Após a vitória enfática na Austrália, a Ferrari esperava repetir o sucesso correndo no quintal de sua casa, no Autódromo Enzo e Dino Ferrari. A festa foi preparada e as arquibancadas estavam repletas de tifosi para comemorar mais uma vitória vermelha em Ímola. Porém, esses mesmos torcedores apaixonados tiveram que ver a rival Red Bull ter um final de semana praticamente perfeito, onde os austríacos só deixaram escapar um ponto, pelo terceiro lugar de Sérgio Pérez na Sprint Race. Foi uma exibição dominante da Red Bull, que conseguiu sua primeira dobradinha desde 2016. Max Verstappen já dera o recado no sábado quando mostrou um melhor trato com os pneus na Sprint Race e mesmo largando muito mal, o neerlandês conseguiu ultrapassar Leclerc no final da prova de cem quilômetros. Já no domingo ocorreu o inverso no apagar das luzes vermelhas e não apenas Verstappen manteve a ponta, como Sérgio Pérez ultrapassou Leclerc para ficar em segundo. O piloto da Ferrari fez o que pôde para ultrapassar o piloto mexicano, mudando tática inclusive, mas acabou rodando sozinho, consolidando o 1-2 da Red Bull, já que Verstappen esteve impecável na frente, marcando todos os pontos possíveis no final de semana. A Ferrari voltou a mostrar força em 2022 e vinha de duas vitórias, mas a Red Bull igualou o número de triunfos na casa dos italianos e se manter a confiabilidade, a Ferrari terá muito mais a lamentar num futuro breve.
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Figurão(EMI): Lewis Hamilton
Sabem aquelas dondocas que são convidadas para uma festa humilde, bem diferente de tudo que estava acostumadas? Ao invés de escargot e caviar, teve que engolir pastelzinho de carne e coxinha. Era assim com Lewis Hamilton no meio do pelotão intermediário nesse domingo em Ímola. Acostumado a lutar por vitórias ou, no mínimo, por um pódio, Hamilton estava completamente deslocado ficando atrás de Lance Stroll num primeiro momento e depois ficando empacado em Pierre Gasly. Para a alegria dos haters, Lewis teve uma corrida patética do início ao fim em Ímola, principalmente quando olhamos no outro lado do boxe da Mercedes e encontramos George Russell chegando num excelente quarto lugar, ocupando o mesmo posto no Mundial de Pilotos. O calvário de Hamilton começou com uma má largada, onde perdeu duas posições, enquanto Russell pulou cinco lugares. Com a pista úmida, ultrapassar não era algo fácil, mas longe de ser impossível, como mostrou o próprio Russell, que efetuou uma bela ultrapassagem sobre Magnussen. Um pit-stop ruim da Mercedes fez Hamilton perder mais uma posição e ao invés de enxergar a traseira da Aston Martin de Stroll, a paisagem de Lewis para o resto da corrida foi a traseira da Alpha Tauri de Gasly, mesmo o DRS estando disponível, Hamilton foi incapaz de ultrapassar o francês pela gloriosa 13º posição (todos ganhariam uma posição com a punição de Ocon). Depois da corrida Hamilton jogou a toalha pelo título, mas se quiser mostrar grandeza mais uma vez, Lewis pode imitar seu ídolo Senna e referência Schumacher. Quando tiveram carros ruins logo após seus títulos, as duas lendas não baixaram os braços e fizeram corridas acima do potencial dos seus carros. No momento, é esse o desafio de Hamilton para 2022 e exibições pífias como a de ontem não o ajuda em nada.
