domingo, 31 de agosto de 2025

Ano Palou



 A Indy sempre foi caracterizada pela competitividade de suas corridas e campeonatos. Mesmo com muita diversidade de pistas, o fato de termos carros e pneus iguais faz da Indy uma categoria com vários vencedores diferentes e certames decididos na última prova. Não foi o que aconteceu em 2025. Alex Palou conseguiu um ano beirando o perfeito, com oito vitórias, incluindo as 500 Milhas de Indianápolis e o campeonato decidido com rara antecipação de três provas. O espanhol da Ganassi transformou um campeonato normalmente disputado num verdadeiro desfile de talento e qualidade.

A última corrida em Nashville, realizada nesse domingo, mostrou o quão dominante Palou está na Indy atual. O espanhol teve um pneu furado quando liderava e rapidamente foi aos pits, cuja janela de paradas mal tinha se iniciado. Palou se manteve na briga pela vitória até as últimas voltas, superado pelo vencedor Josef Newgarden nas últimas voltas, mas sempre se mantendo próximo. Palou pode não vencer todas as corridas, algo que beira o impossível num campeonato de alto nível, mas sempre marca bons pontos quando não vence. Não ganhou em Nashville? Terminou em segundo. Assim como aconteceu semana passada em Milwakee e em outras corridas em 2025, quando não venceu. Apenas um abandono em Detroit e mais de 160 pontos na frente do vice-campeão Pato O'Ward, ou seja, mais de três corridas de vantagem. Um passeio poucas vezes vistas na Indy, cuja história de Alex Palou foi um dos poucos pontos altos.

A categoria teve um ano esquecível em vários sentidos. Após mais de trinta anos na Indy, a Honda pode estar saindo da categoria, deixando a Chevrolet sozinha. Uma das reclamações da Honda é porque a Ilmor, que prepara os motores da Chevrolet tem como um dos sócios Roger Penske, dono da categoria e do Indianapolis Motor Speedway. Constantes escândalos de desclassificações e punições técnicas marcaram a Indy, inclusive com a Penske sendo desclassificada dos treinos em Indianápolis, que viu o segundo e terceiro colocados desclassificados depois da prova. A chegada da Fox Sports americana deu um 'up' na transmissão de TV e na divulgação, mas a teimosia dos líderes da Indy fez com que a Nascar chegasse ao México antes da Indy, mesmo a categoria de monopostos ter um dos seus principais pilotos o chicano Pato O'Ward. A chegada dos motores híbridos aumentou os custos da categoria e visualmente não trouxe grande evolução de desempenho. Pilotos pagantes como Nolan Siegel e Devlin DeFrancesco tiraram lugares de pilotos mais abonados de talento e não de dinheiro. Após mais de vinte anos, a Indy voltará a ter um game oficial, algo que todo esporte tem. E por último, a chegada do novo carro, sempre adiada, se tornou uma novela e trazendo várias polêmicas.

Mesmo com domínio de Palou, vimos Scott Dixon vencer em Mid-Ohio e continuar sua incrível sequência de vitória que remonta a 2006, com pelo menos uma vitória por ano. Contando com 45 anos de idade, Dixon vai mostrando os sinais da idade e com Palou assumindo o protagonismo dentro da Ganassi, com Kyffin Simpson, também piloto pagante, se mostrando uma grata revelação, conseguindo bons resultados e seu primeiro pódio. A McLaren trouxe Christian Lundgaard para o time e o nível subiu, mesmo que ainda falte ao dinamarquês uma maior consistência em ovais. No entanto, Pato O'Ward continuou como o primeiro piloto da equipe e mesmo sendo vice-campeão, esteve longe de uma disputa real com Palou pelo título. E é isso que falta à O'Ward para se garantir ainda mais entre as grandes estrelas da Indy, pois carisma não lhe falta. O ano da McLaren só não foi perfeito pela inacreditável escolha de Tony Kanaan em Nolan Siegel como terceiro piloto. O jovem americano nem de longe anda próximo de O'Ward e Lundgaard, sofrendo inúmeros acidentes ao longo do ano a ponto da McLaren ver o seu terceiro carro fora dos vinte melhores que garantem premiação no final da temporada. Sendo que Tony tinha Theo Porchaire nas mãos, um piloto muito mais promissor do que Siegel. A sorte de Kanaan foram as boas temporadas dos outros dois pilotos.

Falando em boa temporada, a Penske esteve longe de fazer uma. Não bastasse os vários problemas extra pista, a equipe teve sua pior temporada em anos, conseguindo apenas duas vitórias já no final da temporada. Newgarden e McLaughlin tiveram inúmeros problemas e estiveram longe da briga pelo título, sendo que Josef amargou uma péssima 16º posição no campeonato. O melhor piloto da Penske foi Power, vencedor em Portland, mas de saída da equipe após mais de quinze anos de bons serviços à equipe, muito provavelmente substituído por David Malukas, que fez boas provas ao longo do ano, principalmente em ovais. A Foyt fez as vezes de segunda equipe Penske e não raro andou na frente da equipe principal, com Malukas e o irascível Santino Ferrucci. Com a confirmação da equipe Cadillac na F1 usando a estrutura da Andretti, o time comandado por Dan Towriss teve um ano bem abaixo, mesmo com Kyle Kirkwood tendo vencido duas corridas e brigado com O'Ward pelo vice-campeonato. Novamente Colton Herta deixou a desejar, mas muito se fala que o americano, considerado o jovem americano mais talentoso dos monopostos, estaria de saída da Indy, indo correr na F2 em preparação para a F1. Marcus Ericsson fez um campeonato tão ruim, que quase teve seu contrato reincidido.

