Valtteri Bottas venceu a corrida praticamente de ponta a ponta nesse domingo na Turquia, dominou a corrida como bem quis, marcou a melhor volta da corrida e conseguiu um convincente Grand Slam. Festa para a Mercedes? A cara de quem acabou de chupar limão de Toto Wolff depois da corrida mostrava exatamente o contrário. Nesse campeonato imprevisível de 2021, onde cada corrida ocorre algo de diferente com os favoritos, quem sorriu no final do dia foi Christian Horner e seus blue caps com o duplo pódio da Red Bull num final de semana que se mostrava inteiramente da Mercedes, mas que viu Hamilton apenas em quinto, fazendo-o perder a liderança do campeonato novamente.
Como falou o mestre Edu Correa, nem sempre uma corrida na chuva é emocionante. O dia amanheceu chuvoso em Istambul, mas não na quantidade vista em Spa, porém, a corrida seria em piso molhado. Largando em décimo primeiro, Hamilton seria o principal prejudicado, pois ele não teria em sua totalidade o grande potencial mostrado pela Mercedes no final de semana turco. Com todos largando com pneus intermediários, Bottas e Verstappen fizeram uma largada convencional rumo a problemática primeira curva e a partir daí administraram até o fim. Grande trabalho de Bottas, demissionário na Mercedes, mas um ano depois da pífia corrida na mesma pista molhada de Kurtkoy, Bottas dominou desde o início e pode ter conquistado a sua última vitória pela Mercedes e na F1. Pena que atuações como essa são mais exceções do que regra na carreira de Valtteri e por isso ele está se despedindo da Mercedes e muito provavelmente do pelotão da frente a partir de 2022. Desde sexta-feira reclamando do carro, Max Verstappen sabia que enfrentar as Mercedes seria uma tarefa muito difícil, mas ver apenas o carro negro de Bottas se distanciando à sua frente e não ter que enfrentar Hamilton durante a prova foi um ganho para o neerlandês, que não teve muito trabalho para se manter numa segura segunda posição e reassumir a liderança do campeonato num circuito onde a Red Bull não estava no mesmo nível da Mercedes.
Se as duas primeiras posições foram definidas na largada, garantindo que não teve nenhuma luta pela vitória, a briga pelo terceiro lugar foi mais animada, ainda mais pelo peculiar estado da pista. A corrida ocorreu praticamente sem chuva, mas somente nas voltas finais é que um pequeno trilho seco apareceu, fazendo com que os pilotos tivessem que administrar os pneus intermediários o tempo todo. O momento de parar poderia ser decisivo, garantindo a tensão da corrida, pois não houveram muitas escapadas e rodadas, mesmo com o piso úmido. Os vinte pilotos que largaram foram até o fim. Charles Leclerc ocupou a maior parte do tempo a terceira posição e mostrando uma interessante evolução da Ferrari, andou sempre no mesmo ritmo de Verstappen, chegando a ficar menos de 2s do piloto da Red Bull em certos momentos. Quando Bottas e Vesrtappen pararam já no terço final da corrida, Leclerc tentou uma arriscada estratégia em tentar ir até o final da corrida sem trocar pneus, mas duas saídas de pista trouxe Bottas debaixo de sua asa traseira. Charles parou, mas não ficou mais rápido. Ao contrário. Viu a aproximação de Sergio Pérez, que corria pressionado nesse final de semana. No sábado Horner cobrava que Checo marcasse bons pontos nesse domingo e após várias corridas medíocres, Pérez fez uma corrida digna de um escudeiro de equipe grande. Sergio se colocou na quarta posição no início da prova, ficando até mesmo distante de Leclerc e na mira de um ascendente Lewis Hamilton. Quando o inglês foi para cima, o mexicano fez uma excelente defesa de posição que estancou a subida de Hamilton e mudou a cara da prova de Lewis. Mestre em entender os pneus, Pérez estava muito mais forte do que Leclerc no final, mesmo o ferrarista com pneus mais novos, e o mexicano efetuou a ultrapassagem facilmente sobre Leclerc, voltando ao pódio após um longo e tenebroso inverno, fazendo a alegria de sua equipe. Horner o congratulou efusivamente no rádio, pois além dos bons pontos conseguidos, Pérez impediu que a corrida de recuperação de Hamilton fosse ainda mais efetiva.
