quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Tetra (ou treta) à vista


 Ao final do primeiro dia de treinos da pré-temporada de 2024, Max Verstappen meteu logo 1,1s em todo mundo, me levando à F1 de exatamente vinte anos atrás, quando após uma pré-temporada que se revelou enganosa, a Ferrari enfiou 1,8s no terceiro colocado no primeiro treino livre em Melbourne e pensei comigo mesmo: acabou o campeonato. Isso antes da primeira volta daquele ano dominado pela Ferrari e Michael Schumacher. Voltando à 2024, a sensação voltou com Max dando pinta que o campeonato terminou antes da F1 chegar (ou retornar, nesse caso) ao Bahrein, palco da primeira etapa do campeonato. Porém, problemas internos podem causar problemas dentro do reino da Red Bull.

O caso Christian Horner parecia resolvido quando a Red Bull divulgou que sua investigação interna tinha inocentado o veterano chefe de equipe, mas um misterioso e-mail surgiu mostrando todas as provas contra Horner, indicando que a Red Bull fechou os olhos pelo mau comportamento de Horner. Isso poderá afetar o tetracampeonato de Verstappen se a superioridade da Red Bull for confirmada? Dificilmente, mas esse barulho poderá trazer transtornos à Red Bull à médio prazo, principalmente na próxima temporada. Verstappen não ficou com o melhor tempo da pré-temporada, mas é mesmo o grande favorito ao título, o quarto consecutivo, o que confirmaria o enorme talento do neerlandês, enquanto Sergio Pérez tentará apagar a péssima temporada feita em 2023, onde mesmo completando uma inédita dobradinha para a Red Bull, o mexicano tem um alvo nas suas costas.

E o mercado de pilotos está pegando fogo com o anúncio de Hamilton na Ferrari em 2025, abrindo algumas questões: para onde vai Carlos Sainz? Quem substituirá Lewis na Mercedes? Um enorme dominó será derrubado e o desempenho de 2024 poderá influenciar esse enorme tabuleiro. A Ferrari dá pinta de ser a equipe mais próxima da Red Bull principalmente em ritmo de classificação, se aproximando um pouco em ritmo de corrida. Leclerc não teria ficado muito feliz por ter perdido o status de queridinho da equipe em 2025, enquanto Sainz terá que mostrar serviço se quiser um bom lugar no ano que vem. A Mercedes parece em choque com tudo o que aconteceu e a inesperada saída de Hamilton, que parecia ser bem querido dentro da equipe. Enquanto retoma o fôlego após esse baque, a Mercedes tentará provar que não errou pela terceira vez consecutiva. A Aston Martin correrá esperando que Alonso tire coelhos da cartola, já que nada pode esperar de Lance Stroll. A Racing Bulls parece ter um bom carro e se Pérez vacilar, Ricciardo e Tsunoda (principalmente o australiano) seriam opções viáveis para a Red Bull.

A McLaren tentará começar 2024 do jeito que terminou o ano passado, sendo a segunda força eventual, contando com uma dupla de pilotos muito forte, mas com Lando já sentindo uma pontinha de ciúmes de Piastri, que já chama atenção pelo talento precoce. A Alpine pareceu ter errado no seu projeto, fazendo com que seus dois pilotos tentem mostrar serviço e ser players no mercado de pilotos de 2025, se possível longe da confusão que é a equipe francesa. A Sauber espera ansiosamente pela Audi, enquanto isso marca passo, o mesmo acontecendo com a Williams, enquanto a Haas, ao que parece, será a lanterninha disparada da F1 2024, fazendo com que o telefone de Gene Haas veja com frequência em sua tela o nome de Michael Andretti...

