domingo, 22 de dezembro de 2019

Top-10 - Grandes corridas da década

A última década da F1 foi marcada por grandes domínios e muitos questionamentos dos motivos nos quais as grandes equipes mantém uma vantagem tão grande sobre as demais. Como falado anteriormente, apenas três pilotos foram campeões nos anos 2010. Nem por isso deixaram de acontecer grandes corridas, onde o imponderável deu as caras e mudou o rumo de provas e ocorressem surpresas. Vamos ao top-10 das corridas da década:

1) Grande Prêmio do Canadá de 2011

O ano de 2011 vinha sendo até mesmo sem graça com o domínio da Red Bull e de Sebastian Vettel, mas havia um piloto surpreendendo naquele ano: Jenson Button. O inglês entrou no feudo do seu compatriota Lewis Hamilton e mesmo sendo bem menos talentoso do que Lewis, Button fazia uma temporada grandiosa em 2011, superando até mesmo o ano em que foi campeão e seu auge foi na monumental corrida em Montreal, onde os pontos fortes de Button foram determinantes para uma vitória épica. A percepção de Button em condições traiçoeiras de chuva lhe deram uma vitória de uma prova que entrou na história da F1. A corrida havia começado com pista molhada e na luta pelo terceiro lugar com Hamilton, Button acabou se chocando com o companheiro de equipe na McLaren, causando o abandono de Lewis. Button rapidamente foi aos boxes colocar pneus intermediários, mas acabou punido e caiu para último. Poucas voltas depois uma tempestade interrompeu a corrida por duas horas. No reinício Button fazia uma bela corrida de recuperação e chegou a ter outro incidente, desta vez com Fernando Alonso. Depois da tempestade, a pista começou a secar e Button colocou os pneus slicks na hora certa, fazendo-o subir para segundo quando Webber e Schumacher pararam. Num ritmo muito forte, Button vinha se aproximando de Vettel, que liderou a corrida inteira. Na abertura da última volta Button estava bem próximo do alemão da Red Bull, mas sem condições de ataque. Ou não? Vettel erra no meio da última volta e Button assume a liderança pela primeira vez na corrida para vence-la de forma sensacional, depois de mais de quatro horas de uma prova que entrou para a história. Jenson Button pode não ter sido um virtuose, mas o inglês tinha momentos gigantes quando era necessário e essa corrida em Montreal foi sua obra-prima.

2) Grande Prêmio da Alemanha de 2019

Correndo em casa, a Mercedes resolveu promover seu 125º aniversário no automobilismo, fazendo uma pintura especial em seus carros e vestindo seus engenheiros e mecânicos com um visual retrô. Afinal, nada poderia dar errado numa temporada quase perfeita para os alemães, onde Hamilton contava nos dedos quando seria campeão e Bottas caminhava, mesmo aos trancos e barrancos, a um vice-campeonato. Mas como diria Garrincha, faltou combinar com os russos. Assim como havia acontecido um ano antes, Hockenheim viu as condições climáticas ser um fator importante na corrida. Max Verstappen já havia estragada a festa da Mercedes ao ficar na primeira fila, mas uma má largada do holandês fez com que a Mercedes fizessem dobradinha na molhada largada. Tudo levava a crer numa vitória festiva da Mercedes, mas tudo começou a ir para o brejo quando a chuva aumentou e Hamilton acabou batendo na entrada dos boxes. A Mercedes não esperava o inglês e o que se viu foi uma trapalhada dos alemães no pit-stop que deixou Hamilton nas últimas posições. À essa altura Verstappen já havia superado Bottas nos boxes, mas a corrida estava longe de ser definida, com a chuva indo e voltando várias vezes. O piloto da casa Nico Hulkenberg parecia que realizaria o sonho do seu primeiro pódio quando bateu na última curva. Nico saiu do carro desolado. Quando Bottas bateu já no fim da corrida, a festa da Mercedes estava terminada. Verstappen conseguiu uma vitória depois de visitar os boxes cinco (!) vezes e Sebastian Vettel se recuperava do seu erro em 2018 com uma bela corrida de recuperação depois de largar em último para ser segundo. Então veio várias surpresas, como Daniil Kvyat em terceiro, Lance Stroll em quarto, as duas Haas chegando nos pontos mesmo batendo entre si e a claudicante Williams marcando seu único ponto da temporada com Robert Kubica.

