sábado, 29 de abril de 2023

Mexer no que está quieto (2)

 


Com a Liberty desesperadamente tentando fazer com que o formato da Sprint engrene, as mudanças transformaram o sábado num evento inteiramente dedicado à mini-corrida inventada não se sabe bem o porquê e nem para quê. A minha visão disso tudo é que a Liberty está angustiada por mais receitas e para isso, precisa aumentar o número de corridas no calendário, mas as próprias equipes se negam a fazê-lo pela estafa do próprio staff. Então a Liberty coloca a Sprint como uma forma de barganha para os promotores das corridas para aumentar a quantia a ser paga por prova, algo que deverá funcionar com os países ditos emergentes dentro da F1, como o pessoal do Oriente Médio. Porém, como diria o poeta Garrincha, faltou combinar isso com os russos, pois até o momento a Sprint Race vai se mostrando um fracasso de público e crítica, pois tantos os pilotos não gostam, como também as equipes e, mais importante para a Liberty, também a audiência.

Como a Liberty investe nesse formato até mesmo como uma forma de aumentar a grana, ela vai mudando o conceito da ideia, mas parece que nada vai dando certo. Com os pilotos preocupados em marcar pontos no domingo e os chefes de equipe desesperados em não ter grandes danos que afetem o teto orçamentário, qual a motivação de querer agressividade na Sprint Race? Os próprios pilotos e equipes verbalizam isso. Ao bater na classificação da Sprint, Logan Sargeant ficou de fora da mini-corrida e a Williams foi muito clara que o melhor era se concentrar no domingo. Numa regra sem sentido, a FIA resolveu outorgar quais compostos de pneus as equipes usariam na classificação da Sprint. Cada time teria que reservar pneus médios novos para Q1 e Q2 e um jogo de pneus macios novos para o Q3. Norris não tinha mais pneus novos e a McLaren o fez de forma consciente, mesmo sabendo que isso prejudicaria a Sprint de Lando. Qual motivo? Muito simples. O foco é no domingo...

Claro que quando os dezenove carros vão para a largada e os pilotos fecham suas viseiras, algo pode acontecer que saía do script. Max Verstappen não largou de forma perfeita e foi atacado por George Russell. Houveram alguns toques TOTALMENTE NORMAIS de corrida entre os dois e no fim, o piloto da Mercedes se deu melhor na primeira volta. Na relargada do Safety-Car causado pelo acidente de Tsunoda ainda na primeira volta, Russell bobeou de forma até inocente e Max deu o troco de forma graciosa. Porém, Max não se conformou com os toques na primeira volta e foi tomar satisfação com Russell na frente de todos depois da corrida, amentando a sensação de que mesmo sendo uma baita piloto, talvez um dos mais talentosos da história, Max Verstappen está longe do carisma dos poucos gigantes que passaram nesses 73 anos da F1. Falando da corrida em si, Sergio Pérez usou seu fetiche por corridas de rua e facilmente ultrapassou Leclerc assim que o DRS esteve disponível. Enquanto teve pneus, Leclerc perseguiu Checo de perto, mas quando a Ferrari satisfez sua fome por borracha, Charles perdeu contato, mas com Verstappen ainda com lágrimas nos olhos pelo chorôrô no incidente com Russell e tendo um buraco na lateral do seu Red Bull, Leclerc controlou Max e garantiu a segunda posição e teve a certeza que a pole de amanhã dificilmente será capitalizada na bandeirada em condições normais.

Com equipes e pilotos boicotando a ideia a Sprint Race, o que vimos em Baku foi algo tão emocionante quando assistir uma pintura secar ao vento. Muitas vezes o arroz com feijão serve muito bem. Colocar novos ingredientes pode até ser interessante na teoria, mas basta uma colherada para perceber que o básico já é o suficiente para saciar a nossa fome. Por mais que a Liberty tente nos fazer engolir a Sprint Race, a ideia vai se tornando um fracasso, mesmo com todas as tentativas. O final de semana da F1 com treinos na sexta, classificação normal no sábado e corrida no domingo é o arroz com feijão que serviu nos últimos 73 anos e mesmo com invencionices, é o cardápio que o fã da F1 precisa. 

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