domingo, 15 de dezembro de 2019

Top-10 da década 2010

Assim como fiz no final de 2009, irei olhar dez anos no tempo e dessa vez irei ver quem foram os grandes pilotos das últimas dez temporadas, marcadas por dois grandes domínios, poucos pilotos sendo campeões (três), uma grande mudança técnica na metade da década e uma luta tênue entre esporte e entretenimento dentro da F1. Porém, surgiram dois pilotos nessa década que sobressaíram nos números e que nos fazem imaginar aonde Hamilton e Vettel estão dentro da rica história da F1. Para escolher os dez grandes pilotos nos anos 2010, classifiquei os dez primeiros colocados, como na pontuação atual, dos campeonatos de 2010 a 2019 e fiz a soma. Vamos agora a eles!

1) Lewis Hamilton - 189 pts

Hoje parece fácil cravar Lewis Hamilton como o piloto da década, principalmente pelo o que o inglês fez nos últimos anos, mas no começo da década Lewis corria o risco de ser um piloto que entregaria muito menos do que seu potencial. Ninguém duvidava do talento e velocidade de Hamilton, mas ainda bastante imaturo o inglês teve alguns problemas fora da pista que o atrapalharam dentro dela. Com a McLaren também não ajudando muito a deixar Hamilton à vontade, o inglês se mudou para a Mercedes no final de 2012 no que seria uma troca arriscada, mas também certeira. Com a entrada em cena dos motores híbridos, a Mercedes começou uma hegemonia poucas vezes vistas na história da F1, mas Hamilton teve que enfrentar seu antigo amigo Nico Rosberg para poder se sobressair e ter a casca necessária para derrotar a Ferrari e Sebastian Vettel. Com a maturidade, Hamilton passou a pilotar ainda melhor e com isso veio os recordes. Com seis títulos no bolso, Hamilton corre agora para se igualar a Michael Schumacher e supera-lo em número de vitórias. Com a motivação ainda em alta e a Mercedes se mostrando uma força nessa Era híbrida, Lewis Hamilton ainda pode reescrever vários recordes nos próximos anos.

2) Sebastian Vettel - 183 pts

Quando a década começou Vettel parecia destinado a confirmar a sua fama de 'Baby Schummy'. O alemão conquistou um vice-campeonato logo em sua segunda temporada completa na F1 e de forma surpreendente, derrotou seu companheiro de equipe Mark Webber e Fernando Alonso na última corrida de 2010 para se tornar o piloto mais jovem a se sagrar campeão da F1. Foi o início do domínio da Red Bull, com Vettel faturando mais três títulos seguidos, sendo que em 2012, derrotando um inspiradíssimo Fernando Alonso. Tudo levava a crer que Vettel quebraria os recordes do seu compatriota Schumacher, mas quando a Era híbrida começou, Vettel começou seu lento declínio e mostrar algumas brechas em sua armadura de grande piloto. Em 2014 ele recebeu o imberbe Daniel Ricciardo na Red Bull e ainda se adaptando com a nova tecnologia, Vettel acabou superado pelo australiano. Se inspirando em Schumacher, Vettel foi para a Ferrari para ser o antagonista da Mercedes de Lewis Hamilton, iniciando uma rivalidade esperada por todos. Contudo, a batalha pendeu sempre para um lado e Vettel acabou derrotado. Sob pressão e longe de sua zona de conforto, Vettel cometeu erros incompatíveis com um piloto de sua grandeza e nesse ano reviveu o drama da Red Bull, com a chegada do fogoso Charles Leclerc na Ferrari para supera-lo. Hoje Vettel tem suas glórias questionadas. Ele teria dominado a F1 no começo da década por causa da força da Red Bull? Como diria Alonso, quem venceu aqueles campeonatos foi Adryan Newey e não Sebastian Vettel? Essas perguntas Vettel terá que responder rapidamente nos próximos anos.