Das equipes intermediárias, destaque para Carpenter, que viu Christian Ramussen vencer pela primeira vez, em Milwakee. Em ovais, Conor Daly fez ótimos trabalhos com a Juncos, que sofre com problemas financeiros, algo que afeta também a Dale Coyne, mas Rinus Veekay fez um ótimo trabalho levando o time nas costas. A Rahal continuou seus problemas com ovais, o único brilhareco da estreante Prema foi a miraculosa pole de Robert Shwartzman em Indianápolis e a Meyer&Shank conseguiu bons resultados em classificação, mas Marcus Armstrong e Felix Rosenqvist deixaram a desejar em ritmo de corrida.

A Indy encerra sua temporada 2025 ainda em agosto, em outro erro estratégico da categoria, pois passaremos oito meses sem falar da categoria. No Brasil, fala-se que com a saída da F1 da Band, a Indy estaria saindo da TV Cultura e retornando a Band. Tomara que levem o ótimo Geferson Kern junto! Palou entrou para a história do automobilismo americano, mas o espanhol corre o risco de ter o destino parecido com o de Sebastian Bourdais nos anos 2000, quando dominou a Champ Car mais por falta de quórum do que por outra coisa.

Futuro repetindo o passado


 Voltando nove anos no tempo, Lewis Hamilton liderava o Grande Prêmio da Malásia de 2016 e se aproveitando de um toque recebido por Nico Rosberg na primeira curva em Sepang, estava prestes a assumir a ponta do campeonato pela primeira vez, quando o motor Mercedes explodiu sem aviso. Mesmo vencendo as últimas quatro provas do campeonato 2016, Hamilton foi incapaz de superar o zero ponto na Malásia e o título ficou com Nico. Retornando para 2025 e mesmo sem sabermos quem será o campeão dessa temporada, podemos estar vendo o passado se repetindo. Lando Norris liderou todos os treinos livres, perdeu a pole por milésimos e fazia uma corrida equilibrada contra seu companheiro de equipe e rival pelo título Oscar Piastri quando o mesmo motor Mercedes dos tempos da briga Hamilton/Rosberg abriu o bico quando faltavam sete voltas para o fim do animado Grande Prêmio dos Países Baixos. Um zero ponto para Lando Norris que pode fazer toda a diferença a favor de Oscar Piastri, vencedor da prova desse domingo.


A esperada chuva em Zandvoort, falada desde o início da semana nos três dias de Grande Prêmio ficou na ameaça e apenas alguns pingos caíram que pouca diferença fez para a corrida. Com nuvens carregadas no horizonte, a largada foi dada sem maiores problemas e Piastri quase que imediatamente foi para direita, cortando qualquer ameaça de Norris. Correndo em casa e tentando criar qualquer chance para fazer algo a mais, Max Verstappen optou pelos pneus macios e isso foi uma vantagem na largada, com o neerlandês pulando para segundo e chegando a ficar lado a lado com Piastri na primeira curva, que não teve maiores pudores em fechar o anfitrião do dia. Norris por pouco recuperou a segunda posição, mas Verstappen mostrou sua magia ao seu manter na posição carregando muita velocidade entre as curvas 2 e 3, perdendo a aderência do seu carro, porém, segurando o carro e a posição com maestria. O único incidente aconteceu com Bortoleto, que ficou sem potência e imediatamente caiu para último. Leclerc mostrava suas credenciais ao ultrapassar Russell na primeira volta, iniciando o dia de muita pressão do incrível Isack Hadjar, sempre com alguém lhe enchendo os retrovisores. 


Com Verstappen o separando de Norris, Piastri aproveitou para abrir o máximo que podia, mas não demorou para que os pneus macios de Verstappen começassem a perder ritmo e antes da décima volta Norris efetuou uma bela ultrapassagem sobre Max, por fora na curva Tarzan. Nesse momento Piastri liderava com 4s de vantagem e ao se livrar de Max, Lando tirava a diferença aos poucos. A corrida ficou estática, com as notórios dificuldades de se ultrapassar em Zandvoort ficando claras, mas um ligeira garoa (ou neblina, se você for do Ceará...) se abateu sobre a pista às margens do Mar do Norte, tornando o asfalto ligeiramente escorregadio, mas ninguém pensou em pneus intermediários, para alegria da Pirelli. Porém, nesse momento Lewis Hamilton corou mais um final de semana nada frutífero e bateu na curva 3, ao passar pela parte verde e estatelar sua Ferrari no lugar. O Safety-Car apareceu, mexendo com a estratégia das equipes, mesmo que na frente não tivesse tantas mudanças. A McLaren escolheu a bola de segurança e trouxe seus dois pilotos ao mesmo tempo, colocando pneus duros, mesmo que Norris quase levou o mecânico do macaco dianteiro junto. O SC trazido por Hamilton acabou atrapalhando Leclerc, que tinha acabado de fazer sua parada e o monegasco acabou ultrapassado por Russell. Na tentativa de dar o troco, Leclerc efetuou a manobra do dia, ao arriscar um 'dive bomb' na apertada chicane e após se esfregar com Russell, completar a manobra. O inglês da Mercedes ficou uma arara, reclamando via rádio, mas a investigação ficou para depois da corrida.


