Bruno Giacomelli não foi exatamente um piloto vitorioso nos seus anos de F1, mas com certeza era um dos mais carismáticos e populares pilotos do grid. Esse italiano baixinho e muito rápido sempre correu sobre as asas da Marlboro, mas por escolhas erradas em sua carreira não teve em mãos carros competitivos que lhe permitisse brigar por vitórias. Mesmo muitos anos fora da F1, Giacomelli fez uma volta nada triunfal no início dos anos 90, mas isso não apagou sua popularidade na Itália. Na véspera de completar 55 anos, vamos olhar um pouco a carreira de Bruno Giacomelli.
Bruno Giacomelli nasceu no dia 10 de Setembro de 1952 na cidade de Brescia, na Itália e era filho de fazendeiros na zona rural da cidade. Bruno não era um garoto rico e por isso não subiu pelas categorias de base com a mesma velocidade que mostrava nas pistas. Sua estréia no automobilismo se deu em 1972, com 20 anos, no caminho natural dos jovens pilotos da época, a F-Ford, ao volante de um Tecno. No ano seguinte Giacomelli foi chamado pelo exército italiano para cumprir com o serviço militar e assim interrompeu suas atividades automobi
lísticas por um ano. Saindo do quartel Bruno sobe de categoria e passa a disputar a F3 italiana, onde consegue ótimos resultados, que o faz mudar para a Inglaterra, onde tinha o campeonato de F3 mais forte do mundo da época. No final de 1976 Giacomelli se torna campeão inglês de F3 e de bandeja vence o tradicional GP de Mônaco de F3.
O nome de Bruno Giacomelli começa a circular nos paddocks da F1, mas Bruno prefere um ano na F2 em 1977 pela equipe oficial da BMW. A marca alemã investiu pesado para derrotar a Renault, que vinha dominando a categoria a um bom tempo e se juntou com a March para fazer sua equipe a mais forte do campeonato. Giacomelli participava da equipe BMW Junior Team ao lado de Eddie Cheever e Manfred Winkelhock. Um dado curioso é que Giacomelli não falava inglês e nem seu engenheiro, o inglês Robin Herd, falava italiano. Católicos fervorosos, Gicomelli e Herd se comunicam em latim para se entenderem. Graças aos seus contatos com a Marlboro, Giacomelli fez sua estréia na F1 no Grande Prêmio da Itália de 1977 pela McLaren, onde correu com o mesmo chassi que Gilles Villeneuve tinha feito sua estréia mais cedo Silverstone. Após largar em décimo quinto, Giacomelli não impressiona tanto quando Villeneuve (mas era pedir demais!) e o italiano sobe até a nona posição quando tem o motor estourado na volta 37 e faz Patrese e Reutemann rodarem no seu óleo. Na F2, Giacomelli vence três corrida (Thruxton, Hockenheim e Pau) e acaba o campeonato na quinta posição.
Para 1978, Giacomelli resolve ficar mais um ano na F2, mas tinha feito um acordo com a McLaren para fazer cinco corridas durante a temporada, onde ganhou o apelido de Jack O'Malley dos mecânicos da McLaren. Sua primeira corrida foi na Bélgica onde consegue um promissor oitavo lugar, mas sua melhor corrida é em Brands Hatch, circuito que conhecia muito bem nos tempos de F3. Bruno larga na frente do piloto titular Patrick Tambay e faz uma corrida tranqüila até ser alcançado pelos líderes Niki Lauda e Carlos Reutemann, que brigavam pela liderança. Tentando dar passagem aos líderes, Giacomelli coloca seu carro por dentro e quase acerta Lauda, enquanto Reutemann passava pelos dois e vencia a corrida inglesa. Apesar da presepada, Giacomelli termina em sétimo, no que seria seu melhor resultado no ano. Na F2 Bruno Giacomelli se aproveita de sua experiência e de ter o melhor carro da categoria para se tornar campeão da competitiva categoria vencendo oito das dozes corridas da temporada.
