As três corridas do Mundial de Motovelocidade teve sentimentos distintos. A corrida das 125cc foi espetacular, as 250cc foi sensacional a a MotoGP foi de dar sono, principalmente pelo atraso da corrida de Homestead no sábado à noite, que fez com que a corrida da Indy acabasse depois da meia-noite.
Na corrida de abertura, deu para identificar o piloto azarado do ano até agora. Mattia Pasini iria largar na pole, mas por algum motivo se atrasou para sair do boxes e com isso largou em último. Fez uma memorável primeira volta ao ultrapassar 24 motos, ganhou mais uma posição na volta seguinte para sofrer um acidente na terceira volta quando já brigava pela oitava posição. Pasini abandonou na volta seguinte e tem zero pontos no campeonato. Campeonato que será decisivo para o futuro da carreira do jovem italiano e não começou nada bem.
Gabor Talmacsi, que já tinha andado muito bem no Catar, assumiu a ponta e por lá ficou a corrida inteira. Lukas Pesek da Derbi logo assumiu a segunda posição e ficou estabilizado por lá, esperando a metade final da corrida. A partir da terceira posição o pau comia solto. Hector Faubel, que venceu a primeira etapa, teve muito trabalho para se livrar se vários pilotos rápidos que se destacaram nessa corrida em Jerez, principalmente Pol Espargaro, de apenas 15 anos. Quando Faubel se livrou dessa turma, ele contou com a ajuda de Simone Corsi, que caiu na frente do grande pelotão atrás dele e serviu de freio e ajudou Faubel a se estabilizar na terceira posição e ele chegou nessa posição.
A partir da metade da corrida, Pesek se aproximou e colou em Talmacsi, mas o tcheco preferiu não atacar logo de cara e preferiu esperar. Pesek, conhecido pela sua afobação, foi um piloto cerebral e esperava um erro que Talmacsi não cometeu. Na última volta, já nas curvas finais, Pesek lançou o seu ataque e surpreendeu Talmacsi e parecia que o húngaro ficaria em segundo de novo e Pesek consegueria sua primeira vitória, mas a Aprilia mostrou porque tem a melhor moto e na reta final, Talmacsi colocou de lado e ultrapassou Pesek na linha de chegada por míseros 0.014s de vantagem. Uma coinscidência histórica, pois foi essa diferença que separou Senna e Mansell no histórico GP da Espanha de F1 de 1986.
Com isso, Talmacsi subiu para liderança do campeonato seguido pelo seu companheiro de equipe Faubel e Pesek vindo logo atrás. Pol Espargaro ficou num excelente quarto lugar e promete ser a próxima estrela espanhola na motovelocidade.
A segunda corrida do dia começou com tristeza ao ser anunciado que Roberto Locatelli está em coma induzido por causa do sério acidente sofrido por ele ontem durante a Classificação. Lorenzo confirmou o favoritismo, mas foi de uma forma muito mais dramática e complicada do que o esperado. O espanhol largou muito bem, mantendo a ponta seguido por Doviziozo e Barberá.
O final de semana da Gilera terminou nas primeiras curvas, quando Marco Simoncelli continuou sua adoração por acidentes ao cair logo no comecinho. Com a saída de Locatelli, que deve ficar muito tempo fora das pistas, a Gilera não terá muito com que comemorar com apenas o desastrado italiano atrás do seu guidão. Lorenzo não vinha num ritmo muito forte e logo foi ultrapassado por Doviziozo e Barberá. O italiano da Honda vinha surpreendendo ao superar as Aprilias e tinha que correr para mostrar serviço, pois tinha acabado de perder patrocínio.
Mais atrás, as duas motos da Aspar Martínez vinham se aproximando dos três primeiros. Álvaro Bautista vinha com tudo para cima do pelotão da frente e logo colou em Barberá, seguido pelo não menos desastrado Alex de Angelis. A partir da chegada de Bautista no pelotão da frente, a corrida esquentou e se tornou a melhor até agora. Doviziozo segurava no braço as potentes Aprilias, enquanto Bautista ultrapassava Barberá e Lorenzo. Bautista então partiu para cima do líder Doviziozo, mas o italiano estava inspirado e segurava sua posição nas freadas.
