Mesmo quando Max Verstappen estava na pista, a diferença para Charles Leclerc era grande. O monegasco dominou como nos bons tempos ferraristas de Michael Schumacher e a junção de mais um abandono de Verstappen e o sofrimento da Mercedes (apesar do pódio), Leclerc começa a abrir uma diferença interessante no campeonato e se tornar o grande favorito ao título de 2022. Pérez ainda salvou a honra da Red Bull em outro final de semana problemático para o time dos energéticos e Russell se aproveitou de um Safety Car na hora certa para superar Hamilton e garantir seu primeiro pódio com a Mercedes.
A corrida em Melbourne não foi das mais emocionantes, algo que já acontecia com frequência no traçado antigo. Mesmo com a eliminação da chicane no setor dois e o alargamento de várias curvas, a pista de rua australiana continuou difícil de ultrapassar, mas Leclerc simplesmente ignorou isso. O piloto da Ferrari mandou na corrida como quis e o único susto de Charles foi numa relargada, quando escorregou na saída da última curva e foi atacado por Max Verstappen na reta dos boxes, mas rapidamente Leclerc controlou a situação, assim como fez em toda a prova. A diferença de ritmo de Leclerc para Max era em torno de meio segundo por volta e Verstappen entrou na mesma situação que sofria até 2020, onde por mais que se esforçasse, não era o suficiente para vencer. Para piorar as coisas, Verstappen largou sabendo de um problema em seu carro e já no final da prova o neerlandês encostou seu Red Bull para abandonar pela segunda vez em três corridas, colocando-o numa incômoda sexta posição no campeonato e longe, muito longe do líder inconteste do certame, o até agora dominador Charles Leclerc. O domingo ferrarista só não foi melhor por causa da péssima e curta corrida de Carlos Sainz. O espanhol largou mal, teve dificuldades em aquecer os pneus duros e perdeu ainda mais posições na primeira volta. Quando finalmente a corrida de Sainz iria assentar, o espanhol errou sozinho no Esse de alta velocidade e quase provocou uma grave acidente quando saiu da pista no meio do pelotão. Felizmente Sainz foi a única vítima, mas com um começo de campeonato tão hesitante, enquanto seu companheiro de equipe faz o que quer com a concorrência, Sainz fica numa posição de inferioridade dentro da Ferrari, onde o adjetivo de 'segundo piloto' fica ainda mais forte na testa do espanhol.
O abandono de Verstappen foi outro soco no estômago da Red Bull, que mesmo tendo um ótimo motor, sofre com a confiabilidade da primeira unidade de potência que pode chamar de sua. Nesse momento Max tem apenas os pontos da vitória conquistada na Arábia Saudita, mas os potenciais 36 pontos perdidos nos dois abandonos podem ser decisivos, mesmo o campeonato mal tendo começado. Menos mal que Sérgio Pérez salvou a lavoura austríaca e conseguiu um distante segundo lugar. O mexicano fez outra corrida ao seu estilo, onde Pérez entra numa enrascada e depois vai conseguindo belas ultrapassagens para se recuperar. Checo largou mal e teve que lutar com Hamilton, que lhe tomou o terceiro lugar na largada. Foi uma bela ultrapassagem, mas nas paradas de boxes, a Mercedes conseguiu colocar Lewis na frente e novamente Pérez teve que enfrentar o multi-campeão para retomar a posição. A briga estava muito bonita, mas terminou com o segundo SC e Pérez teria pela frente a outra Mercedes, também ultrapassando Russell após longa disputa com o jovem inglês. Preocupado com o problema de Max, Pérez apenas levou o carro para casa e o pódio, mas a falta de confiabilidade da Red Bull a coloca apenas em terceiro no Mundial de Construtores, o que não significa a realidade da situação de forças atuais da F1. A Mercedes mitigou bastante o prejuízo nesse domingo e marcou bons pontos com seus dois pilotos, permanecendo em segundo lugar nos dois campeonatos. Sim, George Russell não apenas superou Hamilton por causa do SC como que o seu pódio, juntamente com a consistência nesse ano, faz de George o vice-líder do campeonato. No entanto Russell não brilhou em nenhuma das três corridas e se não fosse a batida de Vettel e o consequente Safety Car, George teria sido quinto colocado. Hamilton ousou na largada, imprimiu um ritmo interessante numa Mercedes ainda carente de equilíbrio e quando se preparava para lutar com Pérez, foi acertado pelo SC fora de hora e teve que se contentar com a quarta posição.
