um gigante! 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Gonchi

Essa foi uma das mortes mais marcantes do automobilismo para mim por um motivo até mesmo sobrenatural. Em 1999 estava fazendo terceiro ano e como tinha aula nos sábados pela manhã, costumava gravar os treinos da F1 e também as corridas da F3000 para assistir mais tarde. A Indy, ou F-Mundial, tinha uma cobertura sem-vergonha do SBT e por isso muitas vezes acompanhava na ESPN, que tinha o obstáculo de ser em inglês, sendo que na época meu 'english' não era como hoje. No dia 11, sexta-feira, assisti um programa sobre a etapa de Laguna Seca e noticiaram que a Penske correria naquele final de semana com o uruguaio Gonzalo Rodriguez, que estava fazendo certo sucesso na F3000, mas não parecia ter muitas chances na F1 na temporada seguinte. No sábado,  exatamente quinze anos atrás, quando fui ver a gravação dos treinos da F1, me lembrei de Gonzalo Rodriguez e que por estar na Penske, não correria na F3000. Horas depois, num tempo que eu não tinha internet, soube da morte do uruguaio no qual pensei naquela manhã... Este filme fala da trajetória de Gonchi e sua morte na famosa curva Saca-Rolha.



História: 15 anos do Grande Prêmio da Itália de 1999

A F1 chegava à Monza com o campeonato indefinido, numa das temporadas mais esquisitas dos últimos tempos. Com o acidente de Schumacher em Silverstone, Eddie Irvine tomou as rédeas da equipe Ferrari e com duas vitórias seguidas, o irlandês parecia capaz de substituir o alemão e tirar a Ferrari do jejum de vinte anos sem títulos, mas duas corridas tenebrosas na Bélgica e Hungria do irlandês, e Hakkinen, ainda líder do campeonato, sonhava com cores mais vivas o seu bicampeonato, mesmo com todos os problemas de confiabilidade do seu McLaren e até mesmo incidentes com seu companheiro de equipe David Coulthard. A Ferrari anunciou que Rubens Barrichello seria o novo piloto da equipe na temporada seguinte no lugar de Irvine, que mesmo lutando pelo título, sabia que ele era apenas o segundo piloto de Schumacher e após anos nessa posição, estava farto desse papel. Fora das pistas, a BMW anunciava que retornaria à F1 no ano 2000 através da Williams, apesar de que essa notícia era conhecida desde 1997...

Mostrando seu apetite na casa dos adversários, Mika Hakkinen conquistou a décima primeira pole em treze provas em 1999, dominando a sessão de classificação ao conseguir seu melhor tempo logo em sua primeira volta voadora. O único que se aproximou do melhor tempo de Mika foi o próprio finlandês. Mostrando sua ótima fase, Frentzen completou a primeira fila, mas o fato foi que o alemão não teve chance de tirar a pole de Mika. Coulthard ficou em terceiro e fazendo sua melhor classificação no seu retorno à F1, Zanardi colocava a Williams em quarto, superando seu companheiro de equipe, algo raro naquele ano. Lutando pelo título, Irvine teve que se conformar com uma pálida oitava posição.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:22.432
2) Frentzen (Jordan) - 1:22.926
3) Coulthard (McLaren) - 1:23.177
4) Zanardi (Williams) - 1:23.432
5) R.Schumacher (Williams) - 1:23.636
6) Salo (Ferrari) - 1;23.657
7) Barrichello (Stewart) - 1:23.739
8) Irvine (Ferrari) - 1:23.765
9) Hill (Jordan) - 1:23.979
10) Panis (Prost) - 1;24.016

O dia 12 de setembro de 1999 tinha um belo dia de sol e temperatura amena para mais um Grande Prêmio da Itália, mas a F1 iniciava o dia triste e chocada com a morte do uruguaio Gonzalo Rodriguez em Laguna Seca, correndo pela Indy. O uruguaio corria pela F3000 e foi convidado pela Penske para algumas corridas naquele ano e mostrava seu talento, mas perdeu os freios na curva Saca-Rolha e morreu na hora. Depois da corrida, Rubens Barrichello dedicaria a corrida em memória ao uruguaio. Indicando ainda ter problemas em seu carro, Irvine demorou a alinhar no grid, mas sem ter muito o que fazer, o irlandês parte para a largada. Hakkinen se mantém na ponta, mas é Zanardi que faz a melhor largada, pulando para o segundo lugar. Frentzen ultrapassa Zanardi na segunda chicane, retomando o seu lugar no grid, enquanto Coulthard se vê atrapalhado por carros mais lentos, caindo para sexto no final da primeira volta.

Hakkinen fazia um grande início de corrida, desaparecendo na frente de todos, deixando as arquibancadas de Monza quietas. Barrichello ultrapassa Irvine para ficar em sétimo e passa a pressionar Coulthard, enquanto Salo pressionava Ralf Schumacher. Irvine fazia uma corrida discreta demais para quem queria vencer o campeonato... Hakkinen imprimia um ritmo meio segundo mais rápido do que Frentzen, que tinha uma boa vantagem de 3s sobre Zanardi, porém, atrás do italiano, terceiro colocado, haviam cinco carros andando muito próximos, com alguns décimos o separando. Irvine, em oitavo, fechava esse pelotão. Na volta 18, na entrada da primeira chicane, as Williams trocam de posição numa ordem de equipe, com Zanardi ficando logo sob pressão de Salo e Barrichello. Após um início de corrida promissor, Zanardi bateu forte numa zebra e seu carro saía muito de frente, fazendo o italiano perder muito tempo. Sem ter nada com isso e querendo mostrar serviço na frente de sua futura equipe, Barrichello ultrapassa Salo pelo quinto lugar e passa a pressionar Zanardi, efetuando a ultrapassagem voltas mais tarde na saída da Parabolica.

