quinta-feira, 28 de abril de 2016

História: 25 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1991

Após a emocionante vitória de Ayrton Senna em Interlagos semanas antes, onde o brasileiro finalmente vencia em casa, a F1 voltava ao seu berço e chegando na Europa, várias equipes aproveitaram para apresentar seus novos carros, que finalmente estreariam em 1991. Benetton, Footwork e Brabham estreavam seus carros em Ímola, mas no caso da Footwork-Porsche, o debute foi bem desagradável, pois Michele Alboreto bateu forte na Tamburello, destruindo um dos carros, mas nem ele, nem seu companheiro de equipe Alex Caffi conseguiram tempo, mostrando o fracasso que seria o motor Porsche naquele ano. 

Correndo na frente dos torcedores da Ferrari e no circuito que levava o nome do Comendador e do filho dele, Alain Prost fez de tudo para ficar com a pole e apagar a má exibição da Ferrari em São Paulo, mas o começo da temporada europeia mostrava que 1991 não seria o ano de Prost e da Ferrari, com o francês tendo que se conformar com a segunda fila. O pole? Senna, claro. O brasileiro conseguia outra volta mágica e conquistava a sexta pole consecutiva, deixando Patrese, que sempre andou muito bem em Ímola, em segundo. A surpresa era ver a Minardi com motor Ferrari no top-10 no grid, enquanto o novo carro da Benetton não mostrava a velocidade esperada e a dupla brasileira Piquet/Moreno ficaram com a sétima fila. 

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:21.877
2) Patrese (Williams) - 1:21.957
3) Prost (Ferrari) - 1:22.195
4) Mansell (Williams) - 1:22.366
5) Berger (McLaren) - 1:22.567
6) Modena (Tyrrell) - 1:23.511
7) Alesi (Ferrari) - 1:23.945
8) Morbidelli (Minardi) - 1:24.762
9) Martini (Minardi) - 1:24.807
10) Nakajima (Tyrrell) - 1:25.345

O dia 28 de abril de 1991 amanheceu ensolarado em Ímola, mas faltando poucos minutos para a largada, nuvens negras apareciam no horizonte. A chuva veio muito forte, encharcando a pista e deixando as equipes em pânico, pois pouco se correu com pista molhada naquela final de semana. E o desespero ficou ainda maior quando a chuva se mostrou forte e também rápida, deixando a sensação de que a pista secaria logo. Quando os carros saíram para a volta de apresentação, com todos os carros com pneus de chuva, já fazia até mesmo sol, mas a maior surpresa não foi o sol aparecer tão rapidamente após a tempestade. O pelotão já estava se aproximando da Rivazza quando Prost, que não era fã de pista molhada, rodou bisonhamente. Prost ainda evitou a batida, mas o carro ficou parado bem próximo da torcida italiana, que não sabia se tirava uma foto (com câmeras fotográficas de 24 poses, não de celulares) ou se lamentava por ver sua maior esperança de vitória abandonar ainda antes do sinal verde. Berger saiu da pista no mesmo local, mas o austríaco ainda conseguiu controlar seu carro e largou normalmente. No Brasil, Galvão Bueno zoava Prost na transmissão da Globo. Saindo um pouco de suas características, Senna larga mal e é ultrapassado por Patrese, mas a largada é confusa, com Mansell largando ainda pior e caindo para o meio do pelotão e ainda atrapalhando quem vinha atrás de sua Williams. 

A primeira volta se dá com os pilotos mostrando muita cautela, mas Mansell acaba tocado por Brundle no final do giro inicial e o inglês era mais um abandono. Nigel chegou aos boxes furioso, pois seu engenheiro pediu cautela ao britânico e ao andar devagar demais para não se envolver em acidentes, Mansell bateu mesmo assim. Quem liderava a corrida era seu companheiro de Patrese, seguido por Senna, Modena, Berger e Alesi. Na freada da Tosa, Piquet sai da pista e abandona, se tornando outra estrela a abandonar. Em uma volta, as principais estrelas dos anos 80 estavam fora da corrida, enquanto a quarta estrela da companhia, Senna, fazia uma corrida de espera, correndo em segundo e já tendo Berger, seu fiel escudeiro, em terceiro após o austríaco ultrapassar Stefano Modena. Na terceira volta, Alesi tenta ultrapassar Modena na Tosa e acaba tendo um destino parecido com o de Piquet e abandona no local. Após apenas três voltas, os torcedores fervorosos da Ferrari já enrolavam as suas bandeiras vermelhas e já se encaminhavam para casa. Com a pista molhada, por incrível que pareça, o piloto mais rápido em Ímola era Patrese, com Senna mais de 4s atrás, mas quando a pista começou a secar com o sol que brilhava sobre o Autodromo Enzo e Dino Ferrari, Senna começou a tirar a diferença. Na nona volta, Senna já preparava o bote em cima do italiano, quando Patrese foi aos boxes. Muitos pensavam que o italiano da Williams apenas colocaria pneus slicks, mas na verdade o motor Renault já estava falhando e quando Patrese entrou no pit-lane, o Williams suqueava como um velho Fusca com problema na embreagem. Mais um abandono e a McLaren, com menos de dez voltas, tinha o caminho livre para a vitória.

