quinta-feira, 7 de abril de 2016

História: 20 anos do Grande Prêmio da Argentina de 1996

Uma semana após o agitado Grande Prêmio do Brasil, a F1 viajava até mesmo poucos quilômetros até Buenos Aires para o Grande Prêmio da Argentina, o segundo depois da volta do tradicional circuito Óscar Galvez ao calendário da F1 e sem muito tempo entre uma corrida e outra, a expectativa era de outro domínio da Williams, com Damon Hill surrando os adversários, enquanto Benetton e a Ferrari na pessoa de Michael Schumacher tentava se aproximar dos belos carros azuis da Williams.

Contudo, uma brisa forte trazia muita areia ao circuito na classificação, que juntamente com as ondulações fazia com que a aderência fosse muito pequena e Hill, grande favorito à pole, só conseguisse o melhor tempo já no finalzinho da classificação. Até o inglês da Williams conseguir a sua pole, o dominador da sessão era Michael Schumacher, surpreendente numa Ferrari que nas mãos de Irvine, só proporcionou um apagado décimo lugar ao irlandês. Villeneuve teve outro final de semana de aprendizado e conseguiu um respeitável terceiro lugar, enquanto a Benetton foi bem e terminaram em quarto e quinto lugar com seus veteranos pilotos. Alesi completou a sessão com o carro reserva, após bater o titular na famosa curva Ascari. Verstappen surpreendeu ao conseguir o sétimo tempo, superando a badalada dupla da McLaren, enquanto mais atrás, Tarso Marques surpreendia ao colocar sua Minardi em 14º lugar, mesmo com pouca experiência com o carro, além do limitado equipamento que o brasileiro tinha.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:30.346
2) Schumacher (Ferrari) - 1:30.598
3) Villeneuve (Williams) - 1:30.907
4) Alesi (Benetton) - 1:31.038
5) Berger (Benetton) - 1:31.262
6) Barrichello (Jordan) - 1:31.404
7) Verstappen (Footwork) - 1:31.615
8) Hakkinen (McLaren) - 1:31.801
9) Coulthard (McLaren) - 1:32.001
10) Irvine (Ferrari) - 1:32.058

O dia 7 de abril de 1996 estava quente e seco em Buenos Aires e as condições estavam ideais para se correr, ao contrário do ano anterior, quando aconteceram muitas mudanças climáticas. Os pilotos da Benetton tinham feito os melhores tempos no warm-up pela manhã, mas era Damon Hill que conseguia uma ótima largada, permanecendo em primeiro, enquanto seu companheiro de equipe Villeneuve tem problemas na embreagem e cai para nono, mais atrás, Coulthard faz o movimento contrário e pula de nono para quinto, ficando à frente de Barrichello.

A primeira volta se deu sem incidentes e Hill liderava à frente de Schumacher, Alesi e Berger, enquanto Villeneuve tirava proveito do seu carro e pacientemente subia de pelotão, já aparecendo em sexto na volta 5, pressionando Coulthard. O canadense pressionou o escocês da McLaren e eventualmente o ultrapassou na volta 9, mas já aparecia 12s atrás dos líderes. Hill, Schumacher, Alesi e Berger corriam bem próximos e constantemente trocavam a melhor volta da corrida, mas não haviam manobras de ultrapassagem e os quatro primeiros corriam em formação. Villeneuve não conseguia se aproximar de Berger, enquanto Hill amentava aos poucos a diferença para Schumacher bem no momento em que os líderes encontraram retardatários. Na volta 19, Schumacher inaugurou a rodada de paradas para quem iria para uma estratégia de duas paradas. Nas seis voltas seguintes, os cinco primeiros colocados realizaram suas paradas sem mudança entre eles, apenas com Schumacher agora mais pressionado por Alesi. Então, na volta 28, as atenções se voltaram para um Forti Corse capotado. Luca Badoer estavam bem, mas tinha dificuldades em sair do carro, enquanto o safety-car ia à pista. 

Sem o Mercedão que sempre marcou os safety-cars dos últimos tempos (em 1996 era um Renault Clio), a corrida se acalmou, com Villeneuve tendo agora a chance de encostar nos líderes, enquanto alguns carros entraram nos boxes para encher o tanque e tentar ir até o final. Um desses pilotos foi Pedro Paulo Diniz, que corria anonimamente com seu Ligier. O brasileiro fez sua parada, mas quando retornava à pista, uma bomba de combustível quebrada fez com que vazasse gasolina por todo lado e o resultado foi uma cena, ao mesmo tempo assustadora, mas como Diniz ficou bem, se tornou célebre e umas das mais conhecidas dos anos 1990. O carro azul da Ligier se transformou numa bola de fogo e Diniz, com o macacão completamente tostado, saiu correndo do seu carro. Felizmente, fora o susto, Diniz estava bem e o safety-car ficaria mais algumas voltas na pista.

A relargada se deu bem no início da segunda metade da prova e logo houve um incidente entre o veterano Martin Brundle e o novato Tarso Marques, onde ambos abandonaram trocando acusações. Assim como ocorreu na primeira metade da prova, os cinco primeiros corriam próximos, mas sem tentativas de ultrapassagens, com o segundo pelotão, liderado por Coulthard, ficando para trás. Enquanto Hill tentava aumentar sua liderança, Schumacher antecipou sua parada e caiu para oitavo. Alesi foi o próximo, mas o francês perdeu muito tempo quando deixou o motor Renault do seu Benetton morrer. Schumacher perdia rendimento, pois enquanto perseguia Hill durante o safety-car, uma pedra jogada pelo inglês atingiu a asa traseira da Ferrari e uma rachadura ficava cada vez mais visível. Eventualmente Schumacher perdeu parte da asa traseira e isso foi a senha para o alemão abandonar. 

Berger assumia a segunda posição, mas logo após a segunda parada do austríaco, Berger volta aos boxes com suspeita de um pneu furado, contudo, a suspensão da Benetton de Berger havia quebrado e ele estava fora da corrida, fazendo com que a Williams completasse uma dobradinha, com Hill bem à frente de Villeneuve, que tinha feito uma bela corrida de recuperação. Nas voltas finais, o quarto colocado Rubens Barrichello sofria com o perigo de uma pane seca, mas numa prova sólida do brasileiro, o piloto da Jordan ainda terminaria na boa posição em que ocupou na parte final da prova. Irvine fez uma prova burocrática para ser quinto, enquanto o surpreendente Verstappen completava a zona de pontuação, superando a McLaren de Coulthard. E isso, após o holandês rodar nas voltais iniciais e fazer boa corrida de recuperação. Alesi chegou próximo de Villeneuve, mas as voltas finais não proporcionaram grandes emoções e Damon Hill pôde comemorar sua terceira vitória consecutiva, aumentando o seu favoritismo rumo ao título. Porém, mesmo com a vitória aparentemente tranquila, Hill teve um final de semana complicado. O inglês teve um desarranjo intestinal e fazia stints curtos nos treinos, pois sempre precisava ir ao banheiro. Hill quase não correu e mal se alimentou. Para piorar, Damon acabou sem rádio no meio da corrida, parando nos boxes na hora certa, mesmo assim. Ao contrário dos anos anteriores, quando tudo dava errado para o inglês, 1996 parecia que era mesmo o ano de Damon Hill.

Chegada:
1) Hill
2) Villeneuve
3) Alesi
4) Barrichello
5) Irvine
6) Verstappen

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