3) Grande Prêmio do Azerbaijão de 2017

Um ano antes Baku estreava no calendário da F1 com uma corrida extremamente monótona, com a largada acontecendo poucos minutos após a catarse do que havia acontecido em Le Mans, com a quebra de último minuto da Toyota. O circuito de rua azari parecia mais uma corrida caça-níquel inventado por Bernie Ecclestone em seus últimos anos na frente da F1. Porém, a segunda corrida em Baku seria bem diferente e cheia de alternativas. Logo na primeira volta Raikkonen e Bottas batem, fazendo com que o piloto da Mercedes caísse para último, mas Bottas não estava morto. Mais adiante Daniel Ricciardo pararia cedo nos boxes e caía para 17º. Olho nele! Em uma das entradas do safety-car, Vettel quase bateu no líder Hamilton e ficou fulo da vida. O alemão colocou sua Ferrari de lado da Mercedes e chegou a tocar no inglês, numa cena de briga de rua. Após uma bandeira vermelha, Vettel seria punido. Numa briga caseira da Force India, Ocon e Pérez batem e espalham detritos para todo lugar e muita confusão dentro dos boxes. Ricciardo fazia uma corrida de tirar o fôlego e escalava o pelotão de forma agressiva. A dupla da Williams estava em posição de pódio, com Massa na frente do novato Stroll. Hamilton liderava tranquilo quando seu encosto do cockpit se soltou e ele teve que ir aos boxes consertar o aparato. Massa parecia que venceria depois de muitos anos, mas uma suspensão quebrada estragou os sonhos do brasileiro. Quando Massa estava a ponto de ser ultrapassado por Stroll, os dois carros da Williams foram atropelados por Ricciardo, que fez uma ultrapassagem dupla para assumir a ponta da corrida. Bottas, que havia perdido até uma volta, se aproveitou dos vários incidentes na corrida e ultrapassou Stroll na linha de chegada para ser segundo, enquanto o limitado canadense subia ao pódio pela primeira vez, se tornando o mais jovem a faze-lo. Uma corrida maluca, que teve em Daniel Ricciardo mostrando todo o seu talento.

4) Grande Prêmio do Brasil de 2012

Quatro anos após a sensacional final de 2008, Interlagos seria palco de outra final épica de temporada e onde a chuva seria também um fator importante. Vettel era o grande favorito ao título, usando a força do seu Red Bull frente a um Fernando Alonso inspiradíssimo, mas que estava claramente sem carro para enfrentar o alemão. Somente as forças ocultas de Interlagos para ajudar o espanhol. E essas forças quase apareceram! A largada com pista seca viu Vettel cair para sétimo e na freada do lago foi atingido por Bruno Senna. De alguma forma Vettel conseguiu continuar na corrida, mas seu carro estava claramente danificado e o alemão havia caído para último. Então a chuva veio e Nico Hulkenberg apareceu para liderar a corrida com folga numa estratégia perfeita e uma grande pilotagem do alemão. Vettel aproveitava a situação para se manter nos pontos, enquanto Alonso não conseguia levar sua Ferrari para frente. Um safety-car discutível juntou o pelotão e Hulkenberg acabou se tocando com Hamilton, que saiu da corrida e o alemão seria punido, saindo do pódio. Com isso Button assumiu a ponta e conseguiu o que seria a última vitória da McLaren até o momento. Nesse momento Alonso estava em segundo e com Vettel em sétimo, estava conquistando o tricampeonato, mas o alemão ultrapassaria Michael Schumacher, se aposentando pela segunda vez, nas últimas voltas e quando a chuva apertou de vez, causando a bandeira vermelha, Vettel conquistou o tricampeonato, enquanto Alonso amargava outro vice-campeonato.

5) Grande Prêmio da Europa de 2012

Talvez essa tenha sido a grande atuação individual da década e a obra-prima de Fernando Alonso na F1. Por um erro estratégico da Ferrari, Alonso largaria apenas em 11º numa apertadíssima classificação em Valencia, corrida que só aconteceu graças ao grande momento de Alonso. Na época a Espanha passava por sérias dificuldades financeiras e as vitórias de Alonso era um dos poucos momentos de alívio do povo espanhol. Pois Alonso conseguiu dar uma enorme alegria ao seu povo. Até o momento o circuito de rua valenciano não havia permitido corridas emocionantes, mas em 2012 Alonso daria emoção de sobra com ultrapassagens em cima dos seus rivais e aproveitaria da quebra do líder Vettel para vencer de forma emocionante. Michael Schumacher se aproveitou de um toque nas últimas voltas entre Pastor Maldonado e Lewis Hamilton para subir ao pódio por uma última vez. Alonso parou seu carro antes de chegar ao pódio, vibrou com a torcida e se emocionou no pódio. Ele próprio parecia adivinhar que tinha feito algo grandioso naquela tarde.

6) Grande Prêmio do Bahrein de 2014

Quando a Mercedes exibiu uma diferença abismal para seus rivais na primeira corrida da nova Era híbrida, todos apostavam que Lewis Hamilton venceria o campeonato facilmente. Porém, Nico Rosberg mostrou no desértico circuito do Bahrein que não entregaria o título sem uma boa briga. Lewis Hamilton e Nico Rosberg foram sublimes, lutando volta após volta pela liderança, com as voltas finais especialmente tensas. Ver o quão perto os dois pilotos da Mercedes estavam próximos sem nunca se tocarem foi incrível, enquanto Toto Wolff surpreendeu em deixar seus pilotos decidirem tudo na pista, algo que seria repetindo nos próximos três anos, para sorte dos fãs da F1. Aquele dia foi o início de uma rivalidade interna histórica dentro da Mercedes e mesmo com a vitória de Lewis Hamilton, Nico Rosberg marcava seu território dentro da Mercedes. 

