domingo, 31 de julho de 2022

Facilitador

 


Quando lembrarmos da temporada 2022 da F1, provavelmente olharemos como Max Verstappen se tornou um piloto ainda mais completo depois de sua luta renhida com Hamilton ano passado, onde juntou à sua incrível velocidade, uma maturidade que o faz conseguir resultados muitas vezes fora dos padrões, como hoje, quando largou em décimo, rodou e ainda assim venceu com uma vantagem de 10s. Uma corrida de campeão ou melhor dizendo, de um digno bicampeão. Porém, quando formos dar uma olhada com mais cuidado para 2022, podemos perceber que Verstappen teve uma atenuante que facilitou bastante sua vida. E não foi a Red Bull. É impressionante a quantidade de tiros no pé que a Ferrari deu e continua dando nessa temporada, entregando pontos importantes para um quase imparável Verstappen. Hoje os italianos cometeram um erro estratégico bizarro com Leclerc, que tinha tudo para vencer a corrida e graças aos táticos da Ferrari, acabou numa opaca sexta posição.


O Grande Prêmio da Hungria viveu a expectativa de uma chuva que poderia vir a qualquer momento. Os radares meteorológicos eram mostrados várias vezes na transmissão, onde uma chuva na hora errada poderia ser decisivo na prova. Outro ponto era observar o comportamento de George Russell como poleman. E o jovem inglês da Mercedes se comportou muitíssimo bem nessa situação. O primeiro stint de Russell foi impecável, controlando a dupla da Ferrari sem maiores problemas, enquanto mais atrás ocorriam a recuperação decisiva de dois pilotos que tiveram problemas na classificação. Max Verstappen sofreu com problemas de motor e após uma largada limpa, começou a fazer várias ultrapassagens, deixando para trás a dupla da Alpine e Lando Norris, antes de ficar atrás de Hamilton. O inglês da Mercedes viu seu companheiro de equipe ficar com a pole, mas Hamilton teve problemas no seu DRS que o impossibilitou de largar mais à frente do que sua pálida sétima posição. Lewis fez uma super largada, superando as duas Alpines, mais preocupadas em lutar entre si e acabando por estender o tapete para Hamilton assumir a quinta posição e logo depois Lewis ultrapassou seu compatriota Norris para ser quarto, bem no momento das primeiras paradas. O clima estava frio e com muito vento em Budapeste, fazendo com que o asfalto estivesse gelado e clamando para uma borracha mais aderente. Russell largou com pneus macios e quando teve que trocar para médios, rapidamente foi atacado por Leclerc, que retardou sua parada e 'ultrapassou' nos pits um sorumbático Sainz. Charles imediatamente foi para cima de Russell, efetuando uma bela ultrapassagem sobre o inglês. Bela, mas anos-luz atrás da manobra de Piquet em Senna em 1986...


Ao ultrapassar Russell, Leclerc começou a abrir vantagem no que parecia uma resposta pelo erro que teve semana passada na França. Verstappen já tinha despachado Hamilton e se aproximava de Sainz para brigar pelo segundo lugar, já que o espanhol encostava também em Russell. Enquanto os pingos de chuva ficavam mais intensos, colocando ainda mais dúvidas na cabeça dos engenheiros nos boxes, a Ferrari começou sua operação de auto-sabotagem. Verstappen e Russell fizeram suas paradas de número dois, colocando pneus médios e indicando que iam até o final com essa borracha. A má parada de Russell somada a tática perfeita da Red Bull colocou Max na frente. O que pensou a Ferrari: tenho que responder a parada dos dois. No entanto, por ordem do regulamento, a Ferrari teria que colocar ou pneu duro ou macio no carro de Leclerc. Com muitas voltas a percorrer, a Ferrari açodadamente chamou Charles para colocar pneus duros. Como ficou nítido com a outra Ferrari, bastava deixar Leclerc algumas voltas a mais na pista e colocar os pneus macios e tudo seria mais prático. A Alpine foi uma a optar por uma estratégia de parada única e colocou pneus duros em seus dois carros beligerantes. Foi o caos, com Alonso e Ocon sem nenhuma aderência e sendo ultrapassados por vários carros. Os fatos estavam na cara dos estrategistas italianos, mas eles preferiram evitar um undercut e acabaram fazendo a besteira do final de semana. Completamente sem aderência, Leclerc viu Verstappen o ultrapassar com uma facilidade desconcertante. Talvez querendo dar um pouquinho mais de emoção, Max cometeu um raro erro e deu um 360 na penúltima curva, mas acabou perdendo só a posição para um desalentado Leclerc. A segunda e decisiva ultrapassagem não demoraria a acontecer. Com pneus médios e um ritmo ainda mais seguro, Verstappen partiu impávido para mais uma vitória e colocar gigantescos oitenta pontos no lombo de um sofrido Leclerc, que precisou fazer uma terceira parada para perder ainda mais terreno, trocando uma vitória certa por um horroroso sexto lugar.

Mattia Binotto foi visto indo para os fundos boxes com cara de poucos amigos. Se ele foi emular seus estrategistas no banheiro, não se sabe, mas provavelmente ele foi procurar saber o que cazzo os táticos estavam fazendo! A Ferrari saiu de favorito ao título no começo do ano a entregadora do ano, seja com erros dos seus pilotos, problemas de confiabilidade ou erros táticos inacreditáveis. As tintas dos jornais italianos estarão pesadas amanhã e com razão, enquanto a turma de Christian Horner sorri debaixo do pódio com mais uma vitória de Verstappen. Mesmo com Pérez fazendo uma corrida burocrática, dificilmente os austríacos perderão os dois títulos em contenda e com o anúncio de que a Porsche comprará 50% da equipe nos próximos meses, o futuro da equipe é belo, mesmo com a empresa Red Bull podendo estar de saída para a entrada da gigante montadora alemã. Enquanto isso, a equipe segue dando shows de eficiência tática, entregando às mãos habilidosas de Verstappen sempre a melhor solução para as corridas. Com o triunfo de hoje, Max já tem mais vitórias do que Jackie Stewart e vai colocando seu nome entre os grandes da F1. Nem em seu período de domínio a Red Bull fez dobradinha no Mundial de Pilotos, mas apesar da corrida medíocre de Pérez, o mexicano encostou ainda mais em Leclerc no campeonato. Do jeito que está, o monegasco deverá se conformar em segurar essa posição mesmo. São erros demais, de parte a parte, para uma equipe e piloto quererem ser campeões. Com os erros contínuos da turma de Maranello, fica claro que a Red Bull tem a Mercedes como uma adversária mais forte. Os alemães foram muito bem com seus dois pilotos e se Russell decaiu com os pneus médios, Hamilton cresceu de forma exponencial no fim da corrida. No terceiro stint com pneus médios, os mesmos do primeiro stint, Lewis se tornou o piloto mais rápido do dia, engolindo Sainz e Russell para ser segundo pela segunda corrida consecutiva, se recuperando de um campeonato que já beirava o ridículo no começo, enquanto Russell continua sua temporada sólida, com mais um pódio e ultrapassando Sainz no campeonato.


Na briga pelo resto, melhor para Lando Norris, que teve a péssima experiência de usar os pneus duros, mas ainda se manteve em sétimo, mas um minuto atrás dos líderes. A diferença entre as equipes tops e as demais só vai crescendo. Assim como a diferença entre os dois pilotos da McLaren, com Ricciardo fazendo outra corrida esquecível. Após uma briga forte, a dupla da Alpine marcou pontos com seus dois pilotos, Alonso à frente de Ocon e com algumas reclamações via rádio, lembrando que ser companheiro de equipe de Ocon não é a coisa mais agradável do mundo. Vettel fechou a zona de pontuação após ultrapassar Stroll nas últimas voltas. Numa corrida com apenas um abandono (de Bottas nas voltas finais), não houve margem para surpresas. Gasly largou dos pits para ser décimo segundo, enquanto Haas e Alfa Romeo bem que poderiam ter avisado à Ferrari que usar pneus duros hoje em Hungaroring não era uma boa ideia, pois elas também fizeram isso com seus pilotos e o resultado não foi nada bom. Tsunoda cometeu seu erro usual e as Williams não comprometeram ao tomar voltas.


A F1 entrará para as suas férias de verão com o título se encaminhando à passos largos para Max Verstappen. Mesmo quando erra, Max ainda consegue ficar na pista para marcar a volta mais rápida e ultrapassar na passagem seguinte. Verstappen tem uma equipe experiente e fortíssima lhe apoiando, onde erros são difíceis de acontecer. Mais do que isso, Verstappen e a Red Bull veem a Ferrari mais como uma facilitadora do que uma rival rumo a mais um título. 

sábado, 30 de julho de 2022

Dia das surpresas

 


A previsão para o sábado em Budapeste era de chuva e sabia-se disso desde o começo da semana, com riscos menores no domingo. Porém, não poderia se imaginar um dia marcado com tantas surpresas como hoje. No terceiro treino livre, com pista molhada, praticamente o grid inteiro saiu para marcar tempos com pneus intermediários no finalzinho do tempo regulamentar e o criticado Nicholas Latifi ficou com o melhor tempo, para espanto de toda a F1, começando com o próprio Latifi. Porém, o tempo abriu um pouco e a classificação foi com pista seca e um pouco de sol. Fim das surpresas? Não! A Ferrari já se preparava para iniciar a sua comemoração de mais uma dobradinha em 2022, quando George Russell saiu do nada para superar Sainz no último momento e marcar a primeira pole do jovem inglês.

Se era esperado chuva o dia inteiro em Budapeste, a previsão não se confirmou à tarde e a classificação ocorreu com piso seco, mas com os pilotos tateando numa situação que não tinham testado ainda. E por isso as surpresas começaram cedo. Vettel, grande estrela do final de semana por causa do seu anúncio de aposentadoria na quinta-feira, ficou ainda no Q1 numa rara ocasião onde foi superado por Stroll, enquanto Gasly teve seu melhor tempo anulado pelos famigerados 'track limits' e ficou em penúltimo. A carruagem de Latifi virou abobora quando ele ficou com o seu usual último lugar, mesmo tendo feito o melhor tempo na primeira parcial, mas o canadense já tinha dado o seu recado nesse final de semana. Veio o Q2 e a continuação da má fase de Sergio Pérez, totalmente fora de ritmo em Hungaroring e mesmo tendo sua melhor volta re-estabelecida, o mexicano não foi para o Q3, numa situação chata para quem usa um Red Bull, mas a situação da equipe pioraria mais tarde.

