A clássica frase de Chaves se referindo ao Nhonhô pode muito bem ser dita à FIA. Em Melbourne, era claro que essa nova classificação era um desastre completo, mas por algum motivo, os nossos queridos dirigentes, referendados por Bernie Ecclestone, resolveram não mudar algo que não deu certo, na vã esperança de contrariar a velha máxima de que 'Não espere resultados diferentes fazendo a mesma coisa'. No Bahrein, o que vimos foi uma classificação ainda pior, pois se na Austrália apenas o Q3 escancarou o fracasso da nova classificação, hoje o Q2 também foi terrível, com os pilotos prestes a ser eliminados e, ao contrário do que queriam os dirigentes quando inventaram essa marmotosa classificação, estavam fora dos carros, já conversando com os seus engenheiros e indo fazer a pesagem oficial. O que irrita mais é que não havia necessidade de mudar a classificação, ao contrário de outros setores da F1 atual.
Porém, há algo para se tirar do dia de hoje. A dobradinha da Mercedes viu uma pequena sombra da Ferrari, mesmo os italianos estando meio segundo atrás. Como assim? Ano passado, essa diferença era de quase 1s em ritmo de classificação, enquanto essa diferença foi cortada pela metade, mas em ritmo de corrida, como visto na Austrália, a Ferrari tem um ritmo melhor e pode estar próxima da Mercedes amanhã. Se antes havia um abismo entre a Mercedes e o resto, hoje a Ferrari está mais próximo dos alemães, mas o resto está muito atrás das duas principais equipes do momento, com Daniel Ricciardo ficando em quinto mais de 1s atrás da pole. Destaque negativo para mais uma classificação muito ruim do companheiro de equipe de Ricciardo, com Kvyat ficando em 18º, tomando mais de 1s de Ricciardo. E todo mundo sabe que a paciência de Helmut Marko com seus jovens pilotos não é muito grande... A Williams está muito abaixo das equipes de ponta e terá seus dois pilotos, muito próximos na classificação, brigando com Ricciardo pela terceira força do final de semana. Outra equipe com grande diferença entre seus dois pilotos foi a Force India, com Hulkenberg em oitavo e Pérez dez posições atrás. Muito mal Checo...
Destaques positivos para a Haas, com Romain Grosjean conseguindo um lugar entre os dez primeiros, mostrando que a equipe americana não está brincando, Stoffel Vandoorne, correndo no lugar do lesionado Fernando Alonso, colocando tempo no campeão mundial Jenson Button em sua primeira corrida na F1 pela McLaren e Pascal Werhlein colocando a Manor fora da última fila com folga e na pista, mostrando que o jovem alemão tem mesmo muito futuro. Olhando unicamente para o automobilismo brasileiro, muito preocupante a atuação de Felipe Nasr. Massa já está na reta final de sua carreira e Nasr é praticamente o único piloto brasileiro pensando no médio prazo na categoria. A Sauber está muito mal, mas a obrigação de Nasr seria andar na frente do seu fraco companheiro de equipe Marcus Ericsson, mas Felipe foi ainda pior, ficando com o pior tempo da classificação e só não largará em último amanhã, devido a punição de Kevin Magnussen. Mesmo ficando irritado quando é chamado de 'pay-driver', Nasr só está na F1 devido ao Banco do Brasil e para não ter essa pecha de piloto pagante, o brasiliense deveria estar fazendo muito mais do que vem fazendo. E devemos lembrar que o Banco do Brasil é uma empresa estatal e com a atual ebulição política, social e econômica no Brasil, não seria surpresa que o BB tirasse seu apoio ao brasileiro e atualmente não há nenhum chefe de equipe que contrataria Nasr pensando unicamente em desempenho. E sem Nasr, não há no momento nenhum piloto brasileiro no horizonte para entrar na F1, podendo afetar definitivamente a cobertura como um todo da categoria aqui no Brasil.
Mas pensando na corrida, se os pilotos da Mercedes vacilarem na largada, a Ferrari mostrou ter condições de capitalizar algum problema mercêdiano, enquanto as demais equipes, principalmente Red Bull (leia-se Ricciardo) e Williams, esperam que alguém tenha problema na frente para conseguir um pódio. Isso, se a FIA não inventar alguma asneira e mudar as corridas.
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