domingo, 24 de março de 2019

Segunda geração chegando

Para quem acompanha automobilismo desde cedo como eu, acabamos por ver algumas gerações de pilotos aparecendo e desaparecendo ao longo de tempo, seguindo o ciclo natural da vida. Brian Herta era uma revelação americana da Indy nos últimos anos da categoria ainda unificada. Herta quebrou a perna em Toronto em 1994, quando fazia uma temporada de estreia razoável pela equipe Foyt. No ano seguinte ele se transferiu para a mais estruturada Ganassi, mas uma temporada apagada o fez mudar de equipe novamente, indo para a Rahal. Por essas coisas do destino, só foi Herta sair da Ganassi para a equipe começar seu período de domínio na Indy. Para o seu lugar na Ganassi veio um italiano talentoso, mas que tinha fracassado na F1: Alessandro Zanardi. Herta sempre andava bem no circuito californiano de Laguna Seca e na última corrida de 1996, ele liderava a corrida quando levou 'aquela' ultrapassagem de Zanardi nas últimas curvas da prova que custou a Herta sua primeira vitória na Indy. A carreira de Herta foi por água abaixo por causa daquela manobra. Herta nunca entregou o que dele se esperava quando entrou na Indy em meados da década de 1990.

Mais ou menos nessa época Brian Herta teve um filho, chamado Colton. Como o pai ainda corria na Indy, Colton cresceu em meio ao automobilismo e sem surpresas, ele começou no kart e desenvolveu sua carreira no automobilismo sendo considerado uma grande revelação, da mesma forma que seu pai Brian havia sido 25 anos atrás. Porém, Colton Herta já demonstra que ele não ficará com a estigma de eterna promessa do pai. Em sua terceira corrida na Indy, correndo no seletivo circuito de Austin e numa equipe pequena, Colton Herta mostrou suas credenciais nessa tarde ao vencer a corrida e se tornar o piloto mais jovem a vencer uma corrida na Indy. Usando o mesmo capacete do pai, foi impossível não se sentir velho quando ele venceu aos 18 anos e 11 meses de idade.

E não foi uma vitória circunstancial, apesar de Colton ter sido bafejado pela sorte. A corrida foi inteiramente dominada pelo pole Will Power, Alexander Rossi e Herta. Os três rapidamente se destacaram do pelotão e andaram juntos o tempo inteiro, com Power liderando as 45 primeiras voltas da corrida. Herta ficou em segundo a primeira parte da corrida, foi ultrapassado por Rossi, mas ainda seguia em terceiro, sem ser importunado por Josef Newgarden e Ryan Hunter-Reay, que vinham em seguida. A corrida no Texas transcorria para ser um mano a mano entre Power e Rossi no final, quando uma bandeira amarela mudou tudo. Quando os pilotos começavam a procurar os pits para a última parada, Felix Rosenqvist foi tocado por Hinchcliffe e a primeira e única bandeira amarela da tarde foi mostrada. Herta tinha acabado de parar, enquanto Power e Rossi ficaram na pista. Quando os líderes fizeram suas paradas, Herta assumiu a ponta da corrida. Como desgraça pouca é bobagem, o câmbio de Power travou e o australiano da Penske teve que abandonar após liderar todas as voltas até então.

Faltando poucas voltas para o fim, a tarefa de Colton Herta ainda não tinha terminado e não era nada fácil. O jovem estreante teria que relargar tendo a companhia de Josef Newgarden e Ryan Hunter-Reay, ambos campeões e estando nas equipes mais fortes do momento, respectivamente Penske e Andretti. Talvez Brian, que estava comandando a estratégia de Marco Andretti na corrida, tivesse sentido a pressão, mas a segunda geração Herta é muito mais forte. Colton relargou bem e simplesmente não deu a mínima chance para os seus compatriotas para conseguir uma vitória histórica nessa primeira corrida da Indy em Austin, que fora construído para receber a F1. As comparações entre as duas categorias pendeu fortemente para a F1, que foi 14s mais rápida na classificação, além das arquibancadas da corrida da Indy estarem bem mais vazias em comparação às provas da F1. 

No estado mais americano dos Estados Unidos, um pódio inteiramente ianque foi o sonho dos organizadores da prova. Porém, a chegada de Colton Herta já coloca o jovem piloto como uma das grandes atrações para o resto da temporada. Assim como a segunda geração Verstappen é muito mais forte do que a primeira na F1, a segunda geração dos Herta parece ser bem melhor do que a anterior.

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