Max Verstappen errou em sua primeira tentativa no Q3 e teve problemas de potência na segunda, o relegando ao décimo posto. Ótimas notícias para a Ferrari, que tinha tudo para completar a primeira fila, mesmo que com Carlos Sainz na ponta. Até então a Mercedes tinha feito um final de semana bem regular, com Russell e Hamilton andando sempre próximos e com a evolução do carro, com ambos figurando nas primeiras posições. Se havia algum candidato a surpresa seria Lando Norris, sempre muito forte com sua McLaren, mas nas tentativas derradeiras, Leclerc e Sainz melhoraram seus tempos de forma que parecia definitiva. O espanhol já deveria se preparar para soltar o Smooth Operator, quando Russell apareceu com parciais muito próximas de Sainz e completou a volta ligeiramente à frente de Carlos, significando a primeira pole da Mercedes em 2022 e a primeira de George, que vibrou bastante pelo rádio. 

Centrado, Russell gritou e comemorou muito, mas rapidamente lembrou que 'os pontos são marcados no domingo'. Hamilton vinha em boa volta, mas acabou abortando e teve que se contentar com uma pálida sétima posição. Mais pálidos estavam os pilotos da Ferrari. Sainz mal podia esconder sua frustração em perder a pole, enquanto Leclerc sabia que uma inversão de posições ficou mais complicado com Russell embolado com eles amanhã. E o monegasco sabe da importância de aproveitar um dia ruim de Verstappen. Completando o rol das surpresas, Norris foi quarto e a Alpine completa a terceira fila. Com uma pista historicamente complicada de se ultrapassar, a corrida de amanhã deverá ser das mais interessantes. Lembrando ainda da instabilidade climática nesse final de semana. Porém, Russell terá o resto do dia para comemorar seu feito.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Das Ende

 


Num movimento pouco usual, Sebastian Vettel entrou de forma relutante nas Redes Sociais, algo que o alemão sempre falou que detestava. O motivo dessa entrada, de uma forma ou de outra, foi descoberta nessa manhã. Num emocionante texto em inglês e alemão, Sebastian Vettel anunciou sua aposentadoria da F1 no final dessa temporada, aos 35 anos.

O que lembraremos de Sebastian Vettel? Do piloto doutrinador do começo dos anos 2010 ou o piloto de certa forma melancólico dos últimos anos? Se a última impressão é a que fica, será uma injustiça com um piloto que parecia imbatível anos atrás. Vettel quebrou alguns recordes que olhando em retrospectiva, o colocam entre os grandes da história da F1, mesmo que devido à algumas condições que convergiram para o seu estilo de pilotagem e de trabalhar, fazendo-o conquistar quatro títulos consecutivos. Dos quatro triunfos, dois foram bem renhidos e os outros dois foram conquistados com imensa tranquilidade. Em 2011 e 2013, Vettel desfilou na F1, conquistando vitórias em cima de vitórias, algumas com uma facilidade desconcertante. Desde novo conhecido como 'Baby Schummy', Vettel parecia fadado a ser ele quem quebraria os recordes do seu compatriota. Ainda mais com suas vitórias em 2010 e 2012, onde derrotou Alonso por muito pouco e de forma dramática. Ninguém vence Alonso duas vezes de forma fortuita. Vettel teve méritos, mesmo que para muitos, principalmente em 2012, o alemão tivesse o melhor carro, fazendo com que Alonso dissesse que o vencedor daqueles anos teria sido Adryan Newey, o mago da aerodinâmica e o homem atrás dos carros da Red Bull.

E essa sensação aumentou com a chegada da Era Híbrida e o começo do domínio da Mercedes. Por mais que Vettel não tivesse muito o que fazer com tamanha vantagem da Mercedes, sua atuação na Red Bull frente ao novato Daniel Ricciardo chamou a atenção dos críticos. Quando esteve ao lado de Mark Webber, Vettel soube dominar o australiano usando seu talento, assim como dominava dentro da Red Bull. Com sangue novo ao seu lado, Vettel não se deu muito bem com um piloto mais novo e muito rápido. Isso desmotivou Vettel dentro da Red Bull e acendeu um antigo sonho de seguir os passos do ídolo Michael Schumacher. Assim como o compatriota, Vettel saiu da sua zona de conforto e foi para a Ferrari, liderar a equipe frente ao domínio da Mercedes. Vettel chegou como piloto número um e por duas temporadas, chegou a enfrentar Hamilton e a Mercedes. Por sinal, por muito tempo era esperado um confronto entre Vettel e Hamilton, dois dos pilotos mais talentosos que surgiram em meados dos anos 2000. Ambos já contando com títulos, mas de estilos bem distintos, seria um encontro épico. Infelizmente, ficou na expectativa. Hamilton usou a experiência da dolorida derrota para Nico Rosberg e toda a potência da Mercedes para derrotar a Ferrari e Vettel sem muita briga.

Para piorar, houve um episódio que pode ser colocado como um turning point para Sebastian Vettel. O alemão vinha de uma vitória em Silverstone, lugar onde Hamilton sempre andou muito bem e após derrotar o inglês, Seb foi para Hockenheim com expectativa de vencer e se consolidar como líder do campeonato de 2018. Correndo em casa, Vettel liderava, enquanto Hamilton fazia uma tremenda corrida de recuperação quando uma chuva fina começou a cair. Vettel, tendo vencido sua primeira corrida de F1 na Toro Rosso num final de semana chuvoso em Monza, parecia que não teria problemas com essa situação, mas Sebastian acabou saindo da pista sozinho no setor do Estádio, na frente de sua torcida. Hamilton venceu rumo ao quinto título, enquanto Vettel entrou numa espiral negativa e de repente se tornou um piloto errático, com várias saídas de pista e atuações decepcionantes. A política sempre efervescente da Ferrari começava a duvidar de Vettel. O alemão tinha ao seu lado Kimi Raikkonen, um piloto que era não apenas amigo de Vettel, como também era uma pessoa mais controlável, como era Webber nos tempos de Red Bull. A Ferrari decidiu substituir Kimi, para insatisfação de Vettel, e trouxe o jovem Charles Leclerc. Assim como Ricciardo em 2014, Leclerc teve um efeito parecido com Vettel. Um jovem piloto protegido pela equipe chegando e querendo mostrar serviço. Vettel foi definhando cada vez mais. Erros e toques com Leclerc foi minando a confiança do alemão.

Enquanto isso, Vettel passou a ter uma visão mais holística da vida, entrando de cabeça em causas sociais e ambientais. Se as vitórias rarearam, Vettel passou a ter tempo de olhar para outras coisas fora das pistas, apoiando Hamilton em sua luta por inclusão e igualdade. Dentro das pistas, Vettel cada vez mais era uma sombra de si e após seis anos de Ferrari, ele se mudou para a Aston Martin, que retornava na F1 após vários anos, mas que na verdade é um projeto de Lawrence Stroll para ver seu filho ser campeão. Algo que nunca deverá acontecer não por falta de dinheiro e empenho, mas por fraqueza de Lance. Após treze anos Vettel voltava a uma equipe média, mesmo que com muito potencial, porém, isso não fez do alemão um piloto mais combativo. Aqui e ali, Seb conseguia mostrar sua antiga magia, mas isso estava virando mais exceção do que regra. Construída em torno de um piloto fraco, a Aston Martin não desabrochou como esperado e Vettel via que correr à sombra de Lance Stroll era demais para ele, mesmo Sebastian sendo obviamente melhor e mais rápido do que o canadense. As fechadas que levou do fedelho na França na última semana deve ter tirado de vez a paciência do alemão. 

Após dizer que tinha tudo para renovar com a Aston Martin, Vettel abriu um Instagram para anunciar sua aposentadoria, iniciando uma queda de dominós no mercado de pilotos. Com uma vaga sobrando, talvez surja a oportunidade de Oscar Piastri, enquanto Alonso poderá ficar mais um ano na F1. 

O anúncio de Vettel fez com que homenagens brotassem de toda a F1. Mesmo tendo dominado a F1, Vettel parece ser uma pessoa do bem e afável, fazendo-o bastante popular no paddock da F1. Além da causas que abraçou nos últimos anos, Vettel tem um grande conhecimento da história da F1, saindo um pouco da alienação de alguns pilotos, que mal sabem da história de onde está. Vettel sempre teve a exata noção de onde esteve e com outra cabeça, focará em outras prioridades. Os números de Vettel entram na verdadeira ciranda da F1 do século 21, com muitas corridas, poucas quebras e domínios. Vettel se aproveitou muito bem dos seus anos de Red Bull e foi imbatível quando teve as condições certas a seu favor, marcando seu nome na história do esporte a motor.

Danke, Sebastian!

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Figura(FRA): Mercedes

 Ainda não está onde eles queriam estar, mas lembrando onde a Mercedes estava metida faz pouco tempo, o duplo pódio em Paul Ricard é um alívio e tanto, além de demonstrar que os alemães estão no caminho certo para, se houver uma boa conjuntura, ainda poderão vencer em 2022. Ainda falta ritmo em comparação à Red Bull e Ferrari, principalmente na classificação, mas no trem de corrida a Mercedes já consegue ficar próximo das duas equipes líderes, principalmente com os dois segundos pilotos. Hamilton ultrapassou Sergio Pérez ainda na largada e segurou o ímpeto do mexicano sem maiores dramas, o mesmo fazendo Russell no final da corrida no inacreditável erro de Pérez na relargada do VSC. Hamilton conquistou seu quarto pódio consecutivo e aos poucos vai retomando sua confiança, que é tão importante para um esportista e Lewis estava devendo em 2022. Já Russell vai fazendo um certame incrivelmente sólido, mantendo uma regularidade impressionante nesse seu primeiro ano na Mercedes. Com o carro evoluindo e dois pilotos fortíssimos, a Mercedes pode não conquistar o título desse ano, mas já passa longe de fazer feio em toda a temporada 2022.