Algumas voltas depois os pilotos começaram a colocar os pneus slicks e após todos terem trocados seus pneus, Senna liderava à frente de Berger por 3s, com o austríaco sendo seguido por Modena e Roberto Moreno, que estava fazendo uma corrida sensacional com seu Benetton, além de uma estratégia certeira na hora de trocar os pneus. E na volta 17, esses quatro pilotos eram os únicos na mesma volta. O quinto colocado Ivan Capelli já estava uma volta atrás, tamanho era o massacre da McLaren sobre os demais. Porém, o italiano da Leyton House tem um pneu furado na chicane Acqua Minerale e fica numa posição perigosa na pista. Hoje em dia era Safety-car na certa, mas como essa ideia era americana demais e paralisar a corrida com bandeira vermelha estava fora de questão, apenas bandeiras amarelas foram mostradas, enquanto a prova continuava e Senna já encostava em Modena para dar uma volta no terceiro colocado, completando a ultrapassagem na volta 33. Com pouco mais da metade da prova, apenas os dois carros de Ron Dennis estavam na mesma volta. Se existissem Redes Sociais em 1991, será que falariam que a F1 estava chata demais por causa de um domínio tão grande? E esse domínio aumentaria ainda mais quando Stefano Modena tem uma quebra na transmissão e abandona a corrida. O italiano da Tyrrell fica alguns minutos dentro do seu carro, inconformado por ter perdido um pódio numa corrida em que, fora a McLaren, todas as equipes grandes estavam de fora.

Com tantos abandonos, as posições pontuáveis tinham carros um pouco fora do comum. Moreno se preparava para conseguir o seu segundo pódio na F1, quando começa a ter problemas de câmbio, fazendo com que J.J. Lehto, da Dallara, assumisse o terceiro lugar. Moreno abandonaria apenas nas voltas finais. Lehto, que largara em 16º, fazia uma corrida consistente e apenas se desviando das várias armadilhas espalhadas naquele dia de abril em Ímola. Pierluigi Martini, funcionário padrão da Minardi, colocava a pequena equipe em quarto, pelo menos tendo um motor Ferrari ainda em ação. Em quinto vinha Eric van de Poele, belga que estreava na F1 naquele dia com a equipe Lamborghini, mas soube se livrar dos problemas e estava prestes a conquistar dois pontos logo na sua estreia, quando o seu carro tem problemas na bomba de combustível na penúltima volta, fazendo o pobre Eric abandonar. Os dois pilotos da Lotus, que largaram da última fila do grid, brigavam pelo último ponto daquele dia, mas o abandono de Van de Poele fez com que Hakkinen terminasse em quinto, seguido pelo o seu companheiro de equipe Julian Bailey. Era um dia especial para a Finlândia, com dois pilotos nos pontos. Era o primeiro (e único) pódio de Lehto e os primeiros de muitos pontos de Mika Hakkinen na F1. Este também seria o único ponto da carreira de Bailey. Lá na frente, Senna administrava a corrida a ponto de dar um susto na torcida brasileira ao deixar Berger se aproximar demais nas últimas voltas. Galvão comparava a corrida em Ímola com a de Interlagos semanas mais cedo em termos de dramaticidade. O que ninguém sabia era que Senna tinha um problema no motor desde a largada, fazendo-o andar num ritmo mais lento do que o usual. Naquele 28 de abril de 1991, Senna teve muita sorte, pois Berger tinha o mesmo problema e com vários dos seus rivais abandonando nas primeiras voltas, Ayrton pôde controlar a corrida inteira para vencer pela terceira vez em 1991, mantendo o 100% na temporada e se lançando como o maior favorito ao título.

Chegada:
1) Senna
2) Berger
3) Lehto
4) Martini
5) Hakkinen
6) Bailey

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