Nesse final de semana começa a temporada 2024 com uma expectativa baixa com relação à título, pois tudo leva a crer que Max Verstappen poderá ser tetracampeão com certa folga, mas os problemas internos da Red Bull podem interferir, fazendo com que as demais equipes já olhem para o futuro com mais esperança.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

O filme Ferrari

 


Quando o horripilante 'Driven' foi lançado em 2001, criou-se uma espécie de barreira sobre filmes tendo o automobilismo como pano de fundo. A película estrelada por Sylvester Stallone na virada do milênio foi tão ruim, que dizem que o fracasso do filme foi um marco também para o final da CART, no final de 2002. Porém, houveram grandes filmes de automobilismo no passado e a chegada de 'Rush' e 'Ford x Ferrari' durante a década de 2010 acabou com o ranço trazido por 'Driven' e relançou novamente os filmes sobre esporte a motor como um grande chamariz para Hollywood. E Ron Howard e James Mangold deram a dica de como fazer ótimos filmes sobre automobilismo, utilizando belas histórias já existentes e a explorarem da forma mais fiel possível. Mais ou menos na época em que Stallone 'corria' nas ruas de Chicago, o conceituado diretor Michael Mann começou a pesquisar sobre uma cinebiografia de Enzo Ferrari, tendo como base o livro 'Ferrari, o homem por trás das máquinas', escrito por Brock Yates.

Os já clássicos 'Rush' e 'Ford x Ferrari' tem como paralelo terem a Ferrari como a equipe antagonista nesses filmes e Mann, usando o sucesso dessas películas, resolver trazer uma nova luz não apenas na famosa equipe italiana, mas em seu fundador. Felizmente tenho em mãos o livro de Yates (https://jcspeedway2.blogspot.com/2021/04/o-agitador-de-homens.html) e assistir ao filme após lê-lo me trouxe ainda mais curiosidade. O livro desconstrói a imagem de um fidalgo, um cavalheiro do século 20, que Enzo Ferrari tinha. Na verdade, Enzo era vulgar, mulherengo e pouco emotivo, colocando sua equipe acima de tudo, inclusive de sua vida pessoal e de todos aos seu redor. Contudo Enzo Ferrari demonstrou uma resiliência incrível para sair da classe média baixa da Itália para realizar o seu sonho de se envolver com o automobilismo e conseguiu ainda mais, criando uma marca mitológica no mundo moderno.

O livro de Yates tem 548 páginas e contar toda a história de um personagem complexo como Enzo Ferrari durante duas horas e meia poderia causar alguns problemas de correria no roteiro. Por isso, Mann resolver escolher um pequeno período da vida de Enzo, mas nem por isso menos turbulento. O amado Dino Ferrari havia acabado de falecer e como sempre, a saúde financeira da empresa não estava muito bem. Contudo, a empresa Ferrari sempre funcionou no limite, com Enzo pensando na gestione sportiva em primeiro lugar, relegando a galinha de ovos de ouro do seu negócio, que era a venda de carros esportivos. Ou seja, a narrativa do filme de que a Ferrari estava prestes a falir é um pouco exagerada, tanto que a Ferrari era a atual campeã da F1, fato citado de forma bastante sublimar quando Enzo Ferrari pergunta à Orsi se a Maserati estava quebrada 'porque Fangio estava pegando todo o dinheiro da equipe'. Não faltaram essas licenças poéticas para mostrar como Enzo Ferrari se portava. A cena em que Enzo praticamente contrata Alfonso de Portago enquanto o corpo de Eugenio Castelloti jazia na pista de Modena não aconteceu (a morte de Castellotti no teste, sim), mas mostrava bem o modus operandi de Enzo com seus pilotos, onde ele os levava ao limite do limite. O filme mostrou Enzo negociando com Gianni Agnelli enquanto a Mille Miglia ocorria, algo que só ocorreu praticamente um década depois do período mostrado na película, mas que evidenciava a forma implacável com que Enzo tratava seus negócios. Senti falta da enorme rivalidade existente entre Ferrari e a família Orsi, dona da Maserati. Claro que os Orsi foram citados no filme, mas o livro mostrava um ódio mútuo entre os donos das duas montadoras sediadas na época em Modena.