Hamilton tentou fazer o mesmo que Leclerc, mas assim como o monegasco desistiu de última hora e talvez no pior momento. Lewis fazia uma ótima corrida de recuperação, deixando para trás um combativo Tsunoda e depois ultrapassando, sem ajuda de DRS, Stroll, Norris e Gasly. Lewis parou em Pérez, mas o inglês tentaria fazer a corrida sem parar ou arriscar os slicks no finalzinho. Hamilton acabou fazendo nem uma coisa, nem outra. Quando efetuou seu pit-stop, Hamilton pegou uma pista mais seca do que antes com pneus intermediários novos e os destruiu rapidamente pela falta de temperatura. Ao invés de atacar Leclerc, Hamilton se viu atacado por Gasly e Norris, que se aproximaram perigosamente no final, mas nada fizeram. Lewis cuspiu maribondos pelo rádio. Quando parou ele estava em terceiro e com os pneus que tinha, poderia ter segurado Pérez e Leclerc no final, mas isso tudo ficará no campo das especulações. Pensando no campeonato, Hamilton não foi tão efetivo do que Verstappen quando ambos tiveram que trocar de motor e numa pista claramente pró-Mercedes, Lewis saiu da Turquia com seis pontos de desvantagem, lembrando que a Mercedes não trocou inteiramente o motor e se haver uma troca de outro componente, novamente Lewis ser punido.
Se Leclerc fez uma ótima corrida, Carlos Sainz não ficou atrás, escalando o pelotão de forma interessante no começo da prova, recebendo a bandeirada em oitavo após sair de último pela troca pelo novo motor Ferrari. O novo propulsor italiano proporcionou boas corridas para os seus dois pilotos e isso pode ser um fator na luta pelo terceiro lugar no Mundial de Construtores com a McLaren, que novamente correu praticamente sozinha com Norris, que foi sétimo, enquanto Ricciardo fez outra prova patética. Gasly mostrou-se muito forte nos treinos, mas ainda falta um algo mais na corrida. O francês tocou em Alonso na primeira curva e foi punido pela manobra, garantindo uma corrida solitária para Pierre, que pouco se esforçou para se defender de Hamilton, ao contrário de Tsunoda, que atrasou bastante o inglês no início da corrida. Pontos para Tsunoda. Tudo para rodar sozinho e sair da zona de pontuação. Perdeu os pontos, Tsunoda! Stroll fez uma corrida discreta e terminou ainda nos pontos, mas pelo menos ele não tentou a insanidade de Vettel, que foi o único a tentar pneus slicks e destracionava a cada esbarrão no acelerador. Porém, quem tentou um 'all in' na corrida e se deu bem foi Ocon. O francês não desistiu como Leclerc e Hamilton e mesmo com pneus em estado lamentável, Ocon recebeu a bandeirada sem visitar os boxes e foi recompensando com um ponto. Após levar o toque de Gasly, Alonso não mais se recuperou, ainda mais que na primeira volta ele bateu em Mick Schumacher e também foi punido em 5s. A dupla da Alfa Romeo evoluiu após uma classificação horrorosa e chegaram juntos na beira da zona de pontuação. Dessa vez a dupla da Williams não aproveitou as condições incertas e ficaram longe dos pontos, enquanto a dupla da Haas novamente fechou a raia, mas o toque que Mick recebeu de Alonso foi de dar dó.
Assim como no sábado, a corrida teve um sabor agridoce para a Mercedes. Foi uma vitória contundente de Bottas, não resta dúvidas disso, mas debaixo do pódio a turma da Red Bull estava bem mais feliz com o duplo pódio e a volta da liderança no Mundial de Pilotos numa pista em que a Red Bull não se encontrou em nenhum momento. Porém, da forma como está esse campeonato, com tantas reviravoltas e resultados fora do normal, não se pode afirmar nada sobre quem será o campeão desse ano.
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