A F1 chegava à Monza com algumas novidades no line-up de pilotos e sem uma de suas mais tradicionais equipes. O julgamento da apelação da Tyrrell sobre o problema do peso abaixo do limite da equipe inglesa não foi favorável ao time de Ken Tyrrell e por isso a tradicional esquadra britânica estava desclassificada de todas as corridas até aquele momento e também ficaria de fora de todas as provas até o final de 1984. Porém, Stefan Johannson, piloto da Tyrrell no lugar do machucado Martin Brundle, não ficou muito tempo desempregado. Furioso com a confirmação da saída de Senna para a Lotus, mesmo o brasileiro ainda tendo um contrato com a sua equipe, Ted Toleman e Alex Hawkridge suspenderam o brasileiro do Grande Prêmio da Itália, chamando Johansson para o lugar do brasileiro, enquanto o novato Pierluigi Martini assumia o segundo carro da Toleman em casa.
Mesmo com todos esses problemas extra-pista, todo o mundo da F1 estava mesmo de olho na luta encarniçada pelo título entre Lauda e Prost, dentro da equipe McLaren. Lauda chegou à Itália com dores nas costas e chegou a ser colocado em dúvida sua participação na corrida, mas o austríaco correu normalmente e nos treinos ficou em quarto lugar, com Nelson Piquet tirando o doce da boca de Prost ao ficar com a pole pela sétima vez no ano, superando o francês por um décimo. Correndo em casa, a Ferrari decepcionava os tifosi com nenhum dos seus pilotos no top-10, enquanto Martini teria que esperar mais um pouco para estrear na F1, pois o italiano não conseguiu tempo no grid.
Grid:
1) Piquet (Brabham) - 1:26.584
2) Prost (McLaren) - 1:26.671
3) De Angelis (Lotus) - 1:27.538
4) Lauda (McLaren) - 1:28.533
5) Fabi (Brabham) - 1:28.587
6) Rosberg (Williams) - 1:28.818
7) Mansell (Lotus) - 1:28.969
8) Tambay (Renault) - 1:29.253
9) Patrese (Alfa Romeo) - 1:29.382
10) Cheever (Alfa Romeo) - 1:29.797
O dia 9 de setembro de 1984 amanheceu ensolarado e belo em Monza, um típico dia para um Grande Prêmio da Itália. Quando ia alinhar seu carro no grid, Manfred Winkelhock, que largaria em 22º, tem problemas em seu câmbio e é o primeiro abandono do dia, numa corrida conhecida por ter sua chegada com poucos carros. Na luz verde, Elio de Angelis faz uma ótima largada e parte para cima dos ocupantes da primeira fila, mas Piquet permanece na ponta, com o italiano tomando o segundo lugar de Prost, enquanto, mais importante para o campeonato, Lauda faz outra má largada e perde quatro posições, ao contrário de Tambay, que ganha quatro postos.
Enquanto Piquet apontava na frente ao final da primeira volta, Prost já recuperava sua segunda posição ainda na primeira volta no aproche da curva Parabolica, enquanto Tambay já partia para cima de Elio de Angelis, com o francês assumindo o terceiro lugar ainda na segunda volta. Mais à frente, Piquet comete um pequeno erro e coloca suas duas rodas esquerdas na grama na saída das curvas de Lesmo. Um pequeno erro que nem custou a primeira posição do brasileiro, mas que se mostraria fatal mais tarde. Com o erro de Piquet, Prost e Tambay encostaram no líder, enquanto De Angelis não mostrava um bom ritmo e era pressionado por Teo Fabi e Lauda, sendo ultrapassado por ambos na volta seguinte. Porém, a maior alegria de Lauda na quarta volta não era a sua ultrapassagem sobre um lento De Angelis, mas era mais à frente. Logo após cruzar a linha de chegada, o motor de Prost fumou de forma clamorosa e alguns metros depois o francês abandonou seu McLaren na chicane, bem em frente a maior parte da torcida, que comemorou a adversidade do francês.
