sexta-feira, 8 de abril de 2016

Mark

Após mostrar muito talento nas categorias de base inglesa, Mark Blundell tinha tudo para brilhar na F1, mas o inglês acabou conquistando destaque em outras categorias, como na Indy e em Le Mans, onde venceu a famosa corrida em 1992. 

Mark Blundell nasceu no dia 8 de abril de 1966 em Barnet, próximo a Londres e o começo da carreira do jovem inglês foi bem diferente dos pilotos que chegam à F1, pois ao invés do kart, caminho natural de quase todos os pilotos, Mark iniciou-se no motocross aos 14 anos de idade, se tornando um dos melhores pilotos britânicos júnior da categoria. Contudo, três anos mais tarde Blundell se mudou para as quatro rodas e logo de cara entra na tradicional e difícil F-Ford 1600 inglesa. E Mark não faz feio em seu debute, com o inglês conquistando o segundo lugar no certame nacional com a incrível marca de 25 vitórias. Sabendo que necessitava de mais cancha, Blundell fica mais um ano na F-Ford 1600 inglesa, conquistando o campeonato, se mudando para a F-Ford 2000 em 1985, vencendo o campeonato britânico e no ano seguinte, conquistando o europeu da categoria, derrotando na ocasião Johnny Herbert e Damon Hill, pilotos que teriam vida longa na F1. O caminho natural para um piloto jovem e com tanto sucesso nas categorias de base era a não menos tradicional F3 Inglesa, mas Blundell resolve sair de sua cautela em sua carreira e sobre direto para a F3000, último passo antes da F1.

Contudo, Mark acabou não se estruturando para uma subida tão repentina, conseguindo um lugar numa equipe pequena. Ainda assim, Blundell conseguiu um comemorado segundo lugar em sua terceira corrida na F3000 em Spa, mas no meio da temporada o inglês mudou de equipe e os resultados não melhoraram. Contudo, os bons momentos de Mark Blundell na Inglaterra ainda estavam frescos na memória dos chefes de equipe e o inglês vai para a equipe oficial da Lola na F3000 em 1988, se tornando um dos favoritos ao título em seu segundo ano na categoria. Porém, Blundell, a Lola e toda a F3000 foram surpreendidos por Roberto Moreno, que corria numa equipe tão pequena, que se houvesse uma necessidade de pit-stop, a equipe Madgwick teria que recrutar o motorista do caminhão da equipe para completar a troca dos quatro pneus... Blundell conquistou três pódios e terminou o campeonato em sexto, resultado abaixo do esperado, até porque a vitória que o inglês tanto esperava não veio. Já pensando em se profissionalizar, Mark Blundell parte para três frentes em 1989. Ele faz um terceiro ano na F3000 pela equipe Endenbridge, mas foi um verdadeiro fracasso, com vários abandonos, mas nas quatro vezes em que viu a bandeirada, Blundell conseguiu marcar pontos, mas o inglês ficou bem longe do título. Na F1, Mark consegue um lugar na Williams como piloto de testes, tendo os primeiros contatos com seu maior objetivo. E por último, Blundell é contratado pela Nissan no Mundial de Marcas, onde o inglês seria uma espécie de piloto júnior da equipe. 

Para 1990, Blundell se dedica à Nissan e consegue a pole para as 24 Horas de Le Mans, se tornando o mais jovem a fazê-lo. Conta a lenda que os engenheiros da Nissan disseram à Blundell que usasse uma espécie de boost em alguns trechos da longa pista francesa, pois o motor poderia quebrar se o boost fosse usado por muito tempo. Blundell jogou a sugestão pela janela e usou o boost a volta praticamente inteira, usando o motor no limite extremo para conseguir sua volta voadora, para extremo desespero dos engenheiros japoneses! Ainda testando a Williams, Mark Blundell queria mais e em 1991, finalmente o inglês consegue um lugar na F1, assinando contratado com a Brabham, outrora grande equipe, mas em franca decadência na época. O companheiro de equipe de Mark Blundell seria Martin Brundle, quase formando um dupla sertaneja, muito em voga na época. Ambos se tornariam muito amigos, porém, a amizade não escondia que os anos da Brabham já haviam passado há muito tempo e sempre largando no meio do pelotão para trás, Blundell pouco pôde mostrar além de um sexto lugar em Spa, circuito que o inglês gostava bastante. Como a Brabham precisava de patrocinadores e Blundell não o tinha, o inglês acabou dispensado da equipe no final de 1991, retornando ao Mundial de Marcas, desta vez pela Peugeot. Se em 1990 Blundell conseguiu a pole, em 1992 o inglês faria melhor, conquistando a vitória, ao lado de Derek Warwick e Yannick Dalmas. Porém, Blundell não ficou muito tempo longe da F1, se tornando piloto de testes da McLaren, tentando achar soluções para acabar com o domínio dos carros de outro planeta nos boxes da Williams. 