Com os dois pilotos da McLaren andando mais próximos, a corrida ficou mais tensa, com Oscar e Lando sempre separados por menos de 1,5s. A corrida seguia seu fluxo normal, quando a Mercedes resolveu mudar a estratégia de Andrea Kimi Antonelli e colocou pneus macios no carro do italiano faltando vinte voltas. Temendo ver Leclerc atacado nas voltas finais, a Ferrari imediatamente trouxe Charles para os pits e colocou os mesmos pneus de Kimi. Leclerc voltou imediatamente à frente de Antonelli, demonstrando a diferença que os pneus macios faziam naquele momento, mas o que o ferrarista não contava era que Antonelli resolvesse ultrapassa-lo numa manobra para lá de otimista, resultando num toque entre eles e Leclerc ficando no mesmo muro que Hamilton batera voltas antes. Zero ponto para a Ferrari no mesmo local. Antonelli teve um pneu furado, foi punido em 10s pelo toque em Leclerc e posteriormente mais 5s por excesso de velocidade nos boxes quando visitou os pits pela terceira vez. Zero ponto para o jovem italiano. Isso motivou a McLaren trazer seus dois pilotos para os pits e mesmo num processo longe de ser perfeito, os dois se mantiveram na ponta rumo a mais uma dobradinha. O motor Mercedes já tinha quebrado nos carros da Williams, Aston Martin e da própria equipe Mercedes, faltando apenas a McLaren. Faltando sete voltas para o fim, Lando reportou fumaça no cockpit e quando a câmera abriu, a fumaça estava em todo lugar na McLaren de número 4. O motor Mercedes completara a cartela em 2025 e todas as equipes que usam a usina de Stuttgart abandonaram pelo menos uma vez. E Lando Norris foi o 'escolhido' da McLaren.

Obviamente Lando Norris saiu do carro arrasado, enquanto o SC voltava à pista, mas a corrida estava ganha para Oscar Piastri, que completou seu primeiro 'Grand Chelem' da carreira. O australiano não começou o final de semana de forma prodigiosa, mas apareceu no momento certo na classificação e após uma boa largada, controlou as 72 voltas do Grande Prêmio dos Países Baixos, mesmo quando tinha alguém perto dele. O australiano venceu de forma sóbria e ainda teve a sorte (de campeão?) de ver seu rival mais próximo ter uma rara explosão de motor, fazendo com que a diferença entre os dois primeiros colocados no campeonato suba para 34 pontos. Piastri começa a se colocar numa situação de, na mesma forma como controlou a corrida de hoje, a controlar o campeonato até o fim.


O abandono de Norris fez com que Max Verstappen chegasse num bom segundo lugar, coroando mais um final de semana em que o neerlandês anda bem mais do que o potencial do carro. A Red Bull tem um carro desequilibrado e que só Max consegue domar. Tsunoda fez uma corrida anônima na maior parte do tempo e que só lhe rendeu pontos pelas entradas do SC, que acabaram favorecendo ao nipônico voltar a marcar pontos depois de bastante tempo. Bem melhor do que ele fez Isack Hadjar. Após uma classificação estupenda, o jovem francês da Racing Bulls segurou a pressão de Leclerc e Russell a corrida inteira, não se intimidando pelos nomes que o perseguia. Hadjar fez uma prova correta, seu time fez uma estratégia sem maiores invencionices e com a quebra de Lando, Isack conseguiu o primeiro pódio da carreira, além de se tornar o francês mais jovem a subir ao pódio da F1. O problema disso é se Hadjar for ser promovido. Lawson estava marcando bons pontos para a Racing Bulls, mas na primeira relargada se envolveu num toque com Carlos Sainz e a corrida de ambos acabou ali. Sainz foi punido pelo incidente e ficou cuspindo maribondo via rádio, se dizendo inocente pelo toque.


Russell teve seu assoalho danificado com o toque recebido por Leclerc e por isso teve sorte em manter o quarto lugar e marcar importantes pontos para a Mercedes, que luta com a Ferrari pelo vice-campeonato no Mundial de Construtores. Albon fez uma ótima largada, se manteve nos pontos o tempo inteiro, andou no ritmo da dupla da Mercedes e com os problemas que ocorreram ao seu redor, garantiu bons pontos com um quinto lugar. A Haas largou com seus dois pilotos com pneus duros, esticou ao máximo seu primeiro stint e colocou os médios apenas no segundo SC, fazendo com que seus pilotos parassem nos pits uma vez e com os pneus certos na segunda metade de prova. Bearman conseguiu um ótimo sexto lugar, seu melhor resultado na F1 até agora, com Ocon fechando a zona de pontuação. A Aston Martin começou o final de semana dando pinta que poderia brigar por algo acima do que vinha fazendo, mas a classificação mostrou que não era bem assim, ainda mais com Stroll batendo no Q1. Largando em último, o canadense foi o primeiro a fazer pit-stop e depois colocou o terceiro set de pneus na hora certa e ficar em sétimo. Alonso teve uma corrida mais conturbada, onde se estranhou com seu engenheiro de pista via rádio, mas a experiência do espanhol prevaleceu e Alonso foi sétimo, no entanto, mais uma vez, ficou a sensação que a Aston Martin acertou na estratégia com o piloto errado. Já a Sauber errou a vontade na estratégia dos seus pilotos e mesmo Bortoleto relargando em décimo, o brasileiro estava com os pneus errados e foi engolido pelo pelotão. A Alpine tentou fazer o mesmo com Gasly, que resistiu o quanto pôde, mas teve o mesmo destino de Gabriel. Já Colapinto tentou um 'all-in' no último SC e quase garantiu um ponto, mas a corrida acabou o portenho teve que se conformar com o 11º lugar.


