domingo, 2 de março de 2025

Ano novo, vencedor velho

 


A enorme carreira de Alex Palou na Indy vai sendo caracterizado por vários tabus sendo quebrados. Um desses tabus era a falta de vitórias em St Petersburg, já tradicional palco da corrida inaugural da Indy. O espanhol sempre teve dificuldades na pista de rua na Flórida, mas em 2025 o espanhol da Ganassi executou uma estratégia certeira para derrotar Dixon e Newgarden e começar a nova temporada com vitória.

E a tática de Palou começou por um incidente na primeira volta. A saída da curva 3 de St Petersburg sempre foi complicada, com a pista estreita e o muro sempre próximo. Logo no giro inicial Will Power tocou na traseira de Nolan Siegel, com ambos batendo forte e ainda envolvendo Louis Foster. Péssimo início para Power, que fala-se que seu lugar na Penske está por um fio. Os treinos mostravam que o pneu macio não durava muito e por causa disso, quem largou com pneus macios se mandou para os pits na primeira volta, para se livrar dos compostos moles e fazer toda a corrida com pneus duros. O líder desses pilotos fora Colton Herta, mas o americano da Andretti sofreu com vários antigos problemas que sua equipe tem em pit-stops, saindo da contenda pela vitória. Porém, a dupla da Ganassi, liderado por Dixon, e Newgarden faziam parte dessa trupe, enquanto o pole position Scott McLaughlin começou a corrida num ritmo forte, liderando boa parte da corrida usando os pneus duros, seguido pela dupla surpreendente dupla da Meyer&Shank.

Não houve mais bandeiras amarelas em St Pete, mas ainda assim a corrida foi decidida na estratégia. Os líderes não pararam, mas em algum momento teriam que usar pneus duros e por isso, teriam que fazer uma parada a mais. McLaughlin fez de tudo para se manter na ponta, mas parando uma vez mais, o neozelandês da Penske teve que se conformar com uma quarta colocação. Dixon era o líder da turma que parou uma vez menos, mas tendo Palou logo atrás, o espanhol acabou executando um undercut na última parada e saiu na frente de Dixon, que ainda viu Newgarden assumir a segunda posição.

O último quarto de prova viu Palou ficar preso atrás do retardatário Sting-Ray Robb, permitindo a aproximação de Newgarden e Dixon, mas nada pôde impedir a vitória de Palou, grande vencedor da prova. Na última volta, Dixon ainda ultrapassou Newgarden para completar a dobradinha da Ganassi. Com os dois carros da Penske logo atrás, quem veio atrás deles foram dois pilotos da Andretti (Kirkwood e Ericsson), enquanto Lundgaard foi a melhor McLaren, com Pato O'Ward tendo um pneu furado pelo melê da primeira volta. A primeira vitória de Alex Palou em St Pete indica que o espanhol partiu forte rumo ao tetracampeonato.

Brincando de ganhar

 


Na Sprint, Marc Márquez já tinha dado o seu recado, com uma vitória dominadora vindo da pole. Estreando na equipe oficial, Márquez teve a corrida sob controle e ainda viu seu irmão completar a dobradinha. Vinte e quatro horas depois, provavelmente para mostrar ao resto do pelotão que está com a moto na mão, Marc Márquez resolveu brincar um pouco e deixou seu irmão Alex liderar a corrida praticamente inteira, antes realizar a ultrapassagem decisiva e retomar a ponta e venceu em sua estreia oficial na equipe de fábrica da Ducati.

A corrida em Chang não foi das mais emocionantes, mesmo com Marc praticamente estendendo o tapete vermelho para Alex o ultrapassar. Era nítido que Marc Márquez apenas brincava com o restante de pilotos da MotoGP. Vindo de uma manobra arriscada na carreira, ao sair da Honda oficial, onde conquistou todos os seus títulos, para a pequena Gresini, Marc Márquez entrou na equipe oficial da melhor moto disparada da MotoGP e mesmo tendo ao lado dos boxes um bicampeão mundial, o espanhol simplesmente dá a sensação de já ter colocado Bagnaia no bolso. O que o italiano não contava era a força de Alex Márquez. Totalmente eclipsado pelo irmão mais velho, Alex também deu seu recado na Sprint ao não apenas ficar em segundo na minicorrida, como ter ajudado como pôde Marc. Na prova principal, talvez querendo agradecer e agradar o irmão mais novo, Marc praticamente abriu passagem para Alex liderar a corrida praticamente inteira. Bagnaia, que chegou a ultrapassar Alex na largada, mas errou ligeiramente antes de ser reultrapassado, se via às voltas com Franco Morbidelli, que ultrapassara a sensação do final de semana, o novato Ai Ogura, que fez um ótimo final de semana e sendo o melhor piloto da Aprilia.

Quando faltavam três voltas, Marc acabou a brincadeira e ultrapassou o irmão sem maiores problemas e abriu, mostrando a todos que estava tudo sob controle. Bagnaia esboçou um ataque, mas se conformou com o terceiro lugar, além de ter percebido que sua situação dentro da Lenovo Ducati será bastante delicada com Marc já se sentindo em casa e ainda tendo seu irmão como escudeiro, caso precise. A Ducati mostrou sua força ao ficar com quatro primeiras posições, deixando para as demais montadoras a sensação de deja-vù. Honda e Yamaha evoluíram, mas estiveram longe de brigar pelo pódio. Joan Mir fazia uma corrida interessante e, sem maiores surpresas, caiu. Era esperado que Fabio Quartararo fosse a ponta de lança da Yamaha, mas uma má largada do francês o relegou às últimas posições e foi Jack Miller a melhor Yamaha do dia. Pedro Acosta era a melhor KTM quando caiu, mostrando que falte ao talentoso espanhol uma melhor moto.

A primeira corrida da temporada 2025 mostrou um Marc Márquez fortíssimo, demonstrando que sua aposta está dando certo. Também a de Davide Tardozzi, que mesmo perdendo o atual campeão Jorge Martin para a Aprilia, apostou que Marc Márquez ainda tem condições de ser o piloto dominante pré-Jerez/2020. E Marc mostrou que aquele piloto pode estar de volta.