Falando no pelotão intermediário, precisamos falar de Sebastian Vettel. Desde a fatídica corrida em Hockenheim em 2018, quando Vettel bateu quando liderava a corrida e o campeonato, o alemão nunca mais reconquistou a confiança necessária para manter o alto nível que mostrou outras vezes. E em qualquer esporte, a confiança faz bastante diferença. Vettel está casado, tem três filhos e age de forma legal fora das pistas, mas isso parece afetar o foco do alemão, que deveria ser na pista e melhorar sempre. Vettel é uma sombra de si próprio e em Melbourne cometeu dois erros que afetou ainda mais o final de semana da Aston Martin, que depende de Seb para conquistar bons resultados. Já que Lance Stroll é um caso quase perdido. Vettel irá completar 35 anos e talvez veja o final de sua carreira cada vez mais próximo e cometendo erros como os desses três dias na Austrália, a última impressão que ficará será de um piloto decadente e errático, bem diferente do ótimo piloto que destruía quando tinha uma boa máquina nas mãos.
Depois de um final de semana horroroso no Bahrein e uma melhora na Arábia Saudita, a McLaren se recuperou muito bem na Austrália e levou seus dois carros ao quinto e sexto lugares sem maiores problemas. Na verdade, por muito tempo Norris e Ricciardo andaram próximos da Mercedes de Russell, mas quando colocaram pneus duros, a McLaren ficou para trás, mas longe de ser atacada pela Alpine, sua mais forte perseguidora. Após uma classificação potencialmente mágica, Fernando Alonso teve uma corrida bem abaixo do esperado. Largando com pneus duros, Alonso acabou atrapalhado pelas intervenções do SC real e virtual, acabando no meio do pelotão com pneus médios novos, mas sem condições de ultrapassar ninguém. Com os pneus superaquecidos, Alonso desistiu de qualquer coisa e fez uma parada para marcar a melhor volta. Nem isso conseguiu. Ocon fez uma corrida discretíssima, onde ficou um terço da prova atrás da Williams de Alexander Albon sem conseguir ultrapassar um piloto que fez a prova inteira com um set de pneus. Pelo menos o francês marcou pontos, algo que Albon também o fez, para júbilo da Williams. Arriscando uma tática maluca, Albon parou na penúltima volta para colocar macios após os pneus duros durarem a prova inteira. No final a aposta se pagou e Albon conseguiu o primeiro ponto da Williams no ano, ficando atrás de Bottas e Gasly, que completaram a zona de pontuação. A Haas não repetiu as boas exibições das corridas anteriores e seus dois pilotos ficaram fora da zona de pontos, enquanto Stroll segurou por muito tempo (e de forma inconsequente) uma fila de carros, atrapalhando a estratégia de muita gente. Resumindo, Stroll está na F1 apenas para atrapalhar...
A F1 pode ter encontrado um novo dono em 2022. Charles Leclerc não teve um ano brilhante em 2021 e ter sido superado por Carlos Sainz já colocavam dúvidas da capacidade do monegasco, mas quando pegou um carro realmente forte esse ano, Leclerc está mostrando toda a plenitude de sua capacidade. Mais um hat-trick para Leclerc e liderança incontestável do campeonato. O bastão da liderança simplesmente mudou de mãos? Verstappen, se a Red Bull deixar, tentará mudar isso.
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