domingo, 24 de abril de 2022
Dia dos touros
Tsunoda fez uma corrida surpreendente na prova de casa da Alpha Tauri e conseguiu um bom sétimo lugar, bem à frente do citado Gasly. A Aston Martin se recuperou dos finais de semanas decepcionantes desse início da campeonato e pontuou com seus dois pilotos, além de ter visto Vettel finalmente fazer uma corrida digna em 2022. A Haas sofreu em ritmo de prova, mas pelo menos Kevin Magnussen garantiu mais alguns pontinhos para o time, enquanto Mick Schumacher vem sendo uma das decepções até aqui. O alemão acabou se assustando com o entrevero entre Sainz e Ricciardo, terminando por sair da pista e ao tocar na lateral de Alonso, destruiu a corrida do espanhol. Schumacher ainda saiu da pista uma vez numa corrida onde esteve longe da zona de pontuação, local em que seu companheiro de equipe já se acostuma a ficar. Mick já tomou uma pancada com a renovação de Sainz, indicando que a Ferrari não conta com ele à médio prazo e o alemão precisa entender que Magnussen é muito melhor do que o atraso de vida chamado Mazepin. A Alpine teve um final de semana horrível, com Ocon ficando bem longe dos pontos e o francês ainda foi punido por quase bater em Hamilton nos boxes, enquanto Alonso abandonou no início da prova. Albon fez outra corrida acima do potencial do carro, onde o anglo-tailandês usou, mais uma vez, muito bem os pneus para subir para 11º, ficando na frente da briga entre Gasly e Hamilton. Já Zhou e Latifi tiveram a felicidade de suas famílias não atrasarem as faturas com suas equipes...
Competitividade a toda prova
O clima atlântico em Portimão foi decisivo no final de semana lusitano da MotoGP, com a chuva indo e vindo para colocar dúvidas nas equipes e pilotos, porém, a corrida foi inteiramente no seco e isso ajudou Fabio Quartararo a colocar em prática sua tática tantas vezes vistas em 2021. Fabio ainda sofre com a falta de potência da Yamaha nas retas e por isso o talentoso francês precisa garantir vantagem nas partes travadas da pista para não ser alcançado nas retas. E foi assim que Quartararo fez nesse domingo para vencer pela primeira vez como campeão reinante. Logo de cara Fabio largou bem, não tomando conhecimento do pole Zarco e ao ultrapassar Mir, que mesmo numa Suzuki tem praticamente os mesmos problemas (e virtudes) da Yamaha, Quartararo disparou na frente, cortando um dobrado nas partes lenta da pista para não ser engolido por uma moto mais veloz do que a sua Yamaha, que desenvolvia até 12 km/h a menos do que as Ducatis no final da reta dos boxes. Quartararo venceu com categoria e como falado mais cedo, se aproveitou dos infortúnios alheios para assumir a ponta do campeonato, empatado com Alex Rins.
Vencedor da prova passada, Enea Bastianini foi uma vítima do clima e largou mais atrás, porém, o italiano da Gresini não escalava o pelotão como esperado e estava apenas em 11º quando caiu sozinho. Algo parecido que já tinha afligido Aleix Espargaró, vencedor na Argentina para ser apenas 10º na prova seguinte em Austin, onde Bastianini triunfou. Más notícias para Quartararo? O que chama atenção é que a Yamaha atualmente depende única e exclusivamente do francês. Seus demais pilotos decepcionam de forma incrível. Franco Morbidelli, vice-campeão em 2020, faz uma temporada tenebrosa, onde mal consegue marcar pontos, ficando atrás até mesmo de Andrea Doviziozo, tantas vezes vice-campeão, mas apanhando em sua volta à Yamaha e mais uma vez fora do top-10 hoje. Se na Honda há a 'Marquez-dependência', na Yamaha existe hoje uma 'Quartararo-dependência'.
Falando no espanhol, Márquez fez uma prova até de certa forma discreta após sua belíssima corrida em Austin, finalizando em sexto após uma ultrapassagem na volta final sobre seu irmão Alex para se tornar a melhor Honda do dia. E finalizar um dia onde os seis primeiros colocados usavam seis motos diferentes. Após uma largada ruim, Zarco teve paciência para ultrapassar a Suzuki de Mir para completar a dobradinha francesa em Portugal. Paciência que não teve Jack Miller, que mesmo já tendo ultrapassado Mir, escorregou na primeira curva e ainda levou o piloto da Suzuki junto. A batata de Miller dentro da equipe oficial da Ducati está em fogo alto. Isso fez com que Aleix Espargaró se recuperasse da exibição pífia em Austin e retornasse ao pódio com a Aprilia. Largando da última fila após errar a escolha dos pneus na classificação, Alex Rins escalou o pelotão rumo ao quarto lugar e na base da consistência, Rins lidera o campeonato junto de Quartararo, mesmo sem nenhuma vitória. Correndo em casa, Miguel Oliveira carregou sua KTM nas costas e finalizou num bom quinto lugar.