3) Nico Rosberg - 83 pts

Nico vinha fazendo boas temporadas na Williams quando foi contratado pela Mercedes em 2010, passando a usar o carro vencedor do ano anterior. O alemão tinha mostrado seu valor com um carro de equipe média e teoricamente teria um bom carro para brigar por vitórias. Teoricamente. A Mercedes ainda demoraria alguns anos antes de realmente pensar em vitórias, mas Nico Rosberg continuava se mostrando um piloto muito sólido, mesmo sem o talento do seu amigo Lewis Hamilton, com quem passou a compartilhar a equipe em 2013. Com o advento dos motores híbridos e a estruturação dentro da Mercedes, os alemães passaram a dominar a F1 e quando todos pensavam que Hamilton conquistaria facilmente o título, Nico Rosberg deu mais trabalho do que o imaginado, iniciando uma das grandes rivalidades da história da F1. Nico sabia que Lewis era mais rápido e passou a utilizar para si os pontos fracos do inglês, além de maximizar seus pontos fortes. Se antes eram amigos, Rosberg e Hamilton se tornaram amargos rivais. O alemão foi derrotado nos dois primeiros anos, mas em 2016 Nico usou todo o seu arsenal para derrotar Lewis Hamilton e... se aposentar dias depois, chocando a F1. Rosberg foi o único piloto a furar o domínio de Hamilton e Vettel na década e derrotou dois multi-campeões (Schumacher e Hamilton) com o mesmo carro. Apenas sua apatia fora das pistas é que não faz com que enxergamos todos os feitos de Nico Rosberg em sua carreira.

4) Fernando Alonso - 75 pts

Foram dois anos apenas esperando a ligação da Ferrari na cambaleante Renault, mas o futuro de Fernando Alonso parecia glorioso. No início da década o espanhol era considerado o piloto mais completo do grid e a entrada na Ferrari seria o começo de um domínio que os italianos experimentaram com Michael Schumacher poucos anos antes. Alonso começou vencendo sua primeira corrida com a Ferrari e parecia que confirmaria tudo que dele se esperava. Parecia. De gênio difícil, apesar de muito rápido, não demorou para Alonso entrar em atrito com a cúpula ferrarista e sua falta de liderança, vista em Schumacher, fez com que a Ferrari não conseguisse a união necessária para poder enfrentar a força da Red Bull de Vettel. Dentro das pistas Alonso mostrava todo a sua categoria com três vice-campeonatos, incluindo o de 2012, temporada que vários gênios da F1 assinariam. Alonso saiu da Ferrari de forma conturbada e entrou no projeto McLaren-Honda, mas o que parecia um sonho se torna um pesadelo com os japoneses entregando motores fracos tanto em termos de potência como de confiabilidade. Alonso não se furtava em colocar gasolina no fogaréu e criticava a Honda abertamente. GP2 engine? Pois Alonso fez com que a McLaren quebrasse o vantajoso contrato com a Honda e se tornou cliente da Renault, mas aí quem errou foi a McLaren, que construiu um carro ruim. Cansado de lutar por posições muito abaixo do seu potencial, Alonso saiu da F1 e se enveredou por outras categorias em busca da tríplice coroa. Para colocar sal na ferida, a Honda construiu um ótimo motor para a Red Bull e a McLaren cresceu com a saída de Alonso. O espanhol ainda sonha em retornar a F1, mas até o momento nenhuma equipe se interessou muito em trazer um piloto que faz muito dentro da pista, mas que tumultua fora delas.

5) Kimi Raikkonen - 72 pts

A F1 se assustou quando Kimi Raikkonen anunciou seu retorno a categoria em 2012. Três anos antes o finlandês saiu da Ferrari com a motivação em baixa e completamente de saco cheio da F1. Lembrando o que Schumacher (não) estava fazendo, todos temeram que Raikkonen voltasse abaixo do seu alto nível, mas o nórdico surpreendeu com uma ótima pilotagem com a Lotus, garantindo um terceiro lugar no campeonato e um contrato com a Ferrari em 2014. O retorno para a equipe italiana poderia significar uma volta de Kimi na luta pelo título, mas já veterano e com um título mundial, faltou a Raikkonen aquele algo a mais para derrotar seu amigo Vettel e a força da Mercedes. Raikkonen passou a fazer corridas burocráticas, mas ganhando importantes pontos para a Ferrari no Mundial de Construtores e se garantindo entre os seis primeiros no Mundial de Pilotos nos últimos anos. Somente isso garantiu Kimi por tanto tempo na Ferrari. Raikkonen ainda ganhou sua vigésima corrida, se tornando o finlandês com mais vitórias na F1 e com 40 anos de idade, ainda se mantém na F1 com a Alfa Romeo, além de garantir a diversão dos fãs com suas patadas via rádio.