Figurão(FRA): Charles Leclerc

 Como falado ontem no título da crônica da corrida... o que eu vou dizer lá em casa, Leclerc? Parodiando a lenda Sílvio Luiz, foi inacreditável ver um piloto tão forte e capaz como Charles Leclerc sucumbir dessa forma, entregando não apenas vinte e cinco pontos à Max Verstappen, como podendo ter entregue o bicampeonato ao neerlandês da Red Bull. Sua respiração ofegante e os gritos pelo rádio mostram toda a frustração de Charles, vendo o título escorrer pelos dedos de forma tão fácil e por culpa dele. A frase de Leclerc tentando explicar o inexplicável é bem ilustrativa: "Correndo dessa forma, não mereço ser campeão". 

domingo, 24 de julho de 2022

O que eu vou dizer lá em casa, Newgarden?


 Após sua vitória ontem na primeira corrida no oval curtíssimo de Iowa, Josef Newgarden tinha tudo para reestabelecer a verdade no campeonato da Indy nesse domingo. Largando igualmente em segundo, Newgarden esperou o primeiro stint para ultrapassar o companheiro de equipe Will Power e dominar a corrida, do mesmo jeito de ontem. Na entrevista que deu depois do seu triunfo nesse sábado, Newgarden falou que faltava consistência para realmente brigar pelo título. Pois bem, quando a reta final da corrida se aproximava, Josef viu a traseira do seu carro ter algo quebrado e o americano da Penske se estatelou no muro, acabando com seus sonhos de vitória e dificultando sua situação no campeonato. 

Mesmo não tendo sido culpa de Newgarden, o seu abandono foi tão cruel como o visto pela manhã com Charles Leclerc. Assim como o piloto da Ferrari, Newgarden poderia estar, no mínimo, mais próximo do líder do campeonato se não fossem alguns erros tantos deles, como da Penske. No caso de hoje, a culpa recai na equipe, que viu algo quebrar na traseira e destruir um final de semana quase perfeito de Newgarden, que o colocaria merecidamente na ponta da tabela. Quem se aproveitou disso tudo foi Pato O'Ward. Notícias vindas da França indicam a permanência de Daniel Ricciardo na equipe McLaren da F1, mesmo o australiano fazendo sua segunda temporada abaixo da crítica na equipe. Mesmo assim O'Ward não baixou a guarda. Vindo de corridas com resultados abaixo do potencial do seu conjunto, O'Ward teve um bom final de semana em Iowa, onde foi segundo ontem e hoje se aproveitou do azar de Newgarden para uma vitória que o deixa com a mesma pontuação de Josef, mesmo que com uma vitória a menos.

Quem vibrou com tudo isso foi Marcus Ericsson. O piloto da Ganassi fez um final de semana para pontuar em Iowa, conseguindo dois top-10 numa pista em que a Penske dominou, mas Ericsson ainda saiu na frente da tabela, mesmo com Will Power, com dois pódios nesse final de semana, bem próximo. Destaque para a boa corrida de Jimmie Johnson, que ultrapassou Ericsson nas voltas finais para conquistar um quinto lugar, sua melhor posição na Indy, mostrando que a lenda da Nascar só funciona mesmo nos ovais. Já Ericsson, que se viu próximo de levar uma volta duas vezes e em ambas foi salvo por uma bandeira amarela, vai fazendo um campeonato longe de ser brilhante, mas sem sombras de dúvidas, bem eficaz, marcando pontos em meio ao turbilhão que é o ambiente interno da Ganassi. Power tentará salvar a honra da Penske, enquanto Newgarden, que falou em choro na entrevista pós-acidente, tentará juntar os cacos e dar uma arrancada nessa parte final de campeonato.

O que eu vou dizer lá em casa, Leclerc?

 


A comparação é inevitável. Charles Leclerc mantinha uma suada primeira posição, tendo Max Verstappen como seu principal rival e qualquer erro, o neerlandês da Red Bull tomaria a ponta do piloto da Ferrari. Leclerc liderava naquele momento sozinho, pois Verstappen tinha acabado de fazer sua parada. Então, do nada, se viu uma Ferrari espetada no muro. Assim como ocorreu em Hockenheim em 2018. Vettel ainda liderava o campeonato naquela ocasião e sua saída de pista bem na frente do seu público foi um turning point não apenas daquele campeonato, mas também da carreira de Sebastian. A partir daí, Vettel nunca mais foi o mesmo piloto que encantou a F1 no começo da década de 2010. Leclerc já havia perdido vitórias em 2022 e por isso não liderava o certame desse ano, mas no terceiro abandono de Charles, ele não pode culpar a Ferrari. E também não estava chovendo, como ocorrera quatro anos atrás no caso de Vettel. Se em 2018 Hamilton pavimentava seu caminho rumo ao seu quinto título, Verstappen começa a fazer uma conta mental de quantas provas faltam para ele conseguir seu segundo título.


Como esperado, um calor quixadaense se abateu em Le Castellet, com os termômetros marcando 31,5º na reta dos boxes de Paul Ricard, que segundo consta, recebeu sua última corrida na F1. Apesar da França ser um estrado tradicional da F1, sempre faltou um palco que os gauleses pudessem chamar de seu, tanto que vários circuitos receberam o circo da F1. Mesmo com estruturas ainda modernas, as caixas de escapes eternas e coloridas, mais a terrível chicane no meio da Mistral fez de Paul Ricard não entrar no gosto de pilotos e público, mesmo a pista estando bem parecida com a antiga. Com cada vez mais países querendo entrar no calendário da F1 colocando muito dinheiro, os franceses, que batizaram o 'Grand Prix', ficarão novamente sem corrida a partir de 2023, repetindo o que ocorre com a Alemanha, mesmo tendo equipe e pilotos na F1 atual. Porém, pelo o que foi visto em Paul Ricard, a pista não fará tanta falta assim. O forte calor no asfalto fez com que a maioria dos pilotos abrandassem o ritmo, com receio do desgaste de pneus e por isso, as brigas foram pontuais, sendo que a principal, pela vitória, estava bipolarizada entre Charles Leclerc e Max Verstappen. Correndo praticamente em casa, o monegasco largou muito bem e não teve trabalho para se manter na ponta, com Max tendo um pouquinho de labuta para segurar os ataques de Hamilton, que ultrapassou um sorumbático Sergio Pérez no apagar das cinco luzes vermelhas. 


Desde ontem se sabia que Ferrari e Red Bull tinham optado por diferentes acertos em seus carros, com a Ferrari preferindo mais pressão aerodinâmica para cuidar dos pneus, enquanto a Red Bull escolheu correr com menos asa e ser mais rápida nas retas. Quando Max encostou em Charles nas primeiras voltas, era esperado que o representante da Red Bull voasse para cima da Ferrari, mas Leclerc se portou muito bem frente aos ataques de Verstappen, que quando percebeu que seus ataques não teriam maiores êxitos na pista, tratou de fazer o que a maioria estava fazendo: poupar os pneus. À essa altura, a dupla da frente já tinha 6s de vantagem para Hamilton, que foi atacado por Pérez, mas o mexicano emulou a estratégia do companheiro de equipe e ficou na sua, poupando borracha. Quando alguns carros do pelotão de trás começaram a visitar os pits, Verstappen foi para os boxes colocar pneus duros, teoricamente, para não mais troca-los. O motivo era a nova saída de boxe, muito longa e que aumentou mais em alguns segundos todo o procedimento de parada. Por exemplo, derrubando Max para sexto, atrás de Norris. Como os pneus duros não estavam tão eficientes como esperado, a Ferrari resolveu deixar Leclerc na pista, lembrando que Charles tinha pouco mais de 2s de frente quando Max parou. Porém, tudo foi por água abaixo na volta 18. No final da pequena reta após a chicane, Leclerc errou na rápida curva onde o piloto trabalha bastante o pedal, perdeu o controle do carro e foi para o muro de pneus. A forma como Leclerc gritava e arfava no rádio mostrava bem a frustração do piloto. Primeiro se desconfiou do acelerador da Ferrari, algo que já havia trazido problemas para Leclerc na prova passada, em Silverstone, mas quando Leclerc, ainda cuspindo maribondo, foi falar com a imprensa, ele confirmou que ele havia errado e jogado pela janela uma vitória praticamente em casa, além de entregar 25 pontos inteiros para Verstappen, que após a parada de Leclerc, partiu impávido rumo a sétima vitória do ano e consolidando uma vantagem grande o bastante (65 pontos) para começar a fazer aquelas contas de o que será necessário daqui para frente para ser campeão.


Foi um golpe e tanto para a Ferrari. Além do deprimente abandono de Leclerc, o time via um Carlos Sainz muito forte, que largou com pneus duros e já começava a se aproveitar do desgaste dos pilotos que largaram com pneus médios e escalava o pelotão. Com o Safety-Car trazido pelo incidente de Leclerc, a Ferrari trouxe Sainz para os pits mais cedo do que o programado e colocou, por ordem do regulamento, pneus médios. Faltando mais de dois terços de corrida, era lógico que o espanhol não teria pneus para ter um desempenho decente até o final. Então Sainz aproveitou para fazer duas belas ultrapassagens sobre Russell e Pérez antes de fazer uma necessária segunda parada, para desgosto de Carlos, que várias vezes questionou sua equipe pela tática escolhida. Sainz ainda remou como pôde, marcou a melhor volta, teve uma ligeira esperança com Zhou saindo da pista e estacionando sua Alfa ao lado da pista, o que poderia trazer um SC real, mas apenas o virtual veio, garantindo apenas um quinto lugar para Sainz, num bom esforço para o espanhol, mas que acabou longe de ser suficiente para a Ferrari, que viu a Red Bull abrir ainda mais no Mundial de Construtores. Para melhorar a vida de Verstappen, o terceiro colocado no campeonato estava num dia, digamos, letárgico. Pérez não foi bem nos treinos livres, deu um 'oi' na classificação, mas murchou de novo na corrida. Ultrapassado na largada por Hamilton, Pérez pouco trabalho deu ao inglês, mesmo com a Red Bull voando nas retas, mas o pior estava por vir. Tendo forçado seus pneus na luta com Sainz, Pérez acabou alcançado por Russell, começando uma briga ferrenha pelo último lugar do pódio, inclusive com um ligeiro toque entre eles na chicane da Mistral. Russell não gostou, mas seu troco viria mais tarde e de forma humilhante. Durante o SC virtual, Pérez controlou a distância para Russell, mas na bandeira verde, o mexicano deu uma cochilada inacreditável e George passou voando por ele. Um erro estúpido para um piloto tão experiente como Pérez, que passou as últimas três voltas caçando track limits de Russell e tetando manobras desesperadas para reverter a sua presepada. 