Zandvoort viu uma corrida acima das expectativas e o grande vencedor foi Oscar Piastri, não apenas pelo triunfo no domingo, como pelo abandono infeliz de Norris, que saiu dos Países Baixos mais de trinta pontos atrás no campeonato e sua situação ficando bem complicada. Como seu compatriota Hamilton nove anos atrás, podemos esquecer todos os erros que Lando Norris cometeu durante o ano, mas a quebra de motor em Zandvoort poderá ser lembrada como o grande diferencial que poderá ter dado o título à Piastri no final do ano.

sábado, 30 de agosto de 2025

Sem mudanças na volta

 


O retorno da F1 das férias de verão viram um cenário muito parecido da primeira metade da temporada 2025. A McLaren dominou o final de semana até aqui, não dando chances às demais. No conhecido panorama de uma disputa particular dentro do seio 'mclariano', melhor para Oscar Piastri, que tirou a pole de Lando Norris, mesmo o inglês tendo liderado todos os treinos livres em Zandvoort.

A classificação começou com mais um motivo de que por mais que Lawrence Stroll invista na Aston Martin, enquanto o time tiver Lance Stroll como um dos seus pilotos titulares, a equipe esmeraldina sempre terá um peso morto atrapalhando a evolução do time. Com a equipe andando forte nos treinos livres, Stroll bateu ainda no começo do Q1, o relegando ao último lugar do grid, sendo que na sexta-feira Lance já tinha batido forte. Simplesmente inacreditável Lance Stroll ainda estar na F1, independente de Felipe Drugovich ser o piloto reserva da Aston Martin. Na apertada pista de Zandvoort, pilotos reclamaram bastante de tráfego e alguns foram bastante atrapalhados, mesmo que no final, a ordem do grid não tenha sido alterada de forma drástica por causa disso. Bortoleto reclamou bastante de Tsunoda em sua melhor volta do Q2, mas o próprio brasileiro afirmou que o nipônico nada poderia fazer na situação. Por coincidência, Bortoleto e Tsunoda marcaram o mesmíssimo tempo no Q2, mas enquanto Gabriel tem uma Sauber nas mãos, o pressionado Yuki corre de Red Bull...

E falando em Red Bull, Max Verstappen fez de tudo para dar uma alegria para a sua torcida, que lotou Zandvoort, mas o máximo que o neerlandês fez foi conquistar o terceiro lugar, ou seja, o melhor do resto. Hadjar surpreendeu ao superar Russell e largar da segunda fila, enquanto a Ferrari se recuperou parcialmente de um final de semana que vinha sendo duro. A McLaren esteve intocável em todas as sessões realizadas até agora em Zandvoort. Norris liderou todos os treinos, mas Piastri apareceu na hora certa, ficando muito próximo do companheiro de equipe e finalmente supera-lo no limite (0.012s) no Q3, ficando com mais uma pole, enquanto Norris amargou mais uma derrota num momento decisivo. Fala-se em chuva em Zandvoort desde o início da semana, mas até o momento a F1 só correu em piso seco nos Países Baixos. Continuará assim no domingo? 

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Aposta coerente no duvidoso

 


Nessa terça-feira a Cadillac anunciou sua dupla da pilotos para o começo da empreitada da legendária marca americana na F1. Foram inúmeras especulações e novamente o nome de Felipe Drugovich apareceu pela ligação que o brasileiro tem com a Cadillac no WEC, mas no final uma vez mais Felipe foi preterido. Começando uma equipe praticamente do zero, a escolha por uma dupla experiente chega a ser lógica, mas optar por Valtteri Bottas e Sérgio Pérez fez com que a Cadillac garantisse bastante experiência no seu primeiro ano na F1, como também falta de carisma em dois nomes que tiveram seus bons momentos na F1, mas saíram de suas equipes pelas portas dos fundos. Apesar de lógica, a escolha da Cadillac foi bastante duvidosa.

domingo, 24 de agosto de 2025

Chatice húngara

 


Parece que os húngaros não são exatamente especialistas em desenhar bons traçados para os seus autódromos. Apesar de Hungaroring estar se tornando um clássico na F1, a pista localizada próximo à Budapeste demorou a entrar no gosto do fã de automobilismo e com a enorme quantidade de circuitos projetados por Hermann Tilke, ou seja, com a mesma característica, um autódromo fora desse formato fez da pista magiar ter sua imagem bem melhorada ao longo do tempo, mesmo Hungaroring sendo um circuito travado e de ultrapassagens escassas. Porém, quase quarenta anos depois da chegada de Hungaroring, a MotoGP aportou em Balaton Park, descrito por Fabio Quartararo como 'um super kartódromo'. Um conceito certeiro do francês, em mais um final de semana perfeito de Marc Márquez.