Com tanta alternância entre os pilotos, quem quiser ser campeão da MotoGP em 2022 terá que marcar todos os pontos possíveis num dia bom, além de mitigar o prejuízo em dias ruins. Por sinal, todos os vitoriosos estão tendo dias ruins na corrida seguinte, mas a pista de Jerez, palco da próxima etapa já na semana que vem, é um território da Yamaha e Quartararo sempre anda bem na pista andaluz. Poderia ser esse o momento de Fabio quebrar essa insana competitividade da MotoGP 2022?
sábado, 23 de abril de 2022
Emoção fake
Para quem acompanha o blog sabe da minha opinião sobre o DRS. Os cultuados anos 1980 da F1 foram marcados pela Era Turbo e, sim, havia ajuda para realizar ultrapassagens já naquela época. Bastava aumentar a pressão do turbo para ultrapassar o adversário. Porém, isso estava nas mãos do piloto e numa época em que a confiabilidade não chegava a 20% da atual, os pilotos de então sabiam o resultado de ficar muito tempo com a pressão do turbo lá no alto. Em breve, ele enxergaria uma densa fumaça branca nos seus retrovisores. Portanto Piquet, Prost, Mansell, Senna e todos os grandes daquela época sabiam das consequências se apertasse demais o botãozinho mágico, mas nem por isso deixavam de usá-lo. O grande problema atual é a regra do uso DRS. Permitir o piloto usar o DRS apenas numa determinada posição da pista e se estiver a menos de 1s do rival causa a impressão deixada por Reginaldo Leme e ficou excessivamente clara numa pista que é notoriamente de difícil ultrapassagem. Com os carros feitos para andarem próximos uns dos outros, ultrapassar deixou de ser algo desafiante, mas uma mera questão estratégica, onde o atacado fica sem ter o que fazer. O piloto da frente fica, literalmente, de mãos atadas.
A regra existe faz mais de dez anos e sempre foi muito criticada pelos fãs mais puristas, mas com os novos carros a F1 precisa de uma reflexão sobre o DRS e da forma como é utilizada. Sempre defendi que a forma como a Indy usa o Push-to-pass, o seu 'DRS', é a mais inteligente. No começo da corrida os pilotos tem à disposição uma certa quantidade de 'Pushs' para usar quando, onde e como quiser durante a corrida. Como na F1 dos anos 1980, tudo fica na mão dos pilotos Uma regra mais justa, na visão desse humilde escriba. A F1 deveria imitar a Indy? Aumentar o range de um para dois segundos para usar o DRS? Eliminar de vez o aparato? O certo é que a F1 precisa rever provas como a Sprint de hoje, vencida por Max Verstappen ao cuidar melhor dos pneus após ser ultrapassado por Leclerc na largada, perseguir a Ferrari a uma distância segura para não superaquecer pneus e quando ficou menos de um segundo de Leclerc...
segunda-feira, 11 de abril de 2022
Figura(AUS): Charles Leclerc
O próprio monegasco já tinha admitido que não gostava muito da pista de Melbourne, contudo, com o melhor carro do pelotão, como Leclerc poderia deixar escapar a chance de dominar? A Ferrari dominou o final de semana australiano de forma tão enfática como nos gloriosos tempos de Michael Schumacher e mesmo estando bem longe dos louros do alemão, Leclerc teve um final de semana em que Michael assinaria. Mesmo não gostando da pista, Leclerc nunca saiu do rol dos favoritos e mesmo com a Red Bull pressionando e até mesmo Carlos Sainz andando bem nos treinos livres, Charles conseguiu uma pole enfática no último momento. Enquanto Sainz teve seus problemas no Q3 e pisou na bola no pouco tempo em que esteve na pista no domingo, Leclerc administrou a vantagem sobre Max Verstappen andando em média meio segundo mais rápido e tudo ficou ainda mais fácil quando o neerlandês viu seu motor Red Bull falhar. Sem muito com o que se preocupar, Leclerc levou o carro para a vitória, a segunda em três corridas e uma liderança mais do que confortável no campeonato. Leclerc olha de lado e vê a Mercedes sofrendo com um carro de dificilíssimo acerto, um companheiro de equipe titubeante nesse início e uma Red Bull com sérios problemas de confiabilidade. O resultado é que Leclerc já é grande favorito ao título mesmo com o campeonato ainda em seu início.