Com a metade da corrida se aproximando, os pilotos recebem informações pelo rádio para aumentarem seus ritmos. Com Zanardi ultrapassado por Salo e Coulthard, Barrichello é o primeiro dos líderes a fazer seu único pit-stop na volta 30. A McLaren entrou no rádio de Hakkinen para lhe avisar que sua parada era iminente e que ele teria que fazer voltas voadoras a partir de então. No começo da volta 31, Hakkinen colocou uma marcha a menos do que o normal na freada da primeira chicane, fazendo seu McLaren sair de traseira e bater na parede da primeira chicane. O normalmente frio Hakkinen saiu do carro furioso, jogando longe seu volante e ficou atrás de alguns arbustos, enquanto que as arquibancadas de Monza finalmente teria algo para se comemorar. No entanto, tentando esconder sua angústia, Hakkinen foi flagrado pelas câmeras chorando muito pelo erro infantil cometido, numa cena que entrou para os anais da F1. Era a segunda vez naquele ano que Hakkinen jogara fora uma liderança folgada no muro de um autódromo italiano. Menos mal para Mika que Irvine não estava  numa posição ideal para capitalizar o erro dele. 

Após todas as paradas feitas, Frentzen liderava com 6s de vantagem sobre Ralf Schumacher, que tinha como perseguidor a segunda Ferrari de Mika Salo. Dez segundos depois vinha Barrichello, que havia perdido seu ímpeto inicial após sua parada e era pressionado por um opaco David Coulthard. Me lembro de ter afirmado na época que este era o treino para Barrichello a partir de agora: ser pressionado por uma McLaren. Atrás de Coulthard, um enorme buraco para o sexto colocado Eddie Irvine, pressionado por Zanardi, que após um belo início de corrida, estava fora dos pontos. A única briga por posição entre os líderes é entre os antigos rivais de F3 Inglesa Barrichello e Coulthard, com o brasileiro se segurando bem dos ataques do piloto da McLaren e indiretamente ajudando sua futura equipe. Frentzen vencia de forma categórica sua segunda corrida no ano e de forma surpreendente se colocava como um dos postulantes ao título, dez pontos atrás, exatamente uma vitória, dos dois líderes do campeonato, Hakkinen e Irvine, empatados no campeonato. Ralf Schumacher conseguia um ótimo segundo lugar vide a pouca potência do seu motor Supertec, mas o chassi Williams mostrava um enorme potencial para a chegada dos potentes motores BMW no ano seguinte. O terceiro lugar de Salo foi comemorado como uma vitória para Ferrari, pois em nenhum momento os italianos demonstraram ritmo para conseguir tal resultado. Com Ferrari e McLaren errando aos borbotões, tanto com seus pilotos, como com problemas de confiabilidade, um terceiro piloto de uma equipe média se metia na briga pelo título. Realmente a temporada de 1999 foi uma das temporadas mais estranhas da história da F1.

Chegada:
1) Frentzen
2) R.Schumacher
3) Salo
4) Barrichello
5) Coulthard
6) Irvine 

História: 20 anos do Grande Prêmio da Itália de 1994

As polêmicas envolvendo a Benetton e Michael Schumacher continuavam em 1994. Após a desclassificação do alemão na Bélgica devido a uma rodada de Michael sobre uma zebra alta, que acabou estragando a prancha de madeira regulamentadora debaixo do carro, Schumacher recebia uma suspensão de duas corridas pelo problema na corrida inglesa, onde foi desclassificado infantilmente, quando Schummy ultrapassou Hill durante a volta de apresentação e Briatore foi dar uma de macho, deixando Schumacher na pista, enquanto o alemão era punido, além do problema na válvula de reabastecimento do carro da Benetton que provocou o espetacular incêndio no carro de Verstappen na Alemanha. Porém, muito se falava que a suspensão de Schumacher foi mais política do que propriamente técnica, pois com o alemão dominando uma temporada triste para a F1, um pouco de emoção (Schumacher ficando duas corridas de fora...) não faria mal a ninguém. J.J. Lehto substituiria o alemão, enquanto Alessandro Zanardi voltava ao cockpit da Lotus para tentar melhorar a competitividade da tradicional e decadente equipe inglesa, que teria um novo motor Mugen na rápida pista de Monza.

Se preparando para a sua corrida caseira, a Ferrari montou uma força de trabalho para garantir um ótimo resultado em Monza. Testes foram feitos em mais de duas frentes e o resultado foi uma primeira fila inteira vermelha, para completo delírio dos tifosi, que ainda vibraram com a primeira pole do seu ídolo Alesi na F1. Hill, principal beneficiado com a suspensão de Schumacher, ficava em terceiro e Johnny Herbert surpreendia a F1 ao colocar seu Lotus em quarto. O novo motor Mugen mostrava serviço! Correndo sem Schumacher, a Benetton teve um final de semana para esquecer, com Lehto apenas em vigésimo no grid e passou-se a reconhecer que o domínio da equipe ítalo-inglesa tinha muito do braço do alemão.