No entanto, Russell segurou muito bem a posição e garantiu seu terceiro pódio no ano, o primeiro junto com Hamilton, que fez uma corrida sólida rumo ao melhor resultado do ano do experiente piloto, que completou 300 GP's hoje, mostrando que a Mercedes está no caminho certo para conseguir pelo menos uma vitória em 2022. Se ainda falta um pouco de ritmo, principalmente na classificação, sobra confiabilidade e a Mercedes conta com dois pilotos incrivelmente fortes, com Hamilton conseguindo seu quarto pódio consecutivo e se aproximando de Russell no campeonato, após um início de ano claudicante. Na briga pelo resto, vitória da Alpine. Fernando Alonso conseguiu uma largada estupenda, pulando para quinto, mas ao ser ultrapassado por Russell, o espanhol não deu chances para a McLaren de Norris e garantiu um bom quinto lugar, contando com o abandono de Leclerc. Ocon também fez uma corrida boa, onde superou uma punição por tocar em Tsunoda no começo da prova e foi sétimo colocado. Empatadas no Mundial de Construtores antes da prova, Alpine e McLaren vinham para um tira-teima e em casa, os franceses se sobressaíram, com os carros laranjas ficando entre os bólidos azuis. Novamente Norris andou bem na frente de Ricciardo, que fez outra corrida opaca, mesmo que em 2023 provavelmente fique na McLaren (da F1). Na briga pelo último ponto, melhor para Stroll, que segurou a pressão de Vettel na última volta. Albon fez o que pôde com sua Williams, Gasly decepcionou em casa, enquanto Alfa Romeo e Haas decepcionaram, assim como sua fornecedora.


Psicologicamente, esse Grande Prêmio da França pode ter um significado e tanto para o campeonato, mesmo com praticamente metade das corridas a serem percorridas. Enquanto Verstappen mantém sua velocidade aliada com sua incrível maturidade e apoio da gigante Red Bull, seus rivais vão caindo um a um. Pérez teve uma corrida esquecível e seu vacilo nas últimas voltas lhe trarão um merecido puxão de orelha. Já Leclerc... O que eu vou dizer lá em casa errando desse jeito Charles? Verstappen agradece.

sábado, 23 de julho de 2022

Valeu Carlos

 


Carlos Sainz chegou à Paulo Ricard sabendo que teria que cumprir uma punição por troca de motor, algo que se tornou ainda mais severo quando a Ferrari resolveu, acertadamente, trocar tudo e o espanhol iria largar no fundo do grid, junto com Kevin Magnussen com o mesmo problema. Para a Ferrari, restava utilizar Sainz da melhor forma para ajudar seu quase xará Leclerc a derrotar a Red Bull na classificação desse sábado. No Q3, Sainz saiu para a pista unicamente com a missão de dar um necessário vácuo à Leclerc e assim foi feito, fazendo o monegasco conseguir sua sétima pole do ano, derrotando com alguma folga Verstappen.

A classificação no escaldante sul da França não teve nada de surpreendente numa pista, que mesmo moderna, ainda não deixou sua marca em sua volta e pode sair da F1 sem deixar muitas saudades, ainda mais com a imoral chicane no meio da reta Mistral. A França é um palco tradicional da F1, mas parece que nenhuma pista satisfaz plenamente pilotos, equipes e público. Falando em pilotos, os gauleses do grid amargaram um sábado bem ruim, onde foram superados pelos companheiros de equipe com folga e sendo desclassificados prematuramente, com Gasly ficando no Q1 e Ocon no Q2. A McLaren mostrou alguma força e Norris separou das duas Mercedes, com Hamilton muito superior à Russell em todo o final de semana.

Na briga pela ponta, havia a sensação de que a Ferrari estava muito forte em ritmo de classificação, enquanto a Red Bull se sobressaía em ritmo de corrida. Pelo menos a primeira parte se confirmou, porém, Leclerc não vinha de um final de semana brilhante, sendo até mesmo superado por Sainz em várias ocasiões nos treinos livres e se não fosse a punição do espanhol, provavelmente Leclerc não estaria comemorando sua pole hoje. Verstappen fez o que pôde, mostrou seu grande potencial, mas teve que se conformar com a segunda posição, enquanto Pérez, que parecia que nem iria ficar na frente das Mercedes, ainda beliscou o terceiro lugar. Para amanhã, o clima será um fator primordial. Fala-se numa das corridas mais quentes da história da F1 e cuidar dos pneus será fundamental, algo que a Red Bull se mostrou superior em vários momentos dessa temporada. Para piorar, dessa vez Leclerc não poderá contar com a luxuosa ajuda de Sainz, que foi decisiva na pole de hoje. 

domingo, 17 de julho de 2022

Igualando a lenda

 


Numa temporada anormal, Scott Dixon chegava à décima etapa da temporada 2022 da Indy sem nenhuma vitória. Para quem vem de incríveis dezessete temporadas consecutivas com pelo menos um triunfo por ano, isso era algo nada corriqueiro. Porém, o eterno piloto da Ganassi provou que mesmo já chegando a casa dos quarenta anos, o neozelandês ainda mantém sua magia. Correndo pela sexta vez em Toronto, Dixon dominou Colton Herta e venceu pela quarta vez na famosa pista de rua canadense, terminando bem uma semana para lá de tumultuada de sua equipe.

A corrida na ondulada e apertada pista de rua em Toronto, no Exhibition Centre, foi recheada de bandeiras amarelas e toques entre os pilotos, mas devido aos últimos acontecimentos, alguns pilotos estavam mais visados. Largando da pole, Colton Herta teria a vantagem de estar longe dos seus companheiros de equipe, que estão mais beligerantes do que nunca, principalmente Alexander Rossi e Romain Grosjean. Após os dois baterem rodas em Mid-Ohio, eles voltaram a se encontrar no warm-up da prova de hoje e não faltaram xingamentos entre eles. Um novo encontro imediato era esperado acontecer entre Grosjean e Rossi, que acabou não vindo, mas ambos estiveram longe de ter uma corrida limpa. Grosjean, que por sinal vem decepcionando nesse seu ano na Andretti, se envolveu em vários toques, foi punido por excesso de velocidade nos pits e acabou fora do top-10. Com Rossi não foi muito diferente, mas com um final mais abrupto. O americano vinha bem na prova, mas numa luta com Felix Rosenqvist, acabou indo para o muro e Rossi terminou sua boa corrida ali. O detalhe é que provavelmente o carro de Rossi em 2023 seja o de Rosenqvist...

Após todo o imbróglio entre Palou, Ganassi e McLaren, o fato do espanhol ter tido problemas na classificação já levantou teorias da conspiração, mas Palou fez uma baita prova de recuperação, saindo da 22º para a 6º posição, contudo, Alex teve uma briga bem 'próxima' com seu companheiro de equipe Marcus Ericsson, levando ao sueco reclamar pelo rádio e a Ganassi pedisse para Palou se 'acalmar'. Nas entrevistas pós-corrida, os representantes da Ganassi evitaram citar o nome de Palou, provando o clima constrangedor que deve imperar dentro da Ganassi. Porém, nem tudo foi ruim para o veterano chefe de equipe. E a boa notícia veio de um velho conhecido. Dixon vinha de um jejum de mais de vinte corridas e muitos já anunciavam que Scott poderia estar em declínio. Porém, o veterano da Ganassi fez uma corrida bem ao seu estilo, sendo rápido quando necessário e usando sempre a cabeça para superar seus adversários.

Dixon ficou o primeiro stint próximo do pole Herta, sem qualquer ataque. O piloto da Ganassi esperou a parada do norte-americano para sair na frente do representante da Andretti no retorno à pista e administrar a corrida até o final, claro, se livrando de alguns pilotos como Rinus Veekay, que tentaram estratégias diferentes durante a prova. Dixon ainda permitiu a aproximação de Herta, que quando nasceu, Dixon estava conquistando a Indy Lights rumo a Indy. Mais importante do que isso, a vitória de Dixon o coloca (novamente) como postulante ao título e foi seu 52º triunfo na carreira, se igualando a ninguém menos do que Mario Andretti, pai do dono da equipe de Herta e segundo maior vencedor da história da Indy. Mario, sempre um cavalheiro, parabenizou Dixon sabendo seu número será superado brevemente. AJ Foyt ainda tem quinze vitórias a mais, tornando a tarefa de Dixon difícil, mas para um piloto tão forte como Scott, longe de ser impossível. 

quarta-feira, 13 de julho de 2022

O anúncio do que todos sabiam

 


No começo de maio, uma bomba caiu no paddock da MotoGP. De forma surpreendente, a Suzuki reuniu sua equipe e anunciou que estaria deixando a MotoGP no final desse ano. Mesmo com um contrato em vigor até 2026 com a Dorna e negociando a renovação dos seus dois pilotos, Joan Mir e Alex Rins.

O que era apenas um rumor e falado como certo desde então, ganhou ares oficiais nessa animada quarta-feira, com a Suzuki mandando um release confirmando o que todos sabiam. Menos de dois anos após conquistar o título com Mir de forma inesperada, a Suzuki pegou todos de surpresa ao sair não apenas da MotoGP, como também do Mundial de Endurance. Não foi explicado os motivos, mas a montadora de Hamamatsu falou em 'rearranjos financeiros para sustentabilidade'. Um eufemismo para crise financeira, provavelmente por causa dos efeitos da pandemia.

A saída repentina da Suzuki deixa não apenas uma vaga em aberto na MotoGP, como coloca dois pilotos reconhecidamente bons (um campeão mundial) no mercado. Fala-se que ambos irão para a Honda, sendo Rins para o time satélite de Lucio Cecchinelo, enquanto Mir irá ser companheiro de equipe de Marc Márquez na equipe de fábrica. Essa é a parte aparente do problema, pois dezenas de mecânicos e engenheiros terão que se recolocar, além da esperança de que a Suzuki um dia volte à MotoGP.

