A corrida na Argentina, que retornava ao calendário da MotoGP devido à Covid após dois anos, foi uma batalha técnica e retesada entre Aleix Espargaró, que já tinha feito história ao marcar a primeira pole da Aprilia na categoria principal em mais de vinte anos, e Jorge Martin. Dois pilotos completamente diferentes. Como falado anteriormente, Aleix é um piloto lutador e acertador de motos, enquanto Martin é fruto da incessante fábrica de pilotos talentosos da Espanha. Enquanto Aleix já tem 32 anos e largou hoje para a sua 200º corrida na MotoGP, Jorge tem apenas 24 anos e está apenas em sua segunda temporada na categoria principal. Mesmo Pol Espargaró largando muito bem, a disputa pela vitória ficou exclusiva aos dois. Martin tomou a ponta na largada, mas Aleix não saía do seu encalço. Com a Aprilia mostrando uma força incrível nos poucos testes por problemas logísticos, a sensação era que Aleix apenas esperava os pneus de Martin acabarem para dar o bote no fim da corrida. Porém, o piloto da Aprilia não estava acostumado a disputas por vitórias, afinal, seu último triunfo datava do distante ano de 2004, quando ainda competia no campeonato espanhol das 125cc. Como esperado, Martin derreteu seus pneus e Espargaró lutou na forte freada no final da reta oposta para consumar a ultrapassagem na terceira tentativa e ir até a bandeirada para fazer história. A Aprilia já foi muito forte nos anos dos Mundiais das 125cc e 250cc, mas com o advento da Moto2 e Moto3, a fábrica italiana até se mudou para Mundial de Superbike com sucesso, particularmente com Max Biaggi. Debaixo do guarda-chuva do Grupo Piaggio, a mesma dona da Ducati, a Aprilia retornou à MotoGP após muitos anos de ausência e depois de muita luta, finalmente a marca italiana venceu na MotoGP.
O equilíbrio da MotoGP em 2022 é tamanho que Aleix não apenas ganhou sua primeira corrida no Mundial e fez história com a Aprilia, como assumiu a liderança do campeonato. Os dois primeiros vencedores (Bastianini e Miguel Oliveira) estiveram longe de qualquer luta por vitória hoje, enquanto outras protagonistas sofreram. Pol Espagaró largou bem e estava em terceiro, liderando o esforço da Honda que terá Marc Márquez mais uma vez de fora de algumas prova por diplopia, quando caiu. Ao menos ele se emocionou com a bela vitória do irmão mais velho. Enquanto Martin lutava pela vitória, os pilotos de fábrica da Ducati sofriam. Bagnaia ultrapassou Maverick Viñales para ser quinto nas últimas voltas, enquanto Jack Miller fazia outra corrida sofrível. A Yamaha continua em seu calvário e Quartararo só conseguiu um oitavo lugar bem apagado, enquanto as demais motos da marca de Hamamatsu foram ainda piores. Muito preocupante para a Yamaha não ser possível dar uma moto para o atual campeão defender seu título. A KTM vai se salvando com Brad Binder que com o sexto lugar, subiu para a vice-liderança do campeonato e apenas uma subida no pódio. Após corridas abaixo das expectativas, a Suzuki foi bem na Argentina e Alex Rins fechou o pódio já próximo de Martin, com Joan Mir logo atrás.
Num campeonato tão aleatório, apostar num próximo vencedor da MotoGP é uma verdadeira temeridade. Ou alguém poderia prever que um piloto da Aprilia seria líder do campeonato, seguido por Brad Binder da KTM e Enea Bastianini, que corre com uma Ducati 2021? Sem grandes referências e Quartararo sofrendo com sua Yamaha, alguns pilotos que não são muito cotados estão conseguindo resultados inesperados. Aleix Espargaró ralou muito, mas conseguiu sua melhor corrida na carreira, mas é viável em apostar no espanhol da Aprilia como campeão? Ou até mesmo vencedor da próxima corrida em sete dias em Austin? Impossível dizer, mas o que dá para apostar sem sombra de dúvida é que Aleix trabalhará bastante para se manter entre os primeiros.
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