Grid:
1) Alesi (Ferrari) - 1:23.844
2) Berger (Ferrari) - 1:23.978
3) Hill (Williams) - 1:24.158
4) Herbert (Lotus) - 1:24.374
5) Coulthard (Williams) - 1:24.502
6) Panis (Ligier) - 1:25.455
7) Hakkinen (McLaren) - 1:25.528
8) De Cesaris (Sauber) - 1:25.540
9) Irvine (Jordan) - 1:25.568
10) Verstappen (Benetton) - 1:25.618

O dia 11 de setembro de 1994 tinha o típico clima do Grande Prêmio da Itália, com um tempo firme e ameno, mas com os torcedores da Ferrari lotando o Autodromo Nazionale no Parque de Monza para torcer para os carrinhos vermelhos, mas o dia não começou muito bem para a Ferrari quando Berger sofreu um forte acidente no warm-up e teve que ir ao hospital para fazer exames que o liberassem correr, porém o austríaco largaria com o carro reserva. Outro que largaria com o carro reserva era Hill, que tem um vazamento de óleo no carro titular enquanto alinhava no grid. A largada em Monza sempre foi tensa devido a apertada primeira chicane. Havia uma torcida para uma boa corrida do simpático Johnny Herbert e a Lotus, mas tudo foi pelos ares quando Irvine errou na freada e atingiu a traseira de Herbert, fazendo-o rodar e trazendo a bandeira vermelha pela confusão resultante. O inglês quase chora ao perceber que sua corrida estava automaticamente arruinada, pois teria que largar dos boxes, mas nem todos os britânicos estavam tristes com o incidente. David Coulthard tinha rodado de forma bizarra na volta de apresentação e com uma segunda largada, teria uma nova chance, mas com o carro que seria o titular de Hill.

Mais escaldados, a segunda largada acontece de forma tranquila com as duas Ferraris liderando à frente das duas Williams. Gianni Morbidelli bate seu Arrows ainda na primeira volta na reta oposta e os detritos do seu carro causam nada menos do que quatro furos de pneus, inclusive de Verstappen, que abandona com seu Benetton bem no início da prova. Alesi imprimi um ritmo muito forte e liderava com boa vantagem sobre Berger, que chegou a cortar uma das chicanes e fazia o papel de tampão, para segurar os dois carros da Williams, com Hill à frente de Coulthard. Ukyo Katayama largara em 14º e pulara espetacularmente para quinto, mas o japonês estava longe de acompanhar o ritmo dos líderes, segurando a McLaren de Hakkinen. Líder absoluto da corrida, Alesi vai aos boxes na volta 14, indicando que seu ritmo feroz significava uma estratégia de duas paradas. Pit-stop completo e Alesi continuava parado. O câmbio da Ferrari travou e mesmo com todos os esforços da equipe, Alesi teve que abandonar, deixando o francês furioso, jogando suas luvas e capacete longe, mas as esperanças ferraristas permaneciam em Berger, que ainda liderava, agora com alguma folga graças a um pequeno erro de Hill na primeira chicane. Katayama também foi vítima de um pit-stop mal feito e cai para 14º após sua parada.

Berger liderava à frente das Williams quando o momento da única parada dos três líderes se aproximava, na metade da prova. Tudo seria decidido nos boxes e o primeiro a tomar à direita após a saída da Parabolica foi Berger. O austríaco tinha o retardatário Olivier Panis à sua frente e no afã de não perder muito tempo, quase bateu no francês. Berger retorna à pista em quarto, enquanto que as Williams faziam o serviço que viram Schumacher fazer tantas vezes e os derrotar naquele ano: voar na pista nas voltas pré-parada. Hill parou uma volta depois de Berger e saiu à frente do austríaco. Na volta 25 foi a vez de Coulthard fazer seu único pit-stop e o escocês se deu ainda melhor, pulando de terceiro para primeiro após as paradas, com Berger alguns segundos atrás das Williams em terceiro, para tristeza dos tifosi. Quando Hakkinen faz sua parada, Coulthard liderava à prova, mas com Damon Hill melhor colocado no campeonato, o escocês cedeu sua posição para Damon. Hakkinen volta à pista em quarto, mas logo é ultrapassado por Katayama, que se recuperava do seu péssimo pit-stop, enquanto o companheiro de equipe do japonês, Mark Blundell, fechava o top-6 e fazia um dia feliz para a Tyrrell, mas o inglês acabaria errando na Variante Ascari para entregar o sexto lugar para Barrichello. Poucas voltas mais tarde Blundell abandonaria com problemas nos freios, o mesmo acontecendo, tristemente, com Katayama, estragando o que poderia ter sido uma ótima corrida da Tyrrell.

A corrida fica estática, com os seis primeiros andando espalhados na pista, mas faltando cinco voltas para o fim, Coulthard diminui dramaticamente seu ritmo e Berger encosta no escocês na última volta. Porém, o piloto da Ferrari nem se dá o trabalho de ultrapassar Coulthard quando o piloto da Williams fica sem combustível na última curva da corrida, entregando o segundo lugar para Berger, diminuindo um pouco a tristeza dos tifosi. Damon Hill capitalizou a suspensão de Schumacher e com essa segunda vitória consecutiva, recortou sua desvantagem para apenas onze pontos no campeonato. Hakkinen conseguia seu quarto pódio e Coulthard ainda termina em sexto, uma volta atrás. Hill agora partia para as próximas corridas com uma boa chance de diminuir o déficit para Schumacher e decidir tudo nas provas finais.

