domingo, 24 de abril de 2016

Melhor do que nos velhos tempos

Quando estava no auge da carreira, dez anos atrás, Valentino Rossi nem se dava o trabalho de largar bem, mesmo saindo da pole. Sua confiança era tamanha, que ele sabia que em algum momento da corrida ele iria ultrapassar Biaggi, Gibernau ou quem estivesse na sua frente para vencer a prova. Em 2016, Valentino Rossi ainda está no topo da MotoGP, mas sabe que há pilotos do quilate de Lorenzo e Márquez e que com eles, não pode se dar brecha. Após um longo jejum, Rossi largou na pole e ao contrário dos bons e velhos tempos, Vale largou muito bem e numa corrida impecável, venceu de ponta a ponta como há muito não se via, deixando Lorenzo e Márquez para trás com ampla vantagem.

A corrida de hoje em Jerez foi bastante monótona. As primeiras duas voltas, com os pilotos de Yamaha e Honda na frente trouxe até a sensação de que seria uma prova emocionante até o fim. A forma como Rossi, Lorenzo, Márquez e Pedrosa atacaram a Ducados no final da segunda volta indicava isso. Porém, até a volta 25 a ordem foi exatamente essa e tirando um ataque de Lorenzo em Rossi, quando espanhol ficou apenas uma curva na frente para levar o 'xis' metros depois, a corrida foi estática e sem brigas nas primeiras posições. Rossi andou forte o tempo inteiro, não deixando a diferença para Lorenzo baixar dos 2s quando o espanhol da Yamaha tentou reagir no meio da corrida, mas quando Rossi mostrou suas credenciais e colocou dois décimos de Lorenzo na volta seguinte, a corrida estava liquidada, mostrando que Valentino Rossi ainda tem fôlego para tentar outro título, mesmo estando ainda numa situação delicada no campeonato, pela queda em Austin. 

Lorenzo saiu da sua moto com caras de poucos amigos e na entrevista pós-corrida, disse que um problema de pneu o impediu de vencer a corrida. Pode até ser, mas Rossi lutaria duro com Lorenzo pela vitória, mas com a confirmação da ida de Lorenzo para a Ducati em 2017, começarão as desculpas de Lorenzo para as eventuais derrotas para Rossi. Márquez ainda acompanhou Lorenzo por algumas voltas, mas ao contrário de Austin, onde dominou como quis, Márquez não teve como atacar as Yamahas e logo se conformou com a terceira posição e a liderança destacada no campeonato, que tende a ser bem acirrado entre os três pilotos, com a diferença vindo da melhor adaptação de Yamaha e Honda pista à pista. Pedrosa chegou num opaco quarto lugar após uma largada espetacular, mas dez anos após sua auspiciosa estreia na MotoGP em Jerez, pouco se espera do espanhol e se ele renovar com a Repsol Honda para 2017, seu empresário terá que ter um busto a ser levantado na frente da casa de Pedrosa. As Suzukis chegaram logo atrás de Pedrosa, com Maverick Viñales, possível substituto de Lorenzo na Yamaha, ficando atrás do companheiro de equipe Aleix Espargaró. Na disputa entre os Andreas para ver quem será o companheiro de equipe de Lorenzo ano que vem, Doviziozo está levando vantagem, mesmo o italiano abandonando pela terceira corrida consecutiva, mas pela terceira vez, sem ser sua culpa. Iannone largou mal, chegando a andar em 11º e foi se recuperando até terminar em sétimo. Pouco, lembrando que Doviziozo estava uma posição à frente quando abandonou.

Se o festival de quedas na Moto2 influenciou alguma coisa para a maior cautela dos pilotos na MotoGP, ninguém sabe. O misterioso problema de Doviziozo, talvez no problemático pneu traseiro da Michelin, pode ter feito as equipes pedirem calma aos seus pilotos. O certo é que a corrida de hoje foi uma das piores dos últimos tempos da MotoGP em termos de emoção, mas valeu para ver uma exibição sublime de Valentino Rossi, melhor até que nos velhos tempos.

Um comentário:

  1. A cara do Lorenzo no parc fermé foi impagável...

    O azedume dele vai durar até Le Mans. E ai da Ducati se a Desmosedici GP17 não nascer imbatível pois o clima lá dentro vai azedar em meio segundo pois a especialidade de Lorenzo é apagar incêndios... com gasolina.

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