quarta-feira, 30 de março de 2016

Cedo demais

Por muitos anos, ele foi considerado o piloto mais jovem da história a largar (ou não) na F1, até a chegada de Jaime Alguersuari em 2009 e desde o ano passado, da sensação Max Verstappen. Mesmo dono de uma carreira meteórica nas categorias de base, o neozelandês Mike Thackwell esteve longe de cumprir o que prometeu na F3 Inglesa e antes dos 30 anos, já havia se aposentado. 

Michael Thackwell nasceu no dia 30 de março de 1961 em Papakura, na Nova Zelândia, mas muito novo se mudou para a Austrália, onde foi criado. O seu pai, Ray, foi um conhecido piloto na F2 nos 1950 e aos 12 anos, Mike ganhou seu primeiro kart e aos 14, já era campeão nacional. Considerado um prodígio, Thackwell se mudou para a Inglaterra, Meca do automobilismo, em 1978 e antes de completar 17 anos, Mike disputou sua primeira corrida na F-Ford e num campeonato de onze corridas, o neozelandês venceu cinco vezes, mas acabou em terceiro lugar no campeonato. Contudo, sua impressionante forma de guiar chamou a atenção da 'Ilha da velocidade' e no ano seguinte Thackwell subia para a F3 na equipe oficial da March. Já chamado de 'adolescente sensação', Thackwell não fez feio e em sua primeira temporada de F3, Mike venceu cinco vezes, terminando o campeonato de 1979 novamente em terceiro, derrotado por Chico Serra e Andrea de Cesaris. Atrás de Mike no campeonato, chegaram pilotos do calibre de Stefan Johansson, Nigel Mansell, Alain Prost e Thierry Boutsen.

Assim como os pilotos citados acima (com exceção do campeão Serra), que tiveram uma longa carreira na F1, era esperado que Thackwell tivesse uma carreira de sucesso na F1. Thackwell subiu para a F2 em 1980, numa ascensão impressionante para um jovem de sua idade. Naqueles tempos, os pilotos chegavam à F1 com mais idade e após passar vários anos nas categorias de base. Nelson Piquet iniciava a sua segunda temporada completa de F1 em 1980 prestes a fazer 28 anos, enquanto a outra sensação de 1980, Gilles Villeneuve, iria completar 30 anos. Elio de Angelis tinha 22 anos e estreava pela Lotus naquele ano, sendo considerado jovem demais. Thackwell ainda iria fazer 19 anos... O neozelandês fazia uma bom ano de estreia na F2, mas já chamava a atenção dos chefes de equipes de F1. Ken Tyrrell, notório caçador de jovens talentos, ofereceu um teste à Thackwell e o neozelandês, que já havia recusado um acordo com a Ensign, assinou com a Tyrrell e faria duas corridas no final de 1980 como terceiro piloto. Porém, Thackwell quase estreou antes disso. Jochen Mass havia sofrido um forte acidente e tentou voltar à Arrows em Zandvoort, mas as dores impediram que o alemão corresse. Thackwell estava presente em todas as corridas acompanhando a Tyrrell e foi convidado pela Arrows para correr na Holanda, porém, Thackwell não conseguiria tempo num carro onde jamais havia guiado. Por incrível que pareça, seria algo que o neozelandês iria se acostumar bastante...

Quando chegou a sua vez, Mike Thackwell chegou à Montreal com 19 anos e 182 dias, tomando o recorde de Ricardo Rodríguez como o piloto mais jovem a largar na história da F1. Ou não? Na largada do Grande Prêmio do Canadá, Jones joga Piquet contra o muro e o acidente causou vários carros destruídos e para azar de Mike, além do seu carro, também estava impossibilitado de largar pela segunda vez o seu companheiro de equipe Jean Pierre Jarier. O francês ficou com o carro reserva e como Thackwell apenas assistiu a segunda largada, muitos questionam o recorde do neozelandês, Mike teria outra chance mais tarde, em Watkins Glen, mas Thackwell não conseguiu tempo para se classificar. Para 1981, Thackwell consegue um lugar na equipe oficial da Ralt na F2 e o neozelandês volta a mostrar seu talento e nas primeiras duas corridas da temporada, Mike conseguiu uma vitória e um terceiro lugar. Porém, um seríssimo acidente em Thruxton acabou com a temporada de Thackwell e, por que não, sua carreira também. Com traumatismo craniano, Mike só retornaria às corridas em 1982 e numa equipe pequena. A Ralt volta à apostar em Thackwell em 1983 e o neozelandês consegue o vice-campeonato, perdendo o título para o companheiro de equipe Jonathan Palmer. Porém, Mike arrasaria a concorrência em 1984, vencendo sete das onze corridas e liderando 408 das 580 voltas da temporada. Porém, a F2 estava longe dos tempos áureos e o título não chamou a atenção de ninguém na F1.

Ainda em 1984, Thackwell substituiu o antigo companheiro de equipe Palmer na equipe RAM de F1, mas Mike não fez nada demais para encantar algum chefe de equipe e abandonou ainda no começo o Grande Prêmio do Canadá. Mike testava o carro da Williams e voltou à Tyrrell na Alemanha, substituindo Bellof, que corria pela Porsche no mesmo dia. Com o único motor aspirado do grid, Thackwell conseguiu um resultado conhecido: não classificação. Sem lugar na F1, Thackwell permaneceu na Ralt no novo campeonato da FIA, a F3000, que substituía a F2. Mike era um dos favoritos e liderou boa parte do campeonato, mas acabaria derrotado no fim por Christian Danner. Thackwell fica extremamente desiludido com a perca do título e pá de cal em sua motivação veio no começo de 1986, quando havia acertado com a RAM, mas a equipe desistiu da temporada na F1 antes da primeira corrida. Mike se mudou para o Mundial de Marcas em 1987 e ainda fez mais uma prova pela F3000 em 1988, ajudando a equipe Ralt. No final desse ano, ainda com 27 anos de idade, Mike Thackwell abandonou definitivamente o automobilismo.

Hoje Mike Thackwell vive na Inglaterra, onde é professor, além de surfista. Desiludido com o automobilismo, Mike abandonou as corridas tão novo, que quando Damon Hill encerrou a carreira em 1999, Thackwell era mais novo que o inglês. Era mais novo, inclusive, do que Ayrton Senna. Talvez esse tinha sido o problema do neozelandês. Tudo aconteceu rápido e cedo demais para ele.   

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