Chegada:
1) Hill
2) Berger
3) Hakkinen
4) Barrichello
5) Brundle
6) Coulthard 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

História: 25 anos do Grande Prêmio da Itália de 1989

Como é tradicional para a Ferrari, o time italiano escolheu Monza para o seu grande anúncio para 1990: a contratação de Alain Prost, numa super-dupla com Nigel Mansell. Profundamente irritado com um pretenso favoritismo da Honda para com Ayrton Senna, além das brigas com seu 'companheiro' de equipe, Prost já havia anunciado que estaria saindo da McLaren após seis anos na equipe em sua corrida natal. Após negociar uma volta com a Renault através da Williams, Prost aceitou uma ótima proposta da Ferrari, mesmo o francês tendo ao seu lado outra estrela da F1 na época, Mansell. Com bem menos pompa, a Lotus anunciou antes da corrida em Monza uma nova parceria com a montadora italiana Lamborghini a partir de 1990 e a dispensa dos seus dois pilotos, o que deixava o tricampeão Nelson Piquet no mercado.

Senna gostava da alta velocidade de Monza, mas ainda não tinha conseguido uma vitória na Itália e para quebrar esse tabu, além de melhorar suas aspirações ao bicampeonato, o brasileiro conquistou uma tranquila pole, 1s à frente do seu futuro companheiro de equipe na McLaren, Gerhard Berger. Após ter problemas nos treinos e agora recebendo menos atenção da McLaren por motivos óbvios, Prost teve que se conformar com uma pálida quarta colocação no grid, com a Williams formando a terceira fila e a surpresa Phillippe Alliot colocando seu Lola em sétimo.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:23.720
2) Berger (Ferrari) - 1;24.734
3) Mansell (Ferrari) - 1:24.739
4) Prost (McLaren) - 1:25.510
5) Patrese (Williams) - 1:25.545
6) Boutsen (Williams) - 1:26.155
7) Alliot (Lola) - 1:26.985
8) Nannini (Benetton) - 1:27.052
9) Pirro (Benetton) - 1:27.397
10) Alesi (Tyrrell) - 1:27.399

O dia 10 de setembro de 1989 amanheceu belo e o Grande Prêmio da Itália teria seu tradicional tempo seco e sem estar muito quente, ao contrário das arquibancadas, quentes pela Ferrari e por seu 'terceiro' piloto. Com a contratação de Prost pela Ferrari, o francês, mesmo ainda correndo pela McLaren, passou a ter a simpatia dos tifosi em Monza, que em contrapartida passaram a torcer contra Senna, mas na largada a torcida pouco pôde fazer contra uma saída praticamente perfeita do brasileiro da McLaren, que manteve tranquilamente a ponta, seguido pelos dois pilotos da Ferrari, com Mansell atacando Berger, mas o austríaco, ainda tentando completar sua primeira corrida em 1989, se segurando na segunda posição. Prost acompanhava tudo em quarto, enquanto que na apertada primeira chicane, apenas Mauricio Gugelmin saía levemente da pista e todos partiam para as 53 voltas ilesos.

Como era sua característica, Senna imprimi um ritmo alucinante nas primeiras voltas e mesmo Berger tentando manter uma distância razoável para o brasileiro, Ayrton já abria 4s em oito voltas. Mansell ficava para trás em terceiro, enquanto Prost perseguia o inglês com pouco mais de 1s de desvantagem. A boa perspectiva de corrida para Alliot termina ainda na segunda volta quando o francês roda, enquanto Nannini faz uma corrida agressiva no início e já ameaçava o quinto lugar de Boutsen. A corrida fica estática na frente, mas na volta 21 Prost parece despertar de um sono profundo e ultrapassa Mansell na Variante Della Roggia, mas o piloto da McLaren já se encontrava 9s atrás de Berger e então outros 7s atrás de Senna, que liderava soberano a prova. Prost teria que trabalhar dobrado se quisesse mostrar aos tifosi que ele tinha sido a contratação capaz de tirar a Ferrari do seu cada vez maior jejum de títulos, que completaria dez anos no final daquela temporada.

Passando da metade da prova, Senna aumenta ainda mais seu ritmo e faz volta mais rápida em cima de volta mais rápida, fazendo sua vantagem sobre Berger subir para 19s, enquanto Prost cortava a distância para o austríaco e Mansell era alcançado pela Williams de Boutsen. Nannini, que tinha feito várias ultrapassagens durante a corrida, tem problemas de freios quando se aproximava do belga, abandonando a corrida. Faltando pouco mais de quinze voltas, Prost aumenta o seu ritmo na perseguição a Berger e na volta 41, o francês pega o vácuo da Ferrari na saída da Parabolica e Prost completa a ultrapassagem no final da reta dos boxes. Mesmo correndo em dobradinha pela McLaren, Prost se viu 23s atrás de Senna e somente uma hecatombe tiraria a primeira vitória de Senna em Monza. E foi o que aconteceu. Logo quando Senna recebeu a mensagem de que Prost estava em segundo e fazendo a volta mais rápida da corrida, o brasileiro imediatamente aumentou seu ritmo e passou a trocar voltas mais rápidas com o francês. O lógico era administrar a grande vantagem em cima do rival, mas numa guerra psicológica como aquela de vinte e cinco anos atrás, Senna não pensou em administrar e tirou tudo do seu McLaren-Honda, mas na volta 45, na reta oposta, o motor Honda de Senna estoura. Quando o brasileiro ia tomar a Parabolica, o óleo cai sobre os pneus da McLaren e Senna roda levemente, abandonando seu carro ali mesmo, para delírio da torcida italiana, já apaixonada por Prost, o novo líder da prova.