A vida dupla de Enzo foi bem focada, com as brigas constantes com Laura e às idas à casa de Lina Lardi, numa casa confortável fora de Modena, onde parecia que Ferrari encontrava um pouco de paz ao lado do filho Piero em meio ao caos que o rodeava. A atuação de Adam Driver como Enzo Ferrari mostrava o sarcasmo do italiano e sua frieza, mas como o livro mencionou vários vezes, Enzo era propenso a ataques de cólera e Driver não mostrou isso em nenhum momento. Porém, quem roubou a cena foi mesmo Penélope Cruz no papel de Laura. A atriz espanhola deu um show de interpretação, ao mesmo tempo que seu rosto exalava angústia com a morte recente do filho e os problemas da empresa, Cruz mostrava uma Laura tão ou mais sarcástica quanto Enzo, arrancando boas risadas da plateia, que praticamente lotou o cinema na sessão em que eu estava. O filme tomou vários cuidados com a produção, como os carros da época e uma belíssima fotografia. Porém, em 1957 Enzo e Laura já tinham quase sessenta anos e ter uma cena tórrida de sexo, digamos, não convém aos dois naquele momento. A cena da morte de Afonso de Portago foi um capítulo à parte, mostrando com crueza o terrível acidente que praticamente eliminou a Mille Miglia do mapa, por sinal, algo que o filme não contou em suas cenas pós crédito.

'Ferrari' é um ótimo filme, muito bem produzido, mas muitas vezes se tornou arrastado demais, ficando cansativo para quem não entendia de automobilismo e sem a mesma dinâmica vista em Rush e Ford x Ferrari. Penélope Cruz merecia, no mínimo, uma indicação à melhor atriz coadjuvante no Oscar, algo que inexplicavelmente não ocorreu. Para quem ama automobilismo, foi legal ver nomes como Peter Collins, Jean Behra, Fangio, Stirling Moss e Von Trips citados no filme. Algumas cenas marcantes daquela Mille Miglia foram mostradas com muita fidelidade, como a apresentação de Peter Collins aos jornalistas antes da largada da Mille Miglia e o famoso 'beijo da morte', dado pela atriz Linda Christian em Alfonso de Portago pouco tempo antes do espanhol morrer tragicamente. Se haver um pódio sobre os grandes filmes tendo o automobilismo como pano de fundo no século 21, 'Ferrari' fica num honroso P3, mas muito longe de fazer feio nesse filão cada vez mais lucrativo e gostoso de se assistir. Que venham mais filmes sobre automobilismo!

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Que pena...

 


Por mais que soubéssemos da gravidade do seu estado de saúde, ninguém se prepara quando vem a notícia. No começo dessa sexta-feira, o automobilismo brasileiro ficou enlutado pela morte de uma das suas maiores bandeiras. Morreu Wilson Fittipaldi Jr, filho do Barão Wilson Fittipaldi, irmão mais velho do desbravador Emerson Fittipaldi, pai do sempre gentil Christian, único chefe de equipe de F1 brasileiro... não faltam adjetivos para Wilsinho. Grande piloto, grande sonhador, grande realizador, grande ser humano. A importância que Wilsinho Fittipaldi teve para o automobilismo brasileiro nunca será esquecida.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

RB20

 


Se há um carro com uma tremenda responsabilidade nesse ano, esse é o Red Bull RB20, lançado nessa quinta-feira e encerrando a temporada de apresentações da F1. Afinal, os dois antecessores do modelo RB20 destruíram recordes da F1, em especial em 2023, quando o RB19 conquistou mais de oitocentos pontos e amealhou vinte e duas vitórias em vinte e três possíveis, ou seja, o carro da Red Bull de 2024 terá que ser no mínimo dominante se quiser ser comparado aos carros dos últimos dois anos.