Se sentindo mais preparado do que nunca, Giacomelli encara o desafio de estar à frente da nova equipe Alfa Romeo. Esse não seria uma boa escolha de Bruno. A Alfa Romeo dominou os primeiros anos da F1 e retornara a categoria em 1976 cedendo seus motores V12 para a Brabham. Em 1979 a equipe decide construir uma equipe própria com o seu braço automobilístico, a Altodelta, preparando os carros. A equipe italiana resolve usar a temporada de 1979 como
laboratório e Giacomelli faz poucas corridas no ano com resultados poucos animadores, apesar da beleza questionável dos carros vermelhos.
Com o suporte financeiro da Marlboro e a chegada do experiente Patrick Depailler, a Alfa Romeo evolui em 1980 e Giacomelli começa o ano pontuando, com uma quinta posição na Argentina. Porém, o carro não era nada confiável e tanto Depailler como Giacomelli raramente chega ao final das corridas. Na véspera do Grande Prêmio da Alemanha, a Alfa Romeo sofre um grande revés com a morte de Depailler num terrível acidente em Hockenheim. Por uma coinscidência cruel, Giacomelli pontua novamente em Hockenheim. Por algumas etapas Giacomelli anda sozinho até a chegada de Vittorio Brambilla, mas com a chegada do final da temporada, o carro da Alfa Romeo começa a andar mais à frente do pelotão e Giacomelli larga em quarto na Itália e no Canadá.
No Grande Prêmio dos Estados Unidos-Leste, Giacomelli consegue uma surpreedente pole no seletivo circuito de Watkins Glens. Essa seria a única pole de Giacomelli na F1. Bruno põe quase 1s sobre o segundo colocado Piquet na Classificação. Giacomelli larga bem e toma a ponta à frente de Piquet, que não conseguia manter o ritmo do italiano. Aquela era a primeira vez que um carro da Alfa Romeo liderava uma corrida de F1 desde 1951! Bruno parecia ter a corrida sobre controle e tinha 12s de vantagem em cima de Alan Jones quando as velhas falhas da Alfa se manifestam e Bruno tem problemas elétricos em seu carro e tem que abandonar na volta 32. "Aquele corrida era minha. Foi o mais próximo que estive de ganhar," falou Giacomelli anos depois.
Com a boa performance na última corrida e a contratação de Mario Andretti, a temporada da
Alfa Romeo tinha tudo para ser boa, mas novamente problemas de confiabilidade acabam com os sonhos da equipe e de Giacomelli. Claramente como segundo piloto, Giacomelli não marca pontos em nenhuma corrida na primeira metade da temporada e o carro além de lento, dificilmente completava as corridas. As coisas começam a melhorar no final do ano quando a Alfa Romeo contrata o ex-projetista da Ligier Gérard Doucarouge. Assim como tinha acontecido no ano anterior, a Alfa dá um salto no final da temporada e Bruno se aproveita da pouca motivação de Andretti, que anunciara sua volta aos Estados Unidos no final do ano, para tomar as rédeas da equipe. Bruno anda muito tempo em terceiro em Monza até seu câmbio quebrar e então marca seus primeiros pontos na chuvosa corrida do Canadá com um quarto lugar. Com o carro já melhorado, Giacomelli faz uma bela corrida em Las Vegas e consegue o terceiro lugar, seu primeiro e único pódio na F1.
Pelo terceiro ano seguido Bruno Giacomelli teria um companheiro de equipe novo. Agora era a vez do desastrado Andrea de Cesaris, que destruíra dezenas de McLarens em 1981. Porém, o italiano era rápido e tinha o apoio irrestrito da Marlboro, patrocinadora da Alfa Romeo. Com isso, Giacomelli novamente fica em segundo plano dentro da equipe. O carro não era ruim e De Cesaris consegue uma pole em Long Beach e um pódio em Mônaco, enquanto Giacomelli não conseguia sequer completar as corridas, mas desta vez uma série de acidentes atrapalha o italiano. Em Long Beach, enquanto seu companheiro de equipe liderava a prova, Giacomelli se envolvia num acidente bizonho, ao atingir René Arnoux após não segurar seu carro enquanto ultrapassava Niki Lauda. O melhor resultado de Giacomelli foi um quinto lugar em Hockenheim e seus dois pontos o garantiram apenas a vigésimo segunda posição no campeonato.