Figurão(AUS): Aston Martin
A mistura é tão capciosa, que chega a impressionar como uma equipe tão promissora chegou à uma situação como essa. Dentro desse caldeirão chamado Aston Martin em 2022, há um dono de equipe que obteve muito sucesso fora das pistas e está impaciente para repetir o mesmo padrão na F1, um piloto fraquíssimo, que por ser filho do dono dessa equipe é intocável e por último, um piloto em franca decadência e em má fase fazem quase quatro anos. Lawrence Stroll é apaixonado por corridas e extremamente bem sucedido em praticamente tudo em que se envolveu, porém, o canadense crê que seu rebento seja um piloto de sucesso e por isso, investe tubos de dinheiro numa equipe que até pouco tempo atrás de chamava Force India e com uma gestão melhor, tinha tudo para crescer. Quando Lawrence entrou no time, havia a esperança de que o time conseguiria seu norte, mas Stroll faz questão que Lance esteja no time. E isso é um handicap enorme. Lance Stroll já conseguiu bons resultados esporádicos, mas está mais cristalino que as águas de Maragogi que o jovem canadense não merece estar na F1. Mas como mexer no filho do homem? Enquanto jovens talentosos saem da F1 por falta de espaço, Lance fica numa equipe média atrasando-a por ele próprio ser um estorvo. Porém, Lawrence não poderia focar somente no seu filhote e para mostrar que está na F1 para ficar, contratou Sebastian Vettel para liderar a equipe. O problema é que Vettel nunca se recuperou totalmente de sua saída de pista em Hockenheim em 2018 e o alemão, prestes a completar 35 anos, está numa vibe diferente de quando dominou a F1 no começo da década passada. Procurando se envolver em assuntos extra-pista Vettel é uma sombra de si mesmo e em Melbourne teve um final de semana abaixo da crítica, com seguidos erros que envergonhariam até mesmo um piloto estreante. Para não ficar atrás do seu companheiro de equipe, Lance se envolveu em vários incidentes completamente evitáveis e onde o talento do piloto é exigido e, sem surpresas, Stroll falhou. Enquanto isso, Lawrence cobra resultados imediatos e tudo que pode ver é um zero ponto ao lado do nome de sua equipe, por sinal, o único entre todas as equipes. Lawrence sabe como administrar negócios, mas querer que Lance seja a ponta de lança da equipe junto a um decadente Vettel é querer demais. O resultado está com a Aston Martin zerada e completamente sem rumo.
domingo, 10 de abril de 2022
Emoção na praia
Os treinos viram o domínio da equipe Andretti e o pole Colton Herta parecia ter a prova nas mãos no primeiro stint, com uma tocada segura e firme. Newgarden comboiava o jovem compatriota, enquanto Alex Palou acompanhava à distância. Parecia que os três seriam os candidatos únicos a vitória. Os pneus macios tinham problemas de desgaste excessivo, mesmo o dia californiano não tenha sido dos mais quentes. A velha raposa felpuda Scott Dixon, tendo largado apenas em 16º, deu o tom da estratégia quando foi um dos primeiros a fazer o pit-stop e com pneus duros novos, se tornou o mais rápido da pista. A dica estava dada: quem parasse logo, poderia dar o que se convencionou de chamar 'undercut'. Enquanto os pilotos do pelotão intermediário visitavam seus pits, as câmeras não prestaram muita atenção no pit de Palou, se preocupando apenas com Herta e Newgarden. Bobinhos. Quando a primeira rodada de paradas terminou, era Palou quem liderava, com Newgarden mantendo a posição e um furioso Herta em terceiro.
Com o recado dado, era esperado ver como se comportariam as equipes na segunda rodada de paradas. Antes disso, Herta achou o muro e parecia que outro dia triste era destinado à equipe Andretti, que já vira o horroroso Devlin Defrancesco bater e Alexander Rossi ter problemas nos pits. Newgarden parou depois de Palou, mas surpreendentemente o piloto da Penske voltou na frente do atual campeão. O segredo? Os pneus duros, que todos colocaram na primeira parada, não se desgastavam tanto. Palou tentou de todas as formas e mesmo com pneus mais aquecidos, permaneceu em segundo, quanto uma bandeira amarela trouxe um novo player para a disputa. Romain Grosjean fazia uma corrida até mesmo discreta, mas com a corrida imobilizada, o francês da Andretti encostou nos líderes e havia um fato novo: Grosjean estava com pneus macios. Foi o início de um quarto de corrida final de tirar o fôlego. Primeiro Grosjean ultrapassou Palou e partiu para cima de Newgarden, que chegou a errar e viu o carro de Grosjean lado a lado algumas vezes.
