Mesmo tendo três vitórias consecutivas nas três últimas corridas do ano passado, ninguém esperava muito de Nico Rosberg em 2016. O alemão havia sido massacrado por Lewis Hamilton ano passado e há quase uma unanimidade de que o inglês é bem melhor do que Nico. Uma corrida complicada em Melbourne resultou em mais uma vitória de Rosberg, mas numa prova normal, Hamilton tinha tudo para dar a volta por cima, ainda mais largando na pole mais uma vez, se mantendo invicto nos sábados. Porém, Nico Rosberg garantiu a invencibilidade nos domingos com uma pilotagem segura após outra largada ruim de Hamilton, que o deixou à mercê dos problemas da primeira curva e Lewis acabou atingido bem no meio do carro por Bottas, caindo várias posições. Se na Austrália Hamilton ainda conseguiu completar a dobradinha, no Bahrein a Ferrari se manteve atenta aos movimentos da Mercedes e Raikkonen ficou em segundo, separando as Mercedes.
A corrida de hoje no Bahrein foi bem animada e antes mesmo da largada, já havia fatos decisivos. A Ferrari nunca tinha sofrido com problemas de confiabilidade na pré-temporada, mas Vettel repetiu o vexame de Michael Schumacher em Magny-Cours vinte anos atrás e viu o motor explodir em plena volta de apresentação, deixando a Mercedes ainda mais favorita para a corrida. Porém, ainda restava a largada para confirmar isso. Na saída da volta de apresentação, Nico Rosberg deu uma vacilada, mas na hora para valer, o alemão saiu muito melhor do que Hamilton e antes da freada, já liderava a corrida. Mais atrás, Hamilton se viu vítima de uma manobra hiper otimista de Valtteri Bottas e mesmo não rodando por completo, o inglês caiu para nono, com direito a uma peça embaixo do seu assoalho que fazia sair faíscas para todo lado. Para melhorar a situação de Nico, a Ferrari, no caso Raikkonen, não largou bem desta vez e quem aparecia em segundo e terceiro era a dupla da Williams. A corrida estava praticamente ganha. Nico Rosberg viu Raikkonen e Hamilton passarem seus adversários, mas nunca ameaçou o alemão da Mercedes de verdade, ficando no máximo 4.3s à frente de Raikkonen. Com a quinta vitória consecutiva e com 100% de aproveitamento em 2016, Nico Rosberg começa o ano com uma moral não vista nem em 2014, quando quase surpreendeu Hamilton. Se esteve opaco na Austrália, no Bahrein Nico só foi superado por Hamilton na classificação e fez uma corrida exemplar, mostrando que dará muito trabalho à Hamilton, que precisa voltar de sua festa pelo tricampeonato, pois o inglês parece ainda festejando o seu terceiro título conquistado em Austin e desde então, Hamilton não venceu, assim como também não brilhou.
Raikkonen venceu a disputa com Hamilton com certa folga, chegando a abrir 15s para Hamilton, não esquecendo que no momento da primeira parada, Kimi e Lewis estavam bastante próximos. Se errou na Austrália, a Ferrari conseguiu rastrear bem o que fazia a Mercedes e manteve Raikkonen com folga em segundo, fazendo com que Raikkonen ficasse à frente de Vettel pela primeira vez desde que ambos passaram a dividir o box na Ferrari. Pouco pode se dizer sobre Vettel, à não ser que a Ferrari terá que prestar atenção na confiabilidade do seu motor. Que foi muito bem utilizado por Romain Grosjean. Na Austrália, o francês da Haas contou com a sorte para conseguir o seu ótimo sexto lugar, mas no Bahrein, Grosjean fez uma prova belíssima com a nova equipe da F1, chegando a ficar em quarto em vários momentos, utilizando muito bem os pneus supermacios, efetuando ultrapassagens em Red Bull e Williams, equipes muito mais tradicionais e experientes do que a Haas que, na minha opinião, vez fazendo a melhor estreia desde a Stewart em 1997, quando o time saído do zero de sir Jackie sempre andava no top-10 com Barrichello e ainda conseguiu um pódio em Mônaco. Lembrando que a Brawn se chamava Honda um ano antes... Com 75% das peças da Ferrari, a Haas está dando o mapa da mina para as demais equipes que são pequenas hoje ou pretendem esterar num futuro próximo, pois a equipe está longe de sofrer como as nanicas quando debutaram em 2010 e Grosjean está mostrando que sua troca pela Lotus (hoje Renault) pela Haas se mostra surpreendentemente acertada. Gutierrez, muito mais lento do que Grosjean o final de semana inteiro, abandonou quando andava próximo do companheiro de equipe.
