Além da briga entre Schumacher e Villeneuve que caracterizou a temporada 1997, outras histórias aconteciam e interferiam no pelotão da frente. A McLaren finalmente andava entre os primeiros colocados após a saída de Senna e a parceria com a Mercedes. A marca alemã já disponibilizava os melhores motores da F1 na época e correndo em casa, a casa de Stuttgart queria repetir as vitórias conquistadas em conjunto com a McLaren em Melbourne e Monza. Ambas com David Coulthard. Apesar de ter duas vitórias para os carros prateados, Coulthard não tinha a preferência de Ron Dennis, que ainda preferia Mika Hakkinen. O finlandês era piloto contratado da McLaren desde 1992 e enfrentou a morte no final de 1995 para poder continuar correndo de F1. Porém, Hakkinen não teve muita sorte durante a temporada e várias quebras dominaram o ano do finlandês. Algumas bens cruéis, como na Inglaterra, quando Hakkinen liderava faltando dez voltas e o motor Mercedes quebrou. A ainda inédita vitória do finlandês ainda estava para acontecer, mas ninguém discutia a proximidade do feito.
Para poder acomodar duas corridas na Alemanha com o intuito de saciar a Schummymania, a F1 inventou o Grande Prêmio de Luxemburgo. Logicamente que o pequeno país europeu não tinha condições de ter um autódromo, mas Nürburgring, que fica pertinho do país, estava a disposição. A Mercedes resolveu colocar os motores de nova geração a disposição dos pilotos da McLaren e o resultado foi uma surpreendente dominação de Mika Hakkinen frente aos poderosos Williams de Villeneuve e Frentzen. Era a primeira pole do finlandês na F1! Schumacher confirmava a má fase da Ferrari e estava apenas em quinto no grid. A novidade fora das pistas era a saída de Flavio Briatore da Benetton após uma temporada para se esquecer da equipe italiana. David Richards substituiria o folclórico italiano, mas os resultados foram os mesmos.
Grid:
1) Hakkinen(McLaren) - 1:16.602
2) Villeneuve(Williams) - 1:16.691
3) Frentzen(Williams) - 1:16.741
4) Fisichella(Jordan) - 1:17.289
5) M.Schumacher(Ferrari) - 1:17.385
6) Coulthard(McLaren) - 1:17.387
7) Berger(Benetton) - 1:17.587
8) R.Schumacher(Jordan) - 1:17.595
9) Barrichello(Stewart) - 1:17.614
10) Alesi(Benetton) - 1:17.620
No domingo, Hakkinen completou 29 anos de vida e logo de manhã
o finlandês parecia conquistar a primeira parte do seu presente de aniversário ao liderar o warm-up com mais de meio segundo de vantagem sobre o segundo colocado. A expectativa na largada era como Hakkinen dominaria a ansiedade de largar na posição de honra pela primeira vez, enquanto Villeneuve tentaria largar bem e ganhar mais pontos em cima de Schumacher, que largava mais atrás. Quando as cinco luzes apagaram, quem surpreendeu foi Coulthard que saiu da terceira fila para o segundo lugar! Na aproximação da primeira curva, Villeneuve e Frentzen chegam lado a lado e os companheiros de equipe tocam rodas! Villeneuve coloca uma roda na brita, mas permanece em terceiro, enquanto Frentzen acaba desligando o seu carro sem querer e perde várias posições...
Essa tinha sido a primeira parte do caos que seria a largada deste Grande Prêmio. Mais atrás, Schumacher fica bem à esquerda para a primeira curva, enquanto Fisichella tentava segurar seu companheiro de equipe Ralf, largara muito bem.
O toque entre os dois Jordan foi inevitável e o carro de Ralf voou para cima... da Ferrari de Michael Schumacher! O pneu traseiro de Ralf ficou muito próximo do capacete do seu irmão Michael, enquanto o Schumacher mais velho ia para a brita, levando consigo Berger e Katayama. Fisichella e Ralf, que já não se falavam, abandonaram ali mesmo. Michael Schumacher voltou à pista em décimo, mas com o carro muito desequilibrado, ele saí da pista na última chicane e abandona logo depois com a suspensão avariada. O alemão estava possesso com o próprio irmão, mas após uma longa conversa no caminhão da Ferrari, os dois selaram a paz ali mesmo. Mas o campeonato de Schumacher estava a perigo.
De volta à corrida, as duas McLarens faziam uma improvável dobradinha com Hakkinen à frente. O finlandês logo imprime um ritmo muito forte e se distancia de Coulthard, que tinha o contente e relaxado Villeneuve por perto. Se aproveitando da confusão da primeira curva, Barrichello pula de nono para quarto! Mais atrás, Frentzen e Berger recuperavam as posições perdidas e faziam várias ultrapassagens. O péssimo final de semana da Ferrari termina na volta 22 com Irvine abandonando com o motor quebrado. Na volta 28 Hakkinen e Villeneuve fazem suas primeiras paradas, mas a diferença que o finlandês tinha colocado em cima de Coulthard até então era tão grande que o escocês tinha apenas 9s de vantagem sobre o companheiro de equipe quando Mika voltou à pista.
Coulthard faz sua parada e sem perspectiva de ameaçar Hakkinen, volta bem à frente de Villeneuve e a primeira dobradinha da McLaren-Mercedes parecia muito clara nesse momento. Porém... Na volta 42 David Coulthard reduz a velocidade do seu carro em frente aos boxes e abandona seu carro com o motor quebrado bem na saída dos boxes. Bem na hora em que a TV mostrava a cara de Norbert Haug, chefe de competições da Mercedes, o alemão apontava para a pista e via uma cena totalmente inacreditável. Uma volta depois de Coulthard, Hakkinen tem o motor estourado na reta dos boxes. Quando Hakkinen encosta seu McLaren na frente do carro de Coulthard, nem o escocês pode acreditar no que via. O sonho de uma dobradinha em casa da Mercedes estava desfeita. Porém, o mais cruel foi Mika abandonar mais uma vez quando liderava bem no dia do seu aniversário. "O que posso dizer. Isso são corridas!", lamentava o finlandês.
Isso significava que Villeneuve estava em primeiro lugar e os dez pontos estavam nas suas
mãos. A chance de Barrichello marcar pontos novamente para a Stewart evaporaram com um problema de câmbio. Isso deu a chance para que Alesi e os recuperados Frentzen e Berger completassem os quatro primeiros colocados. Nas últimas voltas Villeneuve diminuiu o ritmo e recebeu a quadriculada com boa vantagem, enquanto Alesi segurou a pressão do terceiro colocado Frentzen, impedindo uma dobradinha da Williams. Porém, para machucar ainda mais o coração da Mercedes, a Renault fazia uma quadra em plena Alemanha.
Villeneuve estava obviamente feliz com o resultado que praticamente lhe dava o título daquele ano. Com nove pontos de vantagem sobre Schumacher, Villeneuve só precisava chegar à frente do alemão na corrida seguinte em Suzuka, pista que o canadense adorava. Se para Hakkinen o dia foi de tristeza, Villeneuve saboreava mais uma vitória em sua carreira. Só que o canadense não imaginava que aquela seria sua última vitória na F1.
Chegada:
1) Villeneuve
2) Alesi
3) Frentzen
4) Berger
5) Diniz
6) Panis
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