6) Valtteri Bottas - 69 pts

O finlandês ganhou na loteria quando Nico Rosberg anunciou sua aposentadoria no final de 2016, deixando a Mercedes com pouquíssimas alternativas para 2017. Bottas era empresariado por Toto Wolff e fazia um bom papel na Williams, se tornando uma opção viável para a Mercedes, mas o tempo provou que Bottas esteve longe de fazer o mesmo papel de Nico Rosberg. Para completar a Williams entrou em parafuso logo depois. Quando o motor Mercedes tinha uma diferença brutal em comparação à Ferrari, Renault e Honda, a Williams se mostrou como a segunda força de 2014 e Bottas fez ótimas corridas e angariou alguns pódios. Na Mercedes o nórdico marca pontos importantes para a equipe, conseguiu algumas vitórias quando houve oportunidade, mas Valtteri Bottas dificilmente passará de um fiel segundo piloto de Lewis Hamilton na Mercedes.

7) Daniel Ricciardo - 54 pts

Se a lista fosse do piloto mais simpático da F1, Daniel Ricciardo ganharia com sobras. Com um sorriso cheio de dentes o australiano se tornou uma das pessoas mais populares do paddock, mas dentro da pista Ricciardo também mostrou seu valor, mesmo que tenha entrado na Red Bull num momento de transição. Cria do Programa de jovens pilotos da Red Bull, Ricciardo mostrou seu valor ao derrotar o tetracampeão Sebastian Vettel logo em sua primeira temporada com a Red Bull. Alçado a líder da equipe com a saída de Vettel, Ricciardo sofreu as agruras da briga entre Red Bull e Renault. Para piorar, a chegada de Max Verstappen na equipe com todo o seu talento era um sinal claro para Ricciardo: o holandês era o futuro da Red Bull. Sem tempo a perder Ricciardo foi para a Renault esse ano na esperança de que, numa equipe de fábrica, pudesse crescer juntos, mas o australiano subestimou o desafio e naufragou junto com a Renault. Resta saber se os franceses poderão melhorar e levar o rápido e simpático Daniel Ricciardo a retornar ao pelotão dianteiro da F1.

8) Mark Webber - 53 pts

Webber perdeu sua grande chance de ser campeão logo no começo da década, quando brigou com Fernando Alonso pelo título de 2010. Sebastian Vettel ainda não estava maduro o suficiente e se envolveu em alguns acidentes, enquanto Webber era um piloto mais sólido. Porém, Webber e Alonso acabaram atropelados por Vettel no final do ano e com o titulo, o alemão ganhou a confiança necessária para liderar a Red Bull nos próximos anos e vencer mais três títulos. Mark Webber perdeu o trem da história, mas se manteve um piloto competitivo na Red Bull, inclusive com alguns arranca-rabos com Vettel, como no toque na Turquia e o evento 'Multi21' na Malásia. Webber se aposentou ainda como um piloto de ponta e mostrou que é possível brigar pelo título mesmo não sendo um piloto extramente rápido e talentoso, mas consciente e trabalhador.

9) Max Verstappen - 45 pts

Em dez anos, quando faremos o top-10 dos pilotos da década de 2020, tenho bastante curiosidade da posição que estará Max Verstappen. Nas últimas décadas poucos pilotos impressionaram tanto quanto o holandês, filho de Jos Verstappen. Max bateu todos os recordes de precocidade da F1 quando estreou aos 17 anos e rapidamente conseguiu um lugar na Red Bull, estreando com vitória. Seu talento e velocidade nunca estiveram em dúvida, mas sua impetuosidade juvenil o fez se envolver em vários acidentes evitáveis, fazendo com que Max Verstappen fosse bastante criticado em várias ocasiões. Porém, em 2019 Max conseguiu o equilíbrio de sua velocidade com a solidez de um piloto que, mesmo muito jovem, já está na sua quinta temporada na F1. Verstappen venceu três corridas memoráveis em 2019 e ficou com o terceiro lugar no Mundial de Pilotos, superando os pilotos da Ferrari e se consolidando como uma estrela do futuro.

10) Jenson Button - 44 pts

Button iniciou a década com um inesperado título numa equipe que se sequer existia em janeiro. Aos 30 anos o inglês ia para a McLaren ser companheiro de equipe de Lewis Hamilton, que era exatamente o contrário de Button dentro e fora das pistas. Para muitos, o vice-campeonato de Button em 2011 foi o auge do inglês, inclusive um campeonato melhor do que o seu título em 2009. Dono de uma pilotagem clássica e muito gente fina fora das pistas, Jenson Button se manteve fiel a McLaren mesmo nos momentos mais difíceis e se aposentou em meados da década como um piloto que, mesmo sem ser um virtuose, foi uma estrela em duas décadas na F1.

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