No entanto, o que se fala mais nas últimas semanas sobre a Red Bull é sobre o 'Hornergate'. O já lendário chefe de equipe da Red Bull, liderando o time desde o início em 2005, foi acusado por uma funcionária de 'comportamento inapropriado' e uma investigação interna está sendo feita, com resultados até o momento imprevisíveis e que pode mexer bastante no futuro à médio prazo da equipe. Mesmo assim, Horner participou normalmente da apresentação, sabendo que em condições normais, a Red Bull deverá continuar dominando a F1. Afinal, a base da equipe continua a mesma, liderada pelo atual tricampeão Max Verstappen, ainda jovem e cada vez mais experiente. Já incensado como um dos grandes da história da F1, Max tem uma ligação tão forte com a Red Bull projetada por Adrian Newey, que um conjunto fortíssimo foi feito nos últimos anos e que ninguém foi capaz de derrotar. Começando por Checo Pérez. O mexicano teve um ano abaixo da crítica em 2023, onde seu vice-campeonato, tendo em mãos um dos melhores carros da história, foi ameaçado e não faltaram momentos em que Pérez teve seu assento ameaçado. Contudo, a Red Bull escolheu permaneceu com o equilíbrio atual e manteve Checo por uma quarta temporada, mas Pérez está dando seus últimos tiros antes de conseguir se manter numa equipe de ponta.

Mesmo com problemas internos, a Red Bull vai para a temporada 2024 esperando permanecer como a equipe a ser batida, vide a quantidade de times que imitaram muitas ideias que Newey colocou no carro do ano passado. Com um conjunto que beira o imbatível, a Red Bull é a grande favorita antes mesmo dos carros irem à pista para a pré-temporada.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

W15


A Mercedes vive a situação daquele casal que não se ama mais, vive no mesmo teto, mas tem que viver por um período antes da separação. Desde o bombástica anúncio de Lewis Hamilton indo para a Ferrari em 2025, o time de Toto Wolff terá a missão de construir um bom carro, lembrando os bons tempos de quando a Mercedes dominava a F1, mas sabendo que o seu principal piloto está de saída.

Quando a nova regulamentação entrou em vigor em 2022, a Mercedes apostou no conceito 'zeropod' que era diferente de tudo que era visto no paddock. Se desse muito certo, a Mercedes voltaria com tudo a mais alguns de domínio. Deu tudo errado... Claro que a Mercedes não passou a andar entre os últimos colocados, mas para os altos padrões da equipe alemã, os dois últimos anos foram considerados retumbantes fracassos. Com um carro mais convencional desde meados do ano passado, a Mercedes espera evoluir em 2024, mesmo que as declarações de engenheiros e pilotos não tenham sido das mais animadas. Seria isso que motivou Hamilton a sair da equipe? Veremos mais tarde, mas será muito interessante e ao mesmo tempo estranho ver Lewis, que deu várias declarações de amor à Mercedes, fazendo suas últimas corridas pelo time. George Russell deverá assumir a condição de primeiro piloto em breve e deverá usar 2024 como uma forma de se preparar para enfrentar um novo piloto que a Mercedes deverá investir, pois com certeza Wolff não quererá ficar por baixo após essa punhalada nas costas de Hamilton e seu velho colega Vasseur.

Assim como a Ferrari, a Mercedes partirá para um 2024 de transição, pensando mais em 2025 graças a saída surpreendente de Hamilton.  

MCL38


 A posição da McLaren dentro da F1 foi bem diferente entre o início e o fim de ano passado. No começo da temporada 2023 o time liderado por Zak Brown lutava para ir ao Q2 e conseguir alguns pontos já era algo a ser comemorado. Porém, Andrea Stella, chefe da equipe, dizia que novos updates estavam para ser implantados no carro durante o ano. E que updates! O carro do ano passado se transformou num dos mais fortes de 2023 e a McLaren fechou a temporada 2023 como a segunda força do pelotão.

