domingo, 17 de outubro de 2021

40 anos da primeira de Piquet

 


Apesar de acompanhar o Ceará SC fielmente, muitas vezes prefiro nem assistir alguns dos seus jogos para evitar um sofrimento maior que uma partida de futebol normalmente nos traz. Se for para sofrer, prefiro o estádio (onde tem mais pessoas com o mesmo sentimento) do que em casa ou num bar. Meu pai era do mesmo jeito. Ele sofria quando torcia por alguém e quarenta anos atrás ele estava bem nervoso na última corrida de 1981. Seu ídolo Nelson Piquet travava uma luta fratricida contra o matreiro Carlos Reutemann, que tinha um equipamento melhor do que o brasileiro. E o argentino ainda largava na pole, enquanto Piquet sofria com um estiramento muscular no pescoço que lhe maltratou bastante naquele final de semana.

Muita gente se reuniu para ver a corrida num sábado à noite no Brasil, mas meu pai ficou tão nervoso que deixou minha mãe grávida de quem vos escreve assistindo o final da corrida com outras pessoas e se mandou pelas ruas da cidade, esperando retornar para casa. E foi uma corrida de realmente dar nos nervos!

Piquet simplesmente não tinha carro para enfrentar as Williams de Reutemann e Alan Jones naquele dia, mas o australiano nem em sonho ajudaria Reutemann, pois ainda no começo do ano Lole desobedeceu a Williams e venceu em Jacarepaguá, para imenso desgosto de Jones, que não esqueceria a manobra. Jones também tinha anunciado que estava se aposentando da F1 e queria uma vitória para sair por cima. Com dores no pescoço, Piquet era quarto no grid, mas as largadas não eram o forte do carioca e ele ficou para trás, porém, Reutemann também largou mal e foi ficando pelo caminho. 

Muito se especulou pela corrida horrorosa de Reutemann em Las Vegas. Um problema no câmbio, um boicote da Williams ou simplesmente nervosismo do saudoso argentino. O certo foi que Reutemann nem de longe se mostrou o mesmo piloto sólido que liderou a maior parte do campeonato de 1981, rapidamente saindo dos seis primeiros da classificação que dava pontos na época. Reutemann e Piquet estavam separados por apenas um ponto no campeonato, com Jacques Laffite tendo chances apenas matemáticas e o francês também sofrendo no improvisado circuito de rua no estacionamento do Ceasar's Palace em Las Vegas, figura constante nas escolhas dos piores circuitos que já receberam a F1 na história. Com uma diferença de pontos tão pequenas entre os dois latino-americanos, toda e qualquer ultrapassagem mudava o campeão naquele dia de outubro de 1981. 

Mesmo menos experiente, Piquet corria com cautela e não oferecia qualquer resistência a quem se aproximava dele, sabendo que estava na frente do seu maior rival. Já Reutemann estava numa situação calamitosa, ainda mais quando tomou uma volta de Alan Jones, que declarou mais tarde que colocar uma volta no rival lhe deu um dos maiores prazeres da carreira. Jones vencia pela última vez na F1, mas aquela não seria sua última corrida na categoria. Prost finalizava um ano promissor que pouco tempo depois lhe garantiria a alcunha de professor e muito sucesso. Bruno Giacomelli surpreendia e subia ao pódio com seu Alfa Romeo. Nigel Mansell conseguia seu melhor resultado na F1 até então. Mais de um minuto depois do vencedor, Nelson Piquet recebeu a bandeirada como o campeão de 1981, enquanto Reutemann era um triste oitavo colocado. Piquet conseguia seu título aos 29 anos por apenas um ponto. E meu pai pode voltar feliz para casa e comemorar o primeiro título de Nelson Piquet.

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