Esse treino classificatório em Hockenheim pode ser um marco histórico para quem acompanha a F1 no Brasil. A Rede Globo decidiu que a TV Globinho é mais importante na sua grade de programação do que o treino completo da F1 e resolveu transmitir apenas a parte final do treino. Olhando friamente os números do Ibope, não podemos esculachar a Globo. Os sábados pela manhã estão dando mais pontos no Ibope com os desenhos animados do que a definição do grid para a corrida no dia seguinte. Isso é fato.
A F1 passa por um momento complicado, onde as corridas estão com tantas variáveis, que torna-se complicado acompanhar as provas. A mudança no som dos carros também foi um complicador, deixando os carros com um barulho até mesmo inocente. Os pilotos não ajudam, faltando carisma para a grande maioria deles. Não há mais brigas ou declarações polêmicas, ficando uma F1 cada vez mais chata e inodora. Ontem vi um tweet no Linha de Passe ontem falando de futebol, mas que se encaixa um pouco na F1. Falou-se que hoje os jogadores da seleção brasileira são meninos preocupados com o cabelo e não mais homens. O mesmo acontece um pouco com os pilotos da F1. Se antigamente um piloto chegava à F1 com mais de 25 anos de idade após anos ralando nas categorias de base, hoje chega-se cada vez mais pilotos muito jovens na F1, carregados por programas especiais de equipes que criam máquinas de pilotar, mas esquecem de criar homens para enfrentar dificuldades dentro e fora das pistas.
Porém, o problema não está apenas na F1. A Globo só dá importância ao Brasil ganhando, se esquecendo do esporte em si. Não faz muito tempo, vários brasileiros tinham títulos no MMA e o UFC passou a fazer parte da grade da Globo, mesmo que de madrugada. Com vários dos lutadores perdendo o cinturão, paulatinamente o MMA vai perdendo espaço na Globo. Quando Fittipaldi, Piquet e Senna emendaram títulos e vitórias na F1, houve um espaço enorme da Globo para com a categoria e passamos a conhecer mais do esporte. Inclusive pilotos carismáticos. Quando Senna morreu, Michael Schumacher passou a ser uma atração da F1. Muita gente conhecia o alemão, mesmo que para odiá-lo. Hoje, Sebastian Vettel é reconhecido como um dos grandes da história da F1, mas o alemão é desconhecido por boa parte das pessoas que sintonizam a Globo.
Com todos essas novas variáveis, não descarto num futuro próximo a F1 ser rebaixada para um evento do SporTV. A crise do automobilismo brasileiro faz com que não olhemos com muita esperança para que um brasileiro chegue na F1 chegando, chamando atenção e conseguindo brigar por vitórias. Quiça títulos. Hoje pode ter sido o começo dessa marcha, onde só poderá acompanhar F1 quem tiver dinheiro para pagar a mensalidade de uma Sky, Net ou qualquer operadora. E o pior é que a transmissão do SporTV está longe da criticada equipe da Globo em termos de qualidade. Lito Cavalcanti é uma referência no automobilismo brasileiro, mas o veterano jornalista muda de opinião de forma constrangedora, com a coerência indo para as cucuias, enquanto o narrador Sergio Maurício, ótimo na MotoGP, deixa a desejar na F1 por causa de uma torcida para os brasileiros que soa muitas vezes forçada. A qualidade de informação da dupla, hoje acrescentada de Max Wilson, também é bem pior do que estamos acostumados na Globo. O acidente de Hamilton foi um exemplo claro, com o trio passando um tempo enorme elucubrando o motivo do inglês ter saído da pista de forma tão repentina, quando a transmissão da TV quase falvar que o problema foi no freio dianteiro direito. Pelo menos, eu vi no segundo replay.
Com o inglês do lado de fora ainda no Q1, Nico Rosberg conseguiu uma pole com facilidade, mas a saída da famosa suspensão interligada, ou FRIC, afetou a Mercedes mais do que o imaginado e a Williams de Bottas chegou a baixar o tempo de Nico na segunda parcial na sua última tentativa, mas o finlandês perdeu tempo na falta de aderência da Williams na sessão do estádio, contudo Valtteri botou tempo novamente em Massa. Se a Williams se aproximou em ritmo de classificação, veremos como será em ritmo de corrida. Ainda pela Globo.
Prefiro mil vezes o Sérgio Maurício narrando a MotoGP do que o Guto Nejaim.
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