Encrenca à vista

 


Nos dias atuais, cada vez mais é cobrado de grandes corporações o bem estar do seu colaborador. Com o mundo cada vez mais corrido e pressionando o cidadão, tratar bem seus funcionários virou obrigação de cada empresa, deixando-o cada vez mais à vontade para ele exercer seu trabalho num bom ambiente. Agora imagina você ser obrigado a trabalhar com alguém que você brigou de forma pública, chegando a desmentir seu chefe e ainda anunciar que vai para uma empresa rival? Pois vai ser nesse clima 'maravilhoso' que Alex Palou irá trabalhar com sua equipe no resto do ano, começando nesse final de semana.

A McLaren está investindo cada vez mais forte na Indy e uma das razões é usar a categoria americana como uma espécie de celeiro para a F1. Pato O'Ward é o principal exemplo dessa estratégia, onde o jovem e talentoso mexicano foi contratado para, primeiro, ser campeão na Indy e matura-lo para conseguir uma vaga na F1, se surgir uma oportunidade. Quando a McLaren anunciou uma terceira vaga para 2023, o time foi agressivo dentro do mercado da Indy, trazendo até mesmo algumas reclamações de outras equipes, como a Ganassi, que viu seu piloto do futuro, o homem que substituiria Scott Dixon, Alex Palou, ser contactado pela McLaren, que já tinha trazido Alexander Rossi para o ano que vem, sendo que Rossi seria o toque de experiência no time. Nas últimas semanas o próprio Chip Ganassi já havia indicado que não mudaria sua equipe para 2023, manifestando que Palou ficaria no time na próxima temporada. No final da tarde de ontem a Ganassi soltou um comunicado simples, confirmando que Palou ficaria no time, incluindo falas do espanhol. Foi o começo de uma das maiores confusões do esporte a motor dos últimos tempos.

De forma surpreendente, minutos depois Palou foi às suas redes socias não apenas desmentindo a informação, como dizendo que aquelas aspas não eram suas e que estava saindo da Ganassi no final do ano por 'problemas pessoais'. Só isso já bastava para iniciar uma balbúrdia daquelas, mas a McLaren colocou mais fogo no parquinho ao anunciar Palou para 2023, com mais alguns requintes, pois não dizia claramente para onde o espanhol iria e já prometendo um teste na F1. Foi o caos!

Profundamente (com razão) irritado com toda a situação, Chip Ganassi já pensa em reincidir o contrato de Palou de forma imediata e Tony Kanaan, que mais parece Silvio Caldas em suas despedidas, já estaria de sobreaviso. Como Palou foi confirmado na McLaren, mas não na Indy, no outro lado do Atlântico Daniel Ricciardo tratou de afirmar que quer ficar na equipe de F1 em 2023. Pelo o que vem mostrando ultimamente, o australiano querer é uma coisa, a McLaren querer é algo bastante diferente. E isso bem na semana em que a McLaren promoveu um teste com Colton Herta, para muitos, o piloto mais talentoso da Indy. Com essa carta na manga, a McLaren vem conquistando vários jovens pilotos da Indy, fazendo que até mesmo pilotos de equipes poderosas como a Ganassi se mudassem para a casa de Zak Brown. Para Ganassi, a saída de Palou foi um golpe e tanto. Após anos procurando um substituto para Dixon, Palou parecia ser o nome certo para o futuro da equipe. Palou não teve uma carreira linear e foi buscado do Japão pela Honda para debutar numa equipe pequena na Indy. Após um ano de estreia promissor, Palou foi contratado pela Ganassi, onde foi campeão logo de cara. Dono de um estilo sóbrio, Palou era o futuro da Ganassi, mas para desgosto profundo de Chip, o espanhol se bandeou para a McLaren, olhando para uma chance na F1. O mesmo acontecendo com O'Ward e Herta.

A traição de Palou para com Chip Ganassi, ainda mais pela forma como tudo aconteceu, renderá novos capítulos. Tudo isso com Palou ainda na briga pelo título desse ano na Indy e com a próxima etapa já nesse final de semana, em Toronto. Imagina o clima dentro da equipe.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Figura(AUT): Charles Leclerc

 Após três meses de jejum e seguidos vacilos da Ferrari, seja por erros estratégicos ou problemas de confiabilidade, finalmente Charles Leclerc voltou a vencer na F1, se consolidando como o principal rival de Max Verstappen pelo título. Porém, Leclerc teve bastante trabalho para ganhar no quintal da Red Bull. Depois de perder a pole da Sprint Race por muito pouco, Leclerc foi surpreendido pela agressividade do seu companheiro de equipe nas primeiras voltas na mini-corrida, para quando dominou Sainz e tentou um ataque em cima de Verstappen. Mesmo não sendo possível a ultrapassagem e irritado por a Ferrari novamente deixar Sainz lhe atacar, Leclerc percebeu que ao contrário do que ocorreu nesse ano em outras corridas, a Red Bull não estava gerindo da melhor maneira os pneus, enquanto a Ferrari parecia tratar melhor a borracha da Pirelli. No domingo, Leclerc não teve que se preocupar com os ataques de Sainz e se concentrou em Verstappen e como acontecera no dia anterior, os pneus de Max se degradaram mais do que o normal e Charles pôde realizar a primeira ultrapassagem em cima do neerlandês. Foram três ultrapassagens de Leclerc em cima de Max, mostrando a superioridade da Ferrari na Áustria, mas o motor quebrado de Sainz lembrou que a Ferrari ainda tateia no quesito confiabilidade e logo depois o próprio Charles passou a ter um problema em seu carro, no acelerador. Leclerc teve sangue frio para encarar o problema, contorna-lo e não perder tanto tempo para Verstappen, que estava pronto para capitalizar qualquer vacilo ferrarista. Leclerc andou muito bem nas tensas últimas voltas para voltar a vencer, passando por cima de estratégias duvidosas da Ferrari e uma confiabilidade nada boa dos italianos. Se não fossem as quebras e os erros táticos, Leclerc estaria bem mais próximo de Verstappen no campeonato, mas com metade do campeonato a ser percorrido, Charles ainda tentará passar por cima disso tudo para tentar seu primeiro título.

Figurão(AUT): Alpha Tauri

 Mesmo sendo uma equipe com sede na Itália, a Alpha Tauri corria em casa nesse final de semana na Áustria, local de nascença do grupo que comanda o time, a Red Bull. Por isso, era esperado um bom desempenho do time B da equipe da Red Bull, mas o que se viu foi um final de semana horroroso da Alpha Tauri. Vindo de uma corrida onde os dois pilotos da equipe se tocaram quando estavam na zona de pontuação, a Alpha Tauri foi para o Red Bull Ring com expectativa de fazer bonito na frente dos donos da equipe, mas se o time principal fez seu papel e andou muito forte como esperado, mesmo perdendo a vitória, a Alpha Tauri teve seu pior final de semana no ano. O líder da equipe Pierre Gasly parece atarantado por ver sua carreira ficar estagnada, sem chances na equipe principal da Red Bull e sem maiores perspectivas em outros times. O francês teve um final de semana errático, onde novamente bateu numa Mercedes na largada, mesmo que na Sprint Race, fazendo Gasly largar numa posição intermediária no domingo. Pierre não teve uma corrida de recuperação como esperado. Na verdade, o francês se meteu em outra confusão ao se tocar em Vettel, sendo punido mais uma vez, acrescentando outra penalização por track limits, fazendo Gasly ficar longe dos pontos, enquanto Tsunoda fez uma corrida anônima, ficando atrás até mesmo do duplo penalizado Gasly. Apenas Vettel, que rodou pelo toque com Gasly e também punido por track limits, chegou atrás da dupla da Alpha Tauri, o que significou que em condições normais, o time italiano teve o pior ritmo no domingo. Tendo o apoio da Red Bull, é esperado muito mais da Alpha Tauri e seus pilotos e estar em último na corrida caseira dos seus donos não estava definitivamente no script de Franz Tost e seus pilotos.

domingo, 10 de julho de 2022

Mais alívio do que alegria

 


A cara de Mattia Binotto após a bandeirada refletia bem o sentimento da Ferrari naquele momento. Depois de algum tempo os italianos tinham o melhor carro do pelotão e estavam para conquistar uma dobradinha, quando a confiabilidade voltou a afetar seus pilotos, porém, Charles Leclerc soube administrar muito bem o problema que tinha no acelerador e conseguiu sua primeira vitória em três meses e a terceira em 2022, mas antes os boxes da Ferrari lamentaram a quebra do motor de Sainz e de forma nada polida, estavam com o c... na mão com o problema de Leclerc quase possibilitando uma corrida ganha jogada no lixo, com Verstappen conseguindo mitigar o prejuízo em uma corrida em que a Red Bull, mesmo correndo em casa, não foi nada bem.


A prova no Red Bull Ring foi bem interessante e com muitas nuances estratégicas. Repetindo a largada da Sprint Race, Verstappen fechou a porta de Leclerc com vontade, mas ao contrário do que se viu no sábado, Sainz não saiu tão bem e ao invés de atacar seu companheiro de equipe, teve que se preocupar mais em se defender de George Russell. O inglês da Mercedes estava com apetite nesse domingo. Ao ser superado por Sainz após a freada da curva 3, Russell passou a ser atacado por Pérez e na freada da curva 4, acabou tocando no mexicano, significando uma punição à George mais tarde. E uma boa corrida de recuperação do piloto da Mercedes. No sábado Verstappen dominou como quis a Sprint Race e era esperado algo parecido no domingo, com a torcida holandesa fazendo a festa, mesmo que os sinalizadores laranja tendo criado uma fumaça perigosa para os pilotos, pois claramente a visão deles foi afetada. Após se livrar de Sainz, Leclerc esboçou um ataque em cima de Verstappen e o monegasco reportou poucos problemas de pneus, algo que Max reclamou bem mais, numa clara inversão do que foi visto na temporada. E isso se traduziu no domingo. Após abrir 1,5s nas primeira voltas, Verstappen viu Leclerc se aproximar rapidamente dele. Max fez o que era possível, mas já anunciava pelo rádio que não teria como segurar por muito tempo. Foi a primeira ultrapassagem tomada de Max, com Charles assumindo a ponta. Quando Sainz já encostava, a Red Bull tentou o diferente e trouxe o neerlandês aos pits pela primeira vez de forma antecipada, anunciando aos quatro cantos que pararia duas vezes, no mínimo.