Com o novo MCL38, apresentado hoje, a McLaren quer apenas manter o embalo das últimas corridas do ano passado e se apresentar como um forte contendor à Red Bull. O novo carro é bastante parecido com o anterior e é essa continuidade que a McLaren quer manter também nos resultados. Contando com dois pilotos jovens, talentosos e promissores, a McLaren está bem servida com Lando Norris e Oscar Piastri, mas não resta dúvida que o jejum de Lando é algo que incomoda, ainda mais com Piastri já tendo conquistado uma vitória, mesmo que numa Sprint Race. Muitos veem Norris como um piloto de ponta, apenas esperando ter o equipamento certo para vencer com regularidade, enquanto Piastri vai para a sua segunda temporada com a tendência de crescimento ainda bem íngreme.

A McLaren partirá para 2024 pensando alto, em vitórias e pódios. Algo bem diferente de um ano atrás. Com ótimos pilotos e novas pessoas chegando em cargos chave, com certeza o time papaia é uma equipe a ser observada. 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

SF-24


 Normalmente a principal notícia em cada início de ano para as equipes de F1 são os novos carro para a temporada vindoura. No entanto, o 2024 para a Ferrari foi diferente. Numa das notícias mais chocantes da história da F1, o time de Maranello anunciou a chegada de Lewis Hamilton para 2025, ofuscando todos os lançamentos dessa temporada, inclusive dos próprios italianos.

O carro de 2024 nasceu com as expectativas de ver a evolução da Ferrari já pensando em 2025, quando Hamilton aportará em Modena para se vestir de vermelho. Após fazer um 2022 promissor, a Ferrari se perdeu em seus próprios problemas e simplesmente não foi páreo para o domínio avassalador do conjunto Red Bull/Verstappen nos últimos dois anos. Um dos pontos críticos da Ferrari foi a gestão do desgaste de pneus, que deixava Leclerc e Sainz operando numa janela muito estreita de funcionamento, pois havia velocidade no carro, vide algumas poles conquistadas pela turma da Ferrari. Por sinal, a dupla da Ferrari será uma atração à parte em 2024. Há quem diga que Leclerc, que teve seu contrato renovado poucas semanas antes do anúncio de Hamilton, não teria gostado nada da chegada do inglês em seu feudo, já que não havia muito segredo que Leclerc era tratado como o preferido da cúpula da Ferrari. Agora, sabendo que Hamilton virá em 2025, Charles terá uma estrela de alto quilate ao seu lado e ele não terá todas as atenções que ele recebia anteriormente. E a situação de Sainz? Mesmo tendo conquistado a única vitória da Ferrari em 2023 e ter andado sempre próximo de Leclerc, mesmo sabendo que o companheiro de equipe era considerado a 'grande esperança' da equipe, o espanhol se viu dispensado no final dessa temporada. Enquanto busca uma equipe para 25, como será o comportamento de Sainz em eventuais 'decisões pela equipe'?

O anúncio da chegada de Hamilton transformou completamente a temporada 2024 da Ferrari, já que todas as atenções ficaram mesmo para 2025, quando Lewis chegará na equipe. Mesmo sendo um ano de espera para a chegada de Hamilton, a Ferrari terá que mostrar bastante evolução antes do casamento desse século se consume.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

AMR24

 


A Aston Martin tem um dos bastidores mais curiosos do paddock da F1. Em 2023, o time verde foi o que mais evoluiu de um ano para outro, com Fernando Alonso conseguindo pódios em sequência e até vitórias eram faladas ainda no ano passado. Contudo, a Aston Martin descobriu que mais difícil que construir um bom carro, é desenvolver um e o momento bom foi se esvaindo. De segunda força do campeonato, a Aston Martin terminou numa melancólica quinta posição no Mundial de Construtores, muito porque enquanto as demais equipes pontuavam com seus dois pilotos, Fernando Alonso levava a equipe nas costas. Portanto, para a Aston Martin bastava substituir o segundo piloto, certo? Errado, quando se leva em conta que o segundo piloto é o filho do dono e um dos principais motivos da Aston Martin estar na F1. Quando Lance Stroll perdeu a motivação e poderia sair da F1, a equipe entrou em pânico, com a possibilidade da equipe poder sair junto do canadense.

