sábado, 10 de março de 2007




Hoje foi dia de acordar antes das 6. O Mundial de motovelocidade começou um pouquinho mais cedo do que o habitual, mas isso não importa. Mais cedo, mas tarde, o que importa é ter começado!

Como normalmente acontece, a 125 abriu o programa de corridas. Com a saída do campeão Álvaro Bautista para as 250, seus companheiros de equipe na esquadra de Aspar Martínez, que dominou ano passado, passaram a ser os principais favoritos ao título. E eles não decepcionaram. Hector Faubel, que andava com Bautista ano passado, venceu o seu novo companheiro de equipe, o húngaro Gabor Talmacsi na reta de chegada. Numa equipe espanhola, não foi surpresa ver que as novíssimas Aprilias fossem para Faubel e para Sergio Gadea, contudo, Talmacsi é conhecido por não respeitar muito as hierarquias dentro das equipes.

A corrida na 125 não foi muito compacta como costuma ser com Faubel diparando e Talmacsi o seguindo de perto. O resto de pelotão foi ficando para trás, inclusive a decepção Gadea e o eterno favorito Mattia Pasini, que saiu da equipe do Martínez, mas sua maré de azar não parece mudar nunca, abandonando depois de perder muito rendimento no comecinho da corrida e cair já no final. Enquanto isso, Gadea foi apenas 14o. Atrás de Faubel e Talmacsi, Lukas Pesek e Fabrizio de Rosa brigavam ferozmente pela terceira posição, com Pesek levando a sua Derbi ao pódio na base da experiência, pois foi a primeira vez que De Rosa brigou por uma posição mais acima. A KTM, que era conhecida pela sua prodigiosa potência, está mais concetrada agora na 250 e o pobre Tomoyoshi Koyama ficou com a ingrata missão de levar as motos laranjas mais acima, mas hoje ficou provado que será muito difícil, chegando apenas em quinto. A Honda também parece estar no mundo da lua nas 125, pois sua filial da Repsol Honda ficou muito abaixo do esperado e pode inclusive queimar a revelação inglesa Bradley Smith.

Mas voltando a briga lá na frente, Faubel parecia que iria vencer de forma tranqüila, mas Talmacsi tirou a diferença no braço e partiu para cima do espanhol e conseguiu a primeira posição no terço final da corrida. Os dois andaram juntos nas voltas finais, mas a corrida foi decidida nos metros finais, com Faubel saindo do vácuo de Talmacsi e conseguindo uma bela vitória para o campeonato que apenas se inicia. Talmacsi completou a dobradinha da Aspar Martínez e seu jeitão meio louco mostrado no pódio demonstra muito bem como é o húngaro.

Nas 250, Jorge Lorenzo confirmou todo o favoritismo que foi posto nele e venceu com enorme categoria. Talvez o espanhol de 19 anos seja o maior favorito dentro da sua categoria com relação a 125 e a MotoGP. Lorenzo largou na pole e só foi levemente incomodado pela surpresa Thomas Luthi, que estreou muito bem nas 250. Lorenzo tem tudo para levar o bi-campeonato esse ano e subir para MotoGP em 2008 com moral e ainda mais marra, pois o espanhol não é nada querido pelos seus pares devido ao seu temperamento explosivo.

Alex de Angelis foi outro nome a ser observado no Catar. Largando muito mal, o samarinês foi subindo de posição até chegar ao segundo posto e ainda tentar uma aproximação a Lorenzo, mas além de já ser tarde demais, seu equipamento já estava desgastado demais. Barberá, que talvez seja o maior inimigo de Lorenzo fora das pistas, ensaiou uma briga com seu desafeto quando ocupou por várias voltas a segunda posição, mas o desafio nunca chegou a se materializar e ele acabou ultrapassado por De Angelis no final da corrida. Correndo numa equipe particular, Barberá deverá ter muito trabalho de agora em diante. Já o atual vice-campeão Andrea Doviziozo está sofrendo com a falta de comprometimento da Honda. Claramente sem motor, o italiano, que é tão bom quanto Lorenzo, foi ficando para trás dos seus adversário e acabou num distante quinto lugar.

Dos pilotos que subiram esse ano para a 250, com certeza o maior destaque vai para Thomas Luthi. O suíço foi campeão das 125 em 2005 numa equipe pequena, mas um péssimo 2006 abaixou e muito a moral do jovem piloto, mas a subida de categoria parece ter feito bem ao piloto, que brigou de igual para igual com pilotos bem mais experientes do que ele e chegou em quarto, superando os dois primeiros colocados das 125 no ano passado, Álvaro Bautista e Mika Kallio, que não completaram a corrida, mas estavam longe dos pilotos de ponta. Correndo sozinho na melhor equipe do campeonato, Lorenzo tem tudo para ser bi, pois sua maior concorrência deve vir de Alex de Angelis, que ano passado ganhou o prêmio "Tatu de ouro". Tatu de ouro? Lorenzo está socando (a camêra) de alegria.

