domingo, 24 de abril de 2016

Quase perfeito

As três primeiras corridas da Indy não foram das mais emocionantes e havia uma certa preocupação com a prova de hoje, em Barber, por se tratar de um circuito notoriamente difícil de se ultrapassar, principal problema da Indy em 2016, principalmente na corrida da semana passada em Long Beach, tradicional corrida de rua sem praticamente nenhuma ultrapassagem. Contudo, a corrida de hoje em Barber, no Alabama superou as expectativas e no final premiou Simon Pagenaud, líder inconteste do campeonato. 

As emoções começaram antes mesma da bandeira verde, quando Jack Hawksworth foi tocado bem na hora da largada por Carlos Muñoz, fazendo o inglês da Foyt rodar. Hawksworth teria um papel bem importante no final da corrida. O pole e líder do campeonato Pagenaud largou muito bem e para melhorar as coisas para o francês da Penske, o vice-líder Scott Dixon foi tocado por Sebastien Bourdais numa manobra hiper-otimista do francês e caiu para último. E quem saiu dessa posição é Juan Pablo Montoya, que logo na primeira volta pulou de 21º para 12º, iniciando uma bela corrida de recuperação numa pista em que o colombiano não teve vergonha de dizer que não gosta. Tirando a ultrapassagem de Josef Newgarden em Will Power na primeira volta, praticamente não houve nada de relevante na primeira parte da corrida e quando ocorreu a primeira rodada de paradas, a Penske tratou de devolver Power à segunda posição, enquanto Pagenaud liderava tranquilo.

Foi então que os retardatários começaram a mudar os rumos da corrida. Pagenaud encostou no último colocado Conor Daly, só que ao contrário da F1, a Indy não obriga os retardatários abrirem para os líderes, resultando numa cena frustrante para Pagenaud, que viu sua boa vantagem destruída por Daly, fazendo com que Power, Newgarden e Rahal chegassem nele. Por sinal, Graham Rahal fazia uma bela corrida, sendo, disparado, o melhor piloto da Honda e sem usar muitos Push-to-Pass. Quando veio a segunda rodada de paradas, uma parada lenta de Power e Newgarden fez com que Rahal assumisse a segunda posição e partisse para cima de Pagenaud, iniciando o melhor momento da corrida, com ambos brigando fortemente nas voltas finais. Pagenaud lembrou bastante seu compatriota Patrick Tambay na F1 dos anos 1980, com o francês tendo sérios problemas na negociação com os retardatários. Pagenaud permitiu a aproximação de Rahal e como o americano não é dos mais pacientes e tinha mais Push-to-Pass na manga, efetuou uma agressiva ultrapassagem, assumindo a ponta da corrida faltando oito voltas para o fim. No entanto, Rahal não pôde abrir quando deu de cara com o retardatário Hawksworth, que não lhe deu espaço e permitiu um ataque de Pagenaud. Rahal tentou fechar, mas acabou atrapalhado por Hawksworth e bateu no inglês da Foyt, destruindo a asa dianteira do seu carro. O americano ainda tentou se defender, mas com a asa avariada, Pagenaud pôde retormar a liderança para vencer a corrida. Bem mais lento, Rahal foi alcançado pelos retardatários e por Power e Newgarden. Power acabou surpreendido por Newgarden e perdeu o pódio na penúltima volta, enquanto Rahal segurava o segundo lugar.

Simon Pagenaud chegou a sair da pista na disputa com Rahal e terminou a prova com o carro avariado, mas inicia 2016 com uma performance impressionante. Em quatro corridas, dois segundos lugares e duas vitórias, numa temporada quase perfeita. Dixon ainda salvou um décimo lugar, enquanto Montoya garantiu um excelente quinto lugar. Os brasileiros tiveram uma corrida apagada, com Castroneves sendo claramente o quarto carro da Penske, enquanto Kanaan parece estar definitivamente em declínio e com 41 anos de idade, o baiano pode estar fazendo suas últimas corridas na Indy.

Se até o momento o campeonato da Indy não estava bom, Barber, uma pista improvável para boas corridas, nos trouxe um final eletrizante e mostrou que Simon Pagenaud, após um ano de adaptação à Penske, poderá liderar o time para o título no 50º ano da Penske como equipe. Até agora, Pagenaud foi quase perfeito. 

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