Todos lembram de Jos Verstappen como um piloto muito rápido, mas também capaz de besteiras inacreditáveis. Seu apelido na Inglaterra era de “Verscrashen” tamanho era sua propensão a acidentes, principalmente no começo da carreira da F1. Dentro da F1 sua imagem era de um cara despreocupado e de um piloto-pagante. Chegou muito jovem à F1 depois de uma carreira bem sucedida no kart e nas categorias de base, mas sua impetuosidade o levou a ser adorado pelos torcedores holandeses e odiado pelos outros pilotos, Montoya que o diga. Com apenas 35 anos completados hoje, Jos “The Boss” tenta um lugar na ChampCar e na A1GP.
Johannes Franciscus Verstappen começou a correr de kart em 1980 aos oito anos e aos doze já era reconhecido como um excepcional kartista com vários títulos, entre eles dois Campeonatos holandês (84/86), um europeu (89) e um título belga (91). Porém, seu maior título no kart foi em 1989 no Grande Prêmio Japonês.
No final de 1991 Verstappen entrou pela primeira vez num carro de corrida e entrou em contato com Hubb Rothengatter, seu empresário até hoje. Andando num F-Ford de 1985 em Zandvoort, o tempo de Verstappen em seu primeiro teste foi tão bom que os cronometristas pensavam que os cronômetros estavam quebrados. Sua demonstração foi tão impressionante que ele assinou com a equipe Van Amersfoot para disputar o campeonato Benelux de F-Opel em 1992. Ao final de junho, ele tinha ganhado cinco de seis eventos, incluindo todas as três corridas em casa, em Zandvoort.
Jos começou a andar no Europeu de F-Opel em Julho, ganhando as duas corridas em Zolder apenas dois meses após sua estréia na categoria. Nessa época ele era o virtual campeão Benelux de F-Opel com oito vitórias em nove corridas, mas uma macha apareceu na sua breve carreira. Foi descoberto depois que seu motor era um pouco mais potente do que a concorrência. Apesar de ter começado tarde no campeonato europeu, ele ainda foi sétimo e terminou com o prêmio de melhor piloto holandês de 1992. Jos tinha proposta de várias equipes boas da F3 Alemã e ele acabou escolhendo a WTS Racing, a melhor equipe da época.
Antes de começar sua carreira na F3, Verstappen partiu para uma breve escala na Nova Zelândia para participar do campeonato de F-Atlantic local em Janeiro de 1993. Correndo num Swift-Toyota de 1988, ele conseguiu três vitórias e três pódios, conseguindo um excelente quarto lugar no campeonato. O campeonato alemão de F3 foi dominado por Jos Verstappen, com seu estilo agressivo. Depois de marcar apenas um pódio nas quatro primeiras corridas, Verstappen venceu oito provas nas 16 corridas seguintes e foi segundo cinco vezes. O holandês venceu o Marlboro Masters em Zandvoort e foi terceiro na corrida de F3 em Mônaco.
Com uma carreira meteórica como a de Jos, não foi surpresa as equipes de F1 ficarem de olho nele. Em outubro de 1993 a Footwork lhe deu a primeira oportunidade no circuito de Estoril e ele logo andou muito bem. Com a ajuda do seu patrocinador pessoal, a Marlboro, Verstappen conseguiu um teste para a McLaren e andou muito bem novamente e estava tudo acertado para o holandês ser o piloto de testes da equipe de Ron Dennis. Porém, em Janeiro de 1994 Verstappen surpreendeu ao ser anunciado como piloto de testes da Banetton, mas uma semana depois, J.J. Lehto sofreu um sério acidente, quebrando duas vértebras no pescoço. Assim, depois de apenas 52 corridas em monoposto, Jos Verstappen foi chamado para correr e ele partiu para o seu primeiro GP no Brasil.
Mesmo com Lehto recuperado do seu acidente, Verstappen provou ser rápido nas duas primeiras provas, mas um tanto desastrado. Na trágica corrida de Ímola, Lehto sofreu outro acidente (na largada, lembram?) e foi substituído por Verstappen novamente a partir de Mônaco. Depois de alguns entreveros, Verstappen conseguiu boas corridas na Hungria e na Bélgica, marcando seus primeiros pontos na F1 e logo com um pódio. Esses resultados eram bem melhores do que Lehto tinha conseguido, mas o holandês sofreu um baque quando foi substituído por Johnny Herbert em Jerez, no GP da Europa. O fato de Schumacher ter vencido o campeonato ofuscou bastante o jovem holandês e ele seria piloto de testes da Benetton em 1995.