Prost consegue uma vitória importante para o seu campeonato, além de entregar o Mundial de Construtores para a McLaren, enquanto Berger finalmente marca seus primeiros pontos em 1989. Mansell tem problemas de câmbio no final da prova e quem fica com o lugar mais baixo do pódio era Boutsen. Com vinte pontos de vantagem no campeonato, Prost começava a fazer contas para conquistar o tri, mas um pequeno gesto no pódio quase provoca a demissão do francês da McLaren. Pouca gente sabe, mas quando Ron Dennis contratava um piloto para a McLaren, ele colocava no contrato que os troféus conquistados pelos pilotos nas vitórias também ficavam com a McLaren. Vaidade pura e simples. Vendo a torcida italiana ensandecida em frente ao pódio e descontente com a política dentro da McLaren, Prost pega o seu troféu de vencedor e joga para a torcida italiana. Dennis, ao lado, olha com cara de tacho a cena e, conta a lenda, ficou tão irritado com atitude de Prost, considerada até mesmo provocativa, que pensou em demitir o francês ainda em Monza. Mais calmo, Ron Dennis iria para as provas finais com seus dois pilotos ainda brigando num final de campeonato imprevisível e que seria histórico!

Chegada:
1) Prost
2) Berger
3) Boutsen
4) Patrese
5) Alesi
6) Brundle 

Fim de uma era

Com esse título, Luca di Montezemolo anunciou essa manhã que está deixando a presidência da Ferrari após vinte e três anos. As especulações começaram antes do Grande Prêmio da Itália e mesmo com o próprio Montezemolo negando a notícia, se confirmou hoje. Mesmo com a crise nas pistas, a Ferrari vinha bem no mercado, mas não restam dúvidas de que sem Luca no paddock da F1, a política da categoria poderá sofrer mudanças, já que o antigo presidente da Ferrari era o mais eloquente em algumas críticas à F1. Principalmente aquelas em que a Ferrari é atingida... 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

História: 30 anos do Grande Prêmio da Itália de 1984


A F1 chegava à Monza com algumas novidades no line-up de pilotos e sem uma de suas mais tradicionais equipes. O julgamento da apelação da Tyrrell sobre o problema do peso abaixo do limite da equipe inglesa não foi favorável ao time de Ken Tyrrell e por isso a tradicional esquadra britânica estava desclassificada de todas as corridas até aquele momento e também ficaria de fora de todas as provas até o final de 1984. Porém, Stefan Johannson, piloto da Tyrrell no lugar do machucado Martin Brundle, não ficou muito tempo desempregado. Furioso com a confirmação da saída de Senna para a Lotus, mesmo o brasileiro ainda tendo um contrato com a sua equipe, Ted Toleman e Alex Hawkridge suspenderam o brasileiro do Grande Prêmio da Itália, chamando Johansson para o lugar do brasileiro, enquanto o novato Pierluigi Martini assumia o segundo carro da Toleman em casa.

Mesmo com todos esses problemas extra-pista, todo o mundo da F1 estava mesmo de olho na luta encarniçada pelo título entre Lauda e Prost, dentro da equipe McLaren. Lauda chegou à Itália com dores nas costas e chegou a ser colocado em dúvida sua participação na corrida, mas o austríaco correu normalmente e nos treinos ficou em quarto lugar, com Nelson Piquet tirando o doce da boca de Prost ao ficar com a pole pela sétima vez no ano, superando o francês por um décimo. Correndo em casa, a Ferrari decepcionava os tifosi com nenhum dos seus pilotos no top-10, enquanto Martini teria que esperar mais um pouco para estrear na F1, pois o italiano não conseguiu tempo no grid.

Grid:
1) Piquet (Brabham) - 1:26.584
2) Prost (McLaren) - 1:26.671
3) De Angelis (Lotus) - 1:27.538
4) Lauda (McLaren) - 1:28.533
5) Fabi (Brabham) - 1:28.587
6) Rosberg (Williams) - 1:28.818
7) Mansell (Lotus) - 1:28.969
8) Tambay (Renault) - 1:29.253
9) Patrese (Alfa Romeo) - 1:29.382
10) Cheever (Alfa Romeo) - 1:29.797

O dia 9 de setembro de 1984 amanheceu ensolarado e belo em Monza, um típico dia para um Grande Prêmio da Itália. Quando ia alinhar seu carro no grid, Manfred Winkelhock, que largaria em 22º, tem problemas em seu câmbio e é o primeiro abandono do dia, numa corrida conhecida por ter sua chegada com poucos carros. Na luz verde, Elio de Angelis faz uma ótima largada e parte para cima dos ocupantes da primeira fila, mas Piquet permanece na ponta, com o italiano tomando o segundo lugar de Prost, enquanto, mais importante para o campeonato, Lauda faz outra má largada e perde quatro posições, ao contrário de Tambay, que ganha quatro postos.

Enquanto Piquet apontava na frente ao final da primeira volta, Prost já recuperava sua segunda posição ainda na primeira volta no aproche da curva Parabolica, enquanto Tambay já partia para cima de Elio de Angelis, com o francês assumindo o terceiro lugar ainda na segunda volta. Mais à frente, Piquet comete um pequeno erro e coloca suas duas rodas esquerdas na grama na saída das curvas de Lesmo. Um pequeno erro que nem custou a primeira posição do brasileiro, mas que se mostraria fatal mais tarde. Com o erro de Piquet, Prost e Tambay encostaram no líder, enquanto De Angelis não mostrava um bom ritmo e era pressionado por Teo Fabi e Lauda, sendo ultrapassado por ambos na volta seguinte. Porém, a maior alegria de Lauda na quarta volta não era a sua ultrapassagem sobre um lento De Angelis, mas era mais à frente. Logo após cruzar a linha de chegada, o motor de Prost fumou de forma clamorosa e alguns metros depois o francês abandonou seu McLaren na chicane, bem em frente a maior parte da torcida, que comemorou a adversidade do francês.