7) Grande Prêmio do Brasil de 2016

A tensão entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton estava nos mais altos níveis naquele final de 2016, com o alemão administrando de forma fria o campeonato, enquanto Hamilton esperava capitalizar algum erro do seu companheiro de equipe e ex-amigo. Porém, o grande personagem daquela tarde em Interlagos não corria com o prateado carro da Mercedes. Max Verstappen mostrava um talento todo especial no seu segundo ano na F1 e o primeiro num carro de ponta. Na encharcada pista de Interlagos, o holandês teve uma corrida de mestre em condições em que vários veteranos, como Felipe Massa, Kimi Raikkonen e Fernando Alonso, bateram. Por sinal, o abandono de Massa, que havia anunciado que estava se aposentando semanas antes (depois ele mudou de ideia), foi um dos momentos mais emocionantes da década. Verstappen entrou nos boxes nas voltas finais para trocar pneus e saiu ultrapassando quem via pela frente numa emocionante recuperação rumo ao pódio que levantou a torcida brasileira nas arquibancadas.

8) Grande Prêmio de Abu Dhabi de 2010

A final da temporada de 2010 já era histórica. Pela primeira vez na história da F1, quatro pilotos tinham chances de vencer o campeonato, mas a disputa parecia restrita a Mark Webber e Fernando Alonso, com Sebastian Vettel correndo por fora. Hamilton tinha apenas chances matemáticas. A Ferrari resolveu colocar Alonso marcando Webber numa disputa homem-a-homem. Um acidente na primeira volta fez com que alguns pilotos fossem aos boxes cedo e não parassem mais, entre eles, Vitaly Petrov da Renault. Como imaginado, quando Webber fez sua parada, a Ferrari chamou Alonso para os boxes. O espanhol estava na frente de Webber, mas acabou atrás de carros mais lentos, que haviam parado durante o safety-car. Alonso estava em sexto, logo atrás de Petrov com muitas voltas pela frente. Tarefa fácil para o espanhol, certo? Nem tanto. O travado circuito de Abu Dhabi praticamente não permitiu nenhum ataque de Alonso, que ficou empacado a corrida inteira atrás do russo, enquanto Vettel vencia e com o sexto lugar de Alonso, conquistava de forma surpreendente o seu primeiro título. Alonso reclamou de forma infantil com Petrov depois da bandeirada, chegou aos boxes de cabeça baixa e a Ferrari demitia Chris Dyer, o homem que bolou a estratégia de Alonso. Vendo que o título de Alonso não veio por causa de uma não-ultrapassagem, a FIA criaria o polêmico DRS meses depois.

9) Grande Prêmio da Alemanha de 2018

Sebastian Vettel vinha em ótima forma no verão de 2018 e liderando o campeonato, após derrotar Lewis Hamilton na casa do inglês. Agora era Vettel que corria em casa e ele queria sua primeira vitória em Hockenheim. O alemão da Ferrari liderava com tranquilidade, enquanto Hamilton fazia uma ótima corrida de recuperação. No entanto, uma chuva até mesmo fraca mudou totalmente a corrida. Vettel estava no setor do estádio quando sua Ferrari saiu de frente e bateu na barreira de pneus na frente de sua torcida. Hamilton conseguiria uma vitória essencial para o título e Vettel, com a confiança abalada pelo erro que cometeu, ainda não se recuperou.

10) Grande Prêmio da Espanha de 2016

A vida de Max Verstappen havia mudado radicalmente semanas antes do Grande Prêmio da Espanha. O russo Daniil Kvyat havia sido rebaixado da Red Bull e sem fazer um único teste com o carro, Max estrearia numa equipe de ponta. Usando seu conhecido talento, Verstappen largou nas primeiras filas e viu de perto a dupla da Mercedes se tocar na primeira volta. Nico Rosberg e Lewis Hamilton, donos do melhor carro disparado naquele dia, estavam fora da prova numa das várias polêmicas em que se meteram. Mas havia muita corrida pela frente. Ricciardo e Vettel se envolveram numa incidente que furou o pneu do australiano da Red Bull. Verstappen assumiu a liderança depois de ficar mais tempo na pista do que seus rivais diretos. Com quase o dobro de sua idade e com pneus melhores, Kimi Raikkonen foi para cima de Max Verstappen, mas o holandês usou a conhecida dificuldade de ultrapassagem do circuito de Barcelona para vencer pela primeira vez na F1 logo em sua estreia na Red Bull, quebrando vários recordes de precocidade. 

Um comentário:

  1. excelente essa lista, vou aproveitar as férias e rever essas corridas, emoção garantida

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