Com esse peso morto dentro da equipe, mas que não pode simplesmente ser extirpado, a Aston Martin mostrou seu novo carro para 2024 com a expectativa de manter a boa forma da primeira metade do campeonato de 2023 durante toda a temporada 2024. Claro que além de um bom carro, tudo dependerá de Fernando Alonso. O espanhol tirou leite de pedra no segundo semestre do ano passado e ainda garantiu um quarto lugar no Mundial de Pilotos, vendo seu nome se tornar interessante para as equipes, principalmente pelo movimento de Hamilton para a Ferrari em 2025. Alonso liderará a equipe mais uma vez, mas pode correr de olho em uma nova equipe, enquanto Stroll ficará mais um ano na mediocridade.

A Aston Martin receberá a Honda em breve e conta com uma estrutura cada vez mais robusta, porém, o fator que faz a equipe de manter viva no campeonato (Stroll) simplesmente não evoluir e quem pode fazer a diferença (Alonso) pode estar de mudança em breve. 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

VCARB 01

 


Apenas quatro anos após a Toro Rosso sair de cena para a entrada da Alpha Tauri, a Red Bull novamente mudou o nome e a identificação visual da sua segunda equipe na F1. De gosto bastante duvidoso, a equipe passará a se chamar Visa Cash App Racing Bulls. Resumidamente, Racing Bulls. Porém, as cores do novo carro lembram bastante o da temporada 2019, com azul e cinza dominando o novo lay-out da equipe.

De equipe de base para revelar os novos talentos do programa de jovens pilotos da Red Bull, a Racing Bulls sofreu algumas mudanças drásticas nos últimos anos. Primeiro, a saída de Franz Tost, chefe da equipe desde o início em 2005, quando a Red Bull comprou a Minardi. Segundo foi a mudança de postura na escolha de pilotos. Yuki Tsunoda está longe de ser um jovem e imberbe piloto em sua quarta temporada na F1. E o que dizer de Daniel Ricciardo e seus 35 anos? A equipe não terá nenhum piloto da cantera da Red Bull novamente, lembrando que Ricciardo substituiu o já experiente Nyck de Vries, que fracassou ano passado. Isso é um claro sinal que os métodos draconianos de Helmut Marko para com os pilotos jovens da Red Bull deixou a equipe sem ninguém de confiança e restou investir em pilotos mais experiente na esperança de resultados melhores.

A Racing Bull melhorou os seus resultados no último quarto de campeonato e a esperança é que o embalo continue em 2024. Seus dois pilotos estão sob pressão, com Tsunoda sendo segurado principalmente pelo apoio que tem da Honda, mas em seu quarto ano na F1 dificilmente terá mais chances com os resultados que tem, enquanto Ricciardo tentará fazer uma temporada que chame a atenção da Red Bull e o australiano tome o lugar de Checo Pérez em 2025. Ou antes. Mais do que isso, a Racing Bulls poderia ter um nome mais simples e bonito para a sua equipe.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

A524

 


Tendo uma montadora tradicional como a Renault por trás e com um orçamento longe de ser um grande problema, é incrível como a Alpine ainda patina em seus problemas internos. O ano de 2023 ficou bem abaixo das expectativas dos franceses, que promoveu um verdadeiro facão em sua cúpula no meio da temporada. A falta de continuidade da Alpine é apenas um dos problemas que impedem uma equipe com tanto potencial ficar apenas no quase.