Duas bandeiras amarelas nas voltas finais trouxe a tensão das relargadas, mas a vantagem dos pneus de Grosjean tinha terminado. Mesmo com a pista imunda de detritos e restos de borracha, Newgarden segurou a pressão e venceu pela segunda vez em 2022, consolidando um início perfeito para a Penske nessa temporada. O então líder Scott McLaughlin teve um dia ruim, onde rodou sozinho no hairpin quando se preparava para colocar uma volta na chicane ambulante chamada Tatiana Calderón. Saindo do top10, o neozelandês viu Newgarden o superar no campeonato. Dixon fez outra corrida de cabeça e ganhou dez posições, enquanto Marcus Ericsson, que vinha fazendo uma boa corrida, bateu sozinho, deixando Palou na luta pelo título. Com o acidente de Herta, Grosjean salvou o dia da Andretti. Com Power fazendo um campeonato regular ao terminar em quarto, a Penske tem três pilotos entre os quatro primeiros no campeonato, tendo apenas um piloto da Ganassi entre eles. E incrivelmente ele não se chama Scott Dixon! Palou tentará defender seu título, mas a fase da Penske faz dos seus pilotos os favoritos mais uma vez ao título.
Desequilibrando o jogo
A prova em Austin, que teve parte do circuito recapeado, foi de altíssimo nível e com vários pilotos mostrando o seu melhor na bela pista texana. Jorge Martin já pode ser considerado o 'rocket man' da MotoGP com suas poles, mas ainda falta ao jovem espanhol uma melhor administração dos pneus. Contudo, Martin tinha várias Ducatis ao redor. Num domínio raro, a montadora italiana conquistou as cinco primeiras posições no grid e na largada, foi o ameaçado Jack Miller quem se sobressaiu e ficou boa parte da prova na ponta. Atrás do australiano, não faltou briga por posições, numa belíssima prova de MotoGP. Martin se segurou enquanto pôde, mas o espanhol foi caindo na medida em que os pneus iam embora. O sexto colocado no grid Fabio Quartararo simplesmente não tem motor para enfrentar a potência da Ducati, mas uma moto se mostrou ter o equilíbrio para bater de frente com as motos italianas. Bebendo da mesma fonte da Yamaha, a Suzuki conseguiu incluir potência no equilíbrio de sua moto e com Alex Rins adorando a pista de Austin, o espanhol foi escalando o pelotão entre as Ducatis, trazendo a tiracolo o seu companheiro de equipe Joan Mir.
Mais atrás, Marc Márquez fazia uma corrida fabulosa de recuperação após uma largada horrorosa, onde apontou na curva um em último. O espanhol da Honda tem Austin como 'pista-fetiche' e Márquez foi escalando o pelotão rapidamente, enquanto sua diferença para o líder nunca superou os 6s, tamanho o equilíbrio da corrida na sua primeira metade. Arriscando muito e tirando tudo de sua Honda, Márquez chegou ao sexto lugar nas voltas finais, mas não tinha como avançar e com seu equipamento desgastado, o espanhol sofreu uma forte pressão de Quartararo, que é outro que carrega sua moto nas costas. Honda e Yamaha dependem única e exclusivamente de Márquez e Quartataro, com os seus demais representantes ficando na segunda página da classificação.
E Aleix Espargaró? Após dominar a corrida portenha semana passada, o piloto da Aprilia sequer foi ao Q2 no sábado atrapalhado por uma queda e sequer ficou no top10, inclusive superado pelo seu companheiro de equipe Maverick Viñales. O antigo vice-líder Brad Binder sofre com uma KTM muito abaixo do esperado e nada pode fazer para se manter entre os primeiros da classificação.
Miller forçou o quanto pôde, mas quando Bastianini assumiu a segunda posição ainda antes da metade da prova, o italiano preparou o bote e de forma cirúrgica, ultrapassou o italiano com uma facilidade encabuladora. Como um veterano, o piloto da Gresini liderou as últimas voltas e se tornou o primeiro piloto a vencer duas vezes em 2022, além de reassumir a liderança do campeonato. Para desconsolo de Miller, ele ainda foi ultrapassado por Alex Rins na última curva da última volta, mas o australiano ainda cruzou à frente de Bagnaia, que fez uma corrida discreta e terminou apenas em quinto.