O horroroso circuito de Balanton Park, curto, cheio de chicanes e onde as motos mal conseguem engatar a sexta marcha, viu mais um passeio no parque de Marc Márquez. Mesmo se atrapalhando na primeira curva com Marco Bezzecchi, Márquez respirou fundo e se vendo em terceiro, precisou de menos da metade da corrida para ultrapassar Franco Morbidelli e Bezzecchi para reassumir a ponta e vencer com enorme tranquilidade nesse enfadonho campeonato 2025 da MotoGP. Márquez prova corrida a corrida que está alguns patamares na frente dos demais pilotos, que se conformam em brigar pela segunda posição. Alex Márquez voltou ao normal e se tornou o piloto errático de antes, caindo durante a prova após uma classificação ruim e marcando poucos pontos. Francesco Bagnaia está com sua confiança destruída e seguiu seu calvário após uma classificação decepcionante e uma corrida medíocre, terminando em nono, após cometer vários erros em disputa com o semiaposentado Pol Espargaró. 

Bezzecchi arriscou numa estratégia com pneus macios e acabou alcançado por Pedro Acosta, que caiu várias vezes no final de semana, sendo que uma delas quase jogou sua moto em cima de um cinegrafista, mas o jovem espanhol se segurou no domingo e com o segundo lugar deu um alento à cambaleante KTM. Destaque para Jorge Martin, terminando em quarto lugar na corrida, apenas uma posição atrás de Bezzecchi, mostrando que poderá dar bons resultados à Aprilia até o final da temporada. Luca Marini conseguiu seu melhor resultado com a Honda com um quinto lugar, enquanto Joan Mir segue caindo mais que caju nessa época do ano no Ceará.

Márquez nem ligou muito para a ruindade do traçado de Balanton Park. Na verdade, o espanhol da Ducati não liga para nada rumo ao seu mais tranquilo título em sua já longa carreira. Sem adversários de verdade, Márquez humilha a concorrência.

domingo, 10 de agosto de 2025

Fazendo história


 Quando surgiu na Indy no começo de 2020, pouco se sabia de Alex Palou. De carreira discreta na Europa, o espanhol se mudou para o Japão e com seus bons resultados, se tornou piloto Honda, que o indicou para correr na Indy naquele ano, junto à parceira Dale Coyne. Logo em seu ano de estreia, Palou se mostrou um talento bruto e Chip Ganassi, sempre farejando estrelas emergentes, contratou o espanhol no final daquela temporada, iniciando uma parceria incrivelmente vitoriosa. Praticamente cinco anos depois de aportar na Ganassi, Palou conseguiu números impressionantes. Nesse domingo Alex garantiu seu quarto título, com o terceiro lugar em Portland, prova vencida por Will Power. 

A temporada 2025 da Indy foi amplamente dominada por Alex Palou, algo raro numa categoria conhecida pela competitividade. Até o momento são oito vitórias nesse ano, deixando os demais pilotos no chinelo. Em menos de cem corridas na Indy, Palou já conta com dezenove vitórias, ultrapassando vários campeões no processo. Se já venceu o campeonato por antecipação, Palou fez ainda mais em 2025, pois venceu com duas provas de antecedência, garantindo também o tricampeonato consecutivo, algo não visto desde 2011 com Dario Franchitti. E falando no escocês, desde que Dario venceu o campeonato e as 500 Milhas de Indianápolis em 2010, não se via uma dobradinha na Indy, mas Palou o fez em 2025. 

Uma campanha memorável do espanhol, que não tem nada a ver com os vários problemas que a Indy enfrenta. Alex Palou tem o seu nome entre os grandes da história do automobilismo e ainda pode fazer bem mais.

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Figura(HUN): Gabriel Bortoleto

 As primeiras corridas de Gabriel Bortoleto na F1 mostram como o brasileiro encara suas temporadas. Após um início exploratório, Gabriel vai aumentando o ritmo, crescendo ao longo do ano e por consequência, melhorando suas apresentações. Bortoleto já vai se reputando por ser ótimo em ritmo de classificação, mas ainda pecava em ritmo de corrida, principalmente na gestão de pneus, algo muito importante na F1 atual. Gabriel foi aprendendo, principalmente com seu experiente companheiro de equipe Hulkenberg e juntamente com o crescimento da Sauber, o brasileiro vai crescendo mais e mais. Após pontuar na Áustria e na Bélgica, novamente Bortoleto conseguiu uma ótima classificação, indo mais uma vez ao Q3, mas foi na corrida que Gabi se sobressaiu. Lutando contra lendas como Alonso e Verstappen, Bortoleto controlou sua corrida com maestria e fazendo funcionar a estratégia de uma única parada, conseguindo se colocar no meio da dupla da Aston Martin e conquistar a sexta posição, sua melhor posição até agora. Em franca ascensão, Gabriel Bortoleto vai se consolidando como um dos grandes destaques entre os vários novatos da F1 em 2025. 