Para 2024, a Alpine espera um ano menos turbulento e que volte a brigar constantemente pelo menos entre os cinco primeiros colocados, que era a meta do ano passado e passou longe de ser cumprida, mesmo com Ocon e Gasly terem conseguido um pódio cada em 2023. O novo carro foi mostrado e o chefe de equipe Bruno Famin prometeu um carro totalmente novo para voltar a evolução mostrada nos dois anos anteriores à temporada passada. Pelo menos na pintura a mudança foi clara, com o negro predominando no novo lay-out, substituindo o tricolor da bandeira francesa. A equipe sabe que tem dois bons pilotos e se Ocon e Gasly tiverem um bom equipamento, poderão entregar resultados satisfatórios. O problema é a Alpine, em meio a tantos problemas internos, saber segurar sua dupla de pilotos, que já demonstraram não estar em total sintonia.

A Alpine luta para encontrar uma trilha e seguir nela rumo aos bons resultados. Não falta potencial dentro e fora da pista, mas a falta de comando fez com que isso não aparecesse para os franceses e 2024 a Alpine terá mais chance de mostrar a que veio.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

C44

 


Se existe uma equipe que gostaria que o tempo voasse, essa é a Sauber. Com o fim da parceria com a Alfa Romeo, o tradicional time suíço espera ansiosamente por 2026 e a chegada definitiva da Audi, esperando com que o time volte aos bons tempos de quando teve uma parceria com a BMW e chegou a brigar por vitórias, liderada por Robert Kubica. Contudo, enquanto 26 não vem, a Sauber vai se virando como pode, passando a se chamar Stake e mostrando um carro com novas cores bem duvidosas.

Muita gente reclama que dificilmente as equipes de F1 mudam seus lay-outs, mas a Sauber bem que poderia usar cores mais bonitas com o fim da parceria com a Alfa e a chegada do title sponsor Stake. As cores preta e verde incandescente não ficaram a coisa mais bela na história da F1, mas como diria o poeta, carro bonito é carro rápido. Ano passado a Sauber, que ainda se chamava Alfa, teve um ano bem abaixo das expectativas, ficando em penúltimo no campeonato de construtores, com seus dois pilotos sofrendo para entrar na zona de pontuação. Mesmo assim Valtteri Bottas e Guanyu Zhou permaneceram um terceiro ano juntos, mas com uma pressão maior por resultados. Se preparando para a chegada da Audi, a Sauber investiu pesado em nomes nos bastidores e na parte técnica (James Key), aguardando resultados melhores.

A Sauber vive um claro momento de transição, onde o objetivo é chegar logo em 2026, mas para que a estreia da Audi não seja marcada por mediocridade, a Sauber precisa evoluir bastante de um 2023 muito ruim.

FW46

 


A Williams foi literalmente carregada nas costas por Alexander Albon em 2023, afinal, o anglo-tailandês conquistou 27 dos 28 pontos conquistados no ano passado pela tradicional equipe, que vive outro momento de reconstrução liderada por James Vowles, que veio da Mercedes como discípulo de Toto Wolff e com a expertise de vários anos na melhor equipe da década passada, vai estruturando a Williams

O carro de 2024 foi apresentado nessa segunda-feira com algumas mudanças pontuais e a chegada de novos patrocinadores. Sétima colocada no Mundial de Construtores, a Williams se caracterizou por ter uma ótima velocidade de ponta, mostrando a todos um carro com pouco arrasto, significando algum sofrimento em pistas mais lentas. A Williams fazia de tudo para posicionar Albon bem para o jovem piloto da Red Bull se segurar na pista, algo que Albon fez muito bem a ponto do tailandês ser considerado no agora agitado mercado da F1. Após um início de carreira claudicante na F1, Albon se consolidou como um bom piloto e fez muito mais do que o potencial do seu carro, fazendo com que Alexander pense em passos maiores no futuro. Enquanto isso, Logan Sargeant não fez um bom campeonato como novato, se envolvendo em muitos acidentes e ficando muito atrás do companheiro de equipe, mas como o americano tem bons apoiadores e conta com a nacionalidade como trunfo, Sargeant ficou mais um ano na Williams, mesmo que não tenha mostrado muita coisa para ter uma segunda oportunidade, mas que pode ser a última.

