quinta-feira, 17 de março de 2016

Segunda guerra começando

No período entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 1990, o Mundial de Motovelocidade tinha o que se chama hoje de 'Era de Ouro'. Dominada por pilotos americanos rápidos e carismáticos, as 500cc tinha em suas fileiras pilotos do naipe de Lawson, Rainey e Schwantz, sucedendo Roberts, Mamola e Spencer. Essa Era tem até um marco final, que foi a corrida de Misano em 1993, onde Rainey quebrou a espinha e ficou paralítico, enquanto Schwantz conseguia seu único título. O americano da Suzuki se aposentou no ano seguinte, seguindo o que fez todos os grandes americanos da época, iniciando a 'Era Doohan' nos anos seguintes. Porém, essa é outra história. Nesse momento, podemos estar vivenciando uma segunda 'Era de Ouro' no Mundial de Motovelocidade, onde pilotos latinos dominam a MotoGP, com Rossi, Lorenzo, Márquez e um pouco mais atrás, Pedrosa.

Dez anos atrás, Valentino Rossi já era considerado uma lenda viva do esporte e procurava-se um rival para desbancar Rossi. Vindo de uma carreira espetacular nas categorias menores, Daniel Pedrosa parecia ser o nome certo para ser o anti-Rossi e era a grande esperança da Honda. Porém, a cabeça fraca e o físico mais fraco ainda fizeram com que Pedrosa ficasse para trás. Era preciso um piloto ainda mais forte, principalmente mentalmente. Então surgiu Jorge Lorenzo, grande rival de Pedrosa nas categorias menores na Espanha. Lorenzo chegou à MotoGP, como se diz aqui no Ceará, botando boneco, dizendo que seu ídolo era Biaggi (arqui-rival de Rossi) e que não tinha medo de Valentino. A verdade era que Lorenzo bebia da fonte do seu então companheiro de equipe na Yamaha e com a maior cancha, se aproximava do italiano. Os títulos consecutivos de Lorenzo e sua forma tanto física quanto técnica mostram que o espanhol está, hoje, num nível até acima de Rossi. Porém, ainda faltava um piloto que se espelhou em Rossi em todos os seus passos. Dez anos atrás, Marc Márquez era um menino de 13 anos correndo de mini-motos na Espanha. Toda a vida ele tinha em Rossi um ídolo, mas também se inspirou no italiano na força mental e, principalmente, a gana em derrotar seus rivais. Nem que seja o próprio inspirador, Valentino Rossi.

Aos 37 anos de idade, sem nada mais à provar, Valentino Rossi irá enfrentar uma turma de pilotos espanhóis que se inspiraram claramente nele, até mesmo na vontade de derrotar seus adversários mentalmente. 

Apesar da Dorna ter declarado que não gostou de toda a confusão armada por Rossi, Márquez e Lorenzo na Malásia, a polêmica entre os três pilotos trouxe uma atenção monstruosa para o campeonato da MotoGP e mesmo passado meses do histórico final de 2015, o rancor entre os três pilotos parece não sarar. Rossi deu várias entrevistas no inverno europeu criticando Márquez e Lorenzo, dizendo que não irá mais falar com eles, acrescentando que Márquez quase o enganou dizendo que ele, Marc, era fã dele, Valentino. Lorenzo se fechou em copas, mas também foi alvo da fúria de Rossi, até por que o Vale é muito inteligente e sabe que perdeu, talvez, uma chance única de conquistar o sonhado décimo título e oitavo da MotoGP. 

A pré-temporada mostrou uma Yamaha muito forte, com Lorenzo se adaptando muito bem aos novos pneus Michelin. A Honda era a equipe que mais investia na eletrônica das motos e agora parece perdida com a centralina única imposta pela FIM. Mais acostumada com a eletrônica da Magnetti Marelli, a Ducati andou bem, mas somente com Iannone, com Dovizioso ficando na sombra de Casey Stoner, novo piloto de testes da equipe italiana. A Suzuki mostrou evolução, principalmente com Maverick Viñalez andando muito forte em seu segundo ano na MotoGP.

Porém, todos os holofotes estarão na briga entre Lorenzo, Rossi e Márquez, mesmo a Honda não estando muito bem. Se espera com bastante ansiedade o reencontro entre Rossi e Márquez na pista após o incidente na Malásia. A espera pelo início da MotoGP acaba nesse final de semana, com a prova no Catar. Será uma espécie de segunda guerra que se inicia, com muito rancor de lado a lado, mas com muita emoção à vista para quem gosta da MotoGP.

Um comentário:

  1. Schwantz se aposentou durante a temporada 95,em virtude das muitas lesões adquiridas durante sua extensa carreira e também pela falta de motivação depois que seu rival Rainey ficou fora de combate pelo triste acidente de Misano.

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