Barberá, outro que não vem tendo muita sorte, caí e abandona a corrida, deixando a briga pela vitória para Doviziozo, Bautista e Lorenzo, que vinha fazendo uma corrida de espera, bem diferente de suas características. Os três proporcionaram um show, com várias trocas de posição, ultrapassagens lindíssimas e uma corrida de tirar o fôlego. Em duas oportunidades, os três pilotos ficaram lado a lado, com Bautista chegando a fazer uma ultrapassagem dupla. No final, a potência das Aprilias se impuseram à Honda de Doviziozo e Lorenzo usou sua maior experiência para vencer, com Bautista e Doviziozo colados.
Bautista foi a grata surpresa da corrida, marcando o primeiro pódio na categoria 250, mas o espanhol errou muito e acabou atrapalhando um pouco Andrea Doviziozo, o nome da corrida. O italiano com recém-completados 21 anos tirou a desvantagem de sua moto no braço e chegou num merecido pódio. Se Doviziozo tivesse uma moto melhor, com certeza ele estaria na briga pela primeira posição e até mesmo na frente de Lorenzo, que vem dominando a 250cc e deve vencer o campeonato até com certa tranqüilidade. Agora, só nos resta rezar para que Locatelli fique bem o mais rápido possível.
Na MotoGP, Valentino Rossi voltou aos velhos tempos da Honda, quando ele assumia a ponta, dava um tchauzinho para os adversários e ganhava com tranqüilidade, com direito a comemoração especial. Em Jerez, Valentino fez um verdadeiro strike nos adversários, não dando chance a ninguém voltando a vencer depois cinco corridas e, o mais importante, voltando a liderar o campeonato.
A corrida da MotoGP foi monótona, com Rossi ultrapassando o pole Dani Pedrosa ainda na primeira volta e disparando na frente. Por sinal, Pedrosa ficou placidamente em segundo, não atacando Rossi e não sendo atacado por Colin Edwards, que foi um tranqüilo terceiro, conquistando um bom lugar no pódio. A partir da quarta posição houve um pouco mais de ação.
Hayden fez uma largada sensacional, pulando de décimo-primeiro para quarto e por lá ficou boa parte da prova. John Hopkins da Suzuki vinha bem e logo colou em Hayden, num duelo doméstico entre os dois rivais americanos. Mais atrás, Checa, Melandri, o vencedor da primeira etapa Stoner e Elias brigavam pela sexta posição. Com Hayden perdendo rendimento, os quatro se aproximavam devagar de Hopkins, que não conseguia ultrapassar Hayden. Elias, repetindo a boa atuação do GP de Portugal, assumiu a sexta posição e partiu com tudo para cima de Hopkins, que finalmente ultrapassou Hayden, para cair algumas curvas depois para desespero do staff da Suzuki.
Elias logo ultrapassou Hayden e se estabeleceu em quarto. Stoner, numa corrida bem cerebral, deixou para trás Checa e Hayden, ficando em quinto. Já sem pneus, Hayden cedeu sua posição para Checa e só não foi ultrapassado por Melandri por que o italiano já estava longe demais para capitalizar os problemas do atual campeão. Nicky Hayden tem sérios problemas de estabilidade em sua motor e não deve, nem de longe, brigar para manter seu título. Barros não foi tão bem como no Catar e teve que se conformar com a décima-primeira posição, sendo ultrapassado por Vermeulen e Nakano nas duas últimas voltas. Uma prova de como a Ducati não estava bem, foi Loris Capirossi ter ficado numa modestíssima décima-terceira posição.
Rossi venceu com extrema tranqüilidade e daqui a um mês, em Istambul, vamos ver o que será da MotoGP. Uma corrida equilibrada como no Catar e uma corrida chata como em Jerez? Em Istambul há várias retas longas e isso deve ajudar o motor da Ducati, mas Rossi já está na liderança do Mundial e quando ele chega a esse nível, dificilmente perde a majestade
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