quinta-feira, 10 de março de 2016

História: 20 anos do Grande Prêmio da Austrália de 1996

A F1 iniciava a temporada de 1996 cheia de mudanças. O atual campeão Michael Schumacher saiu da Benetton e foi para a Ferrari, tentando resgatar a famosa equipe italiana, trazendo consigo parte da equipe técnica da Benetton. Ao lado do alemão estaria o irlandês Eddie Irvine, vindo da Jordan. Durante 1995, falou-se que Barrichello era o favorito à vaga e que Schumacher teria ficado com medo de 'enfrentar' Rubens na mesma equipe. Quatro anos depois...

A Williams era a grande favorita para aquele ano, com uma dupla de pilotos com sobrenomes famosos. Damon Hill tentaria novamente conquistar o título e teria ao seu lado o atual campeão da Indy e das 500 Milhas de Indianápolis, Jacques Villeneuve. O jovem canadense não tinha feito grandes coisas nas categorias de base até estourar na Indy, fazendo um 1995 espetacular. A Williams já desconfiava de que Hill, mesmo tendo em mãos o melhor carro do plantel, não era capaz de se tornar campeão e por isso, trouxe Villeneuve para substituir o inglês, além de trazer toda a fama da grife Villeneuve. Hill estaria sobre muita pressão em 1996, tendo que provar que nos dois anos anteriores ele fora derrotado por um extra-classe chamado Michael Schumacher e o inglês teria uma chance de ouro em 1996, pois teria um piloto novato ao seu lado no melhor carro, Schumacher ainda tateando com a Ferrari e a Benetton, atual bicampeã, bastante enfraquecida, contratando os veteranos Jean Alesi e Gerhard Berger para substituir Schumacher.

Outra mudança importante era que o Grande Prêmio da Austrália saía de Adelaide e ia para Melbourne e também mudava de posição no calendário, saindo da última para a primeira corrida. Era a primeira vez que um país sediava duas corridas consecutivas na F1. Melbourne usou boa parte da estrutura de Adelaide, com a nova pista citadina agradando aos pilotos e à crítica em geral. Mesmo inexperiente, Jacques Villeneuve não queria repetir o erro de Michael Andretti e testou por mais de 9.000 km para se acostumar a um carro de F1 e logo no primeiro treino oficial, ele ficou à frente de Hill em toda a sessão única de classificação, outra novidade para 1996. Jacques Villeneuve se tornava o primeiro novato a estrear fazendo a pole desde Carlos Reutemann em sua corrida caseira em 1972, quando o canadense tinha apenas nove meses. A Williams havia conseguido uma boa diferença frente às rivais, com a Ferrari ficando inteiramente com a segunda fila, mas a surpresa era ver Irvine na frente de Schumacher, 

Grid: 
1) Villeneuve (Williams) - 1:32.371
2) Hill (Williams) - 1:32.509
3) Irvine (Ferrari) - 1:32.889
4) Schumacher (Ferrari) - 1:33.125
5) Hakkinen (McLaren) - 1:34.054
6) Alesi (Benetton) - 1:34.257
7) Berger (Benetton) - 1;34.344
8) Barrichello (Jordan) - 1:34.474
9) Frentzen (Sauber) - 1:34.494
10) Salo (Tyrrell) - 1:34.832

O dia 10 de março de 1996 amanheceu ensolarado em Melbourne, para o que seria a primeira de muitas corridas na cidade australiana. Outra novidade da temporada de 1996 era o novo sistema de largada, com a luz verde sendo substituída por cinco luzes vermelhas que se apagariam uma a uma para que a corrida começasse. Todos os olhos estavam voltados para Villeneuve, pois o canadense estava acostumado as largadas lançadas dos Estados Unidos e não largava parado há muitos anos. Porém, o canadense largou muito bem, permanecendo na ponta e ao contrário do que todos imaginavam, foi Hill que largou muito mal com o inglês ainda tentando forçar na freada para se manter em segundo, mas Damon acaba perdendo impulso e é ultrapassado pelas duas Ferraris após a segunda curva. Largando em sexto, Alesi foi outro a sair muito mal no apagar das cinco luzes vermelhas e o francês da Benetton fez de tudo para se manter na sua posição, repelindo os ataques de Hakkinen e Barrichello na corrida para a forte freada da curva 3. Porém, Coulthard acaba errando e fica atravessado, fazendo com que Herbert freasse muito forte, surpreendendo o veteraníssimo Martin Brundle, que atingiu em cheio a Sauber do compatriota, e saiu capotando o seu Jordan, destruindo completamente o seu carro. Apesar do impacto, Brundle estava ileso e saiu correndo para pegar o carro reserva quando viu a bandeira vermelha. Contudo, Brundle ainda tinha sequelas pelos pés quebrados em Dallas/84 e sentiu muitas dores após sua corrida rumo aos boxes, quando finalmente foi autorizado pelos médicos para estar presente na segunda largada.