Ricciardo vai fazendo uma temporada exemplar, maximizando tudo o que seu carro pode lhe oferecer e com mais um quarto lugar, o australiano está numa impressionante terceira colocação no Mundial de Pilotos, o contrário vem fazendo Kvyat. Mesmo largando lá atrás e terminando em sétimo, o russo tem que abrir o olho imediatamente, principalmente com uma comparação tão forte quanto o que vem tendo com Ricciardo. Ainda mais com Max Verstappen fazendo corridas fortes como a de hoje. Com Carlos Sainz tendo problemas na primeira curva e abandonando quando estava em último, Verstappen não teve a sombra do seu companheiro de equipe e fez uma prova muito forte, ultrapassando como sempre fez e chegou numa boa sexta posição medindo agressividade, nas várias ultrapassagens, com cabeça, usando os pneus médios com muita lucidez. A Williams, que sonha com o terceiro lugar no Mundial de Construtores, teve a 'proeza' de completar a primeira volta em segundo e terceiro e receber a bandeirada com seus pilotos em oitavo e nono. Felipe Massa levou inúmeras ultrapassagens por causa de sua estratégia de parar uma vez menos do que os demais, mas a diferença dos seus pneus médios para os macios e supermacios, seja de quem fosse, garantiu Massa sempre tomando ultrapassagens. Corretamente punido pelo toque com Hamilton, Bottas ainda assegurou um nono lugar, mas a Williams está claramente abaixo do que fez nos últimos dois anos.
Conseguir pontos com a McLaren alguns anos atrás era meio que favas contadas, mas desde o começo da parceria com a Honda, pontuar com a tradicional equipe virou um verdadeiro perrengue, mesmo tendo dois campeões do mundo dentro dos boxes. Stoffel Vandoorne, talvez o piloto mais impressionante desde Lewis Hamilton nas categorias de base, conseguiu logo em sua primeira corrida pontuar com uma décima posição, o que Alonso e Button demoraram várias etapas conseguir ano passado, mostrando o grande valor desse belga, país recentemente atingido por atentados terroristas e que não pontuava na F1 desde 1992, com Thierry Boutsen. Foi uma prova sólida de Vandoorne, como todo novato tem que fazer, mesmo num carro nitidamente ruim e sem motor, o belga ainda efetuou várias ultrapassagens. Outro que vem surpreendendo é Pascal Werhlein. Mesmo trazendo o motor Mercedes, a Manor precisou contratar Rio Haryanto para completar o curto orçamento para esta temporada. Até o ano passado, a equipe fechava constantemente o grid. Pois Wehrlein fez uma corrida notável, levando seu carro a brigar com Sauber, Renault e Force India, garantindo uma posição bem próxima da zona de pontos numa corrida sem surpresas ou safety-cars. Ficar de olho em Vandoorne e Werhlein, pois podemos estar vendo o surgimento de novas estrelas para o futuro. Magnussen vem sofrendo com a Renault, que comprou a Lotus tarde demais e vem tendo uma adaptação problemática com a troca do motor Mercedes pela Renault. Palmer fez companhia à Vettel e viu a largada do lado de fora. Assim como a Williams, a Force India claramente involuiu e o carro versão B que tanto melhorou o desempenho no segundo semestre do ano passado, parece insuficiente para 2016, com Hulkenberg e Pérez brigando com carros que em 2015 superava facilmente. A Sauber é um caso sério de má administração e a falta de dinheiro há várias temporadas faz com que a equipe sofra as consequências, mesmo Nasr decepcionando e a equipe tendo como piloto principal o fraco Marcus Ericsson.
Mesmo com a fácil vitória de Rosberg, Raikkonen se mostrou capaz de manter Hamilton à uma distância segura e a Ferrari mostra final de semana após final de semana que evoluiu bastante, restando a sensação de que, se Vettel não tivesse quebrado, poderia ter dado trabalho a Rosberg. Mercedes na frente e Ferrari atrás, dominam a F1 hoje em dia, o que é uma evolução do que se via ano passado, onde só a Mercedes dominava e Hamilton dominava Rosberg. Em 2016, com a regra nova dos pneus, as corridas ficaram bem mais dinâmicas e divertidas. Uma mudança simples de regra, que melhorou as corridas. Nada de muito pirotécnico. Porém, a evolução de Nico Rosberg dentro da Mercedes também é um fator novo e bastante interessante para o resto do ano. Esse princípio de ano está mais esperançoso do que ano passado!
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