A Ferrari postergou o quanto pôde a parada dos seus pilotos, tentando uma corrida com uma única visita aos pits. Com pneus mais novos, Max Verstappen rapidamente se livrou do trânsito e era mais rápido do que a dupla ferrarista quando a turma de Mattia Binotto chamou seus pilotos no momento em que a corrida se aproximava da metade. De forma lógica, Leclerc voltou atrás de Verstappen e da mesma forma, engoliu a diferença que o separava do piloto da Red Bull, efetuando a ultrapassagem poucas voltas mais tarde. Da mesma forma do primeiro stint, Max já via Sainz fungando no seu cangote quando parou pela segunda e esperada vez nos pits, novamente colocando pneus duros. Max não estava andando muito forte com os pneus duros, o contrário acontecendo com a dupla rossa, mas ainda assim era quase impossível Max colocar pneus médios novamente àquela altura, no entanto, com pneus mais novos, Verstappen poderia ter a ventagem de uma melhor borracha no final da prova, se a Ferrari optasse por uma única parada. Com uma vantagem clara e cristalina na pista, a turma de Binotto chamou seus pilotos para os pits e sem querer arriscar muito, colocou pneus duros, quando o esperado eram os pneus médios, até pela quantidade de voltas para o fim. Nem isso parou Leclerc. O monegasco saiu logo atrás de Verstappen e com um ritmo 1s melhor, ultrapassou novamente o piloto da Rd Bull. Pede música Charles!


Porém, a ótima corrida da Ferrari rapidamente se tornaria dramática. Sainz estava encostando em Max Verstappen para uma tranquila ultrapassagem. A transmissão estava com um câmera focada na dianteira do espanhol, quando de repente a traseira de Max desapareceu no horizonte. Então a familiar cena da fumaça branca saindo da traseira de um carro da Ferrari veio à tona. 'No, no, no'. Era tudo o que dizia Sainz. Já que gosta de cantar no rádio, a música 'oh no, oh no, oh no', poderia ser ecoada por Carlos, que saiu desolado de sua chamuscada Ferrari. Lá se foi a boa fase de Sainz. Nos boxes da Ferrari, todo mundo se entreolhava assustado. Seria outra corrida ganha indo para o beleleú? Antes que a presepada ocorrida em Silverstone se repetisse, a Ferrari chamou Leclerc quando o SC Virtual deu as caras para apagar o incêndio do carro do companheiro de equipe, o mesmo fazendo Max Verstappen. Com menos de quinze voltas para o fim, com nítida vantagem na pista e estratégias semelhantes, bastava à Leclerc levar o bebê para casa, certo? Não, se você se veste de vermelho a adora complicar o descomplicado. Um estranho problema no acelerador de Leclerc fazia com que, quando Charles tirasse o pé, o pedal não voltasse totalmente, criando uma estranha sensação de carro acelerado. Em tempos de gasolina com o preço nas alturas, seria um problemão, mas como Leclerc não se preocupa em pagar do seu bolso o reabastecimento do seu carro, havia outros riscos envolvidos. Com a FIA empolgada em punir pilotos pelo famigerado 'track limits', havia o risco do carro sair de frente e Leclerc passar do ponto, sem contar que o problema poderia piorar de vez. Até Enzo Ferrari prendeu a respiração em sua tumba nas voltas finais, mas aqui vale dizer que Leclerc piloto como nunca, não perdendo tanto tempo para Verstappen, que baixou para perigosos 2s na abertura da última volta sua desvantagem. Leclerc mostrou ser um piloto diferenciado nessa sua vitória, talvez a mais dramática das cinco que já tem na F1. Com o abandono de Pérez, ainda rescaldo do toque com Russell na primeira volta, Leclerc voltou à vice-liderança do campeonato, se tornando de fato e direito o principal rival de Verstappen no campeonato. Mesmo derrotado na casa de sua equipe, Verstappen ainda teve o que comemorar, pois num dia ruim da Red Bull, somado os pontos da Sprint Race e da melhor volta, ele nem perdeu tantos pontos para Leclerc, ajudado ainda pelo abandono de Sainz, quando a ultrapassagem do espanhol era iminente. É a famosa sorte de campeão.


Após a bela exibição em Silverstone, quando a Mercedes aspirou lutar pela vitória, não deixou de ser decepcionante a corrida na Áustria. Mesmo numa pista com layout favorável, a Mercedes mostrou-se com deficit de potência nas longas retas de Red Bull Ring. Com uma Ferrari e uma Red Bull abandonando, uma Mercedes subiu ao pódio e este coube à Lewis Hamilton. O inglês ficou um tempo atrás da dupla da Haas no início da prova, mas rapidamente ficou como o melhor do resto e por lá ficou a corrida inteira, sem ser importunado por ninguém. Talvez resquícios da luta do ano passado, Hamilton perturbou um pouco Verstappen quando este chegou em Lewis com pneus melhores, mas a batalha só durou alguns metros e serviu apenas para Max perder décimos que nem fariam tanta diferença. Após uma primeira volta alvoroçada, Russell acabou punido de forma esperada e caiu para as últimas posições, tendo ainda que trocar o bico pelo toque com Checo. Tudo levava a crer numa corrida opaca de George, mas o inglês teve a sorte da corrida ter tido como padrão a tática de duas paradas e assim Russell acabou não tendo tanta desvantagem pelas atribulações das primeiras voltas, efetuando uma bela recuperação, ultrapassando muita gente e Ocon no final para ficar com um excelente quarto lugar, mesmo que bem longe de Hamilton. Após uma classificação onde viu seus dois pilotos baterem, dando muito trabalho aos mecânicos no sábado, a Mercedes conseguiu ótimos pontos no domingo, mesmo que o desempenho tenha ficado abaixo do esperado. A Alpine esperava brigar com a Mercedes, mas a forma como Russell saiu lá de trás e ainda chegou à frente de Ocon mostra que os franceses ainda tem que comer muita baguete para chegar nos tedescos, mas isso não ofuscou a bela corrida dos seus pilotos. Ocon fez uma prova sólida em sua centésima corrida e foi quinto, com Alonso saindo da última fila para os pontos, mesmo parando igual vezes que seus adversários mais próximos. 


A confiança é a base de qualquer esportista e Mick Schumacher deu a prova hoje. Após finalmente marcar seus primeiros pontos na F1 em Silverstone, o jovem alemão fez uma ótima corrida no país vizinho ao seu e levou à Haas ao sexto lugar, andando constantemente na frente de Kevin Magnussen, que chegou em oitavo, dando importantes pontos à Haas. Ao contrário do que foi dito na transmissão, apenas a Haas das clientes da Ferrari andaram bem, com a Alfa Romeo ficando longe dos pontos, mesmo com Bottas tendo feito ótima corrida após sair do pit-lane e por pouco perder um pontinho, ao ser ultrapassado por Alonso nas voltas finais. Num final de semana complicado, a McLaren ainda salvou alguns pontos com seus dois pilotos (aleluia Ricciardo!), mas vendo a Alpine empatar no Mundial de Construtores. Albon fez um ótimo trabalho e quase pontuou, ultrapassado por Bottas e Alonso quando estava em décimo já nas voltas derradeiras. Gasly parece atarantado por ver sua carreira estagnada em ficar mais um ano na Alpha Tauri, sem maiores perspectivas de crescer dentro do seio da Red Bull e sem muito para onde ir nas outras equipes. Gasly foi punido duas vezes hoje, incluindo um toque evitável com Vettel. Com Pierre indo mal, a Alpha Tauri foi no mesmo caminho, inclusive com Tsunoda ficando atrás do duplamente punido Gasly. Vettel foi tocado na Sprint e na corrida principal, ficando em último entre os que chegaram e como é o alemão que carrega a Aston Martin nas costas, sem surpresas o time ficou sem pontos.


Após uma corrida em que poderia ter feito uma dobradinha dominadora, pelo menos a Ferrari conseguiu que Leclerc voltasse a vencer. O monegasco lavou a alma com essa vitória, demonstrando claramente que se não fosse a (ainda) claudicante confiabilidade da Ferrari e algumas escolhas estranhas do time, ele estaria ainda mais forte na briga pelo título. Max Verstappen ainda foi segundo e perdendo poucos pontos para Leclerc, mas o neerlandês terá que cobrar uma melhora da Red Bull após duas vitórias consecutivas da Ferrari. Ainda estamos na metade do campeonato e muita coisa pode acontecer. Sorte a nossa!

sábado, 9 de julho de 2022

Chatice austríaca

 


Por mais que tenham aumentado a oferta de pontos na Sprint Race em 2022, o Red Bull Ring viu outra prova sem grandes emoções nesse sábado, na prova que definiu o grid para a corrida de amanhã. Max Verstappen só teve o trabalho de se defender na largada e daí em diante o neerlandês controlou a vantagem para a dupla da Ferrari, que se digladiou por algumas voltas, mas rapidamente Charles Leclerc se sobressaiu frente à Sainz para confirmar a sua posição de largada. 

Com o teto orçamentário apertando e sabendo que o que vale mesmo é no domingo, pilotos e equipes não quiseram muita briga nesse sábado. Verstappen largou bem, trancou a porta com força em cima de Leclerc, que acabou sendo superado por Sainz, mas ainda na primeira volta o monegasco retomou o segundo lugar. A estranha estratégia da Ferrari em Silverstone e a comprovada desobediência de Sainz que lhe deu a vitória na Inglaterra parece ainda render dentro dos bastidores de Maranello. Por mais que Leclerc, Binotto e seus red caps neguem, o clima interno na Ferrari está estranho e em Red Bull Ring os dois pilotos voltaram a se atacar como se não fossem companheiros de equipe. Por três voltas Sainz teve o DRS a sua disposição e atacou Leclerc, que se defendeu com direito a espremidas em cima de Sainz. Não foi ouvida nenhuma ordem dos boxes, mas Sainz se acalmou e Leclerc pôde se concentrar em Verstappen, que deveria dar boas risadas na frente, pois quando tudo se consolidou, já tinha 2,5s de frente e depois apenas administrou a vantagem até a bandeirada. Mesmo com Pérez em segundo no campeonato, Verstappen sabe que seu grande rival é mesmo Leclerc, mas enquanto Max reina soberano no feudo 'redbulniano', Leclerc ainda sofre com os vacilos da Ferrari e com um companheiro de equipe ambicioso.