Piquet começa a abrir vantagem sobre Tambay, que era pressionado por Teo Fabi, fazendo uma boa corrida em casa. O italiano já tinha mostrado velocidade, principalmente em seus tempos na Indy, mas pouca paciência. Ainda na oitava volta, Fabi tentou uma ultrapassagem otimista em cima de Tambay da Variante Della Roggia e o francês da Renault não se importou muito em fechar Fabi, que para evitar um toque, acabou rodando, sendo ultrapassado por Lauda, Alboreto, que acabara de ultrapassar um hesitante Elio de Angelis, o italiano da Lotus, Cheever e Warwick, em prova discreta no segundo Renault. A velha raposa felpuda Lauda, comendo pelas beiradas, já aparecia em terceiro e pronto para amealhar o maior número de pontos possíveis frente ao abandono de Prost, enquanto mais atrás Fabi remava tudo de novo e em três voltas ultrapassa Warwick, Cheever e De Angelis para chegar ao quinto lugar. Sendo ultrapassado por todo mundo, Elio de Angelis deixa a prova na décima quinta volta, enquanto Mansell deixava o dia da Lotus ainda mais triste ao abandonar após uma rodada. Mais importante na corrida era uma visão bastante usual de 1984: o motor BMW de Nelson Piquet fumando... O brasileiro foi ultrapassado por Tambay quase que imediatamente, e antes de completar a 16º volta, Piquet entrou nos boxes para abandonar. A passagem de Piquet na grama no começo da corrida furou um dos radiadores do Brabham-BMW do brasileiro, ocasionando outro final de semana decepcionante para Piquet.

Contudo, para a Brabham as coisas não estavam tão ruins com a boa corrida de Fabi, que ultrapassou Lauda na volta 17 para assumir o segundo lugar e mesmo estando 5s atrás do líder Tambay, o italiano era o piloto mais rápido na pista. Desde que se tornou um piloto de ponta, Patrick Tambay ficou conhecido pela velocidade e também pela dificuldade em negociar ultrapassagens com retardatários e por isso, a vantagem de Tambay nessa corrida para a dupla Fabi e Lauda logo desapareceu, com os três primeiros colocados andando juntos na metade da prova. Lauda observava tudo à uma distância segura, vendo o desenvolvimento da corrida, mas sabendo que aquela oportunidade era vital para o seu terceiro campeonato. Faltando pouco mais de vinte voltas para o fim da prova, Lauda viu Fabi passar a ter alguns problemas em seu motor e o austríaco ultrapassou o italiano da Brabham na volta 40. Após marcar a volta mais da corrida, Lauda encostou em Tambay duas voltas depois e assumiu a ponta como se estivesse indo na esquina comprar pão, tamanha a eficiência de Lauda, além de sua brilhante leitura de corrida.

Com seus principais adversários de fora da prova, Lauda imediatamente despacha Tambay e as coisas só melhoram quando, numa mesmo volta, a 44º, Tambay (acelerador) e Fabi (motor, oh! novidade...) abandonam e um urro surge das arquibancadas. Muito longe, correndo praticamente sozinho, Michele Alboreto levava a Ferrari ao segundo lugar, para alegria dos tifosi. Para aumentar a festa, a problemática Alfa Romeo de Eddie Cheever subia ao terceiro lugar, mas o americano acabaria sem combustível quando restavam apenas quatro voltas para o fim, só que a Alfa não se lamentaria tanto, pois Patrese ultrapassa Johansson, em boa prova de estreia na Toleman, e assume o terceiro lugar. Johansson diminui bastante seu ritmo para terminar a prova e acaba perdendo o quarto lugar para a surpreendente Osella de Piercarlo Ghinzani, mas o italiano fica sem gasolina na volta final e o sueco confirma o quarto lugar se arrastando pela pista, seguido pelos também surpreendentes Jo Gartner, na outra Osella e o seu compatriota, o austríaco Gerhard Berger da ATS. Porém, o austríaco mais feliz do dia era Niki Lauda, que venceu de forma metódica, seguido por dois italianos, garantindo a alegria dos tifosi, em particular com Alboreto, após um ano desastroso da Ferrari. Com duas corridas pela frente, Lauda abre 10,5 pontos sobre Prost e começa a enxergar seu terceiro título com mais facilidade.

