O clima atlântico em Portimão foi decisivo no final de semana lusitano da MotoGP, com a chuva indo e vindo para colocar dúvidas nas equipes e pilotos, porém, a corrida foi inteiramente no seco e isso ajudou Fabio Quartararo a colocar em prática sua tática tantas vezes vistas em 2021. Fabio ainda sofre com a falta de potência da Yamaha nas retas e por isso o talentoso francês precisa garantir vantagem nas partes travadas da pista para não ser alcançado nas retas. E foi assim que Quartararo fez nesse domingo para vencer pela primeira vez como campeão reinante. Logo de cara Fabio largou bem, não tomando conhecimento do pole Zarco e ao ultrapassar Mir, que mesmo numa Suzuki tem praticamente os mesmos problemas (e virtudes) da Yamaha, Quartararo disparou na frente, cortando um dobrado nas partes lenta da pista para não ser engolido por uma moto mais veloz do que a sua Yamaha, que desenvolvia até 12 km/h a menos do que as Ducatis no final da reta dos boxes. Quartararo venceu com categoria e como falado mais cedo, se aproveitou dos infortúnios alheios para assumir a ponta do campeonato, empatado com Alex Rins.
Vencedor da prova passada, Enea Bastianini foi uma vítima do clima e largou mais atrás, porém, o italiano da Gresini não escalava o pelotão como esperado e estava apenas em 11º quando caiu sozinho. Algo parecido que já tinha afligido Aleix Espargaró, vencedor na Argentina para ser apenas 10º na prova seguinte em Austin, onde Bastianini triunfou. Más notícias para Quartararo? O que chama atenção é que a Yamaha atualmente depende única e exclusivamente do francês. Seus demais pilotos decepcionam de forma incrível. Franco Morbidelli, vice-campeão em 2020, faz uma temporada tenebrosa, onde mal consegue marcar pontos, ficando atrás até mesmo de Andrea Doviziozo, tantas vezes vice-campeão, mas apanhando em sua volta à Yamaha e mais uma vez fora do top-10 hoje. Se na Honda há a 'Marquez-dependência', na Yamaha existe hoje uma 'Quartararo-dependência'.
Falando no espanhol, Márquez fez uma prova até de certa forma discreta após sua belíssima corrida em Austin, finalizando em sexto após uma ultrapassagem na volta final sobre seu irmão Alex para se tornar a melhor Honda do dia. E finalizar um dia onde os seis primeiros colocados usavam seis motos diferentes. Após uma largada ruim, Zarco teve paciência para ultrapassar a Suzuki de Mir para completar a dobradinha francesa em Portugal. Paciência que não teve Jack Miller, que mesmo já tendo ultrapassado Mir, escorregou na primeira curva e ainda levou o piloto da Suzuki junto. A batata de Miller dentro da equipe oficial da Ducati está em fogo alto. Isso fez com que Aleix Espargaró se recuperasse da exibição pífia em Austin e retornasse ao pódio com a Aprilia. Largando da última fila após errar a escolha dos pneus na classificação, Alex Rins escalou o pelotão rumo ao quarto lugar e na base da consistência, Rins lidera o campeonato junto de Quartararo, mesmo sem nenhuma vitória. Correndo em casa, Miguel Oliveira carregou sua KTM nas costas e finalizou num bom quinto lugar.
Com tanta alternância entre os pilotos, quem quiser ser campeão da MotoGP em 2022 terá que marcar todos os pontos possíveis num dia bom, além de mitigar o prejuízo em dias ruins. Por sinal, todos os vitoriosos estão tendo dias ruins na corrida seguinte, mas a pista de Jerez, palco da próxima etapa já na semana que vem, é um território da Yamaha e Quartararo sempre anda bem na pista andaluz. Poderia ser esse o momento de Fabio quebrar essa insana competitividade da MotoGP 2022?
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