sexta-feira, 12 de setembro de 2014

História: 15 anos do Grande Prêmio da Itália de 1999

A F1 chegava à Monza com o campeonato indefinido, numa das temporadas mais esquisitas dos últimos tempos. Com o acidente de Schumacher em Silverstone, Eddie Irvine tomou as rédeas da equipe Ferrari e com duas vitórias seguidas, o irlandês parecia capaz de substituir o alemão e tirar a Ferrari do jejum de vinte anos sem títulos, mas duas corridas tenebrosas na Bélgica e Hungria do irlandês, e Hakkinen, ainda líder do campeonato, sonhava com cores mais vivas o seu bicampeonato, mesmo com todos os problemas de confiabilidade do seu McLaren e até mesmo incidentes com seu companheiro de equipe David Coulthard. A Ferrari anunciou que Rubens Barrichello seria o novo piloto da equipe na temporada seguinte no lugar de Irvine, que mesmo lutando pelo título, sabia que ele era apenas o segundo piloto de Schumacher e após anos nessa posição, estava farto desse papel. Fora das pistas, a BMW anunciava que retornaria à F1 no ano 2000 através da Williams, apesar de que essa notícia era conhecida desde 1997...

Mostrando seu apetite na casa dos adversários, Mika Hakkinen conquistou a décima primeira pole em treze provas em 1999, dominando a sessão de classificação ao conseguir seu melhor tempo logo em sua primeira volta voadora. O único que se aproximou do melhor tempo de Mika foi o próprio finlandês. Mostrando sua ótima fase, Frentzen completou a primeira fila, mas o fato foi que o alemão não teve chance de tirar a pole de Mika. Coulthard ficou em terceiro e fazendo sua melhor classificação no seu retorno à F1, Zanardi colocava a Williams em quarto, superando seu companheiro de equipe, algo raro naquele ano. Lutando pelo título, Irvine teve que se conformar com uma pálida oitava posição.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:22.432
2) Frentzen (Jordan) - 1:22.926
3) Coulthard (McLaren) - 1:23.177
4) Zanardi (Williams) - 1:23.432
5) R.Schumacher (Williams) - 1:23.636
6) Salo (Ferrari) - 1;23.657
7) Barrichello (Stewart) - 1:23.739
8) Irvine (Ferrari) - 1:23.765
9) Hill (Jordan) - 1:23.979
10) Panis (Prost) - 1;24.016

O dia 12 de setembro de 1999 tinha um belo dia de sol e temperatura amena para mais um Grande Prêmio da Itália, mas a F1 iniciava o dia triste e chocada com a morte do uruguaio Gonzalo Rodriguez em Laguna Seca, correndo pela Indy. O uruguaio corria pela F3000 e foi convidado pela Penske para algumas corridas naquele ano e mostrava seu talento, mas perdeu os freios na curva Saca-Rolha e morreu na hora. Depois da corrida, Rubens Barrichello dedicaria a corrida em memória ao uruguaio. Indicando ainda ter problemas em seu carro, Irvine demorou a alinhar no grid, mas sem ter muito o que fazer, o irlandês parte para a largada. Hakkinen se mantém na ponta, mas é Zanardi que faz a melhor largada, pulando para o segundo lugar. Frentzen ultrapassa Zanardi na segunda chicane, retomando o seu lugar no grid, enquanto Coulthard se vê atrapalhado por carros mais lentos, caindo para sexto no final da primeira volta.

Hakkinen fazia um grande início de corrida, desaparecendo na frente de todos, deixando as arquibancadas de Monza quietas. Barrichello ultrapassa Irvine para ficar em sétimo e passa a pressionar Coulthard, enquanto Salo pressionava Ralf Schumacher. Irvine fazia uma corrida discreta demais para quem queria vencer o campeonato... Hakkinen imprimia um ritmo meio segundo mais rápido do que Frentzen, que tinha uma boa vantagem de 3s sobre Zanardi, porém, atrás do italiano, terceiro colocado, haviam cinco carros andando muito próximos, com alguns décimos o separando. Irvine, em oitavo, fechava esse pelotão. Na volta 18, na entrada da primeira chicane, as Williams trocam de posição numa ordem de equipe, com Zanardi ficando logo sob pressão de Salo e Barrichello. Após um início de corrida promissor, Zanardi bateu forte numa zebra e seu carro saía muito de frente, fazendo o italiano perder muito tempo. Sem ter nada com isso e querendo mostrar serviço na frente de sua futura equipe, Barrichello ultrapassa Salo pelo quinto lugar e passa a pressionar Zanardi, efetuando a ultrapassagem voltas mais tarde na saída da Parabolica.

Com a metade da corrida se aproximando, os pilotos recebem informações pelo rádio para aumentarem seus ritmos. Com Zanardi ultrapassado por Salo e Coulthard, Barrichello é o primeiro dos líderes a fazer seu único pit-stop na volta 30. A McLaren entrou no rádio de Hakkinen para lhe avisar que sua parada era iminente e que ele teria que fazer voltas voadoras a partir de então. No começo da volta 31, Hakkinen colocou uma marcha a menos do que o normal na freada da primeira chicane, fazendo seu McLaren sair de traseira e bater na parede da primeira chicane. O normalmente frio Hakkinen saiu do carro furioso, jogando longe seu volante e ficou atrás de alguns arbustos, enquanto que as arquibancadas de Monza finalmente teria algo para se comemorar. No entanto, tentando esconder sua angústia, Hakkinen foi flagrado pelas câmeras chorando muito pelo erro infantil cometido, numa cena que entrou para os anais da F1. Era a segunda vez naquele ano que Hakkinen jogara fora uma liderança folgada no muro de um autódromo italiano. Menos mal para Mika que Irvine não estava  numa posição ideal para capitalizar o erro dele. 

Após todas as paradas feitas, Frentzen liderava com 6s de vantagem sobre Ralf Schumacher, que tinha como perseguidor a segunda Ferrari de Mika Salo. Dez segundos depois vinha Barrichello, que havia perdido seu ímpeto inicial após sua parada e era pressionado por um opaco David Coulthard. Me lembro de ter afirmado na época que este era o treino para Barrichello a partir de agora: ser pressionado por uma McLaren. Atrás de Coulthard, um enorme buraco para o sexto colocado Eddie Irvine, pressionado por Zanardi, que após um belo início de corrida, estava fora dos pontos. A única briga por posição entre os líderes é entre os antigos rivais de F3 Inglesa Barrichello e Coulthard, com o brasileiro se segurando bem dos ataques do piloto da McLaren e indiretamente ajudando sua futura equipe. Frentzen vencia de forma categórica sua segunda corrida no ano e de forma surpreendente se colocava como um dos postulantes ao título, dez pontos atrás, exatamente uma vitória, dos dois líderes do campeonato, Hakkinen e Irvine, empatados no campeonato. Ralf Schumacher conseguia um ótimo segundo lugar vide a pouca potência do seu motor Supertec, mas o chassi Williams mostrava um enorme potencial para a chegada dos potentes motores BMW no ano seguinte. O terceiro lugar de Salo foi comemorado como uma vitória para Ferrari, pois em nenhum momento os italianos demonstraram ritmo para conseguir tal resultado. Com Ferrari e McLaren errando aos borbotões, tanto com seus pilotos, como com problemas de confiabilidade, um terceiro piloto de uma equipe média se metia na briga pelo título. Realmente a temporada de 1999 foi uma das temporadas mais estranhas da história da F1.

Chegada:
1) Frentzen
2) R.Schumacher
3) Salo
4) Barrichello
5) Coulthard
6) Irvine 

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