Contudo, ele recebeu um convite para ser piloto titular da Simtek e um acordo com a Benetton foi feito e assim a pequena equipe passou a usar o câmbio da Benetton. Andando numa equipe pequena, com orçamento pequeno e com um carro lento e pouco confiável, Verstappen sofreu muito e começou a se acostumar com equipes pequenas. A Simtek ficou sem patrocínio no meio da temporada e fechou suas portas, deixando Verstappen à pé. Jos tinha tudo para ser o segundo piloto da Benetton, mas as coisas mudaram quando Herbert venceu em Silverstone, mas um teste salvador com a Footwork rendeu para ele um contrato para 1996.
Verstappen começou a temporada muito bem, surpreendendo no Brasil e na Argentina, colocando seu carro na frente de equipes como McLaren e a própria Benetton, marcando um ponto em Buenos Aires. Contudo, foi nessa época que sua fama de desastrado começou a se formar e a equipe, com a entrada de Tom Walkinshaw, entrou num período de incertezas. Verstappen foi um dos pilotos que desenvolveram os novos pneus Bridgestone, mas isso não serviu para muita coisa. Tom Walkinshaw queria renovar com Verstappen, mas Huub Rothengatter pediu dinheiro demais e Jos foi para na Tyrrell para 1997 ao lado de Mika Salo. Jos e Mika se tornaram grandes amigos. Mesmo sendo dois pilotos rápidos, a Tyrrell estava com o velho motor Ford V8, enquanto as outras equipes tinham potentes motores V10 e assim a Tyrrell passou boa parte do ano brigando com a Minardi no final do grid, mas Verstappen estava otimista com seu futuro na Tyrrell.
Mas as coisas começaram a desandar quando Ken Tyrrell vendeu sua equipe para a BAR. O velho Ken continuaria na equipe por mais um ano, mas a Tyrrell colocou Tora Takagi no seu cockpit ao lado de Ricardo Rosset. Os dois eram pilotos-pagantes e Verstappen estava fora da F1 em 1998. Sem opções óbvias fora da F1, ele queria um papel como piloto de testes, preferivelmente numa equipe de ponta. Mais uma vez a Benetton surgiu na sua vida, mas depois do GP do Canadá, a Stewart chamou Verstappen para o lugar de Jan Magnussen. O holandês andou melhor que Magnussen, mas o carro era muito ruim e ele não fez nada de especial.
Para 1999, Verstappen entrou no mal-fadado projeto da equipe Honda liderado por Harvey Postlethwaite, mas quando este morreu durante um teste em Barcelona, Verstappen ficou na mão novamente. Verstappen tentou uma vaga como piloto da Jordan no lugar do aposentado Damon Hill, mas não conseguiu nada demais e acabou indo para a Arrows no ano 2000. O carro era rápido em algumas ocasiões, mas quebrava muito e infelizmente para Verstappen, ele foi superado pelo seu companheiro de equipe Pedro de la Rosa durante o ano, mas no ano seguinte a Arrows contratou o jovem Enrique Bernoldi no lugar de De la Rosa. Verstappen e Bernoldi não se deram muito bem e o carro não era tão veloz como o de 2000 e o holandês acabou desempregado novamente no final de 2001. Pela primeira vez na carreira, Verstappen ficou de fora da F1, mas na verdade ele estava preparando sua volta a categoria. Junto com seu empresário, ele convenceu empresas holandesas a investir nele e aproveitando a míngua em que vivia a Minardi, ele assinou um contrato com a equipe de Paul Stoddart. Esse foi o ato final de Jos Verstappen na F1. Num carro muito ruim, Verstappen ficou sempre entre os últimos e se aposentou da F1 no final de 2003, aos 31 anos de idade.
Verstappen passou a focar sua carreira nos Estados Unidos, mas ele nunca conseguiu um contrato que lhe fosse favorável e partiu para a A1GP, a nova categoria promovida por uma xeik árabe no final de 2005. Representando a Holanda na alardeada Copa do Mundo do Automobilismo, Verstappen voltou ao seu velho estilo. Arrojo, velocidade e poucos resultados, mas uma vitória sensacional na última volta em Durban mostrou Jos “The Boss” ainda não perdeu o jeito.
Parabéns ao Chefe
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