Com um campeonato onde o vencedor inconteste de uma corrida termina a prova seguinte fora do top10, a consistência poderá ser essencial para definir o título da MotoGP 2022. Bastianini provou hoje mais uma vez que tem a cabeça necessária para assumir os riscos necessários para vencer quando tem equipamento. Essa mentalidade pode lhe render frutos no final do ano.
Novo dono?
sábado, 9 de abril de 2022
Alcançando seus objetivos
A classificação dessa madrugada foi bem acidentada, com duas bandeiras vermelhas e drama antes mesmo dos carros irem marcar seus tempos. Sebastian Vettel finalmente estreará na temporada 2022, mas um motor quebrado na sexta e um acidente no terceiro treino livre deixaram o alemão sem praticamente nenhum contato com a pista australiana. Quando tudo levava a crer que Vettel nem marcaria tempo, ele acabou 'ajudado' pelo seu companheiro de equipe. Lance Stroll está na F1 única e exclusivamente por causa do bolso fundo do seu pai, o mesmo ocorrendo com Nicholas Latifi. No final do Q1 os dois canadenses tiveram um mal entendido e acabaram se acidentando numa comédia pastelão dos dois piores pilotos do grid. Vettel ainda foi à pista, mas nada pode fazer para ir ao Q2. Já no Q1 ocorreram algumas mudanças do que vinha ocorrendo, com Kevin Magnussen ficando de fora após ótimos desempenhos do nórdico nas duas primeiras corridas.
Havia um certo suspense se a Mercedes passaria ao Q3, mas ambos os carros foram no finalzinho do Q2, deixando de fora Alpha Tauri e Alfa Romeo, com destaque para a último, pois Bottas vinha andando muito bem nos treinos e vinha numa incrível sequência de 113 classificações seguidas no Q3, que foi quebrada hoje. As boas surpresas foram o ótimo desempenho da McLaren, vislumbrando as boas performances do ano passado e colocando seus dois pilotos no Q3, além de Fernando Alonso. O veterano piloto da Alpine não apenas colocou Esteban Ocon no bolso como vinha claramente andando mais do que o carro nesse final de semana, conseguindo posições acima do potencial do carro gaulês. No Q3, Alonso estava com o melhor tempo do segundo setor quando seu carro apagou e o espanhol foi para o muro, causando a segunda bandeira vermelha do dia, mas fica a sensação de que Fernando ainda tem muita lenha para queimar. Hamilton ainda tirou um filhote de coelho da cartola ao ficar em quinto e olhando onde ele largou na quinzena anterior, ele fez muito, com Russell logo à seguir.
Com muita diversidade no pelotão intermediário, o Q3 marcou a briga Ferrari e Red Bull, mas lembrando o que ocorreu em 2021, Leclerc parecia sozinho na sua luta contra a Red Bull. Carlos Sainz não se encontrou em nenhum momento e atrapalhado pela bandeira vermelha do compatriota Alonso, largará apenas em nono amanhã, deixando Leclerc sozinho contra dois Red Bulls fortes. Pérez está definitivamente andando no patamar de Max Verstappen e isso é uma ótima notícia para Christian Horner, porém, Leclerc se sobressaiu na sua última volta e ficou com a pole, com um insatisfeito Verstappen completando a primeira fila. Numa F1 bem interessante em todos os lugares, existe a boa expectativa de outra briga forte entre os jovens Charles e Max. A F1 está alcançando seus objetivos.
quinta-feira, 7 de abril de 2022
Início de uma Era
Valentino Rossi confirmara tudo que dele se esperava ao vencer com sobras o campeonato de 2001 e o italiano da Honda rapidamente se adapta à sua nova RC211V nos treinos de pré-temporada e ao lado da Yamaha de Max Biaggi, dominou os treinos. A primeira corrida da nova era do Mundial de Motovelocidade aconteceria em Suzuka e mesmo chovendo, Rossi não tomou conhecimento dos rivais e venceu, à frente de Akira Ryo e Carlos Checa. Seria a primeira vitória de dez vitórias de Vale que lhe garantiram o bicampeonato da categoria Premier e a honra de ser o primeiro vencedor da nova MotoGP. Alguns pilotos receberam as novos motos quatro tempos, com destaque para Alexandre Barros, que venceu duas corridas no final do campeonato. Rossi ter vencido aquela corrida e aquele campeonato é a prova de que o italiano é mesmo o homem que marcou essa Era que completa vinte anos hoje.