Após o susto do acidente de Brundle, a segunda largada foi mais tranquila, mas novamente Villeneuve surpreendeu ao ficar em primeiro, seguido por Hill e as duas Ferraris, com Schumacher tendo que recuperar sua quarta posição de Alesi ainda na segunda curva. Demonstrando o que se veria nos próximos anos na Ferrari, Schumacher ganhou outra posição na segunda volta quando Irvine praticamente estendeu um tapete vermelho para o alemão passar e assumir a terceira posição. Incrivelmente, Brundle sofre um acidente parecido logo na segunda volta no mesmo local onde saiu voando na primeira largada, mas desta vez o inglês teve apenas danos leves no seu carro reserva, mas abandonou imediatamente. Villeneuve fazia uma belíssima corrida, enquanto Schumacher tentava se aproximar de Hill. Mais atrás, Alesi pressionava Irvine pela quarta posição e o francês parecia desesperado para se livrar da Ferrari, que estava bem mais lenta do que os líderes. Com um ritmo melhor e sentindo que estava perdendo tempo atrás da Ferrari de Irvine, Alesi tentou uma manobra kamikaze na nona volta e acabou destruindo a lateral do seu Benetton após toque em Irvine. Milagrosamente o irlandês saiu ileso da manobra, mas Alesi teve que ir aos boxes, na esperança de que trocando a cobertura do carro, estaria tudo ok, mas o francês tinha um radiador furado e a estreia de Alesi na Benetton não começava de forma auspiciosa. Em média meio segundo mais lento do que os carros da Williams nos treinos, era impressionante ver Schumacher próximo de Hill, mas a justificativa viria quando o alemão parou na volta 19, indicando que estava numa estratégia de duas paradas, enquanto a Williams permanecia impávida, numa estratégia de uma parada e ainda dominando a prova, que se mostrava sem muitas emoções.

Villeneuve para na volta 29, exatamente metade da corrida, e a Williams tinha outra tradicional má parada, fazendo o canadense perder valioso tempo, mas Jacques ainda retorna à pista em segundo. Para compensar, Hill perde tempo com retardatários e quando faz sua parada três voltas mais tarde, o inglês volta logo atrás de Villeneuve que, sai ligeiramente da pista na curva um, mas o canadense não apenas consegue permanecer na corrida, como se defende de Hill. Nessa altura, Schumacher já tinha voltado aos boxes com problemas, com a Ferrari mexendo na traseira do carro do alemão e mandando Michael de volta à pista, até Schumacher passar reto numa curva, totalmente sem freios. A estreia de Michael Schumacher na Ferrari não tinha sido das melhores, mas o tempo ainda daria razão para o alemão sair de sua zona de conforto na Benetton.

Faltando pouco mais de dez voltas para o fim, a dupla da Williams tinha uma vantagem de 51s sobre um solitário Eddie Irvine, que depois da prova disse que essa tinha sido a sua corrida mais chata na carreira. Porém, nem tudo estava perfeito na Williams, quando as sessões brancas do Williams de Hill começavam a ficar ligeiramente marrom e o carro de Villeneuve soltava uma pequena fumaça branca de vez em quando. Era um vazamento de óleo. A telemetria da Williams mostrava uma situação crítica, mas Villeneuve ainda tinha um ritmo decente, mas faltando cinco voltas para o fim, os engenheiros da Renault indicaram que o motor estava prestes a quebrar e a Williams mandou Villeneuve abrandar seu ritmo, mostrando várias vezes a placa 'SLOW' para o canadense. Prestes a fazer história ao vencer logo na estreia, Villeneuve relutou em ceder sua posição a um oleoso Hill, mas o fez quando faltavam apenas quatro voltas. Hill venceu a corrida e começava 1996 de forma perfeita, mas o segundo colocado Jacques Villeneuve tinha o status de vencedor moral. Irvine conseguia seu segundo pódio na carreira, mas o irlandês não sabia que este seria o último de 1996. Berger terminava num pobre quarto lugar, após o austríaco largar mal e fazer uma corrida de recuperação, mas era alarmante a Benetton, com o mesmo motor da Williams, acabar um minuto e quinze segundos depois de Hill. Os finlandeses Hakkinen e Salo completaram a zona de pontuação. A temporada cheia de novidades da F1 mostrava que a Williams ainda tinha o status de melhor carro do plantel, mas se Hill pensava que teria tranquilidade, Villeneuve mostrou que estava pronto para fazer história.

Chegada:
1) Hill
2) Villeneuve
3) Irvine
4) Berger
5) Hakkinen
6) Salo

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