Chegada:
1) Lauda
2) Alboreto
3) Patrese
4) Johansson
5) Gartner
6) Berger

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Figura(ITA): Mercedes

Após toda a turbulência vista em Spa, com seus dois pilotos jogando fora uma dobradinha por causa de um incidente evitável, a Mercedes mostrou em Monza todo o seu potencial com um 1-2 enfático. Desde Melbourne a Mercedes vem provando ser o melhor carro disparado, mas um inesperado problema de relacionamento entre seus pilotos, além de alguns problemas técnicos, vem impedindo que todo o potencial da Flecha de Prata de 2014 aparecesse em todo o seu esplendor. Querendo mostrar serviço e, principalmente, diminuir a diferença para o seu 'companheiro' Nico Rosberg no campeonato, Lewis Hamilton esteve impecável durante o final de semana, sendo o mais rápido em praticamente todas as sessões em que esteve presente e vencendo com uma pilotagem soberba. Quando Lewis largou mal, Rosberg tomou a primeira posição e mesmo sofrendo com alguns problemas nos freios traseiros que o fizeram errar duas vezes quando era pressionado por Hamilton, o alemão fez uma corrida correta pela a sua situação e fechou a dobradinha com Hamilton sem maiores problemas ou lutas dentro da pista. Foi um final de semana tranquilo nos boxes da Mercedes, mas com o final do campeonato se aproximando e a tensão entre Hamilton e Rosberg aumentando, fica a pergunta de até quando essa calmaria irá permanecer. 

Figurão(ITA): Ferrari

Quando era vivo, Enzo Ferrari tinha um enorme orgulho da potência dos motores dos seus carros de corrida. O chassi era algo secundário. Se ainda estivesse entre nós, Il Comendatore estaria sofrendo de um enorme desgosto pela apresentação dos seus carros vermelhos no quintal de sua casa, no mítico circuito de Monza. Única dentre os três motores da F1 atual sem vencer esse ano, a Ferrari viu na pista onde a potência é mais exigida que está mesmo atrás de Mercedes e Renault, além do chassi Ferrari também estar longe de ser o melhor do pelotão. Nas longas retas de Monza, Alonso e Raikkonen tiveram que se rebolar para conseguir ficar no top-10 durante a corrida e o espanhol teve sua longa confiabilidade em seu carro quebrada com um problema no ERS fazendo Alonso abandonar tristemente na reta dos boxes, na frente da maioria dos tifosi. Ainda tentando achar uma melhor forma de se adaptar ao carro, Raikkonen pelo menos foi até o fim da corrida, mas amealhando apenas o décimo lugar, que se transformou em nono com a punição de Kevin Magnussen. Muito, muito pouco para a Ferrari no Grande Prêmio da Itália e isso só pode significar uma coisa: crise, e das brabas!  

domingo, 7 de setembro de 2014

Tranquilidade

Após toda a turbulência desde Spa, a Mercedes teve uma corrida bem tranquila hoje em Monza e seus dois pilotos completaram uma dobradinha com Lewis Hamilton à frente, mesmo o inglês tendo que fazer uma mini-corrida de recuperação após uma má largada, mas para sorte da cúpula da Mercedes, Nico Rosberg deve ter tido problemas de freios após o alemão ter vazado a primeira chicane duas vezes e não houve a tensão de uma briga íntima entre os dois pilotos da Mercedes. Confirmando ser o melhor do resto, a Williams ficou com as duas posições subsequentes, mas com Felipe Massa finalmente tendo um final de semana limpo e derrotando seu combativo companheiro de equipe para ser terceiro e conquistar seu primeiro pódio em 2014 e também seu primeiro pódio sem ser um piloto Ferrari.

O Grande Prêmio da Itália começou com uma largada complexa, mesmo que sem os famosos acidentes que sempre marcaram a apertada primeira chicane de Monza. Hamilton largou de forma pavorosa, atrapalhando Bottas. Rosberg aproveitou bem para assumir a primeira posição, mas quem subiu mais foi Kevin Magnussen, que pulou de quinto para segundo, enquanto Massa mantinha a mesma posição de largada e Bottas caía para décimo. Em outros tempos, Hamilton ficaria desesperado com o quarto lugar, após sair da pole, na primeira volta. O inglês reclamou com a equipe, perguntando se havia algo de errado no carro, mas como felizmente nada estava afetando seu Mercedes, Hamilton foi a luta. Esperou Massa atacar Magnussen, que está se mostrando um dos pilotos mais largos da F1 atual, para ir no embalo do brasileiro e quando pôde se concentrar unicamente no piloto da Williams, fez uma tranquila ultrapassagem sobre Massa e passar a se aproximar Rosberg. À essa altura, Nico já havia cometido seu primeiro erro na primeira chicane, perdendo um tempo precioso para os dois pilotos que vinham atrás dele. Hamilton tirava a diferença de forma constante, mas ambos os pilotos da Mercedes andavam com um tempo parecido, indicando uma briga complicada pela primeira posição. Logo após a única rodada de paradas, Hamilton foi para cima de vez e quando ele já se aproximava da região do DRS, Rosberg passou reto novamente na
primeira chicane, mas desta vez com prejuízo para o alemão, que viu Hamilton assumir a primeira posição e ir embora. Lewis conseguiu abrir tranquilos 4s de vantagem sobre o 'companheiro' de equipe e vencer pela 28º vez, desempatando no ranking histórico da F1 com Jackie Stewart e agora é o segundo piloto britânico com mais vitórias na F1. Se não fosse a Globo inventar de mostrar a esposa de Felipe Massa num lance infeliz da emissora e de sua repórter fraquinha, poderíamos ver a reação entre Hamilton e Rosberg na ante-sala do pódio. Como não foi o caso, achei tímida a comemoração de Hamilton, enquanto Rosberg esboçava um sorriso amarelo, mas ambos tocaram a garrafa de champanhe no pódio. Nico ainda lidera de forma até confortável o campeonato, mas Hamilton mostrou hoje que seus tempos de desespero após uma adversidade estão passando e o inglês andou mais forte o final de semana inteiro, podendo indicar que Lewis irá com tudo para essas corridas finais do campeonato, com a Mercedes no meio disso tudo tentando segurar seus pilotos.