A Williams vai para 2024 com objetivos modestos. De equipe dominante trinta anos atrás, a Williams é uma pálida sombra do que já foi e luta para fugir das últimas posições, algo bem comum para o time nos últimos dez anos.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

VF-24

 


Um dia após a bomba histórica da transferência de Lewis Hamilton da Mercedes para a Ferrari ao final de 2024, qualquer notícia nessa sexta-feira referente à F1 ficaria claramente em segundo plano, porém, o marketing da Haas não tinha como adivinhar que essa notícia seria solta exatamente um dia antes do lançamento do novo carro americano. Então, sobrou para a Haas ficar como ato secundário num momento em que a F1 ainda recupera o fôlego do que aconteceu nessa quinta-feira, abrindo a temporada de estreia dos novos carro para 2024.

Como sempre, a Haas não fez uma grande festa para mostrar o VF-24, até mesmo porque a grande notícia envolvendo a equipe de Gene Haas já tinha sido divulgada a algum tempo, com a demissão de Günther Steiner, após o italiano ter se popularizado em Drive to Suviver. Não por comandar bem uma equipe, função para o qual foi contratado. Tendo agora o japonês Ayao Komatsu como chefe de equipe, a Haas espera ter alguém ainda mais técnico do que Steiner, além de mais discreto do que o expansivo ex-chefe. A equipe manteve a sua experiente dupla de pilotos, que não fizeram nada demais em 2023. Magnussen e Hulkenberg, que já se estranharam em outros tempos, completaram uma dupla sólida, mas que não foi o suficiente para evitar que a Haas terminasse na lanterna em 2023.

Para 2024 o objetivo da equipe é ter um ritmo de corrida compatível com o de classificação, pois no ano passado era até comum ver K-Mag ou Hulk no Q3 para despencarem na corrida, sendo que todos sabem desde que F1 é F1, que os pontos são conseguidos no domingo. Komatsu foi bem sincero em suas primeiras declarações: a expectativa é de que a Haas permaneça nas últimas posições. Gene Haas já aparenta impaciência e com a saída de Steiner, para muitos o principal obstáculo para a venda da equipe para a Andretti, um negócio entre os americanos aconteça em algum momento, caso a Haas continue dessa forma.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Primeiro de fevereiro ou de abril?

 


Hoje é o último dia da janela de transferências do futebol europeu, mas segundo o conceituado Fabrizio Romano, expert nesse assunto, a grande transferência do dia não aconteceu entre nenhum gigante europeu. E nem mesmo no futebol! Logo na manhã brasileira começou a pipocar notícias de que Lewis Hamilton estaria acertado com a Ferrari, algo que já havia acontecido outras vezes e negado logo em seguida. Parecia que era primeiro de abril.

Porém, estamos iniciando fevereiro de 2024 e os desmentidos não apenas não surgiram, mas os indícios de que essa bombástica transferência estava para acontecer. Numa manobra surpreendente e que caiu como uma bomba no mundo da F1, Hamilton saiu da Mercedes, após inúmeras declarações de amor e que se aposentaria junto aos alemães, para se juntar à Ferrari em 2025. A confirmação veio no final da tarde no Brasil e começo da noite na Europa, após um dia inteiro de especulações. Ainda é cedo para afirmar o real motivo de Hamilton, que próximo ano completará 40 anos, irá se mudar para a Ferrari, mas já podemos afirmar que essa transação é a mais chocante da história da F1.

O que parecia uma peça de primeira abril, se tornou uma bomba de fevereiro.