Os ótimos resultados de Giacomelli ficavam cada vez mais para trás e poucos se lembravam do piloto campeão de F2. Bruno resolve sair da Alfa Romeo e se junta a equipe Toleman, que usava o motor turbo da Hart. O problema é que a maioria das equipes já usavam turbo e a pequena preparadora Hart não era páreo para as montadoras que começavam a investir na F1. Como resultado a equipe dificilmente chegava ao fim das corridas com problemas relativos ao motor e ao turbo. Para piorar, Bruno levava um verdadeiro banho do seu companheiro de equipe Derek Warwick, que sempre se Classificava entre os dez primeiros, ao contrário do italiano. Apenas na penúltima prova do ano, em Brands Hatch, Giacomelli marcou seu primeiro ponto do ano e o último da carreira. Em Kyalami Bruno abandona no final da corrida com seu Toleman em chamas. Isso parecia o fim da carreira de Giacomelli na F1.
Giacomelli então atravessa o Atlântico
e desembarca na CART, inspirado nos bons resultados do seu compatriota Teo Fabi. Ainda com algum prestígio, Bruno estréia nos Estados Unidos na equipe oficial da Theodore, que abandonara a F1 no ano anterior, e construíra um chassi para a categoria americana. Para azar de Giacomelli o carro não era nada bom e o italiano não conseguiu se classificar para as 500 Milhas de Indianápolis. Vendo a ruindade da equipe Theodore, Giacomelli consegue um lugar na tradicional equipe Patrick e consegue como melhor resultado um oitavo lugar em Laguna Seca. Bruno permanece na equipe Patrick em 1985 e se torna companheiro de equipe de Emerson Fittipaldi, mas novamente falha na tentativa de participar das 500 Milhas. Giacomelli só anda bem nos circuitos mistos e consegue um quinto lugar em Meadowlands, mas novamente é eclipsado pelo seu companheiro de equipe e abandona as corridas americanas.
Após mais um fracasso nos Estados Unidos, Giacomelli fica quase aposentado, apenas testando carros tanto na CART como na F1. Porém, de forma surpreendente, Giacomelli faz um retorno à F1 em 1990, já com 38 anos de idade ao volante do carro da equipe Life. A equipe tinha como trunfo o motor em formato de W projetado por Carlo Chiti, poré
m o motor era muito pesado e tinha nada menos do que 200 (!) cavalos a menos de potência em comparação aos motores mais fortes. Para completar, o chassi era os restos de uma equipe italiana que não chegou a estrear, a First. A equipe tinha como piloto Gary Brabham e quando o filho do tricampeão se apercebeu da roubada que estava entrando, saiu de fininho e Giacomelli foi chamado para tentar, ao menos, sair da Pré-Classificação. A primeira tentativa foi em Ímola e nem precisa dizer que nem todo o talento e experiência de Giacomelli foi capaz de fazer o carro andar. E assim foi em todas as corridas e nem mesma a aquisição de motores Judd no final do ano foi capaz de dar um upgrade na equipe. No final da temporada européia, a equipe Life acababou e Giacomelli se aposentou definitivamente.
Hoje Giacomelli mora na pequena cidade de Roncadelle, perto de onde nasceu, e vive com a esposa e as duas filhas. Contudo, Giacomelli se lembra com mais saudades da corrida em Watkins Glen, onde tinha a vitória nas mãos com sua Alfa Romeo patrocionado pela Marlboro.
Parabéns Bruno Giacomelli!
Tá optimo, tão bom como a minha biografia que está no meu blog. Parabéns!
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