A pergunta no mundo da motovelocidade não é mais se, mas quando Casey Stoner se tornará campeão da MotoGP. Com mais uma atuação impecável, Stoner conseguiu a sua terceira vitória consecutiva e a nona nesta temporada 2007, rumando sem muitos apuros para o seu primeiro título mundial na carreira e primeiro título para a Austrália desde a era Michael Doohan no final dos anos 90. Para completar a alegria do australiano da Ducati, Valentino Rossi teve mais um dia bastante infeliz e abandonou a corrida ainda nas primeiras voltas com problemas mecânicos em sua Yamaha. Com 85 pontos de vantagem sobre Valentino, Stoner pode faturar o campeonato em casa, daqui a um mês em Philip Island.
Se no começo do ano as vitórias de Stoner foram contabilizadas na conta do fortíssimo motor da Ducati, o australiano mostrou que seu talento também influenciou decisivamente no seu iminente título. Em Misano, uma pista estreita e travada, Stoner conseguiu mais uma pole, largou melhor do que todos e dominou a prova como quis, sem ser incomodado por ninguém. Uma vitória com V maiúsculo! Atrás de Stoner, completando a festa australiana, chegou seu compatriota Chris Vermeulen da Suzuki, que superou seu companheiro de equipe no início da prova e seguiu de perto Stoner até o terço final da corrida, quando o piloto da Suzuki parece ter se conformado com a segunda posição e deixou Stoner abrir mais de 5s na bandeirada. Esse foi o melhor resultado de Vermeulen no seco e provando a grande evolução de Suzuki, Hopkins também não foi incomodado na terceira posição. Isso significou um pódio inteiramente da Bridgestone hoje.
Contudo, isso poderia não ter acontecido graças a Randy de Puniet. Na primeira curva o francês da Kawasaki fez um verdadeira strike e destruiu a corrida dos dois pilotos da Repsol Honda numa tacada só. Dani Pedrosa foi atingido por De Puniet e os dois abandonaram imediatamente, para desespero do espanhol, enquanto Nicky Hayden teve que passar na caixa de brita para não atingir De Puniet que rolava pela areia e caiu para a última posição. O chefe de equipe da Repsol Honda deveria estar pensando que Hayden deveria ter atingido a cabeça de De Puniet. Com Stoner e as duas Suzukis na frente, a grande esperança era de que Valentino Rossi fosse para cima dos seus rivais correndo em casa, mas as esperanças acabaram logo no início quando o italiano perdeu rendimento da sua moto e abandonou a corrida.
A briga pela quarta posição ficou entre os italianos Marco Melandri e Loris Capirossi, com o primeiro levando vantagem na metade da corrida após uma boa corrida de recuperação vindo da décima segunda posição no grid. Capirossi mais vez nem de longe repetiu as performances de Stoner e se contentou com uma triste quinta posição. Carlos Checa, sem emprego para 2008, fez uma boa corrida e a sexta posição lhe dá um ás na manga para as negociações para o próximo ano. Alex Barros vinha fazendo uma ótima corrida de recuperação, fazendo muitas ultrapassagens e a sétima posição parecia ótima quando a sua Ducati lhe deixou na mão. Uma pena para o brasileiro, que ficou montado em sua moto com as mãos na cintura como que esperando uma resposta para tamanha decepção. Com isso, a briga pela sétima posição, a única nas voltas finais, ficou entre Toni Elias e Anthony West e o espanhol levou a melhor. West, comprovando a boa fase da Austrália, já renovou contrato com a Kawasaki para 2008 graças as suas boas atuações.
Nas 250, Lorenzo provou porquê muita gente não gosta dele. O espanhol tem disparado a melhor moto da categoria e para não ter muita briga dentro de casa, praticamente expulsou da equipe Hector Barbera e assim tem a total primazia dentro da equipe. Lorenzo tem talento e faz o que quer nas 250, mas isso não lhe permite que faça algumas atitudes de menosprezo frente aos adversários como ele fez hoje. Largando na pole, Lorenzo perdeu, como sempre acontece, a primeira posição para Andrea Doviziozo e o italiano da Honda liderou mais da metade da corrida caseira. Lorenzo apenas o acompanhava quando foi ultrapassado pelo arqui-rival Barberá.
Completada a ultrapassagem, Barberá sinalizou algo para Lorenzo e o espanhol não gostou muito. Barberá tem uma moto raquítica frente o canhão que Lorenzo tem nas mãos e na reta seguinte, Lorenzo emparelhou com seu compatriota e fez gestos com as mãos como que dizendo para Barberá passasse, para ver se ele conseguia agora. Lorenzo foi embora e Barberá nada pôde fazer. Lamentável! Nas voltas finais, Lorenzo fez a esperada ultrapassagem sobre Doviziozo e de forma a provocar o italiano em casa, deixou que Doviziozo o ultrapassasse de forma proposital só para dar o troco na curva seguinte. Isso aconteceu por duas voltas até que a Honda de Doviziozo o deixasse na mão e Lorenzo partisse sozinho para uma vitória das mais tranqüilas.
Mais atrás, Barberá brigou muito para se manter em terceiro e por causa de acidentes acabou conseguindo. Primeiro, foi Álvaro Bautista que escorregou numa curva quando tinha acabado de ultrapassar Barberá. Depois foi as KTMs que deixaram o espanhol para trás, mas Mika Kallio sofreu uma queda espetacular na penúltima volta e deixou Hiroshi Aoyama sozinho na segunda posição. Nas últimas voltas Barberá teve que segurar como podia a pressão de Thomas Luthi e Alex de Angelis, conseguindo na base do coração e da coragem. Com a quebra de Doviziozo, Lorenzo parte para um tranqüilo bicampeonato, mas está mais do que na cara que o equipamento que tem em mãos é a causa de um título tão fácil. Porém, as comemorações de Lorenzo são hilárias e a de hoje impagável. Se vestindo de gladiador romano com espada e tudo no pódio.
Na categoria júnior do mundial, Mattia Pasini parece ter espantado de vez o azar e conseguiu a terceira vitória com surpreendente tranqüilidade. Largando da pole, Pasini chegou a ser ultrapassado pelos pilotos da Aspar Martínez, mas logo botou ordem na casa e garantiu uma tranqüila vitória em casa e na volta de desaceleração, armou uma barraca de praia em plena pista. É uma pena que Pasini tenha sofrido tantas quebras ao longo do ano e esteja longe da briga pelo título. Briga essa que esquentou hoje. Hector Faubel e Gabor Talmacsi brigaram com o empolgado Simone Corsi pela segunda posição durante toda a corrida, mas nas voltas finais Faubel tentou uma manobra suicida e acabou no chão, levando consigo Corsi, que ficou inconsolado. Quem vibrou com isso foi Talmacsi, que de dez pontos de desvantagem quando chegou às margens do mar Adriático, saí de lá com dez pontos de vantagem. Porém, a cara dos engenheiros de sua equipe com a queda de Faubel mostram claramente quem é o favorito da equipe e isso poderá influenciar decisivamente no final do ano.
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