Finalmente, depois desses dois aperitivos meio mornos, a MotoGP entrou na pista para sua primeira corrida em que a própria transmissão chamou de "Missão de vingança". Valentino Rossi começou sua missão marcando a pole-position ao seu estilo. Conseguindo uma vantagem de cinco milésimos de vantagem em cima de Casey Stoner nos momentos finais da Classificação. Para melhorar a vida de Rossi, seu companheiro de equipe Edwards iria largar na primeira fila, enquanto as Repsol Hondas estavam caindo pelas tabelas.

Na largada Rossi parecia que não estava de bricandeira e largou muito bem, ao contrário de suas características, e parecia que dispararia, mas ele esqueceu de combinar com Stoner. Antes de completar a primeira volta o australiano usou a impressionante potência da sua Ducati e passou a Yamaha de Rossi antes do meio da reta. A Yamaha parecia não ter motor e Pedrosa, que vinha em terceiro, passou Rossi na reta durante a segunda volta, mas o italiano retomou a posição na freada. E essa manobra aconteceu várias vezes durante a corrida. Enquanto isso, Toni Elias, da enfraquecida Honda Gresini, se desgruadava de Pedrosa enquanto Colin Edwards não rendia o esperado. Quem se aproveitou foi John Hopkins, que andou muito bem com sua Suzuki na pré-temporada até sofrer um sério acidente em que quebrou a mão direita.

Stoner, Rossi, Pedrosa e Hopkins passaram a fazer um grupo muito interessante na frente, com Capirossi se aproximando rapidamente, mas o italiano caiu na última curva, iniciando uma série de quedas, completada por Randy de Puniet e Carlos Checa. Quando a transmissão mostrou que Stoner estava com pneus médios, a vitória de Rossi parecia consolidada, mas ela não vinha. A Yamaha ia muito bem no miolo e Rossi ultrapassou Stoner algumas vezes, mas o australiano sempre ultrapassava Rossi na reta dos boxes com incrível facilidade. Pedrosa já tinha cometido um erro e foi ultrapassado por Hopkins, se recuperando logo depois, mas os dois já tinham ficado longe da dupla da frente.

No final, Stoner segurou a pressão e surpreendeu a vencer sua primeira corrida logo na estréia na Ducati. Rossi parece ter visto que não tinha moto para vencer e tirou a mão no final. Pedrosa também segurou Hopkins, mas estava 9s atrás de Stoner no final. Hopkins, por sinal, foi um lutador, pois no final da corrida, o americano chegou com muitas dores na sua mão direita e foi colocado imediatamente uma bolsa de gelo na sua mão machucada. O campeão Nicky Hayden foi a maior decepção. Nunca passando da oitava posição, o americano ficou com cara de bobo no final da corrida e sabe que a partir de agora, com um ano de atraso, a Repsol Honda irá se concentrar em Daniel Pedrosa, cuja moto 800cc foi projetada especialmente para sua baixa estatura.

Alexandre Barros fez uma bela corrida de recuperação e aproveitou bem a grande potência da Ducati, inclusive ultrapassando Nicky Hayden por fora no final da reta. Agora Alexandre só precisa melhorar seu desempenho na Classificação para almejar lugares melhores daqui para frente, mas com o bom desempenho do duo Ducati-Bridgestone, Barros pode se colocar mais a frente e até conseguir um pódio. Já uma vitória...

Rossi não começou sua missão do jeito que ele esperava, mas ele é o grande favorito esse ano, pois as Hondas não parecem estar muito fortes, a Suzuki é uma incógnita e a Ducati não mostrou muita regularidade durante os anos, portanto devemos observar com muito cuidado essa vitória de hoje, pois com certeza o piloto para vencer o campeonato da Ducati é Loris Capirossi, que beijou a brita hoje. Edwards mais uma vez decepcionou e não deve ajudar muito Rossi na briga para tirar pontos dos seus rivais, enquanto a Honda Gresini parece não ameaçar como nos últimos anos. Hayden parece ser carta fora do baralho, enquanto Pedrosa terá que trabalhar muito para se consolidar como primeiro piloto e brigar pelo título esse ano. Enquanto isso, Stoner deve estar agora aproveitando o momento de triunfo ao lado de sua bela esposa e pensando: se eles me derem uma brexa...

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