As mãos postas de Felipe Massa após a bandeirada mostrava bem o alívio do brasileiro após tantos percalços ao longo desta temporada que deveria ser bem melhor pelo potencial do novo carro da Williams. Com o anúncio da equipe que manterá seus dois pilotos em 2015, esse terceiro lugar de Massa foi uma boa demonstração que tem potencial para trazer bons resultados para o time, principalmente no Mundial de Construtores, pois com o péssimo final de semana da Ferrari em Monza, a Williams reassumiu a terceira posição do campeonato. Massa fez uma corrida cirúrgica, começando da largada, onde não se meteu em confusões, algo que fez bastante esse ano, não se afobou em ultrapassar Magnussen e sabendo que não tinha carro para segurar Hamilton, foi ultrapassado e a partir de então fez uma corrida solitária, onde garantiu com méritos seu primeiro pódio em mais de um ano. Ao contrário de Felipe, Bottas teve uma corrida agitada muito pela péssima largada que teve. O finlandês ficou encaixotado atrás de Hamilton e se viu na décima posição, sendo que ele ainda foi ultrapassado por Raikkonen no decorrer da primeira volta. Com um ótimo carro em mãos, Bottas passou a ultrapassar quem vinha pela frente, mas sempre com uma briga, principalmente com Sergio Pérez e Kevin Magnussen, que acabou punido mais pelo histórico do que pela manobra. Porém, Bottas ainda assegurou um quarto lugar que foi importante para a Williams no Mundial de Construtores e o manteve muito bem no campeonato. A Red Bull foi a terceira força do dia ao ficar em quinto e sexto lugares, mas com especial destaque para o stint final de Daniel Ricciardo. Passando em décimo segundo na primeira volta e sem muito destaque nas primeiras voltas, Ricciardo parecia que teria um final de semana burocrático e de poucos pontos, mas o australiano arriscou em esticar o máximo sua única parada. Com pneus em melhor estado do que os demais nas voltas finais, o australiano emulou o desempenho de Bottas e foi ultrapassando quem via pela frente, com belas ultrapassagens na variante baixa, tirando seu carro para dentro da curva bem no limite, deixando seus adversários sem ter muito o que fazer para defender a posição, sendo que a última vítima foi seu companheiro de equipe Vettel, que fez uma corrida inversa ao de Ricciardo e não deu muito certo, pois o alemão foi o primeiro a fazer seu pit-stop e ficou sem pneus no final da corrida.

A McLaren poderia ser a quarta força, mas como Kevin Magnussen não cumpriu sua exagerada punição e Button não conseguiu ultrapassar Sergio Perez, os ingleses não confirmaram essa expectativa. Magnussen fez a melhor largada do dia, mas não tendo condição de acompanhar as Mercedes e Felipe Massa, ficou em quarto boa parte da prova, mas perdeu a posição nos boxes para Vettel, começando seu repertório de fechadas em quem quer que fosse, particularmente em Bottas, onde definiu sua punição. Magnussen acabou em sétimo na bandeirada, mas como não cumpriu sua punição, quem deverá herdar a posição será Pérez, que fez uma corrida muito superior ao do seu afamado companheiro de equipe Nico Hulkenberg, que esteve longe de pontuar, e o mexicano enfrentou de igual para igual seu antigo companheiro de equipe Button, protagonizando com o inglês as melhores disputas da corrida. Raikkonen fechou a zona de pontuação no dia em que Alonso deixou de pontuar pela primeira vez em 2014 graças a um problema em dos motores elétricos de sua Ferrari. O time italiano está, segundo dizem, a ponto de uma profunda revolução técnica e administrativa e com a equipe fazendo o papelão que fez em seu quintal de casa, não seria surpresa isso acontecer nos próximos dias. Era impressionante como os carros vermelhos não conseguiam segurar os motores Mercedes e Renault no retão de Monza, sendo ultrapassados na potência de ponta, algo que Enzo Ferrari tinha orgulho de ter em seus carros. Kvyat, apesar do erro na última volta, mostrou porquê a Toro Rosso lhe deu um sinal de confiança ao sair da última posição para encostar em Raikkonen na briga pela décima posição, enquanto Vergne fazia uma corrida anônima e sem impressionar ninguém que queira o trabalho do francês em 2015. Lotus e Sauber fizeram corridas ruins e o toque no final da prova entre Gutierrez e Grosjean pelas últimas posições mostra bem a decadência dessas duas equipes que acabaram tão bem ano passado. Após completar várias corridas seguidas, Max Chilton bateu logo no começo da prova e esse foi o único momento onde as nanicas apareceram hoje.

Se a leitura labial de Rubens Barrichello estiver certo no momento em que Toto Wolff apareceu após o segundo erro de Nico Rosberg, a Mercedes respirou aliviada com o não embate entre seus dois pilotos. Existe uma tensão enorme entre os dois pilotos e com 175 pontos (contando a pontuação dobrada em Abu Dhabi) até o fim do campeonato, a F1 estará com os olhos bem abertos de como será a briga entre Rosberg e Hamilton até o fim do ano e como a Mercedes irá administrar esse embate. Quem pode se aproveitar disso serão os pilotos da Williams, pois se estiverem no momento certo na hora de algum entrevero, poderá imitar Daniel Ricciardo. Contudo, a F1 espera que, como hoje, Rosberg não 'resolva a situação' da Mercedes e que a briga seja animada e na pista.