Figurão(HUN): Lewis Hamilton

 Mais do que (não) fez dentro das pistas, esse lugar da coluna irá para Lewis Hamilton muito pelo o que o inglês falou no final de semana magiar. A esperada união de Hamilton e a Ferrari, anunciado ainda no começo de 2024, passada meia temporada já pode ser classificada como abaixo do esperado. Afora boas exibições bem pontuais e a vitória da Sprint Race da China, a temporada 2025 de Lewis Hamilton está longe de empolgar o mais otimista tifosi, normalmente perdendo para o seu companheiro de equipe Leclerc e tendo várias discussões com o seu engenheiro, o experiente Riccardo Adami durante as corridas. Eliminações nas primeiras fases da classificação começam a ser frequentes e na Hungria, enquanto Leclerc comemorou uma ótima pole, Hamilton amargara a 12º posição no grid. Entrevistado depois dos treinos, Hamilton se adjetivou como 'inútil' e que a Ferrari talvez 'tivesse que trocar de piloto'. A corrida não seria melhor. Largando com pneus duros, Lewis perdeu duas posições logo de cara e preso no 'trem de DRS', o inglês pouco evoluiu e terminou na mesma posição em que largou, ou seja, fora dos pontos. Depois das bombas soltadas no sábado, era esperado o que Lewis falaria após outra corrida ruim. E o inglês não decepcionou. Hamilton falou em 'sentimentos ruins nos bastidores da Ferrari e que estava incomodado'. Multicampeão do mundo, era esperado que Hamilton abaixasse a cabeça e trabalhasse intensamente para reverter a situação atual, mas a realidade vemos um Hamilton depressivo e soltando declarações enigmáticas. Os bastidores da Ferrari tem problemas? Declarações como essas apenas pioram a situação de um relacionamento cheio de expectativas, mas que pode terminar de forma decepcionante para ambos os lados. 

domingo, 3 de agosto de 2025

A réplica de Lando

 


O clima em Hungaroring não estava parecido com as clássicas corridas no verão da F1, com forte calor e sol à pino, no entanto, a histórica pista magiar viu uma bela prova protagonizada pela dupla da McLaren antes das férias de verão da F1 e com Lando Norris dando uma réplica em cima de Oscar Piastri, uma semana depois do australiano ter freado a reação de Lando na Bélgica. Após superarem um frustrado Charles Leclerc, a dupla da McLaren foi por caminhos diferentes e mesmo executando uma pobre primeira volta, Norris deu a volta por cima e superou seu companheiro de equipe por menos de sete décimos de segundo na bandeirada, após últimas voltas bem tensas com os dois carros da McLaren bem próximos.


A expectativa de chuva que havia na cidade de Mogyoród, sede do reformado circuito de Hungaroring, não se confirmou, mas o clima ameno e o tempo nublado poderia favorecer quem escolhesse uma tática onde cuidar dos pneus fosse essencial. Numa prova longa e com o asfalto escorregadio, a tática de duas paradas era praticamente unânime entre os primeiros colocados, mas tudo começou a mudar com a primeira volta ruim de Lando Norris. Enquanto o pole Charles Leclerc manteve sua posição sem maiores problemas, Piastri não largou tão bem e Lando tentou capitalizar o vacilo do companheiro de equipe, mas Oscar trancou o caminho de Norris por dentro. Para piorar a situação de Lando, ele deixou a porta aberta por fora e Russell conseguiu a fácil ultrapassagem sobre o compatriota e até mesmo George ficando lado a lado com Piastri na primeira curva. Sem espaço, Norris se viu ultrapassado também por Alonso, perdendo duas posições na primeira volta, complicando mais uma vez sua corrida logo de cara. Era o 'Dando Mollis' reaparecendo com força na Hungria, mas como dito mais cedo, clima ameno ajudaria bastante o jovem inglês da McLaren.

O primeiro stint de corrida foi tranquilo, com Leclerc surpreendendo novamente ao abrir uma boa diferença para Piastri, que manteve uma vantagem segura para Russell. Não demorou muito para Lando ultrapassar Alonso e encostar em Russell, mas o duo inglês se manteve nas mesmas posições, enquanto mais atrás uma briga pela quinta posição começava com Alonso segurando todo o pelotão, mas com raríssimas chances de ultrapassagem. Verstappen ultrapassou Lawson e Stroll, mas nada fez contra um inspirado Bortoleto, que já havia deixado Stroll para trás na primeira volta. As notórias dificuldades de ultrapassagem em Hungaroring se sobressaíram e a corrida passou a ser bem tática. Dos quatro primeiros colocados, Russell foi o primeiro a parar, seguido por Piastri e Leclerc, dando um claro sinal que visitariam os boxes duas vezes. Sem muito o que perder, pois Alonso e sua trupe estava longe demais, sem contar que o asfalto não estava tão quente a ponto de maltratar os pneus, Lando postergou sua parada e passado pouco mais de metade da corrida, o inglês foi aos boxes fazer sua primeiro e único pit-stop. As cartas estavam na mesa e a situação havia virado dramaticamente. Lando era o piloto mais rápido da pista e tirando a diferença dos pilotos da frente, mesmo que economizando borracha. Engenheiros perguntaram a Charles, Oscar e George se podiam ficar na pista até o fim e o ritmo dava uma resposta bem clara: seriam ultrapassados por Lando Norris como se estivessem parados. Não restava outra alternativa se não parar novamente, como planejado, jogando Norris novamente para a ponta. Não antes que o ritmo de Leclerc caísse assustadoramente e ele fosse ultrapassado por Piastri, deixando a briga pela vitória dentro do feudo da McLaren.