Piquet começa a abrir vantagem sobre Tambay, que era pressionado por Teo Fabi, fazendo uma boa corrida em casa. O italiano já tinha mostrado velocidade, principalmente em seus tempos na Indy, mas pouca paciência. Ainda na oitava volta, Fabi tentou uma ultrapassagem otimista em cima de Tambay da Variante Della Roggia e o francês da Renault não se importou muito em fechar Fabi, que para evitar um toque, acabou rodando, sendo ultrapassado por Lauda, Alboreto, que acabara de ultrapassar um hesitante Elio de Angelis, o italiano da Lotus, Cheever e Warwick, em prova discreta no segundo Renault. A velha raposa felpuda Lauda, comendo pelas beiradas, já aparecia em terceiro e pronto para amealhar o maior número de pontos possíveis frente ao abandono de Prost, enquanto mais atrás Fabi remava tudo de novo e em três voltas ultrapassa Warwick, Cheever e De Angelis para chegar ao quinto lugar. Sendo ultrapassado por todo mundo, Elio de Angelis deixa a prova na décima quinta volta, enquanto Mansell deixava o dia da Lotus ainda mais triste ao abandonar após uma rodada. Mais importante na corrida era uma visão bastante usual de 1984: o motor BMW de Nelson Piquet fumando... O brasileiro foi ultrapassado por Tambay quase que imediatamente, e antes de completar a 16º volta, Piquet entrou nos boxes para abandonar. A passagem de Piquet na grama no começo da corrida furou um dos radiadores do Brabham-BMW do brasileiro, ocasionando outro final de semana decepcionante para Piquet.
Contudo, para a Brabham as coisas não estavam tão ruins com a boa corrida de Fabi, que ultrapassou Lauda na volta 17 para assumir o segundo lugar e mesmo estando 5s atrás do líder Tambay, o italiano era o piloto mais rápido na pista. Desde que se tornou um piloto de ponta, Patrick Tambay ficou conhecido pela velocidade e também pela dificuldade em negociar ultrapassagens com retardatários e por isso, a vantagem de Tambay nessa corrida para a dupla Fabi e Lauda logo desapareceu, com os três primeiros colocados andando juntos na metade da prova. Lauda observava tudo à uma distância segura, vendo o desenvolvimento da corrida, mas sabendo que aquela oportunidade era vital para o seu terceiro campeonato. Faltando pouco mais de vinte voltas para o fim da prova, Lauda viu Fabi passar a ter alguns problemas em seu motor e o austríaco ultrapassou o italiano da Brabham na volta 40. Após marcar a volta mais da corrida, Lauda encostou em Tambay duas voltas depois e assumiu a ponta como se estivesse indo na esquina comprar pão, tamanha a eficiência de Lauda, além de sua brilhante leitura de corrida.
Com seus principais adversários de fora da prova, Lauda imediatamente despacha Tambay e as coisas só melhoram quando, numa mesmo volta, a 44º, Tambay (acelerador) e Fabi (motor, oh! novidade...) abandonam e um urro surge das arquibancadas. Muito longe, correndo praticamente sozinho, Michele Alboreto levava a Ferrari ao segundo lugar, para alegria dos tifosi. Para aumentar a festa, a problemática Alfa Romeo de Eddie Cheever subia ao terceiro lugar, mas o americano acabaria sem combustível quando restavam apenas quatro voltas para o fim, só que a Alfa não se lamentaria tanto, pois Patrese ultrapassa Johansson, em boa prova de estreia na Toleman, e assume o terceiro lugar. Johansson diminui bastante seu ritmo para terminar a prova e acaba perdendo o quarto lugar para a surpreendente Osella de Piercarlo Ghinzani, mas o italiano fica sem gasolina na volta final e o sueco confirma o quarto lugar se arrastando pela pista, seguido pelos também surpreendentes Jo Gartner, na outra Osella e o seu compatriota, o austríaco Gerhard Berger da ATS. Porém, o austríaco mais feliz do dia era Niki Lauda, que venceu de forma metódica, seguido por dois italianos, garantindo a alegria dos tifosi, em particular com Alboreto, após um ano desastroso da Ferrari. Com duas corridas pela frente, Lauda abre 10,5 pontos sobre Prost e começa a enxergar seu terceiro título com mais facilidade.
Chegada:
1) Lauda
2) Alboreto
3) Patrese
4) Johansson
5) Gartner
6) Berger