Muita gente no Brasil afirma que o ano só começa depois do carnaval. Mesmo morando no Brasil, para muita gente ligada em automobilismo o ano começo um pouquinho depois, mais especificamente, quando a F1 leva seu circo para a primeira etapa do ano.
Melbourne, já um tradicional local de abertura, vai iniciar a septuagésima temporada da F1 com muito mais ansiedade do que nos outros anos. O motivo é muito simples. Nunca nos últimos anos houveram tantas mudanças entre pilotos de uma temporada para outra. Apenas Mercedes e Haas mantiveram sua dupla de pilotos de 2018 para cá, significando muita gente nova querendo mostrar serviço num ano em que a F1 manteve boa parte do seu regulamento. Algumas mudanças aerodinâmicas na eterna busca de mais ultrapassagens é a diferença de 2018 para 2019 no regulamento técnico dos carros, enquanto a esperada grande mudança que ocorrerá em 2021 não é anunciada.
As duas sessões de pré-temporada em Barcelona mostraram uma Ferrari muito forte, mas com alguns pequenos problemas de confiabilidade, enquanto a Mercedes só mostrou alguma força no último dia, não sem antes ter percorrido milhares de quilômetros sem maiores problemas. Quem escondeu mais o leite, a resposta só será dada a partir desse final de semana, mesmo que a luta entre as duas gigantes será encabeçada por Lewis Hamilton e Sebastian Vettel. Juntando nove títulos entre eles, ainda se espera uma luta mais aberta entre eles, mas até o momento a vantagem de Hamilton em cima de Vettel é grande o suficiente a ponto de levantar dúvidas se o alemão terá condições de bater o já lendário pentacampeão inglês. E se Hamilton tem a certeza que não terá muito fogo amigo vindo de Valtteri Bottas, Vettel terá que se acostumar com uma nova sombra. Se antes o amigo Raikkonen era tão inofensivo quanto Bottas, o jovem Charles Leclerc virá com gosto de sangue na boca para tentar mostrar que a aposta que a Ferrari fez nele é válida. O monegasco será uma das atrações do ano, sem dúvida e Vettel terá que se impor se quiser ainda ser a prima donna da Ferrari.
A Red Bull começou muito bem a parceria com a Honda. O motor japonês fez em 2019 sua pré-temporada mais sossegada desde que retornou à F1 em 2015. Junto com o ótimo carro desenhado pelo mago Adryan Newey, a Honda percorreu muitos quilômetros sem maiores problemas e mostrou até mesmo uma certa velocidade, principalmente nas mãos de Max Verstappen, que ainda procura se firmar como um contendor ao título. Sem dúvida o holandês não terá muito com o que se preocupar com Pierre Gasly. O francês foi guindado à Red Bull de forma um pouco precoce e bateu duas vezes na pré-temporada, já atraindo críticas do severo Helmut Marko. Gasly poderá ser mais um engolido pela máquina de moer pilotos chamado Red Bull. Daniel Ricciardo conseguiu escapar dessa situação e de ser uma espécie de escudeiro de Verstappen na Red Bull, mas a opção do australiano pela Renault ainda levanta dúvidas. Em termos de potencial, a Renault tem tudo para se firmar entre as grandes, mas resta saber quando isso irá acontecer ou se a própria Renault terá paciência para continuar investindo dinheiro no projeto. O time gaulês não mostrou nada demais durante a pré-temporada e Ricciardo pode se juntar à Hulkenberg na luta para ser o melhor do pelotão intermediário.
E essa briga promete muito. Mesmo ainda havendo uma diferença para as três equipes de ponta, algo que foi muito criticado ano passado, o pelotão intermediário terá uma briga apertada entre vários times e cada uma mostrou força em algum momento em Barcelona. A Haas terá o trunfo da continuidade dos seus pilotos e do bom projeto do ano passado. A Racing Point, ex-Force India, terá mais dinheiro para investir, mesmo que tendo que aturar Lance Stroll fazendo besteira para alegria do papai. A McLaren tentará se reinventar com uma dupla de pilotos jovens, enquanto sonha que Lando Norris possa ser um futuro Lewis Hamilton, como em 2007, com a diferença de que a equipe não é mais de ponta. A Toro Rosso mostrou um bom carro, mas pode faltar piloto, enquanto a Alfa Romeo, antiga Sauber, terá um renascido Kimi Raikkonen como mentor de Giovinazzi. Talvez o pelotão mais sem graça seja o último, justamente por ter apenas um. A Williams teve uma pré-temporada vexatória, com atraso na entrega dos carros, erros básicos de projeto, um carro lento e a saída do badalado Paddy Lowe. A esperada volta de Robert Kubica à F1 merecia um carro melhor.
Apesar de muitos indícios aparecerem nos oito dias de testes em Barcelona, as respostas serão realmente dadas a partir desse final de semana. Que comece 2019!
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