Quando retornou do seu segundo pit-stop, Piastri estava apenas 9s atrás de Norris, mas naquele momento era Oscar que tinha a vantagem dos pneus. Inicialmente Piastri foi tirando a diferença aos poucos, mas faltando dez voltas a vantagem de Lando foi caindo dramaticamente e o final de prova seria dos mais tensos de 2025 até agora. Circuito 'old school', Hungaroring tem a reputação de difícil ultrapassagem e mais uma vez vimos essa fama se estabelecer. Mesmo quando Piastri diminuiu a vantagem de 4s para menos de 1s em pouco tempo, o australiano não teve uma chance real de efetuar a ultrapassagem. Afora um mergulho banzai na penúltima volta, Piastri não teve chances de ataque real frente a um Lando Norris impecável na defesa de posição e der feito uma estratégia que parecia impensável funcionar muito bem. Depois de uma primeira volta ruim, Lando deu a volta por cima e conseguiu a terceira vitória nas últimas quatro corridas, deixando o campeonato ainda aberto, pois a F1 vai para as férias de verão com os dois pilotos separados por meros nove pontos e dez corridas para fazer. 


Na luta pelo pódio, ouvimos Charles Leclerc lamuriar via rádio e o monegasco tinha razão quando foi ultrapassado por Russell nas últimas voltas, após muita resistência do piloto da Ferrari, que até foi punido pela sua defesa de posição agressiva ao extremo. Depois da corrida a Ferrari revelou que um problema de chassi, não de estratégia, minou a corrida de Leclerc e o tirou do pódio. Após várias corridas ruins da Mercedes, Russell voltou ao pódio com uma prova correta, se mantendo próximo da Ferrari, que é a rival direta dos alemães. Contudo, os segundos pilotos de Ferrari e Mercedes decepcionaram. Sim, segundos pilotos. Após se autodeclarar como 'inútil' e que 'talvez precise-se trocar de piloto' após mais uma classificação decepcionante, Hamilton fez uma prova medíocre no domingo. Optando por uma estratégia de uma parada, Lewis largou com pneus duros, perdeu duas posições e ficou a corrida inteira preso no chamado 'trem de DRS'. No final, Hamilton chegou na mesma posição em que largou e não se duvide de outra entrevista dramática do inglês. Antonelli ficou preso no meio do pelotão, mas pelo menos ganhou algumas posições e beliscou um pontinho, porém, bem longe do seu companheiro de equipe. 


Como falado em outra oportunidade, a Red Bull só não vai perder a quarta posição no Mundial de Construtores por falta de quórum. Na Hungria nem o talento sobrenatural de Verstappen pode fazer algo a mais frente a um carro desequilibrado e com uma janela de desempenho estreita ao extremo. Max até iniciou a corrida com duas ultrapassagens na apertada da chicane na parte alta da pista, mas parou de evoluir. Escolhendo fazer duas paradas, enquanto os pilotos ao seu redor optaram por parar uma vez, a corrida de Verstappen estava condenada e o neerlandês foi apenas nono colocado, enquanto Tsunoda fez outra corrida tenebrosa, terminando na antepenúltima posição dos que receberam a bandeirada. Um final de semana que deve fazer Max Verstappen pensar se valeu a pena ficar na Red Bull pelo menos em 2026.


No pelotão intermediário, a situação foi mais aberta com a má fase da Red Bull e os problemas de Hamilton e Antonelli. A Aston Martin foi um dos destaques positivos, com uma classificação excelente, com seus dois pilotos na terceira fila, mas se Alonso brilhou como sempre, Stroll... patinou como sempre. Enquanto Alonso liderou o pelotão atrás dos quatro primeiros o tempo inteiro, escolhendo parar uma vez e controlando sua corrida rumo a um ótimo quinto lugar, Stroll foi ultrapassado por Bortoleto na primeira volta e ainda levou uma ultrapassagem de Verstappen num ponto que dificilmente se ultrapassa. Sorte do canadense foi que a Red Bull não estava inspirada na estratégia e Lance ainda salvou o sétimo lugar, que junto aos pontos de Alonso, fez a Aston Martin angariar ótimos pontos na Hungria. E falando em inspiração, Gabriel Bortoleto vai mantendo sua sistemática de sempre crescer durante a temporada, algo visto em seus anos de F3 e F2, que lhe deram os respectivos títulos. Bortoleto vai se reputando como um ótimo piloto em volta lançada e na medida em que vai ganhando confiança na administração dos pneus, as corridas do brasileiro vão melhorando. Na Hungria, Bortoleto fez uma ótima corrida do começo ao fim. Largou bem e deixou Stroll para trás rapidamente. Gabriel não se intimidou em ficar no meio de um sanduíche de lendas, atrás de Alonso e na frente de Verstappen, se comportando muito bem. Inicialmente a tática de Sauber parecia errada, mas Bortoleto a fez funcionar muito bem e o brasileiro se manteve entre os dois carros da Aston Martin rumo a um sexto lugar, a melhor posição de chegada de Gabriel. As atuações de Bortoleto já chamam a atenção e mesmo numa corrida cheia de destaques, ele foi escolhido como o 'Piloto do dia'. E de forma merecida.