Mark retornaria à F1 em 1993 e desta vez melhor equipado. A Ligier, graças aos contatos do seu chefe de equipe Guy Ligier, tinha os motores Renault, os melhores da época. Indicado pelo o seu amigo Brundle, que se tornaria seu companheiro de equipe novamente, Mark consegue seu melhor resultado na F1 logo na estreia da temporada, conseguindo um pódio num terceiro lugar no Grande Prêmio da África do Sul. Blundell conseguiria outro pódio em Hockenheim, numa corrida cheia de abandonos, mas o inglês não foi tão regular durante a temporada e seu contrato acabou não renovado no final do ano, porém, Mark se muda para a Tyrrell em 1994. O carro tinha um nível parecido com o da Ligier e Blundell consegue resultados similares. Em Barcelona, Mark conseguiria seu terceiro e último pódio na F1, além de ter sido o último pódio de Ken Tyrrell. Blundell faria outro campeonato irregular e da mesma forma da Brabham dois anos antes, o inglês acabou traído pela falta de patrocínios, tão essencial para a Tyrrell naquele momento e Mark acabaria dispensado. Sem ter para onde ir e sem patrocínios, Mark aceita um lugar como piloto de testes da McLaren em 1995, mas o inglês acabaria correndo a temporada praticamente inteira. A Mercedes se juntava à McLaren e exige um campeão do mundo. Nigel Mansell havia vencido a última corrida de 1994 e parecia em forma, fazendo com que a McLaren forçasse a contratação do inglês, sem sombra de dúvida, uma estrela na época. Porém, Ron Dennis não gostava de Nigel Mansell e a recíproca era verdeira. Não havia como dar certo. Logo de cara Mansell humilha a McLaren ao dizer que tinham feito um carro estreito demais para ele. E Blundell assumiu o carro do inglês nas primeiras provas. Quando Mansell voltou ao cockpit da McLaren, o inglês não estava tão motivado e a verdade era que a McLaren tinha feito um dos piores chassis da sua história. Com Mansell definitivamente aposentado, Blundell voltou ao cockpit e ainda marcou pontos com alguma regularidade, mas não subiu nenhuma vez ao pódio. Para 1996, a McLaren contratou David Coulthard e mais uma vez, Mark Blundell correu atrás de equipes e ficou bem próximo de assinar com a Sauber, mas a equipe suíça acabou contratando seu contemporâneo Johnny Herbert. O quarto lugar no confuso Grande Prêmio da Austrália de 1995 acabaria sendo a última corrida de Mark Blundell na F1. Foram 61 Grandes Prêmios, três pódios e 32 pontos.

Nessa altura, a F1 vivia uma certa concorrência com a F-Indy e alguns pilotos começaram a cruzar o Atlântico para tentar conquistar a América. Christian Fittipaldi havia feito isso em 1995 e tinha feito um campeonato decente, assim como Gil de Ferran, que nem chegou a estrear na F1, e já fazia sucesso na Indy. Alessandro Zanardi foi para a Ganassi e Blundell resolveu fazer o mesmo, estreando na categoria em 1996, sendo companheiro de equipe de outro oriundo da F1, Maurício Gugelmin, na emergente PacWest. Porém, o início da aventura de Blundell na Indy foi confusa, com o inglês batendo muito forte no falecido circuito de Jacarepaguá, machucando o pé e perdendo algumas corridas. Porém, aos poucos Blundell foi pegando o jeito na nova categoria e reviveu os bons momentos de outros anos no automobilismo, superado no fim do ano por Zanardi como Novato do ano. Em 1997, mais ambientado na Indy, Blundell se torna um piloto de ponta, vencendo em Portland (numa emocionante chegada, derrotando na linha de chegada Gil de Ferran e Raul Boesel), Toronto e Fontana, mesmo Blundell detestando correr em ovais. Mark terminaria o campeonato em sexto, mas a Indy já havia visto o domínio de Jimmy Vasser com a Ganassi e o conjunto Reynard-Honda-Firestone. A PacWest corria com motores Mercedes e a equipe faria uma temporada terrível em 1998. Blundell se acidenta durante os treinos para a corrida em Nazareth e passa a maior parte do ano fora das pistas. Não raro, Blundell abandonava as corridas em ovais por problemas de dirigibilidade, demonstrando sua falta de confiança no carro e neste tipo de pista. No ano 2000, Mark Blundell faz outra temporada ruim e o único destaque do inglês foi ter emprestado seu macacão e o capacete para Kip Pardue interpretar o jovem piloto Jimmy Bly no péssimo filme Alta Velocidade (Driven). No final do ano, desmotivado, Mark Blundell abandona a Indy com 81 largadas, três vitórias e o valioso prêmio de piloto britânico de 1997, dado pela revista Autosport.

Quando retorna à Europa em 2001, a carreira de Mark Blundell praticamente estanca. Ele retornaria à Le Mans e ainda conseguiria um ótimo segundo lugar na edição de 2003 correndo pela equipe Bentley. Junto com o amigo Martin Brundle, constrói a empresa 2MB, de gestão de carreiras de pilotos, rendendo ao automobilismo os bons pilotos ingleses Gary Paffet e Mike Conway. E assim, como Brundle, Mark Blundell se torna comentarista, algo que faz até hoje.

Parabéns!
Mark Blundell

Um comentário:

  1. Só uma correção:Blundell não sofreu nenhum acidente nos treinos de Nazareth em 98 e tampouco passou a maior parte da temporada fora.

    Em 99,ai sim ele ficou a maior parte daquela temporada fora de combate por causa de um acidente sofrido em testes no oval de St. Louis. E durante as etapas em que Blundell esteve fora(Rio até Michigan),seu lugar foi ocupado pelo supersub Roberto Moreno.

    E outro detalhe,ao fim de 2000,com a saída de Blundell, a PacWest efetivou seu piloto na Indy Lights,que tinha acabado de se sagrar campeão da temporada 2000 desta,um certo neozelandês chamado Scott Dixon.

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