Com Pérez punido de forma tardia na classificação de sexta, o mexicano fez o melhor que sabe fazer: uma bela corrida de recuperação, saindo de 13º para quinto, mas sem chances de alcançar Russell, que fez uma corrida solitária para ser quarto. O inglês bateu no meio do Q3, tendo ainda espaço para fazer um tempo competitivo, o mesmo não acontecendo com Hamilton, que teve que sair de nono e após uma má largada, teve que sofrer um pouco mais para escalar o pelotão, terminando apenas em oitavo, após uma longa briga de geração com Mick Schumacher. Quem não teve muito o que comemorar foram Fernando Alonso e Guanyu Zhou, que tiveram problemas antes da largada e sairão do final do pelotão amanhã (Zhou ainda largou e mitigou o prejuízo), o mesmo acontecendo com Vettel, que sofreu um toque de Albon no meio da mini-corrida e abandonou na penúltima volta.

No fim, as 23 voltas da Sprint Race na Áustria não foram das mais emocionantes, mas expôs um racha dentro da Ferrari, que pode ser decisivo no campeonato, ajudando sobremaneira Max Verstappen, mesmo o piloto da Red Bull demonstrando hoje que nem precise de tanta ajuda assim. 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Figura(ING): Halo

 Essa foto mostra bem o motivo do Halo estar nessa parte da coluna. É feio? É. Mas a quantidade de vidas salvas compensa, e muito, a presença do aparato nos carros de monopostos, deixando de ser algo polêmico para ser essencial na F1.



Figurão(ING): Ferrari

 Quando Charles Leclerc saiu do seu carro nesse domingo, ele teve uma tensa conversa com Mattia Binotto, onde o monegasco claramente estava incomodado. E os motivos são evidentes. Após sua vitória na Austrália, muitos já apontavam Leclerc como o favorito ao título, mas de lá para cá, Charles não conseguiu uma única vitória, sendo que algumas decepções ele não teve culpa nenhuma. E a derrota em Silverstone entra na conta, definitivamente, da Ferrari e seus estrategistas. Com o crescimento da Red Bull, rapidamente Max Verstappen tomou conta da equipe e Leclerc até consegue fazer isso, superando Carlos Sainz de forma constante. O problema é que a própria Ferrari quem joga contra Leclerc. Com os dois pilotos da Red Bull tendo problemas em seus carros no GP da Inglaterra, a Ferrari tinha uma chance de ouro para vencer e com Leclerc mais rápido e na frente no campeonato, ele ganharia bons pontos à frente de Max. Porém, a Ferrari estava sendo alcançada por Hamilton, com Sainz claramente segurando Leclerc. O bom senso indicava uma ordem de equipe, algo clamado por Leclerc, mas só veio quando Lewis já se aproximava da dupla rossa. Ao deixar Sainz para trás, Leclerc rapidamente abriu vantagem e ganharia a prova, se não fosse outra presepada ferrarista. Um safety-car entrou na pista nas voltas finais e a Ferrari preferiu deixar Leclerc na pista com pneus duros desgastados, enquanto 3s depois Sainz entrou nos pits para colocar pneus macios novos. Algo repetido pelos cinco pilotos seguintes, deixando Leclerc praticamente indefeso quando a relargada foi dada. Leclerc ainda foi um homem de equipe ao deixar Sainz passar e segurar como pode Pérez e Hamilton, melhor calçados do que ele, deixando-os sem chances de ataque em cima de Sainz, que venceu pela primeira vez na F1. Vitória da Ferrari, mas talvez com o piloto errado. Leclerc saiu da corrida cuspindo abelha africana com mais um erro de sua equipe, que o deixou preso atrás de Sainz e não o trouxe aos boxes na hora certo. Se Leclerc tivesse passado Sainz antes, provavelmente teria sido possível fazer o pit-stop com os dois pilotos, desculpa dada pela Ferrari por não trazer Leclerc, o líder da corrida e melhor piloto no campeonato, no momento da entrada do SC. Apesar da força da Red Bull e de Verstappen, a Ferrari facilita bastante a vida dos dois com erros até mesmo infantis envolvendo seu principal piloto.

domingo, 3 de julho de 2022

Dia de briga

 


Scott McLaughlin conseguiu sua segunda vitória na Indy e a de número cinquenta pela Penske, contando com seus tempos na V8 Supercar. O neozelandês se aproveitou bem dos problemas com Pato O'Ward, que liderava no primeiro stint e teve problemas no seu motor, e no fim o piloto da Penske segurou as investidas de Alex Palou para garantir o triunfo da difícil pista de Mid-Ohio. Porém, o que mais chamou atenção na prova em Lexington foi a forma como a Andretti viu seus pilotos destruírem suas corridas com batidas entre si, numa prova completamente inacreditável para uma equipe tão grande e profissional.

Normalmente as corridas em Mid-Ohio são decididas na estratégia, com provas pouco emocionantes. Porém, em 2022 foi um pouco diferente, com uma corrida bem animada em todo o pelotão. O pole Pato O'Ward manteve a dianteira, seguido por McLaughlin e Rosenqvist, companheiro de equipe de Pato, contudo, o sueco abandonou no começo da corrida com o motor quebrado. O'Ward perguntou preocupado a sua equipe o que tinha acontecido com Rosenqvist. A preocupação foi bem plausível. Se aconteceu com o outro carro, por que não aconteceria com o dele? Pois foi justamente o que aconteceu. Antes da primeira rodada de paradas, O'Ward se queixou de problemas de potência e após uma das relargadas, o mexicano foi perdendo posição na medida em que mantinha uma configuração de motor mais branda. Após sua segunda parada, o motor de O'Ward se entregou de vez e o mexicano abandonava tristemente. 

Com isso, McLaughlin tinha Palou e Herta no seu encalço. Quando houve a segunda bandeira amarela, todos os pilotos foram aos pits. Menos Herta. Num erro inacreditável, a equipe Andretti manteve Herta na pista, fazendo o jovem piloto sair da luta pela vitória. Porém, o dia da Andretti só pioraria. Grosjean e Rossi não se gostam muito e dessa vez os dois resolveram externar isso na pista, com dois toques entre eles, incluindo uma saída dupla da pista e um break test numa bandeira amarela. Grosjean acabou o mais prejudicado e perdeu uma volta. Só que Rossi estava bem na frente de Grosjean e mesmo em voltas diferentes, os dois começaram a brigar e Grosjean acabou tocando em... Herta, que não tinha nada a ver com isso. A situação cômica, se você vestisse as roupas da Andretti, ficaria ainda mais ridícula quando Devlin Defrancesco, o elo mais fraco da equipe, era o piloto mais bem colocado da equipe. Então ele foi atacado por Rossi e os dois bateram. Simplesmente os quatro carros da equipe se envolveram em toques entre eles e não ficaram sequer entre os dez primeiros. Michael Andretti, que procura um lugar na F1, viu sua equipe fazer um papelão na Indy com cenas de equipes amadoras em corridinhas no interior do meio oeste americano. Pegou muito mal para todos os envolvidos.

Enquanto todos esperavam a bandeirada para sentir o clima nos boxes da Andretti, a corrida se desenrolava com McLaughlin liderando a prova, com Palou se aproximando. O destaque da corrida era Will Power. O australiano da Penske foi punido na classificação por fechar Castroneves e após largar em 21º, rodou na primeira volta ao tentar uma ultrapassagem impossível. Caindo para último, Power começou uma corrida de recuperação fortíssima até uma ótima terceira posição. Após ultrapassar Veekay, Power ainda esboçou um ataque em cima dos líderes, mas perdeu rendimento, mas o terceiro lugar já era bom demais para Power. McLaughlin segurou bem os ataques de Palou e após uma má fase que o fez despencar no campeonato, o piloto da Penske conseguiu uma vitória que o põe novamente na luta pelo título. Enquanto Penske vence seis de oito corridas, a Ganassi tem o líder do campeonato e o vencedor das 500 Milhas, a Andretti viu seus pilotos se matarem dentro da pista.

Vitória do patinho feio

 


Nem sempre uma corrida é ganha pelo melhor piloto na pista. Por variados motivos, um destaque da corrida não consegue a vitória e até mesmo nem completa a corrida. Porém, a emocionante corrida em Silverstone tiveram vários destaques e o vencedor da prova foi um dos pilotos menos brilhante do dia. Carlos Sainz saiu da pole pela primeira vez na carreira e pode-se afirmar que a primeira vitória do espanhol na F1 não foi após uma pilotagem brilhante. Sainz errou quando estava sob mais pressão, segurou seu companheiro de equipe mais rápido acima do necessário até ter que ceder sua posição à Leclerc por estar mais lento, mas numa corrida atípica como foi a de hoje, Sainz tirou proveito da sorte e da situação para colocar o sobrenome de sua família na história do automobilismo, pois pela primeira vez uma linhagem tem vitórias no WRC, Dakar e F1.


