Os árabes do emirado de Abu Dhabi gastam milhões de dólares para que a final da F1 aconteça na sua pista. Já faz muito tempo que a F1 necessita cada vez mais de dinheiro e ter um maior aporte não é nenhum pecado capital, mas já passou da hora de alguém da liderança da F1, seja a Liberty ou até mesmo um Toto Wolff da vida, chegar para os administradores de Yas Marina para tentar melhorar a pista. Se dinheiro não é problema para os sheiks da região, melhorar a pista com urgência não seria um problema grande demais para resolverem. E com urgência!
Mais uma vez a corrida final da F1 deixou a desejar na insossa pista de Yas Marina, na espetacular Abu Dhabi. Simplesmente o circuito com desenho travado e sem graça nunca proporciona emoção para fãs e pilotos, resultando em corridas entediantes como a de hoje. Claro que Lewis Hamilton não está nem aí se a pista é muito ruim e brochante. O inglês fez o que a F1 chama de Grand Chelem, vencendo vindo da pole, liderando todas as voltas e marcando a volta mais rápida da prova. O detalhe foi que Hamilton fez essa volta com pneus duros desgastados e com ampla diferença para o segundo colocado desse item. Lewis deu um claro recado: no momento estou em outro patamar. O inglês acumula recordes e hoje ele igualou um de Ayrton Senna, seu declarado ídolo, ao vencer de ponta a ponta pela décima nona vez. A corrida foi tão sacal para Hamilton, que até o engenheiro da Mercedes duvidou se Hamilton derramou algum suor para derrotar seus rivais. O único momento que fez alguém levantar a sobrancelha foi a ultrapassagem de Max Verstappen em cima de Charles Leclerc após a parada do holandês. O interessante foi que Max voltou a pista depois do seu único pit-stop reclamando horrores do seu carro e dava até a impressão de que ele poderia encostar seu Red Bull a qualquer momento. Poucas voltas depois atacou Leclerc com agressividade e se defendeu com o mesmo ímpeto na reta seguinte, quando o monegasco tentou o revide. De resto, foi também uma corrida solitária para Verstappen, que consolidou o terceiro lugar no campeonato, derrotando a dupla da Ferrari.
Leclerc até começou bem a corrida ao ultrapassar Verstappen na força do motor na primeira volta, mas o monegasco pouco pôde fazer para se defender do ataque do holandês e para não ficar sem pneus no final da prova, fez uma segunda parada. Se Charles pensou em se aproximar de Verstappen, a tática saiu pela culatra, pois nas voltas finais Leclerc passou a ser atacado por Bottas, que saiu da última posição para a quarta quase que sem esforço, por muito pouco não beliscando um pódio. A Mercedes esteve imparável na noite do emirado. Terminando sua apática temporada, Vettel ainda salvou um quinto lugar ao ultrapassar Albon na penúltima volta, mas o alemão tem do que reclamar, pois a Ferrari errou em sua primeira parada, fazendo o alemão perder 4s no pit-stop. Mais um erro para a conta ferrarista.
Na briga pelo melhor do resto, Pérez ultrapassou Lando Norris na última volta para ser sétimo numa corrida com apenas o abandono de Lance Stroll, algo que está longe de fazer diminuir a disparada do dólar. Como sempre acontece em corridas finais, houveram algumas despedidas. Nico Hulkenberg passou a corrida inteira nos pontos, mas acabou superado na última volta, saindo da Renault e provavelmente da F1 longe de mostrar o potencial de que dele se esperava. Já Robert Kubica fez sua corrida arroz com feijão numa Williams decadente e capenga para ser último colocado, posição que polaco mais esteve em 2019. Se Kubica não pôde mostrar seu talento, ele teve a desculpa do seu seríssimo acidente que o fez perder boa parte dos movimentos do braço direito. Mesmo tomando uma sola, como se diz por aqui, do seu jovem companheiro de equipe George Russell, a volta de Kubica pode ser considerada heroica. Dois pilotos que dez anos atrás despontavam como de ponta, mas Hulkenberg e Kubica saem da F1 com poucos resultados para mostrar.
Se a corrida foi ruim, o mesmo não se pode dizer da temporada 2019, onde apesar do sexto título consecutivo da Mercedes e a consagração de Hamilton tenha acontecido com duas provas de antecipação, esse ano foi pródigo em grandes corridas, polêmicas e emoções. Pena que o circuito de Abu Dhabi pode dar a impressão contrária do que foi essa temporada.
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