domingo, 3 de abril de 2022
Fruto do trabalho
A corrida na Argentina, que retornava ao calendário da MotoGP devido à Covid após dois anos, foi uma batalha técnica e retesada entre Aleix Espargaró, que já tinha feito história ao marcar a primeira pole da Aprilia na categoria principal em mais de vinte anos, e Jorge Martin. Dois pilotos completamente diferentes. Como falado anteriormente, Aleix é um piloto lutador e acertador de motos, enquanto Martin é fruto da incessante fábrica de pilotos talentosos da Espanha. Enquanto Aleix já tem 32 anos e largou hoje para a sua 200º corrida na MotoGP, Jorge tem apenas 24 anos e está apenas em sua segunda temporada na categoria principal. Mesmo Pol Espargaró largando muito bem, a disputa pela vitória ficou exclusiva aos dois. Martin tomou a ponta na largada, mas Aleix não saía do seu encalço. Com a Aprilia mostrando uma força incrível nos poucos testes por problemas logísticos, a sensação era que Aleix apenas esperava os pneus de Martin acabarem para dar o bote no fim da corrida. Porém, o piloto da Aprilia não estava acostumado a disputas por vitórias, afinal, seu último triunfo datava do distante ano de 2004, quando ainda competia no campeonato espanhol das 125cc. Como esperado, Martin derreteu seus pneus e Espargaró lutou na forte freada no final da reta oposta para consumar a ultrapassagem na terceira tentativa e ir até a bandeirada para fazer história. A Aprilia já foi muito forte nos anos dos Mundiais das 125cc e 250cc, mas com o advento da Moto2 e Moto3, a fábrica italiana até se mudou para Mundial de Superbike com sucesso, particularmente com Max Biaggi. Debaixo do guarda-chuva do Grupo Piaggio, a mesma dona da Ducati, a Aprilia retornou à MotoGP após muitos anos de ausência e depois de muita luta, finalmente a marca italiana venceu na MotoGP.
O equilíbrio da MotoGP em 2022 é tamanho que Aleix não apenas ganhou sua primeira corrida no Mundial e fez história com a Aprilia, como assumiu a liderança do campeonato. Os dois primeiros vencedores (Bastianini e Miguel Oliveira) estiveram longe de qualquer luta por vitória hoje, enquanto outras protagonistas sofreram. Pol Espagaró largou bem e estava em terceiro, liderando o esforço da Honda que terá Marc Márquez mais uma vez de fora de algumas prova por diplopia, quando caiu. Ao menos ele se emocionou com a bela vitória do irmão mais velho. Enquanto Martin lutava pela vitória, os pilotos de fábrica da Ducati sofriam. Bagnaia ultrapassou Maverick Viñales para ser quinto nas últimas voltas, enquanto Jack Miller fazia outra corrida sofrível. A Yamaha continua em seu calvário e Quartararo só conseguiu um oitavo lugar bem apagado, enquanto as demais motos da marca de Hamamatsu foram ainda piores. Muito preocupante para a Yamaha não ser possível dar uma moto para o atual campeão defender seu título. A KTM vai se salvando com Brad Binder que com o sexto lugar, subiu para a vice-liderança do campeonato e apenas uma subida no pódio. Após corridas abaixo das expectativas, a Suzuki foi bem na Argentina e Alex Rins fechou o pódio já próximo de Martin, com Joan Mir logo atrás.
Num campeonato tão aleatório, apostar num próximo vencedor da MotoGP é uma verdadeira temeridade. Ou alguém poderia prever que um piloto da Aprilia seria líder do campeonato, seguido por Brad Binder da KTM e Enea Bastianini, que corre com uma Ducati 2021? Sem grandes referências e Quartararo sofrendo com sua Yamaha, alguns pilotos que não são muito cotados estão conseguindo resultados inesperados. Aleix Espargaró ralou muito, mas conseguiu sua melhor corrida na carreira, mas é viável em apostar no espanhol da Aprilia como campeão? Ou até mesmo vencedor da próxima corrida em sete dias em Austin? Impossível dizer, mas o que dá para apostar sem sombra de dúvida é que Aleix trabalhará bastante para se manter entre os primeiros.