Porém, tudo isso poderia ter ficado em segundo plano. E novamente falaremos do Halo. Mais cedo na F2 um acidente assustador só não resultou em tragédia por causa do aparato de segurança, salvando a vida de Roy Nissany. Agradecemos por mais uma vida salva, mas na F1 o Halo provou que deixou de ser polêmico para ser essencial nas corridas de monopostos. Na primeira largada, George Russell saiu muito mal e foi sendo ultrapassado por vários pilotos. O chinês Guanyu Zhou ficou lado a lado com o inglês da Mercedes, enquanto Pierre Gasly achou que dava para passar entre os dois. Russell moveu seu carro, acertou Gasly e foi para cima da Alfa de Zhou. O carro do chinês imediatamente capotou, mas o pior não foi isso. De cabeça para baixo, o carro deslizou no chão a alta velocidade, destruindo o roll-bar ou o mais conhecido santo-antônio, ficando apenas o Halo evitando que o pescoço de Zhou raspasse no asfalto. O carro catapultou, passou por cima da barreira de pneus e atingiu a cerca de proteção à alta velocidade, ficando bem perto das arquibancadas. Uma tragédia em potencial. Afortunadamente, Zhou nada sofreu, mesmo que pela posição do seu carro, ficou dez minutos preso dentro dele, enquanto a F1 segurava a respiração e atrasava em uma hora a corrida. Ainda no rescaldo do acidente, Albon foi atingido em cheio por Ocon e foi levado ao hospital para averiguações. Felizmente, tudo bem com o piloto da Williams. Russell, culpado pelo melê, saiu do seu carro correndo para ver como estava o companheiro de profissão, numa bela ação cavalheiresca, mesmo que não tirando sua culpa de tudo e seu primeiro abandono em 2022. Mais importante de tudo foi que o Halo contabilizou mais uma vida salva na F1, sem contar a de hoje na F2 e em outras categorias. Apesar do visual longe do agradável, o Halo está fazendo a diferença e sua presença está longe de atrapalhar, como temia os puritanos.

Passado o susto, Carlos Sainz se preparava para a segunda largada sabendo que não poderia cometer o mesmo erro da primeira, quando foi ultrapassado de forma até mesmo fácil por Verstappen. Na ocasião, Max usou os pneus macios como handicap, mas de forma estranha não repetiu a tática e largou com pneus médios, os mesmo da maioria dos pilotos ao seu redor, porém, o neerlandês não deixou de largar muito bem, mas Sainz estava preparado e se defendeu de forma bem agressiva dos ataques do piloto da Red Bull. Isso fez com que Leclerc e Pérez fossem para a briga, com os quatro muito próximos, resultando num toque entre Charles e Sérgio, danificando ambos os carros, mas se Leclerc permaneceu na pista, Pérez teve que ir aos boxes trocar a asa dianteira. E iniciar uma soberba corrida de recuperação. Enquanto Leclerc mitigava o problema em sua asa dianteira, Sainz via Verstappen encher seu retrovisor, mas Max nem precisou forçar muito, quando Sainz errou na entrada da reta Hangar. A moral de Sainz sofria outro golpe, mas tudo foi minimizado com um problema na carroceria de Verstappen, que o fez perder muito rendimento. Max entrou nos boxes suspeitando de um pneu furado, mas o problema era mais sério e o piloto da Red Bull tentou apenas diminuir o prejuízo, marcando o maior número de pontos possíveis com um carro sem ritmo algum.


A Ferrari agora tinha uma tranquila dobradinha nas mãos. Será? Na primeira largada Hamilton havia subido para terceiro, mas o inglês não emulou a manobra na segunda partida e acabou perdendo a quarta posição para Norris. Lewis demorou um pouco demais para ultrapassar o compatriota, mas quando completou a ultrapassagem, começou a diminuir a diferença para a dupla da Ferrari. Mesmo com o carro intacto, Sainz nitidamente segurava Leclerc e uma ordem de equipe era esperada a cobrada por Leclerc via rádio. De forma estranha, a Ferrari deixou o espanhol na frente, o parando antes, enquanto Leclerc via Hamilton se aproximar cada vez mais. O novo pacote da Mercedes realmente deu um pulo de desempenho para o carro e correndo em casa, pela primeira vez em 2022 vimos um Hamilton com sangue nos olhos. Leclerc fez sua parada e retornou teimosamente atrás de Sainz, enquanto Hamilton via a Mercedes cometer um ligeiro erro que fez Lewis se distanciar um pouco das Ferrari, contudo, logo estava se aproximando novamente. A presença de Sainz na frente de Leclerc já beirava o ridículo e quando a ordem foi dada, Leclerc rapidamente disparou na frente, enquanto Sainz parecia que seria um alvo fácil de Hamilton. Mais atrás, Ocon brigava com o avariado Verstappen e logo após completar a ultrapassagem, o francês da Alpine encostou seu carro com problemas ao lado do muro da antiga reta dos boxes. Era um Safety-Car certo. Talvez menos para o estrategista da Ferrari. Leclerc passou reto da entrada dos boxes, enquanto Sainz e Hamilton entravam nos pits para colocar pneus macios novos, o mesmo fazendo também Norris e Alonso. Além de Pérez! Sim, o mexicano escalou o pelotão e teve a sorte do SC na hora certa para colocar os pneus macios e ainda se manter no pelotão da frente. Já Leclerc teria que enfrenta-los com pneus duros usados. Agora era a vez de Leclerc se tornar um alvo fácil.


Quando a relargada foi dada, começou outro show de pilotagem, dessa vez de Leclerc. Se Sainz não foi muito colaborativo com o companheiro de equipe, o monegasco foi um verdadeiro piloto de equipe. Na relargada, não fez muito para evitar a ultrapassagem de Sainz, enquanto Pérez atacava Hamilton. O mexicano parecia que teria chances de uma vitória inacreditável, mas então encontrou novamente Leclerc na sua proa. Mesmo com pneus muito abaixo dos rivais, o piloto da Ferrari deu um show, segurando Pérez e Hamilton, praticamente ganhando a corrida para Sainz, que se destacava dos demais. Por sinal, esse foi o ponto alto da prova. Leclerc, Pérez e Hamilton trocaram várias vezes de posições em disputas fortes, agressivas e limpas. Hamilton chegou a beliscar o segundo lugar quando Ferrari e Red Bull saíram da pista, mas Pérez colocou por dentro numa manobra faca nos dentes e retomou o segundo lugar, trazendo consigo Leclerc. Hamilton efetuou uma manobra belíssima por fora na Woodcote, mas tomou o troco numa manobra antológica na Copse, lembrando a tão discutida manobra do ano passado. Para mim, hoje ficou provado que tanto Max poderia ter feito a curva mais aberta, como Hamilton poderia ter recuado ligeiramente. Não aconteceu nem uma coisa, nem outra, resultando na maior polêmica da F1 no século 21. Voltando à 2022, Hamilton não tardou a ultrapassar Leclerc, mas o pódio estava formado justamente por causa das ações de Charles. Sainz já tinha quase 4s de frente para Pérez quando tudo se acalmou, enquanto Hamilton já estava 3s atrás da Red Bull e sem condições de ataque. Leclerc ainda teve que segurar Alonso e Norris nas voltas finais para salvar um quarto lugar, mas a Ferrari já pode pedir música no Fantástico ao estragar a terceira vitória de Leclerc, sendo que duas vezes por causa de seus estrategistas. Após a corrida Mattia Binotto foi visto tendo uma discussão tensa com Leclerc. Não se sabe o que foi dito, mas Leclerc tem muito o que reclamar dos pontos perdidos, sem contar o tempo perdido atrás de Sainz mais cedo. Por mais que tenha ganho hoje, Sainz prova que não tem estofo no momento para bater Verstappen e sua Red Bull, que provavelmente teriam ganho sem o problema que afetou o atual campeão. Porém, a Ferrari perdeu valioso pontos novamente para Leclerc, que tirou poucos pontos de um dia ruim de Verstappen.


Menos mal que a Ferrari comemorou a vitória de Sainz. Mesmo sem ser brilhante e podendo até mesmo perder o segundo lugar, Sainz foi combativo e nunca desistiu, mesmo quando tudo estava contra ele. Com a primeira vitória, talvez venha a confiança para que o espanhol possa evoluir. Pérez fez outra corrida excelente no que vem sendo sua especialidade: provas de recuperação. Num dia ruim de Verstappen, a Red Bull pôde contar com Pérez para garantir bons pontos. Hamilton teve sua melhor exibição no ano e se não fosse a má segunda largada, poderia até mesmo brigar pela ponta, algo que não fez em 2022. Com um carro que se deu muito bem em Silverstone, vimo um Hamilton de alto nível hoje, mas fica a pergunta: qual motivo não vemos esse Hamilton de hoje mais vezes?


Alonso e Norris brigaram bastante próximos pelo posto de melhor do resto, que ficou com o espanhol na última parada, mostrando o crescimento da Alpine, mesmo com o abandono de Ocon que acabou por definir a prova no final. Por sinal, a Alpine deu uma demonstração de garra ao trocar a suspensão de Ocon, envolvido na confusão da primeira largada e deixar o francês pronto para a relargada. Finalmente Mick Schumacher pontuou na F1, fazendo uma corrida sólida rumo ao oitavo lugar. O jovem alemão tinha mais ritmo do que Verstappen, mas não querendo desperdiçar a chance de marcar pontos, Mick preferiu não atacar de forma mais enfática, garantindo os primeiros pontos na carreira e para melhorar o dia para Schumacher, seu companheiro de equipe Kevin Magnussen completou a zona de pontuação, com o aniversariante e mentor Vettel em nono. Latifi passou boa parte da corrida na zona de pontos, mas acabou saindo de lá após o SC, porém, o canadense fez sua melhor corrida na carreira. A Alpha Tauri teve muito o que lamentar, com seus dois carros batendo na primeira largada e para complicar tudo, Tsunoda acabou errando quando ultrapassava Gasly e ambos rodaram. Tost terá muito o que conversar depois da prova. Não bastasse o grave acidente de Zhou, Bottas abandonou, acabando o dia da Alfa.


Foi a melhor corrida do ano, com disputas pelas primeiras posições e muita movimentação dos pilotos. Porém, tudo poderia ser pior, com acidente de grandes proporções, mas que felizmente não resultou em maiores ferimentos para ninguém. Outro fato foi uma manifestação de uns malucos que invadiram a pista na primeira volta. Por sorte, a bandeira vermelha apareceu e uma segunda tragédia foi evitada. Leclerc perdeu outra corrida que poderia ser sua, Verstappen viu a confiabilidade da Red Bull lhe assombrar novamente, Pérez fez outra grande corrida vindo de trás e a Mercedes teve seu melhor desempenho do ano. Porém, foi Sainz quem passou por cima disso tudo para vencer pela primeira vez na F1. O espanhol foi combativo a prova toda, mas se lhe faltou brilho, lhe sobrou sorte e no fim Sainz garantiu um surpreendente triunfo.