sábado, 5 de julho de 2014

Chuva e estratégia

Com o capacete colocado, lógico que não foi possível ver a cara de Lewis Hamilton após a classificação, mas sua expressão corporal mostrava o extremo desapontamento por uma escolha errada, ou até mesmo um erro não mostrado na TV, que tirou de Lewis a chance de conseguir uma mais do que necessária pole em sua casa. E como as coisas não poderiam piorar, quem ficou com o lugar de honra no domingo foi seu rival Nico Rosberg, que poucos momentos antes havia reclamado de que a pista estava muito escorregadia pelo rádio, mas não desistiu de sua última volta e conseguiu mais uma pole nesse ano.

Silverstone pode mudar seu traçado, mas não muda sua tradição e seu inconstante clima. O treino de hoje teve pista não muito molhada misturada com uma traiçoeira pista com um trilho seco, com a pitada de uma chuva que vinha e voltava a todo momento, fazendo da estratégia das equipes hoje tão crucial como o momento certo de uma parada na corrida. Estar no momento certo na pista hoje foi essencial. Foi por isso que a Williams e Ferrari amargaram o fim do treino de seus pilotos no Q1, para profunda irritação de Felipe Massa, que soltou os cachorros contra a sua equipe na entrevista que deu à Globo. Me recordo que no já longínquo ano de 1996, quando Schumacher estreou na Ferrari e passou por todo tipo de atribulação, como uma quebra de motor na volta de apresentação quando se preparava largar na pole, o alemão nunca reclamou publicamente da Ferrari e com isso garantiu o respeito de todos na equipe e os anos posteriores mostraram que a estratégia de Schumacher foi a correta, com a Ferrari trabalhando em torno dele e os títulos brotaram. Massa parece não ser muito adepto dessa estratégia e essa não é a primeira vez que ele critica veementemente a Williams, equipe que o contratou esse ano como primeiro piloto e referência para levar a equipe aos bons tempos, mas que até o momento está muito atrás do seu jovem companheiro de equipe no campeonato.

Com a Ferrari e Williams prematuramente de fora, com os dois pilotos da Sauber saindo da pista, a Lotus continuando a ter problemas e a Marussia não tem mais condições técnicas de avançar, apesar de outra exibição de gala de Bianchi, o Q3 foi facilmente definido à favor dos pilotos de Mercedes, Red Bull, Toro Rosso, McLaren e Force India. Como aconteceu nas outras partes da classificação, o Q3 também teve chuva-para e isso praticamente definiu a classificação no final. A chuva tinha atingido principalmente a parte final de Silverstone. Hamilton era o pole no momento com grande vantagem sobre os demais. Vettel parecia condenado a largar em décimo, pois não saiu para a pista no começo do Q3. Ricciardo e os dois pilotos da Toro Rosso nem voltaram à pista para uma segunda tentativa. Porém, o último setor de Silverstone havia melhorado bastante e vários pilotos, os que não desistiram ou a equipe mandou ficar na pista, colheram seus frutos com a melhora do tempo no terceiro setor, com evidente destaque para Nico Rosberg, mais uma vez pole, com a vantagem de Hamilton ter ficado apenas em sexto, tendo entre eles, na ordem, Vettel, Button, Hulkenberg e Magnussen.

Com piso seco, a diferença da Mercedes para as demais parecia ser o maior da temporada até agora, mas com o clima inclemente de Silverstone, tudo pode acontecer. Até mesmo uma reviravolta por parte de Hamilton amanhã. 

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