Hulkenberg deu a pinta de que daria o pulo do gato ao fazer a primeira parada logo nas primeiras voltas e como estava com pista livre, ganhou bastante terreno. O problema foi que o alemão deu um pulo fora de hora e acabou punido em 5s por queima de largada, acabando com suas chances de pontuar. Liam Lawson fez mais uma prova correta, parando apenas uma vez e segurando Max Verstappen nas últimas voltas para se manter na nona posição, marcando mais alguns pontinhos para a Racing Bulls. Hadjar mais uma vez ficou atrás do companheiro de equipe e só foi visto reclamando de levar uma pedrada na mão no começo da prova. Numa corrida onde apenas Bearman abandonou, Williams, Haas e Alpine pouco fizeram a não ser brigar pelas últimas posições entre si.


Sete dias depois de Piastri responder com uma vitória a reação de Lando Norris, o inglês deu uma réplica na Hungria, vencendo pela quinta vez em 2025 e pela terceira vez nas últimas quatro corridas, ficando a apenas uma vitória de empatar com o companheiro de equipe e, mais importante, estando somente nove pontos atrás de Piastri no campeonato, deixando tudo em aberto. Com a McLaren dominando a arte de conservar pneus e marcando a sétima dobradinha do ano, além de Verstappen ficar cada vez mais para trás no campeonato, a luta entre Norris e Piastri poderá se estender até o final do ano, numa briga apertada e com os dois correndo soltos, sem 'papayas rules', e nos trazendo corridas interessantes como as desse domingo.    

Oxente, temos campeão

 


Continuando a boa fase brasileira no automobilismo de base europeu, nesse domingo tivemos mais um brasileiro campeão. O pernambucano Rafael Câmara fez o dever de casa direitinho na pista molhada de Hungaroring e ao derrotar o espanhol Mari Boya confirmou o título da F3 com uma rodada de antecedência. Na mesma equipe de Gabriel Bortoleto na F3, Câmara fez um campeonato diferente do compatriota, vencendo logo em sua estreia na F3 e conseguindo uma gordura nas primeiras etapas, administrando a vantagem sobre seus rivais, ainda mais numa categoria tão competitiva e cheia de incidentes como na F3. Piloto da Academia Ferrari desde 2022, Câmara vem fazendo um carreira irretocável nas categorias de base europeias, após vencer também o campeonato da FRECA em 2024, Rafael parte para a F2 com muita gente de olho em seu desenvolvimento. Além de toda a torcida de mais um piloto brasileiro chegar forte na F1 num futuro breve.

sábado, 2 de agosto de 2025

Surpresa vermelha

 


Os treinos livres indicavam um domínio amplo e irrestrito da McLaren. Num circuito percorrido em apenas 75s, colocar meio segundo sobre o resto chega a ser ultrajante, mas era essa a diferença que o time papaia estava enfiando no resto do grid durante os treinos livres. Contudo, as classificações em 2025 estão se caracterizando pelas margens pequeníssimas cobrindo todo o pelotão e algumas surpresas. Nesse sábado foi a vez de Leclerc surpreender a todos com uma pole miraculosa, a primeira da Ferrari em 2025, superando a dupla 'mclariana', sem contar Hamilton, que ficou no Q2.

Com todo o trauma que os fãs da F1 está tendo ultimamente por causa da chuva, o tempo nublado em Hungaroring trouxe certos calafrios, mas afora uma ligeira garoa no começo do Q2, o piso seco esteve presente o tempo todo no reformado circuito magiar. Como falado anteriormente, a classificação teve um pelotão sempre muito próximo e Tsunoda foi a primeira grande vítima, ficando fora do Q2 por poucos milésimos. Dessa vez não se pode acusar o piloto japonês de uma péssima classificação, pois Yuki ficou apenas 0,15s atrás de Verstappen, que sua vez forçou um bocado para ir ao Q3 e só conseguindo a oitava posição, tomando tempo da Sauber de Bortoleto. O brasileiro vai conseguindo a reputação de um piloto muito rápido em volta lançado e mais uma vez Gabriel foi ao Q3, superando por larga margem Hulkenberg, que ficou no Q1.

Mesmo com algumas estocadas de Russell e Leclerc, nada poderia prever uma derrota da McLaren na classificação, mas os deuses do automobilismo fizeram com que Leclerc, muito pessimista antes da classificação, conseguisse uma baita volta em sua segunda tentativa e não ser mais superado pela McLaren, liderada por Piastri. A diferença entre os três primeiros ficou inferior a um décimo de segundo e enquanto Charles comemorava surpreso sua pole, Hamilton amargava mais uma eliminação no Q2. Está começando a ficar feio para o multi-campeão. Há previsão de chuva para domingo, mas ao contrário de Spa, o acerto dos carros não será tão afetado assim. Fazer a pole em Hungaroring é essencial, como mostra a história, mas o ritmo superior da McLaren poderá fazer a diferença.